Partners in Disguise escrita por Jojo Almeida


Capítulo 6
Connor


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado pra Letleros, que tem um usuário super legal e deixou uma recomendação lindinha na fic mês passado! Muito obrigada, moça
Eu sei que eu demorei pra caramba pra postar esse capítulo. Mas, assim, vocês podem me apedrejar. Ou ler o capítulo. E ó, o capitulo tá bem bacana.
Queria agradecer também quem mandou os primos pra servidão, eles foram muito úteis nessas últimas semanas. Recebi algumas reclamações a respeito da falta de remuneração, mas aí eu expliquei o que era servidão e ficou (quase) tudo okay.



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– Kaite? Que porra é essa? – Connor perguntou, fechando a porta e batendo no interruptor.

Katie piscou fortemente, tentando se acostumar com a claridade, e levantou o corpo sob os dois cotovelos para conseguir olhar para ele melhor.

– Não fala isso. – pediu, com a voz estranhamente rouca.

– Falar o que?

– Porra, Connor. Não fala porra. – ela resmungou irritadiça. – Deixa de ser chulo.

– Tanto faz. Dá pra focar na parte desse diálogo que realmente interessa? O que você ‘tá fazendo aqui?

Connor passou a mão pelos cabelos tipicamente bagunçados.

– Me diz que isso não é o que eu acho que é. – pediu quase em desespero.

– Não é o que? – ela repetiu confusa, se sentando de pernas cruzadas na cama.

– Me diz que você não está na cama do meu irmão, no meio do dia, usando só uma camisa dele e botas. Di immortales, Kay.

– A-a n-nã...- Katie gaguejou, puxando o emaranhado de cobertas para cima de suas pernas e atingindo um tom quase desumano de vermelho. – Você devia estar no acampamento! – argumentou bobamente.

Connor deu de ombros.

– Mudança de planos.

– Deuses... que horas são? – ela se lembrou, pegando o relógio na cabeceira de Travis com certa dificuldade. – Droga. Droga! O treino começa em meia hora.

Connor franziu o cenho.

– Que treino?

– Das líderes de torcida. – Kay respondeu se levantando. – Eu tenho que ir.

– Ha! Sem chance! - ele exclamou, segurando ela pelos ombros e obrigando-a a se sentar novamente. – Você não vai a lugar nenhum até me explicar o que Hades está acontecendo aqui.

Katie franziu o cenho, e só então sua mente sonolenta e idiota conseguiu conectar os fatos. Ela estava na cama de Travis, no meio do dia. Usando uma camisa dele. E botas. Usando uma camisa dele e botas. Seus olhos quase pularam para fora das órbitas.

– Isso não é o que você está pensando. Eu juro, Connor, isso não é nem um pouquinho o que você está pensando.

Ele levantou uma sobrancelha.

– Me convença. – disse duvidoso.

– Foi um trote, ‘tá bom? Os alunos psicopatas dessa escola largaram a gente no meio da floresta ontem à noite e nós ficamos perdidos.

– Certo... E a camisa?

Katie cruzou os braços e desviou o olhar, sem graça.

– Eles me largaram no meio da floresta só de lingerie. Dá pra parar de rir, Connor? É sério!

– Ha... Ha... Sério... – ele tentava respirar. – Okay. Desenvolva.

– Nós andamos a noite toda, mas só conseguimos achar o caminho de volta quando estava amanhecendo. Aí nós viemos direto pra cá, porque era mais perto que o dormitório feminino.

Connor balançou a cabeça devagar, encorajando-a a continuar falando.

– O Trav me emprestou uma camisa. Sabe, pra caso alguém me visse andando até meu quarto. Mas eu deitei um pouco e acabei pegando no sono.

– Mas são quase cinco horas! – ele argumentou. Katie revirou os olhos.

– Eu sei, tá legal? – resmungou. – Eu acordei mais cedo me sentindo completamente virada. Tomei um pouco de néctar e apaguei de novo.

– Virada?

– Quer dizer que eu vomitei, idiota.

– Ah. Okay. – ele disse rapidamente, piscando e subitamente envergonhado.

