— Vamos lá Meg — Alice disse com a voz manhosa e eu ergui os olhos do livro que eu estava lendo, Princesa para Sempre da Meg Cabot, um dos meus livros favoritos. — Compras no Shopping, estourar o cartão do seu pai.

— Não tô afim — Falei enquanto virava uma página do livro.

— Mas todas as garotas vão !

— Alice amor meu, eu não estou nem um pouquinho afim de bater perna, eu quero apenas descansar em um dos meus poucos dias de folga — Falei e ela fez bico. Para ela fazer compras era a coisa mais sagrada do mundo depois de ver PLL e Gossip Girl.

— Tudo bem então, vou levar a Allie junto, afinal estou devendo mais de dois anos de presentes para ela.

— Não gasta muito — A adverti, Alice rolou os olhos como se eu tivesse falado o maior dos absurdos. Ela mandou um beijo para mim antes de sair e eu mandei outro. Continuei lendo o meu livro até a minha concentração começar a falhar. O larguei na mesinha de cabeceira e me espreguicei toda, me levantando da cama em seguida. Eu estava vestida do modo mais confortável possível, eu tinha trabalhado sem parar nas últimas semanas e merecia aquela folga. O loft estava vazio, peguei o elevador para ir ver o meu pai, eu sabia que ele estava em casa pois não gostava de bater perna em shopping e provavelmente os outros homens estavam com ele, já que todas as mulheres sem exceção haviam saído.

Assim que coloquei os pés na torre eu vi o caos: Meu pai berrava pela a cerveja, James embalava os gêmeos aos mesmo tempo, Thor tentava fazer Milo parar de levitar uma poltrona, Roy e Clint tentavam fazer a tv voltar a funcionar.

— CADÊ A CERVEJA ? CADÊ ESSA DROGA DE CERVEJA ? — Meu pai berrava enquanto abria e fechava armários de modo desesperado.

— EI — Berrei, todos me olharam. — O que diabos está acontecendo aqui ?

— Giants contra Jets em quinze minutos — Meu pai falou. — Mas não acho as cervejas e a tv pifou.

— Se acalmem, para tudo tem jeito — Afastei meu pai para o lado e fiquei nas pontas dos pés, abri um armário e tirei de lá um engradado de cervejas. — Mamãe o escondeu para você não tomar tudo sozinho — Coloquei as garrafas na geladeira e tirei do congelador algumas já geladas. — Jura que não procurou aqui pai ?

— Ãh ... veja bem ...

— Tudo bem, já entendi — Eu ri e beijei a sua bochecha — Vou lá consertar a tv, não se desespere — Fui até onde estavam os meninos. — Meus amores, o que aconteceu ?

— A tv pifou — Roy choramingou. Rolei os olhos e me deitei de barriga para cima, assim eu poderia ver os fios que ficavam abaixo da tv. — Vocês dois são uns pamonhas mesmo, trocaram as entradas de áudio e vídeo — Bufei e coloquei os fios nos lugares certos. — Tá funcionando agora ?

— Tá — Roy disse e eu saí de baixo da tv. Fiquei de pé e foi aí que percebi como os meus filhos estavam vestidos.

— ARGH MEUS OLHOS, QUEM COLOCOU ESSAS CAMISETAS DOS GIANTS NELES ? — James e Thor se entreolharam cúmplices, foi aí que notei que todos menos Clint estavam usando camisetas dos Giants, eu e Clint usávamos camisetas dos Jets. — Seus traidores — Resmunguei entre dentes enquanto pegava uma cerveja da mão do meu pai. As meninos foram para o cercadinho e os rapazes ocuparam todo o sofá, me deixando sem lugar. — Não mesmo, eu vou sentar aí também.

— Senta no chão pirralha, é onde os Jets vão ficar depois que os Giants acabarem com eles — Meu pai disse e eu lhe mostrei o dedo do meio. Num impulso pulei sobre eles e me acomodei no sofá, fiquei com a cabeça no colo do Clint, o tronco sobre as pernas do meu pai e do Thor e as pernas sob as pernas do meu irmão e do James.

— Assim está ótimo — Me ajeitei e tomei um gole da minha cerveja. Eu estava feliz, estava na companhia dos oito homens da minha vida. Meu pai era o primeiro, ocupava o pódio, ele era meu herói e nada eu seria sem ele na minha vida. Em segundo lugar vinha o Thor, meu grandão, amor da minha vida, o cara que era dono do meu coração. Em seguida vinha Roy, meu irmão mais velho protetor que eu amava muito. Depois do Roy vinha o James, pai de três dos meus tesouros, um grande amigo. Em seguida tinha o Clint, o meu Gavião, poderia dizer que ele era meu melhor amigo. Em seguida vinha três pequenas pessoas que eu amava com todas as minhas forças, essas pessoas agora estavam brincando dentro do cercadinho, alheio aos nossos gritos recheados de palavrões. — Ei, cadê o brócolis e o picolé ? — Perguntei.

— Foram com as mulheres no shopping — Papai disse. — Vamos lá filho da puta, pega essa bola !

— Ah entendi, e por que você não foi junto com a mamãe ?

— Não gosto de bater perna — Disse dando de ombros, como se isso não importasse e para ele não importava, meu pai detestava bater perna no shopping ou fazer qualquer coisa semelhante a isso. Eu gostava de ir no shopping, bater perna, estourar o cartão de crédito dele mas hoje não, eu estava cansada e ainda tinha jogo dos Jets.

— Aposto 100 pratas que os Jets ganham — Falei, eu estava bem esparramada em cima dos cinco homens da minha vida e não tinha nenhuma vontade de sair dali, eu estava ganhando cafuné do Clint. — Para de fazer cosquinha no meu pé seu anormal — Falei para o Roy, ele continuou fazendo cosquinha. — Pai, olha o Roy !

— Roy, pare de fazer cócegas na sua irmã.

— Ela está me chutando !

—Megan, pare de chutar o seu irmão — Mostrei a língua para o Roy e ele fez o mesmo, as vezes nos comportávamos feito duas criancinhas de cinco anos. Os ânimos foram se exaltando conforme o jogo, eu já não estava mais deitado, eu havia me sentado entre o meu pai e Clint, deixando as minhas perna sob as do Thor. — FALTA, OLHA AQUELA FALTA ALI ! — Berrei apontando para a tv.

— Não foi falta, ele caiu de maduro — James disse lá da sua ponta do sofá.

– Calado — Joguei uma almofada nele. — Como não foi falta ? estão cegos ? juiz ladrão, quanto os Giants te pagaram ? — Continuei resmungando e era acompanhada pelo o Clint, meu único apoiador. O jogo chegou ao final, estávamos ansiosos, Jets perdiam por três pontos, eu e Clint já estávamos fazendo novena. Um dos jogadores fez um touchdown que levou a vitória aos Jets. — EU SABIA, EU SABIA, CHUPA GIANTS ! — Gritei alegre antes de abraçar o Clint que estava igualmente feliz.

— Filhos da puta, até eu sei jogar melhor que isso ! — Meu pai ralhou e eu beijei sua bochecha, minha tarde tinha sido ótima, eu não trocaria uma tarde com os oito homens da minha vida vendo jogo e bebendo cerveja por nada no mundo.