Baby May Cry escrita por CupcakeChoco


Capítulo 10
The Curious Case of Dante Sparda, part II




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Poderia dizer que era uma manhã normal e tranquila, mas não. O pequeno Dante quebrou a mamadeira da Beatrice enquanto brincava na noite anterior e como estava sozinha em casa, porque o povo foi pro raio que os parta – tudo bando de oportunistas que não ajudam em nada. Menos o Nero, ele teve que ir trabalhar. E sem alternativa, levei as duas crianças na farmácia, visto que no mercado demoraria mais e Dante já resmungava sobre acordar cedo. Fui na sessão destinada a utensílios, pomadas e produtos para bebês, procurando uma mamadeira que fosse grande o bastante pra comportar a absurda quantidade de leite que a pequenina consumia – pra uma criaturinha minúscula, ela possuía um apetite voraz. Ao finalmente achar o que buscava, me dirigi ao caixa, satisfeita com a aquisição e por tudo ter dado certo. Dante surgiu entre as prateleiras carregando algo que não pude identificar a primeira vista até ele se aproximar com uma expressão tipicamente infantil: os olhos brilhavam de um modo fofo e difícil resistir.

 

— Diva... Compra essas balinhas? – ele estendeu a mão e, naquele momento, corei em todos os tons de vermelho possíveis ao ver uma variedade de preservativos nas mãozinhas do mestiço.

 

Olhei ao redor, desconcertada.

 

A moça do caixa tentava manter a compostura, mas era perceptível que estava se segurando pra não rir.

 

— Dante, meu fofinho, isso não é balinha – abri um sorriso sem graça. – Agora devolva isso pro lugar onde achou, sim?

 

O semblante – a artimanha – adorável para me convencer, murchou.

 

— Eu quero essas balinhas!

 

— Não são balas. São coisas de adultos e se... – pondo minhas engrenagens para funcionar, formulei a desculpa perfeita. – Pegar você vai ficar com a cara amarela cheia de pontinha azuis!

 

— Não! – gritou, assustado. – Minha cara não! Minha cara não! Mamãe! – dito isso, ele correu para devolver os preservativos pro lugar. Até como um menino de quatro anos, Dante tinha zelo com a aparência.

 

Recompondo-me, fitei a moça do caixa com meu melhor sorriso, fingindo que o constrangimento de antes não tivesse acontecido.

 

— Ah, essas crianças.

 

Voltando pra agência, deixei Beatrice na cadeirinha dela e Dante assistindo desenhos animados na TV. Fiz a mamadeira e a comida do Dante e, minutos depois, deparei-me com uma cena aterradora: Dante todo sujo com algo que, com toda certeza, não era chocolate e Bia quietinha babando na própria mão e rindo.

 

— Ah, céus... O que houve com você, Dante? – questionei num misto de horror e vontade de rir.

 

— Ela tinha feito caquinha – aponta pra bebê que emite ruídos animados. – E você estava ocupada, então como ficou impossível aguentar o cheiro... Eu mesmo troquei... Mas ela me sujou. Foi bem difícil. – explicou olhando o estrago. – A Bia é um bebê fedido

 

Desatei em uma gargalhada alta.

 

— Não diga isso, Dante.

 

— É verdade! – o encaminhei pro banheiro, rindo.

 

Nunca imaginaria Dante numa situação dessas.

 

Passando as últimas horas cuidando de duas crianças, sendo uma delas a versão criança do meu namorado, tentei distraí-los ao máximo até os demais chegarem.

 

— Espero que tenham trazido notícias boas, de preferência que traga de volta o Dante adulto – olhei para os três componentes do grupo.

 

— Claro que trouxe uma notícia boa – Maya gabou-se, sorridente.

 

— Desembucha.

 

— O efeito do feitiço é temporário, só que não sei quando vai passar – coça a nuca, meio sem graça.

 

— Já é um começo – Lyana comenta.

 

— Podem me fazer um favor?

 

Assentiram.

 

— Cuidem das crianças. Eu vou descansar um pouco. – bocejo. – Encham bem a mamadeira da Bia e não deixem o Dante comer pizza antes do jantar – avisei, indo pro quarto.

 

×××

 

Fuzilei as duas irresponsáveis com o olhar quando a notícia fora dada – praticamente uma bomba jogada no meu colo. Beatrice fez uns ruídos ao perceber a tensão.

 

— Com vocês perderam o Dante? – berrei, batendo na minha própria testa. – Ele é um menino de quatro anos! Quatro! Como ele foi mais espertos que duas pessoas com o triplo da idade dele?

 

— Em minha defesa – Maya começou em tom solene. – Na verdade, Dante é que tem o triplo da nossa idade, ele só virou crianças temporariamente.

 

Expeli fumaça pelas narinas com o comentário, rosnando.

 

— Lyana, a Diva tomou a vacina antirrábica né?

 

Estreitei os olhos.

 

— Só falta babar – Maya completou engolindo em seco.

 

— Achem o Dante!

 

— O que houve com o Dante? – uma voz feminina carregada de sensualidade inconfundível se pronunciou.

 

Olhei para Trish meio desconcertada, sem saber como explicar e se deveria recorrer a ajuda dela pra procurar Dante.

 

— O Dante desapareceu! – Maya guinchou, chorosa.

 

— É só isso? E qual o desespero todo com Dante sumir? Não é a primeira vez – deu de ombros, direcionando-se a cozinha.

 

— Bem... – Lyana pigarreou. – Dante voltou a ser criança

 

Trish virou a cabeça para nos encarar, rindo, mas parou ao ver que não estávamos brincando.

 

— Como isso aconteceu? – gritou.

 

— Nem nós entendemos – respondi.

 

— Já viram pela casa? – Trish questionou, batendo o pé.

 

— Sim. Menos no quarto da Diva – Lyana afirmou e, no mesmo instante, tivemos uma epifania. Sem perder tempo, corremos – comigo carregando uma Bia chorosa – até o quarto com Trish na frente liderando o grupo de malucas – incluindo eu mesma.

 

Cada uma se ocupou de vasculhar um canto do cômodo até ouvirmos a gargalhada contagiante de Trish preencher o local. Ela tirou, cuidadosamente, as cobertas da cama e revelou a pequena figura dormindo com uma expressão tão angelical que nem parecia um demônio. A caçadora se aproximou do menino que balbuciou sonolento e a abraçou.

 

— Que bom que voltou, mamãe.

 

Trish piscou confusa e tudo que pude fazer foi lançar a melhor expressão “segue o baile” que eu consegui, rindo da situação.


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