Sophie

Eu não acredito! Ele ainda tem coragem de dizer tudo isso? Dizer que me ama? Ah sim que eu vou acreditar! Já me cansei dos joguinhos dele. Ele só me fez sofrer. Não sei como já consegui amar uma pessoa assim, sem sentimentos. Mas agora a única coisa que sinto por ele é ódio.

Flash Back On

1 ano e 6 meses antes...

— Eu te amo Sophie. Você quer namorar comigo?

— Sim, Marcos, sim! — eu disse, pulando nos braços dele e o beijando. Já fazia duas semanas que nós estávamos ficando e agora ele me pediu em namoro. Ah, eu sou a garota mais feliz do mundo! Ele, o cara mais popular da escola, pedindo para namorar comigo, a garota que quase ninguém dava bola, pois vivia com a cabeça enfiada nos livros.

***

1 mês antes...

Nós estávamos completando uma ano e 5 meses de namoro. Já fazia mais de 3 semanas que minhas amigas estavam dizendo que era para mim tomar cuidado, pois Marcos nunca havia ficado tanto tempo com alguém e que ele poderia estar me traindo. Era tudo inveja delas. Só por que o garoto mais gato da faculdade se apaixonou pela garota “nerd”, como uma vez eu era chamada. Tudo bem que eu e ele já havíamos brigado bastante, por eles muitas vezes ficar com algumas gurias, mas desde a última vez que isso havia acontecido, ele me prometera que iria mudar; por mim.

Aquela era para ser uma tarde especial, somente minha e de Marcos. Eu já estava ficando preocupada, pois já era 15h da tarde e ele ainda não havia aparecido na minha casa, sendo que era para ele estar aqui desde às 14h.

Por isso fui andando até a casa dele, que ficava a quatro quadras da minha. Cheguei e apertei a campainha. Ninguém atendeu, o que eu achei estranho, por isso cortei caminho pelo jardim e fui até a porta dos fundos, onde dava para ver a janela do quarto dele.

E então eu vi. Fiquei pasma, não conseguia respirar, nem mesmo me mexer. Senti lágrimas escorrerem pelo meu rosto, lágrimas não somente de dor, tristeza, mas também de raiva, ódio, não só dele, mas também de mim mesma, por não acreditar nas minhas amigas.

Ele estava no seu quarto, se agarrando com Carol, a capitã das líderes de torcida. Parecia que eles estavam ali a muito tempo, pois pude ver ela deitada na cama e ele por cima dela. Mal sabia eu que aquilo só estava começando.

Eu queria correr dali, sair o mais rápido possível, para ele não me ver. Mas não conseguia. Ele já estava tirando a roupa dele, mas então ele me viu. Não consigo descrever a cara que ele fez a me ver, mas era um misto de raiva, preocupação, susto e arrependimento. E então eu sai do meu transe, me virei e comecei a correr para casa, enquanto as lágrimas que pareciam não ter fim, escorriam livremente pelo meu rosto.

Já era quinta-feira de tarde e eu não havia ido nenhum dia dessa semana na faculdade, nem mesmo falado com Marcos, mesmo ele me ligando várias vezes, todos os dias, desde o acontecimento de segunda-feira.

Mas eu tinha que encarar a realidade e não poderia ficar o resto da minha vida no meu apartamento, me entupindo de chocolate e sorvete. Por isso arrumei todas minhas coisas da aula e fui dormir cedo, para no outro dia ir para a faculdade.

Eu cheguei no campus e todas as pessoas pararam o que estavam fazendo para me olhar, provavelmente toda a escola já devia estar sabendo à muito tempo que Marcos me traia com a Carol, e eu que era a idiota que ainda não havia percebido isso.

Mas então todas as cabeças se viraram para a porta do salão principal, de onde Marcos saia e vinha correndo em minha direção.

Eu abaixei a cabeça e continuei andando, não daria para todas aquelas pessoas a satisfação de me ver correndo para os braços dele, nem de perdoá-lo e ser considerada fácil de mais.

Mas ele cada vez chegava mais perto de mim e não poderia evitar, eu teria que falar com ele. Eu não poderia nunca mais ficar sem falar com ele, isso seria impossível.

— Sophie, ainda bem que você veio. Eu já estava preocupado com você! — ele me disse, me puxando para perto dele, e me abraçando.

