Luna estava perambulando pelo colégio, simplesmente pelo fato de não ter nada para fazer, estava com uma blusa de manga comprida, luvas e toca. Estava extremamente frio em Hogwarts, naquela manhã de sábado e parecia loucura ela ficar andando por aí quando todas as outras garotas estavam em seus dormitórios em baixo de suas cobertas, comendo todo o chocolate possível do mundo, mas ela simplesmente não gostava de ficar parada.

– Luna! - chamou alguém e ela se virou para trás.

– Oi - ela disse a Rolf - E ai? O que está fazendo por aqui?

– Gosto do frio - disse ele sorrindo com as mãos no bolso. Estava com uma blusa branca de blusa comprida e um casaco preto de couro por cima e luvas também preta.

– Pois é - ela disse sorrindo e dando de ombros - As pessoas reclamam quando esta muito calor e também reclamam quando está muito frio. Elas não se decidem, nunca estão satisfeitas com o mundo.

– Gostei da sua filosofia - ele disse sorrindo e andando ao lado dela, já estavam praticamente na entrada do castelo.

– Não era bem uma filosofia, era uma verdade - ela disse rindo e dando ombros.

– A maioria das filosofias são verdades - ele falou e ela ergueu as sobrancelhas.

– Isso sim, foi uma filosofia!

– Está certo - ele disse rindo e ela o acompanhou. Então olharam para fora, já estavam na entrada do colégio e o chão estava inteiro coberto por neve - Vamos lá para fora?

– Neve é legal - disse Luna rindo e descendo as escadas, Rolf a acompanhou e ficou a mais ou menos a um metro de distância apenas a olhando - Que foi?

– Nada - ele disse dando de ombros - Então quer dizer que a tão misteriosa Luna Lovegood gosta da neve?

– Tão misteriosa? - ela perguntou com as sobrancelhas erguidas - Sou um livro aberto, é só se saber a forma aberta de abri-lo, como o de Hagrid.

– Depois diz que não filosofa - ela falou rindo e jogando a cabeça para trás.

– Pode ser - ela disse rindo também e se abaixando lentamente para que ele não percebesse enquanto estava de olhos fechadas e a cabeça jogada para trás sentindo a neve em seu rosto, Luna fez uma bola de neve e jogou no rosto dele que arregalou os olhos e olhou para ela um tanto surpreso.

– Você vai pagar por isso, Lovegood - ele disse e se abaixou fazendo uma bolinha e tacando nela também.

– Ei! - ela exclamou - Isso não foi cavalheiro!

– Digamos que você também não está se saindo lá uma dama perfeita - ele disse e ela cruzou os braços deixando os olhos semicerrados - Desculpe, madame.

– Obrigada - ela disse e se virou de costas para ele já com outra bolinha de neve na mão.

– Você não ficou brava realmente, não é? - ele perguntou se aproximando e ela se virou para trás tacando a outra também - Você quase me enganou!

Ela riu e ele se abaixou para pegar mais neve, enquanto Luna corria para trás da árvore.

E eles ficaram o resto do dia assim, como se não houvessem outros problemas e sendo os únicos a não ligarem para o frio.

*****

Gina estava sentada em frente a lareira no Salão Comunal da Grifinória, eram duas da tarde e estavam todos no Salão Principal, almoçando ou fofocando, porquê ninguém estava mas afim de ficar olhando para as paredes do dormitório.

Mas Gina não estava muito afim de descer com todos e ficar ouvindo Cho fofocar sobre garotos, em especial o Harry. Então, havia decido antes e comido alguns frangos à passarinho e ervilhas. E agora ficará ali no Salão Comunal sozinha e sem nem se importar em acender as luzes, estava apenas com a luz das chamas da lareira e isso era de certa forma reconfortante.

Os bilhetes anônimos rondavam sua cabeça e ela nem se importara muito em se arrumar naquele dia; estava apenas com uma blusa azul de mangas compridas e gola alta, uma calça jeans e um cachecol rosa com uma bota de pelúcia de mesma cor.

Escutou alguém descendo as escadas e se assustou, pois pensou que não tivesse ninguém ali e se virou rapidamente para ver quem estava ali e para sua surpresa era Harry.

– Oi - ele disse um tanto receoso e se aproximou um pouco - Não vai descer?

– Não, to legal - ela disse dando ombros e se virando para lareira novamente, passando os dedos nos fios ruivos e soltos.

– Você quer que eu pegue alguma coisa para você comer? - ele perguntou e Gina levantou os olhos para encará-lo. Então se deu conta de que eles não se falavam desde o incidente no banheiro da Murta.

– Harry, eu já comi - ela disse calmamente - Só não estava afim de ficar lá embaixo, com todo mundo, queria ficar sozinha.

– Ah - ele disse e sentiu como se tivesse levado um tapa na cara - Tudo bem, eu vou...

– Isso não foi para você! - ela disse se tocando no que havia acabado de falar - Não foi para você diretamente sabe? Você pode ficar, seria legal.

– Certeza? - ele perguntou e ela confirmou com a cabeça, então ele sorriu e se aproximou se sentando ao lado dela, no primeiro momento os dois só ficaram observando o fogo, ambos com o coração acelerado e as respirações ofegantes, até que ele perguntou - Por que você vomita?

– Eu não vomito mais - ela disse abraçando os joelhos e dando de ombros, ele a encarou com uma sobrancelha erguida e ela deu ombros novamente.

– As vezes eu tenho alguma recaídas, mas não é sempre, é só quando acontece alguma coisa ou sei lá.

– E o que tinha acontecido naquele dia? - ele perguntou - Foi algo relacionado ao bilhete?

– Eu... não! Nada haver - ela disse revirando os olhos e rindo nervosamente.

– Então, por quê?

– Eu estava passando mal, Harry - ela disse séria e ele a encarou e então suspirou.

– Tudo bem - ele disse, não tinha acreditado, mas ainda assim não queria discutir com a ruiva - Posso te perguntar uma coisa?

– Uhum.

– Como você começou com isso? - ele perguntou e ela mordeu os lábios, contar ou não contar que havia sido a irmã dele que praticamente a obrigara a vomitar pela primeira vez?

– Eu não sei se você vai realmente querer saber disso - ela disse com uma careta.

– Eu quero, pode mandar - ele disse rindo - Sou forte.

– Foi, Emily quem me disse para fazer - ela sussurrou - Estávamos na sua casa e então eu estava me lamentando por ser gorda, feia e estranha e ela me levou até o banheiro do quarto dela e me disse o que fazer.

Ela encarou Harry, que parecia incapaz de dizer qualquer coisa, e engoliu em seco.

– Eu disse que você não iria querer saber.

– Tudo bem, eu pedi por isso - ele falou e respirou fundo - Sinto muito.

– A culpa não é sua.

– Não, mas ainda assim - ele falou dando de ombros - Ela era minha irmã, era meio bipolar, mas ainda sim via como ela te tratava mal as vezes e nunca fiz nada! E só para você saber eu nunca achei você feia, gorda e estranha.

Ela olhou para ele sorrindo e ele retribuiu e então ficaram em silêncio novamente ouvindo apenas as respirações um do outro e alguns minutos depois Harry estendeu a mão tocando a de Gina que de início recuou um pouco, mas depois permitiu que seus dedos se entrelaçassem aos dele.