Ela olhou ao redor do quarto, e se deteve ao ver a cama ao lado da de Travis. Os lençóis estavam arrumados e intocados, exatamente como na noite anterior.

– Onde você acha que ele vai? – pensou em voz alta.

– Onde eu acho que quem o que? – Connor repetiu.

– Duke. O colega de quarto de Travis. Eu acho que ele não dormiu aqui hoje. Nem ontem. Onde você acha que ele vai?

– Ahm... Travis não têm um colega de quarto. – Conn disse frazindo o cenho. Katie riu forçado.

– Certo. Você tá tentando fazer uma daquelas coisas tipo a garota que morava aqui morreu há dezenove anos? Há-há. Hilário, Stoll.

– É serio! – ele argumentou. Então, revirou os bolsos, mostrando uma chave idêntica a de Travis para ela. – Eu sou o novo colega de quarto de Trav. A Srta. Roz me deu essa chave, e disse que eu ia dividir o quarto com meu irmão.

– Sem chance. Duke é o colega de quarto dele. O capitão do time de futebol.

– E o que isso quer dizer?

– Quer dizer que eu tenho que ir falar com Trav! – ela exclamou se levantando. – Nós temos que falar com Trav. – se corrigiu. – Na boa, o que você está fazendo aqui?

Conn revirou os olhos.

– Eu explico mais tarde. – disse, fazendo pouco caso.

Katie se deteve quando já estava com a mão na maçaneta do quarto, subitamente se lembrando de um detalhe.

– AH, droga! – reclamou, se virando. – Eu ainda estou se calça.

– Achei que a escola inteira tivesse visto suas pernas quando eles te largaram no meio da floresta ou coisa do tipo.

Katie corou violentamente, e cruzou os braços.

– Só o time de futebol e líderes de torcida.

– O time de futebol? – ele riu. - Ha! Sinto muito Katie, mas a escola inteira já ouviu relatos detalhados das suas pernas.

Ela se olhou no espelho do banheiro pela porta entreaberta. A camisa de Travis era muito larga, mas a barra ficava a meros três dedos da linha de sua calcinha. Definitivamente curta demais para passar por um vestido.

– Azar. – decidiu, abrindo a porta do quarto. – Você me espera aqui.

– Por quê?!

– Porque eu disse que sim, Stoll. Não enche.

Travis estava se alongando quando Katie finalmente conseguiu chegar ao campo de futebol. Ele conversava com alguns garotos do time e ria, parecendo saber o que fazia.

Primeiro, ela demorou quase dez minutos para achar alguma coisa utilizável no guarda-roupa das filhas de Afrodite. Uma camiseta de seda? Não. Um vestido rosa com bainha de renda? Fora de questão. Um short desse tamanho? Sem chance. Depois que desenterrou um vestido mais ou menos respeitável e um suéter quentinho, já tinha desperdiçado um bom tempo.

– Trav. – Ela disse, ficando em pé ao lado dele. – Nós precisamos conversar.

Mike soltou um assovio grave.

– Cara, – ele disse, rindo. – você está ferrado.

– Nós precisamos conversar nunca é nada bom. – Gus concordou franzindo o nariz. – Você está realmente ferrado.

Travis franziu o cenho, se esforçando para olhar para ela contra o sol.

– Eu estou ferrado, Kit-Kat?

Ela revirou os olhos, agarrando-o pelo cotovelo e puxando-o para cima.

– Levanta, Stoll. Eu preciso falar com você.

– Okay, okay. – ele resmungou. – Calminha.

– Lá vai o casal. – um dos garotos comentou, mas Katie não conseguiu dizer muito bem qual.

– Nós não somos um casal. – ela disse pausadamente, com raiva. Não estava com a menor paciência para essa baboseira, não agora. Ao seu lado, Travis se levantou e arrastou os pés desconfortável.

– Hey, Katie. – Gus chamou, franzindo o cenho. – Você está melhor?

– O que? – Kay repetiu, confusa.

– A gripe. – Gustav explicou. – Você não foi à aula hoje. Já está melhor?

Katie sorriu para ele gentilmente.

– Estou sim. – Disse. – ‘brigada. – então se virou para Travis e o segurou pelo braço, arrastando-o na direção oposta. – Anda, Stoll.

