Cacos de vidro de uma das portas do saguão se espalhavam pelo chão indo de encontro a poça de sangue de uma das recepcionistas. Catherine sentiu a frustração enfraquecer seus músculos. Quando era uma CSI ela sabia que raramente podia evitar o que acontecia com as vitimas, mas como FBI ela tinha a chance de chegar rápido o bastante para evitar tragédias como essas. Mas ela tinha falhado dessa vez.

– ele está morto. – Davi anunciou se dirigindo até onde Catherine estava parada. - eu sabia que ele poderia entrar, mas jamais conseguiria sair daqui andando com as próprias pernas.- ele continuou, sua voz estava irritando Catherine a um nível ultrajante. Ela só queria que ele calasse a boca e saísse de perto dela.

– o que foi? Não está satisfeita? – ele disse com um sorriso presunçoso no rosto.

– satisfeita? – ela perguntou e Nick o olhou com cara de piedade, sabendo que ele tinha mexido onde não devia. – uma pessoa morreu, uma funcionária sua! Acha que deveríamos estar satisfeitos por ter permitido que ele invadisse nosso sistema, invadisse nosso prédio, matasse uma pessoa? E acha que nos damos bem só por que um de seus atiradores de elite colocou uma bala na cabeça dele? – Nick não queria sorrir, mas estava difícil evitar. Ele não tinha ido com a cara desse tal de Davi desde o primeiro dia. Davi tentou argumentar, mas ela falou antes.

– você sabe muito bem que poderíamos ter evitado tudo isso. E eu não queria dizer isso, mas não posso deixar passar. “eu te avisei.” – ela disse olhando bem dentro dos olhos dele antes de sair caminhando. Nick a seguiu em silencio até que eles chegaram ao estacionamento. Ela se surpreendeu como já estava escuro e percebeu que as horas tinham voado.

– quer que eu dirija? – ele perguntou quando eles chegaram até seu carro.

– tudo bem. – ela disse entregando as chaves para ele. Nick a analisou tentando descobrir como ela se sentia. Ela estava com raiva e isso dava para perceber, mas ele sabia que no fundo ela estava se sentindo frustrada. Ele viu como seu corpo tremeu quando o vento frio da noite bateu contra eles. Ele se aproximou colocando suas mãos em seus braços subindo e descendo tentando esquentá-la. Ele mal sabia que ela já estava queimando por dentro e seu toque fez ela sentir um frio na barriga.

– como você está se sentindo? – ele perguntou. Ela ficou apenas o olhando nos olhos. Como ele podia ser tão bom para ela e como ele podia ser tão gostoso. Ela estava se sentindo totalmente atraída por ele, pensava nele o tempo todo. Ela não estava se envolvendo com ninguém nos últimos tempos e talvez esse seja o motivo de tanto estresse, e ainda ter Nick tão perto e tão quente não ajudava em nada.

– estou bem Nick. – ela respondeu por fim dando um longo suspiro. Ele sorriu docemente como se acreditasse nela e a guiou para a porta do carona com a mão na base de sua coluna. O toque fez uma eletricidade percorrer toda sua espinha até a nuca. Ele deu a volta no carro correndo e se sentou no banco do motorista. Quando ele deu a partida, ela ligou o aquecedor.

Catherine havia saído mais cedo do trabalho naquele dia, enquanto Nick ainda estava em seu treinamento. Ela estava sob um alto nível de estresse ultimamente principalmente quando descobriu que o homem morto não era o racker que eles procuravam e que isso ainda não havia acabado. Assim ela resolveu ir para casa e ficar um pouco sozinha. Quando ela abriu a porta encontrou a casa vazia, era assim que ela estava todos os dias antes de Nick chegar então ela não entendia por que o sentimento de solidão estava lhe espreitando.

Ela tomou um banho bem demorado, não se incomodando que a alta temperatura da água iria deixar sua pele vermelha. Ela se deliciou em seu banho abusando do seu óleo corporal, lavando os cabelos e deixando a água levar sua tensão para o ralo. Após o banho ela estava se sentindo bem melhor e conseguiu esquecer os acontecimentos dos dias anteriores.

