Sobreviventes do Apocalipse escrita por SuzugamoriRen


Capítulo 25
Resgate - Parte I




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Júlia escutara os tiros disparados por Elaine de longe. Pensara em voltar e abandonar seu posto com o intuito de saber mais da situação, porém sabia também que não poderia abandonar uma pessoa cujos cuidados teriam que ser redobrados. Jaqueline precisava de uma transfusão de sangue urgente. E, por mais que doía pensar aquilo, teria que abandonar por algumas horas muitos de seus companheiros a fim de salvar uma de suas principais amigas. Qualquer um em sua posição faria o mesmo, ou assim dizia a si mesmo para que a noite pudesse dormir melhor... Ainda sim, seria difícil esquecer aquele dia.

Muito porque assim que chegaram ao hospital viram-se no lado de fora. Enquanto que no lado de dentro, uma legião de mortos-vivos esperava para ser libertada do que seria uma espécie de prisão. Elileudo logo deduziu que na fuga, alguém deve ter atraído uma boa quantidade de zumbis ao centro médico, para depois trancafiá-los e fazer com que o escape fosse mais tranquilo...

Só que também mais mortal.

– Como vamos passar por isso? – indagou Isa ao sair do carro imediatamente após Eli ajudar com a retirada de Jaqueline do carro – Como vamos ajudá-la?

– Precisamos saber que sangue é cada um aqui – respondeu Júlia caminhando em direção à entrada vinda da subida da ladeira – Afinal, o que a Jaque precisa é de sangue. Uma transfusão antes de qualquer coisa.

– Não está pensando no que eu estou pensando não é Julia? – o cearense fitou a carioca por alguns minutos antes de se voltar a sua amiga no banco traseiro – Não quer imitar o que vimos muitas vezes em filmes e séries.

– O cinema é a dramatização da realidade. Estudei por algum tempo isso, e aprendi diversas coisas com as pesquisas. Você se surpreenderia, não sou especialista, mas sei de coisas. E vou usar tudo que eu puder para salvar minha amiga.

– Você não é médica.

– Serei então. Tudo pela sobrevivência Eli.

Planos deveriam ser executados após passar por uma perícia minuciosa. Era o mínimo para que um desse certo, talvez até se uma pessoa mais calma e paciente que os quatro planejassem melhor no que fazer, contudo não havia aquela pessoa no grupo. Ainda quando uma amiga preciosa precisava de ajuda urgente. Olhando para o hospital repleto de seres sedentos por seu sangue e carne, Júlia não pensou duas vezes em invadir o edifício. Diferente dos “aclamados” líderes Vinicius – o obreiro – e Bruno Portinari – o infame líder da maior resistência brasileira – ela mergulhou de cabeça em salvar sua amiga sem importar-se muito com as consequências. Sua visão de vida era assim. Responsabilidade acima de tudo. Ela os uniu. Ela os deveria mantê-los vivos.

– Tenho o gene da divergência, assim como o Eli. Poderíamos entrar e cobrir maior terreno. A Isa fica para proteger a Jaqueline.

– Como você sabe dessas informações?

– Fiquei muito tempo em uma resistência que sabia de tudo sobre isso. – ela afastou-se da entrada e procurou por entradas adjacentes – Agora vamos. Não temos tempo a perder

Ela correu para dar a volta e tentar achar um ponto de entrada. O hospital não tinha uma grande imponência nas extremidades e com um trabalho bem feito e coordenado poderiam entrar por trás, se conseguissem escalar um muro de um metro e oitenta. Mais ágil dos dois enviados, Eli subiu escalou rapidamente pelo cano de água e atingiu o telhado da pequena sala que ficava a esquerda do prédio principal. De lá dentro, ele procuraria por dois kits de primeiros socorros. Caindo do outro lado, no hall que servia de intervalo entre os dois prédios, sentiu-se um espião, um agente da agência central de inteligência invadindo um local a procura de dados importantes...