– Argh. – ele resmungou, tropeçando ao tentar acompanhar o ritmo dela. – Porque você é toda amores com o mortal e me arrasta desse jeito?

– Você disse que eu fiquei gripada? – ela perguntou, ignorando-o.

– É. Você tinha que ver. Foi ótimo pra sua reputação. Cam ficou super culpado e Sky deu um sermão épico naquela garota morena das líderes de torcida.

– Alicia?

– Aham, essa mesmo.

Katie balançou a cabeça.

– Você simplesmente me deixou apagada no dormitório masculino e foi pra aula? E aí disse que eu estava doente?

– É. – ele deu de ombros. – Genial, né?

– Genial porcaria nenhuma! – Kay exclamou irritada. – Irresponsável, talvez. Questionável, com certeza. E se alguém fosse me procurar no quarto, Stoll? Deuses, e a Sky ? Ou Duke?

– Eu tentei te acordar, tá bom? Você me mandou pro submundo e me chutou. – ele se defendeu. – Além disso, deu tudo certo.

– Deu tudo certo por pura sorte. – ela cruzou os braços. – Nós precisamos de um sistema.

– Como assim, um sistema?

– Pras mentiras. – Kay explicou. – Ou nós vamos acabar falando besteira e as pessoas vão reparar. Nós precisamos de um sistema pra registrar as mentiras, aí não tem o risco de me perguntarem se eu estou melhor sendo que eu nem sabia que eu estava doente.

Travis revirou os olhos.

– Manera um pouco no TOC, florzinha.

– Cala a boca! – Katie xingou infantilmente, sem conseguir pensar em um argumento melhor. Ela não tinha TOC. - Olha, a gente resolve isso depois. Você tem que vir comigo.

– Mas eu tenho treino agora! O treinador vai me matar se eu sair.

– Não, Stoll. Você realmente tem que vir comigo.

– Conn! – Travis praticamente gritou quando entrou no quarto e encontrou o irmão sentado em sua cama. - Cara!

– E aí? – Connor cumprimentou sorrindo para ele e colocando o celular no bolso.

Katie não conseguiu segurar uma pequena careta, enquanto entrava e fechava a porta do quarto atrás de si.

– Então. Isso aconteceu. – ela disse para Travis, apontando com a cabeça na direção do outro Stoll.

– Caramba! – Trav exclamou. Ele sorria bobamente, feliz e impressionado. – Como que você chegou aqui?

– Lembra aquele cara de Long Island? Bunker? Então, eu ‘tava andando até a rodoviária e aí ele disse que precisava de a-

– Isso não importa! – Katie interrompeu irritada. – O que você está fazendo aqui?!

Connor sorriu de lado, daquele típico jeito Stoll.

– Eu já disse, Kay. Eu vim ajudar vocês com a missão.

– Você fugiu? – Trav perguntou, fazendo o irmão revirar os olhos.

– Não, idiota. Quíron me enviou.

Travis riu.

– Cara, o que foi que você fez pro Quíron? – perguntou. – Não, não. Espera. Eu sei essa. Trinta e sete ou oitenta e quatro?

– Oitenta e quatro, bro. – Connor respondeu, sério. – Você foi vingado.

– Eu não acredito! – Travis exclamou rindo ainda mais. – Você realmente fez isso?! Caramba! O sr. D sobreviveu?

– Mais ou menos. – ele deu de ombros.

– Épico!

– Dá pra parar com os códigos? – Katie se intrometeu, irritada. Ela não estava entendendo nada. Mas, pelo que conhecia dos irmãos Stoll, era bem provável que fosse melhor não entender.

– Desculpa, Gardner. – Travis disse. – Oitenta e quatro quer dizer que-

– Nah! Não fala! – ela interrompeu. – Eu não quero ser cúmplice dos seus estratagemas.

– Okay...- Connor disse devagar. – O ponto é que Quíron disse que eu devia vir até aqui e ajudar vocês com a missão.

– Quanto mais melhor. – Travis comentou dando de ombros.

Connor olhou a seu redor, balançando o dedo no ar. Então foi até onde tinha deixado suas coisas no chão do quarto e procurou rapidamente dentro da mala de viagem marrom.