Com a toalha envolta a seu corpo ela foi até seu guarda-roupa a fim de escolher uma roupa leve para ir buscar Nick. As roupas de trabalho estavam empilhadas na parte de cima e ela percebeu que não estava saindo muito como ela sempre fazia, ela não estava se divertindo como em Vegas que mesmo com muito trabalho ainda sobrava tempo para tomar alguma coisa ou sair para dançar depois do expediente.

Ela empurrou as roupas de trabalho para o lado e achou uma saia de cor pastel e uma blusa de manga curta colorida com tons de rosa que iam do rosa claro ao roxo, parecendo uma pintura abstrata. Depois de vestida ela se olhou no espelho, gostando do resultado. Ela secou seus cabelos que ganharam um brilho dourado e os prendeu em um coque desarrumado que deixava mechas finas caindo de sua nuca. Ela colocou um brinco cumprido e se sentiu muito bem depois de dar uma ultima olhada no espelho antes de sair.

Ao cruzar o estacionamento Nick a viu encostada a seu carro. Ela estava espetacular, realmente linda. Ele não conseguiu conter seu sorriso quando se aproximou dela.

– ei, se arrumou tanto assim só para vir me buscar? – ele perguntou e ela sorriu, ficando ainda mais bonita e Nick não se lembrava de ter visto uma mulher tão fascinante e encantadora em toda sua vida.

– se é nisso que você quer acreditar. – ela respondeu e se virou para entrar no carro. O vento tocou o perfume dela em sua direção e Nick fechou os olhos pensando estar em um campo coberto de violetas. Mas logo ele se forçou a se mexer e caminhar para o lado do passageiro para não parecer um idiota.

Ela dirigiu em silencio, mas Nick já conhecia a cidade bem o bastante para saber que ela não estava indo para casa. Ele não se interessou em perguntar deixou que ela dirigisse sem dizer nenhuma palavra. Quase um quilômetro depois ela parou em uma rua calma, com árvores plantadas nos dois lados do passeio. O sol já estava se pondo e as arvores tampavam a luz deixando a rua com um ar misteriosa. Flores em um tom de rosa claro cobria completamente o asfalto, Nick observou a serenidade do lugar por um momento, até que ela saiu do carro o despertando. Ele fez o mesmo e ela começou a se entranhar em meio as arvores.

– onde você está indo? – ele perguntou,

– me segue. – ele obedeceu, passando em meio aos largos troncos das cerejeiras. Era um lugar lindo e misterioso, a luz do sol era bloqueada pela densa vegetação criando uma penumbra fria. Ele caminhou atrás dela até que as arvores acabaram e eles saíram de frente para um rio. Nick logo notou que era o rio Potomac, o maior que banhava Washington e o distrito de Columbia. A margem era contornada por um passeio de cimento e alguns bancos se espalhavam pela sua extensão.

Nick colocou as mãos na cintura observando a água que quase não tinha movimento algum, sua cor era um esverdeado bem escuro e denso, algumas folhas e flores boiavam sobre a água. Ele olhou ao longe sobre a copa das arvores e pode ver a cúpula do Congresso dos Estados Unidos. Era um lugar maravilhoso, e estava bastante vazio para surpresa de Nick. O som dos pássaros contando ao longe e o cheiro do perfume dela fizeram Nick se sentir como se tivesse chego ao paraíso.

– lindo não? – ela perguntou sua voz tão doce a fez se pareceu com um anjo enquanto Nick olhava para seus cachos dourados. Ela olhava para a água, nunca se cansava daquela vista e aquele era o lugar que ela mais gostava em Washington, talvez no mundo todo.

– incrível, nunca me senti tão em paz. – ele sussurrou. Ela se sentou no banco e esperou para que ele se juntasse a ela. Nick admitia que a vista fosse linda, mas não tão linda quanto o brilho dos seus olhos azuis e ele nunca cansava de olhá-la