Chacoalhei minhas mãos de nervoso...

Devo admitir, estava morrendo de medo do que estava prestes acontecer. Via-me escondida atrás da cortina do salão principal enquanto observava curiosamente os trinta e cinco garotos enfileirados.

Minha mãe, America, disse minutos atrás:“Não fique nervosa e controle seus sentimentos”. Mas como ela queria que eu não ficasse nervosa? Eu estava morrendo de medo, não medo por ter que escolher apenas um dos trinta e cinco, medo do que eles pensariam de mim. Mil ideias passavam lentamente pela minha mente, mil palavras passavam discretamente e silenciosamente pela minha boca. Eu não sabia o que fazer.

Mamãe disse para controlar os meus sentimentos. Não entendi o real sentido daquela frase. Era para controlar os meus sentimentos de angustia e nervosismo ou os meus sentimentos diante dos garotos? Algo que talvez entendesse mais tarde.

– Katherine! – Um das minhas criadas chamou.

Olhei para os olhos de Sally e levei um susto. Afinal, o que eu estava fazendo? Estava escondida atrás da cortina observando os selecionados, na maior cara de pau. A cortina vermelha era levemente transparente, o que ao julgar pela cor, pode-se dizer que eu estava muito visível diante aos olhos atentos.

– Katherine, o que a senhorita está fazendo? – Sally perguntou ajeitando a franja caída nos seus olhos.

Arrumei minha coluna e me coloquei em posição de guarda.

– Eu... Estava apenas observando os... Selecionados. – Disse gaguejando de nervoso.

– Observando os selecionados? Hora essa! Você nem está pronta para conhecer os moços, e está ai, xeretando. O que o seu pai pensaria disso mocinha?

Levantei minhas mãos de forma descontente. Meu pai não poderia saber sobre isso, levaria uma bela bronca por xeretar por ai toda desarrumada. Qual a primeira impressão que eu iria causar para os selecionados? Vestida com um traje de banho e o cabelo desfeito, creio que não seria das melhores impressões.

– Olhe só para você, nem sequer colocou o vestindo. Saia dessa cortina agora e volte já para o quarto. – Sally disse com seriedade, e assim, voltando aos seus afazeres.

Dei a ultima olhada para os selecionados. Nunca na minha vida eu imaginava isso. Sempre pensei que o príncipe encantado existia, e pelo que posso ver, fisicamente ele existe. Os escolhidos para a seleção estavam extremamente lindos, seria uma difícil decisão. Loiros, ruivos, pardos e morenos. Homens que fisicamente eram incríveis... Mas, e psicologicamente? Será que eles seriam do estilo bajulador? Era a principal característica que eu podia pensar. Não queria um homem bajulador, realmente não queria alguém que falasse sempre como você está linda hoje, como seu cabelo está bem feito ou que belo vestido você está usando. Eu só queria um garoto normal...

Senti alguém me segurando, me fazendo automaticamente sair de meus devaneios.

Levantei a cabeça para cima e pude ver meu pai, Maxon. Ele trajava um belo terno branco com botões escuros e uma gravata na cor bordô. Senti um arrepio vindo da minha espinha, tudo o que eu menos queria era a intromissão do meu pai em meus pensamentos. Se já estava com medo até agora, quem dirá depois do jantar...

– Acho que teremos uma conversinha depois do jantar. – Ele disse segurando a minha cintura – Acho que fui bem claro ao dizer, não venha antes da hora.

– Shiii! Papai, fale mais baixo. – Olhei para os selecionados torcendo para que nenhum deles tivesse me flagrado, quer dizer, nos flagrado. – O que você está pensando? Eles não podem saber que eu estou aqui. – Bufei.

Meu pai soltou uma pequena e silenciosa risadinha, mas depois, voltou a ficar sério.

– O que eu acho que estou fazendo? Katherine, eu quem deveria fazer essa pergunta para você? Suas criadas estão lhe esperando no quarto para todos os preparativos. Você nem sequer colocou o vestido... Meu deus, você é realmente filha da sua mãe.

Olhei interrogativa para ele.

– Mas eu realmente não tenho tempo para isso, tenho que correr e cumprimentar todos os trinta e cinco homens que estarão disputando o seu coraçãozinho, droga! Como eu gostaria que isso não acontecesse. – Ele largou minha cintura e beijou o meu cabelo.

– Vá agora se trocar.

Disse saindo de trás da cortina.

Sim papai... Eu vou me trocar.

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Observei minha mãe soltando lagrimas.

– Céus! Você está tão linda! – Ela disse caminhando até mim e me abraçando.

Senti o forte abraço da minha mãe. Era realmente incrível a força que ela estava usando, uma força que eu realmente não sabia se era de felicidade ou de tristeza.

– Mãe, você está feliz com isso?

America me encarou com os seus lindos olhos claros e pensou por um tempo.

– Mas é claro que estou, por que não estaria? – Pela sua voz, dava a certeza que não.

Suspirei e a abracei novamente. Estava assustada, não queria participar de uma seleção para escolher o meu príncipe, estava feliz do jeito que estava. Lia alguns livros da seção restrita do papai, caminhava pelo jardim quase todos os dias e tomava o chá da tarde enquanto escutava a mamãe tocar violino ou piano. Claro que também tinha minhas aulas matinais, eu aprendia língua estrangeira de Frances, espanhol e a língua de minha opção, Alemão.

Tudo bem, podemos dizer que a minha vida é muito chata e monótona. Na verdade, eu nunca sequer sai dos portões do palácio. Uma coisa que eu gostaria muito de fazer, poderia até ser uma aventura...

Soltei-me do abraço.

– Katherine, o que foi? – Olhei para os imensos olhos da minha mãe – Está nervosa não está, tudo bem, eu também estava... Bem, quer dizer, a minha situação era diferente, mas... O seu pai, creio que ficou muito nervoso na hora.

– Não é apenas nervosismo, é medo, medo deles não gostarem de mim. – Apertei minhas mãozinhas uma na outra e encarei o chão. – Estou com medo deles não gostarem de mim, não gostarem do que eu sou por dentro...

America ajeitou minha franja e sorriu para mim. Queria conselhos da minha mãe, queria que ela me falasse que iria ficar tudo bem, era tudo que eu queria escutar naquela hora. Quando mamãe foi abrir a boca, um dos guardas do castelo bateu levemente na porta.

– Princesa Katherine, seu pai a aguarda no salão.

Virei para o outro lado e me admirei no espelho.

Vi meus cabelos parcialmente compridos tocando meus ombros nus. Meus lábios estavam pintados de coral e minhas bochechas estavam rosadas, meus olhos claros combinavam com a sombra bege e natural que haviam depositado em mim.

– O seus olhos parecem ter a mesma cor que o vestido – Mamãe disse apontando para o vestido verde claro.

Sorri para ela.

– Agora, vá para o salão, e conheça os jovens, certo? Estarei bem atrás de você.

Concordei querendo chorar.