– Eu tenho uma mensagem para vocês. – explicou, abrindo o zíper e revirando as roupas bem dobradas do interior. – Eu sei que está aqui em... Ha! Achei. – ele exclamou, levantando um envelope verde no ar vitorioso e entregando-o para Katie.

Katie abriu o envelope e leu o bilhete na caligrafia rabiscada bem conhecida de Quíron em silêncio. Travis tentou decifrar as letras por cima de seu ombro, mas a dislexia impedia qualquer compreensão.

– Isso não é bom. – ela disse quando terminou. – Isso não é nada bom.

– O que? – Trav perguntou.

– Eles encontraram o sátiro que estava nessa missão. Meryr. Ele estava desacordado na estrada, uns cinquenta quilômetros pro sul. Vivo, mas por pouco. Quíron diz que ele ainda não recuperou a consciência. Os sátiros do acampamento estão tentando de tudo.

– E porque isso não é bom?

– Isso não é bom porque seja lá o que estamos lidando aqui, não é normal. Um monstro normal mataria Meryr sem pensar duas vezes. Mas colocá-lo alguns quilômetros pro sul, desacordado... Isso é um aviso.

– Um aviso de que? – Connor questionou.

Katie deu de ombros.

– Nada que presta.

– Nada que presta. Certo. – Travis repetiu. – E o que nós fazemos agora?

– Nós achamos o meio-irmão de vocês e o levamos pro acampamento, evitando ser mortos por monstros.- ela franziu o cenho. – O plano ainda é basicamente o mesmo.

– O que vocês fizeram nos últimos dois dias? – Connor perguntou.

– Nada grandioso. Aulas, treinos, essas coisas. – Travis resumiu. – E o trote. Tem um garoto, Gus, que Kay achou suspeito.

– Suspeito em que sentido?

– Você vai entender quando vir ele. – Katie disse, dando de ombros.

– Wow, então a missão realmente está na estaca zero, hein? – Conn comentou rindo. Os outros dois olharam feio pra ele.

– Não é tão fácil, tá legal? – Travis resmungou.

– Se você diz. – ele se levantou.

– Hey – Trav disse, pensando um pouco. – Onde você vai ficar? Acho que a gente pode conseguir um colchão ou coisa do tipo. Eles nem vão perceber.

– Como assim onde eu vou ficar? – Connor riu. – Cara, eu estou matriculado. A Srta. Roz me deu os horários, eu vou ter aulas com vocês. – ele indicou a mala e a mochila que havia deixado ao lado da porta do quarto com a cabeça. – E eu sou seu colega de quarto.

– Mas Duke é meu colega de quarto.

– Aparentemente não é não, bro.

Katie franziu o cenho, raciocinando.

– Calma... Você disse que vai ter aulas com a gente? – perguntou confusa. – Connor, você nem é do nosso ano.

– Hã, é. Quíron falou que seria mais fácil achar o meio-sangue se nós ficássemos juntos. Então agora eu e Trav somos gêmeos.

– Maneiro. – Travis disse rindo.

Katie passou a mão pelo cabelo, olhando para os lados nervosamente.

– Isso não é bom. – garantiu. – São mentiras demais! Nós precisamos de um sistema.

– Kay, esquece o sistema. – Travis resmungou. – Vai dar tudo certo, isso não é física quântica.

– Não vai dar nada certo! Nós precisamos de um sistema. Não é, Conn?

– Não é, o que? – Connor perguntou distraído, surpreso por ter sido mencionado.

Kay bufou.

– Esquece. – disse para ele. – Eu vou criar um sistema.

– Tudo bem. – Travis disse calmamente. Ele sabia que não adiantava mais contradizer Katie. Quando a garota fixava sua mente em alguma coisa, era impossível fazê-la mudar de ideia. – Você cria o sistema. Eu vou falar com Duke.

– E eu? – Connor perguntou.

Travis encolheu os ombros.

– Sei não, Conn. Faz o que você quiser.

– Hey! Duke! – Travis chamou ao vê-lo sair do vestiário masculino após o treino. O capitão parou de andar, e esperou até que o Stoll o alcançasse, arrumando a alça da mochila no ombro desconfortavelmente.