Em baixo, Júlia notou certa fragilidade na grade que existia na pequena saleta. Forçando-a um pouco, notou que aquela proteção fora remendada e de forma displicente. Se os zumbis ou mortos-vivos atentassem ao barulho vindo de quaisquer instrumentos usados para a retirada daquela grade, com certeza eles estariam infestando a cidade. Porém, quem quer que entrasse por aquela abertura, foi cuidadoso ao cobrir seus rastros. A carioca agradecia a cautela e lamentava por ter se separado de Elileudo. Mas uma coisa era certa: teria que voltar a aquela sala, sem estar sendo perseguida. Se não liberaria o caos dentro da cidade de Mariana.

Dentro, a garota vislumbra um setor completamente vazio sem a mínima presença dos mortos vivos que viram aglomerar-se próximo a entrada principal. Tentou entrar nas portas, sempre com o cuidado de fazer o mínimo barulho possível, afinal além de estar em território inimigo eles se locomoviam basicamente pelo som. Na primeira saleta, existia uma serie de medicamentos que pela rotulação serviam para queimaduras e lesões similares. A maioria era daquele porte. Observou também a sala revirada – dada a pressa da equipe em se retirar do local infestado, ou assim ela pensava – e vários frascos com seus comprimidos jogados pelo chão. A segunda sala, mais organizada parecia ser de consulta médica. Vira um aparelho de ultrassom e um gel característico. Abriu sua bolsa e pegou tanto aquele gel como alguns medicamentos para a própria queimadura, afinal pólvora queimava.

Por sua vez, Elileudo caminhava por uma intersecção. Já havia adentrado no hospital e preferiu seguir o caminho oposto ao da entrada, não circulando assim pelas primeiras salas. Passou por diversas salas sem ao menos pensar em pisar os pés, pois preferia atentar ao nome das mesmas. Seguindo essa linha, intrigou-se por uma sala, sem nome, escrita com fita crepe e letra de forma: “Emergência”. Tendo conhecimentos prévios que as emergências de hospitais ficam em alas pouco afastadas da grande entrada principal, ele adentrou no local para se deparar com uma garota de cabelos ruivos, uma franja característica e um desenho de coração em seu indicador direito. Mexia em um dos kits postos naquela sala, um dos dois kits que ele precisava para salvar sua amiga.

– Quem é você? – perguntou ela, enquanto metia o que podia dentro do kit.

– Eu sou Elileudo Júnior, mas me chame de Eli. E quem é você? – ele deu alguns passos e ajeitou-se a frente da porta.

– Natália Pecorari – com uma calma ela retirou uma Magnum. 45 de suas costas e apontou diretamente para a cabeça do garoto cearense – Agora você vai me deixar passar, porque eu preciso levar isso aqui.

– Eu também. Uma amiga minha está morrendo, se não fizer transfusão de sangue, e eu preciso do Kit.

– Que parte de eu tenho uma arma você não entendeu?

– Eu morro aqui, mas morro com honra porque fiz de tudo para salvar minha amiga. Além do que, tenho duas pessoas do lado de fora que irão caçar você até o inferno se for culpada não por uma, mas duas mortes.

Enquanto Natália pensava Elileudo correu para pegar o kit e na briga que se seguiu, a garota o chutou e ele roubou a arma. O problema que se seguiria depois era somente uma coisa.

Ao cair no chão, ele disparou sem querer. A arma havia ricocheteado em sua mão e a potente pistola fez com que um barulho muito forte ecoasse pelos corredores vazios. Natália olhou com um desdém infernal, e não preferiu correr pela sua arma e sim correr pela sua vida. Elileudo, ainda desequilibrado, fez o mesmo. Porém, fora atrás dela tendo em vista que ela havia levado suas coisas: O kit de primeiros socorros.

Aquele disparo mudaria o destino de cinco almas que se reuniram em um só lugar.

A saga para salvar a vida de Jaqueline só estava começando.


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