— ME LARGA IDIOTA! — eu gritei. Não aguentava ouvir a sua voz e saber que tudo o que ele dizia era mentira. Não conseguia imaginar que um dia eu já havia acreditado que ele me amava.

— Calma Sophi, eu só quero conversar com você!

— Se quiser conversar, tudo bem, mas não precisa ficar me agarando. — eu disse, fria.

— Bem, é que, desculpa, eu fui um idiota por te trair, eu sinto muito por te magoar assim. — ele disse, olhando para baixo. Nem coragem de me encarar ele tem!

— Não, você que tem que me desculpar, por ser tão idiota a ponto de acreditar em você! — eu disse quase gritando.

— Sophie...

—Sophie nada! Essa não é a primeira vez que você me traiu, eu já te perdoei tantas vezes, já te dei tantas chances, mas você nunca muda, sempre será assim!

— Por favor, deixa eu pelo menos me explicar!

— Não, eu não preciso da tua explicação para saber que você estava me traindo com a puta da Carol, enquanto eu te esperava na minha casa! Mas você nunca pensou que eu poderia ir até a sua casa e ver vocês dois lá, não é? É, eu sempre fui uma idiota, sempre te perdoava, mas agora não! Você não vai mais me fazer de boba. Eu te odeio!

— Sophie, por favor, eu te amo!

— EU TE AMO? VOCÊ AINDA TEM CORAGEM DE DIZER ISSO NA MINHA CARA DEPÓIS DE TUDO QUE VOCÊ FEZ? VOCÊ É UM FILINHO DE PAPAI, QUE SEMPRE FOI MIMADO E SEMPRE TEVE TUDO NA PALMA DA SUA MÃO. MAS EU NÃO SOU SÓ MAIS UMA DAS SUAS. ME ESQUECE! —eu disse isso e já estava me virando para ir embora, mas então ele agarra o meu braço com muita força e beija. Mas eu não sou idiota assim e não sou tão fácil como ele pensa.

Me afasto dele e dou um tapa em sua cara e logo ouço a irritante voz da Carol vindo na nossa direção. Antes de ir embora digo.

— NUNCA MAIS ENCOSTA EM MIM!

Eu me viro e começo a andar, mas antes de poder entrar no salão da universidade sinto alguém puxando meus cabelos. Me viro e dou de cara com uma Carol que se pudesse matar com os olhos eu teria certeza que já estaria morta.

— EU NÃO VOU ME REBAIXAR AO SEU NÍVEL PARA FICAR BRIGANDO COM VOCÊ, ENTÃO É MELHOR VOCÊ ME SOLTAR AGORA! — eu disse e pude ouvir vários passos de pessoas correndo para ver o que estava acontecendo ali. — ALÉM DE PUTA É SURDA. ME LARGA GURIA!

Eu já estava com vontade de espancar aquela vadia, mas para minha infelicidade alguém chamou o inspetor, que logo chegou separando nós duas.

— ISSO NÃO VAI FICAR ASSIM! VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE FALAR ASSIM COMIGO! — ela rosnou.

— Cão que late não morde querida! — eu disse, enquanto o inspetor a levava para a sala de aula. Sorte a minha que não me mandaram para a direção. Ter uma suspensão por brigas não seria uma cosia muito boa para alguém que faltou a aula a semana inteira.

Flash Back Off

Agora, ao pensar nisso eu dou risada. Ninguém nunca teve coragem de enfrentar a Carol como eu enfrentei naquele dia.

Vou andando até a direção, ao chegar cato na porta e logo sou atendida. Quinze minutos depois já estou saindo do campus, já havia resolvido tudo. Eu levaria falta por todos esses dias que iria faltar, mas poderia fazer todas as provas quando voltasse.

Fui direto para casa, arrumei minhas coisas, peguei mais algumas roupas, mais algumas coisas básicas, tranquei a casa e sai. Me encaminhei até a rodoviária. Pegaria o ônibus que saísse o mais logo possível. Queria chegar em Oxford antes do meio dia.

O próximo ônibus sairia daqui à meia hora. Peguei aquele. Eu estava sentada, esperando à hora de embarcar enquanto pensava na minha “conversa” com Marcos. Entrei no ônibus, mas mesmo depois de meia hora, as palavras dele ainda não saiam da minha cabeça. “Eu vou ir atrás de você e mesmo que você não queira você vai ficar comigo. Por bem ou por mal.” Estremeci ao pensar no que isso significava.