– Cara, o treinador está completamente puto com você. – Duke disse. – Por que você foi embora assim? Era o seu primeiro treino.

– Meu irmão acabou de chegar. – Travis explicou fazendo pouco caso. – Ele precisava que eu levasse uns documentos da matricula para ele.

– Ah. – Duke disse simplesmente.

– Enfim. Essa pergunta vai parecer estranha, mas... Você é meu colega de quarto?

Ele balançou a cabeça.

– Não. Eu sou o colega de quarto de Mick. – disse. – Só deixo algumas tralhas no seu quarto. Era meu quarto ano passado, e eu nunca devolvi a chave.

– Por que você precisa de um segundo quarto para deixar sua tralha? – Travis perguntou sem pensar, franzindo o cenho. Aquilo era muito estranho. Os quartos de Coal Hill eram bem espaçosos, e os armários não eram pequenos. Além disso, em todos os seus anos de escola interna, nunca tinha ouvido falar de alguém que não devolveu as chaves no fim do semestre. Por outro lado, explicava bem o motivo de Duke não dormir no quarto.

Duke encolheu os ombros.

– Eu só tenho muita tralha, cara.

– Certo... – o Stoll disse devagar. – Bom, você pode passar lá mais tarde e pegar suas coisas? Meu irmão é meu novo colega de quarto.

– Claro. – Duke disse. Travis assentiu, e se virou para andar em direção ao dormitório novamente. – Hey! – Duke chamou quando ele já tinha se afastado alguns metros. – Vá no ginásio hoje a noite. Depois que apagarem as luzes, por voltas das dez. Pode levar seu irmão.

Katie estava usando fita crepe para pendurar as folhas de papel a4 na parede entre as duas camas, quando Travis voltou para o quarto.

– Você falou com ele? – ela perguntou sem se virar para ele.

– Falei. Ele usa o quarto como um depósito, ou coisa do tipo. – Travis disse. – Que que é isso?

– É o sistema. – Katie respondeu orgulhosa. – Eu separei por categorias. Vermelho é o que a gente disse ter feito antes de chegar aqui. Azul são as mentiras familiares. Amarelo quer dizer-

– Árhm, por favor, não. – Trav resmungou se jogando na cama e cobrindo os olhos com a mão. Só olhar de relance para o Katie havia escrito, com todas aquelas cores, estava fazendo sua dislexia gritar por perdão.

Katie jogou um marcador nele.

– Idiota! – xingou. – Isso é importante.

Sentado na cadeira e com os pés em cima da bancada, Connor riu.

– Acho que você realmente exagerou um pouco, florzinha. – ele disse, dando ênfase no apelido para irritá-la.

– Vocês querem que a missão falhe? Ótimo! Perfeito! – ela largou a fita e as folhas de papel na mesa de cabeceira, irritada. - Quem se importa? Façam o que vocês acharem melhor mesmo, e foda-se.

– Hey, hey. Tudo bem, Kit-Kat. – Travis disse suavemente. – Explica o seu sistema pra gente.

Ela resmungou algumas pragas, relutante, mas acabou falando. Travis precisava admitir que era uma boa ideia. Ele já havia se esquecido de algumas coisas que falara, e era bom saber o que Katie havia dito (pais mortos em acidente de carro. Tia achou que escola interna ela melhor. Certo.). No mais, a filha de Demeter parecia estranhamente satisfeita com seu trabalho, e sorria de um jeito lindo.

– Entenderam? – Kay perguntou quando terminou de falar. – Eu vou deixar essas canetas aqui. Quando vocês contarem uma mentira nova, é só anotar no lugar certo. Ah, e não deixar ninguém ver isso também seria uma boa ideia. Nada de visitas.

– Falou, Gardner. – Connor disse, puxando o celular do bolso de trás da calça e checando por notificações de mensagem.

– Você também não entregou seu celular?

Ele encolheu os ombros.

– Regra número um das escolas internas: você não entrega o seu celular.

Katie abriu e fechou a boca algumas vezes, olhando para os dois incrédula enquanto Travis murmurava alguma coisa em concordância ao irmão.

– Ok. Chega. – Disse finalmente, firme. – Vocês vão pegar meu celular de volta.

– Agora? – Trav perguntou com a voz arrastada, preguiçoso. Ela o empurrou da cama com os pés.

– É, agora. Andem, Stolls. Eu não vou ser a única aqui sem celular.

– Mas- Connor tentou argumentar, mas ela não deixou que falasse.

– É sério. E nem adianta vir com desculpas, eu sei que vocês conseguem. Usem as suas habilidades de filhos de Hermes para alguma coisa que presta pra variar.

– Dá pra ir mais rápido? – Connor pediu, olhando para os dois lados do corredor nervosamente.

Travis parou o que estava fazendo por um instante, só para olhar feio para o irmão. Estava ajoelhado na frente da porta do escritório trancado da Srta. Roz, forçando a fechadura com seu canivete e um cartão de crédito expirado que mantinha em sua carteira justamente para situações como essa.

Quando a porta finalmente abriu, os dois entraram rapidamente. Connor pulou para trás do balcão, abrindo a gaveta em que viu Srta. Roz jogar seu aparelho isca.

– Merda. – disse para Travis, que tinha ficado de sentinela ao lado da porta, olhando pelo vazado de vidro preocupadamente. – Tem dois iguais. – levantou os dois blackberry’s idênticos para que o irmão visse.

– O de Katie tem um arranhão atrás, no lado esquerdo, de uns dois centímetros.

Connor virou os telefones, devolvendo o errado para a gaveta e pulando para o outro lado do balcão.

– Como que você sabia disso? – perguntou. – É um pouco assustador.

Travis revirou os olhos.

– Lembra aquela vez, no verão, que eu e Katie estávamos discutindo no artes e ofícios? Ela tentou acertar o telefone na minha cabeça.

– Vocês dois são estranhos. – Connor sentenciou entregando o celular para ele e abrindo a porta. Estava prestes a dar o primeiro passo para fora, quando o irmão puxou-o de volta para dentro do escritório pela camisa, fechando a porta e exigindo “Shhh!”.

Connor parou, tentando escutar melhor. Então finalmente conseguiu ouvir os passos e duas vozes conversando apressadamente.

– Eu estou te falando, cara. – Cam dizia para Gus, no corredor. – Tem alguma coisa errada com aquela garota. Alguma coisa muito errada.

– Deixa pra lá, Cam. – Gus respondeu. – Você nem a conhece direito. Ela é praticamente uma novata na escola.

– Mas é sério! – Cam insistia. – Tem alguma coisa muito estranha. Alguma coisa que não bate. A garota não é normal. Ontem mesmo...

Travis tentou se inclinar mais contra a porta, na esperança de ouvir mais alguma coisa. Tarde demais, pois os dois já estava longe demais para quem qualquer som passasse. Virou-se para Connor, para encontrar o irmão encarando-o com a mesma expressão assustada.

– Você acha que eles estavam falando da-

– Katie. – Connor completou, assentindo.

Katie saiu do quarto dos Stoll, trancando a porta atrás de si com a chave de Travis.

– Katie! – Uma voz chamou. Ela olhou para o lado, corando fortemente por ter sido pega saindo de um quarto que não era seu. No fim do corredor, Sky apressava o passo em sua direção. – Eu procurei você em todo lugar! Já está melhor?

– Bem melhor. – Kay respondeu aliviada.

– Alicia não ficou nada feliz de você ter matado o ensaio. – Sky franziu o cenho. – Eu disse que ela era uma idiota, e que você não tinha obrigação nenhuma de aparecer depois de ontem. Enfim, você pode ir ao ginásio hoje? Depois que apagarem as luzes, tipo umas dez horas. É uma coisa do squad.

– Claro. – Katie sorriu.


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Notas finais do capítulo

Quem sabe o que que vai pegar no ginásio? Quem acha que o Cam tá ferrando os esquemas? Quem acha que o Duke mentiu descaradamente?
Ainda tem algumas vagas abertas pra primos-servos aqui, se vocês quiserem mandar mais eu não ia reclamar.
Surpreendentemente, ninguém mandou animais de estimação como sacrifício.
Reviews, hein!
Beijinhos