Capítulo 1 – POV Rick

A medida q o vão da porta foi se alargando, vi uma figura escura, envolta em sombras e um rosto pálido que me fitava. As feições eram humanas, mas os olhos não.

Minha guardiã havia saído afinal ninguém pensou que me achariam no meio do nada, a sobrevivência da linhagem Dragomir era importante para a sociedade moroi, e naquele momento , vendo aquele olhos com a íris rodeadas por um anel vermelho, voltados para mim, famintos, percebi que haveria menos um Dragomir no mundo.

Atravessei a sala fechando e trancando a porta do corredor o que percebi que não adiantaria muito quando a mão pálida atravessou a madeira abrindo um buraco na porta. Usei a magia de terra para quebrar a parede e joga-la em cima do strigoi, o que exigiu muita energia de mim. Eu sabia que a magia não me protegeria para sempre já que eu não tinha energia infinita. Sem muita dificuldade ele se desvencilhou dos tijolos e voltou a me perseguir, eu corria pela casa que era grande de modo que se eu não a conhecesse poderia me perder lá dentro. Naquele momento eu desejei mais que tudo minha guardiã ao meu lado, ou pelo menos uma magia de fogo que seria muito útil contra um strigoi.

Tentando fazer o mínimo de ruídos possível, subi para o sótão, ele era grande e cheio de objetos velhos e empoeirados, havia velas apagadas mas nenhum sinal de energia elétrica. Me escondi atrás de uma grande penteadeira feita de mogno, me encolhi e tentei me manter calmo, mal mal respirando, mas eu sabia que se ele chegasse ao sótão meu cheiro me entregaria. Então comecei a rezar para que ele achasse que eu havia saído da casa ou que por um milagre ele desistisse de mim.
Foi como um balde de agua fria ouvir o som dos passos no chão de madeira. Ele estava lá. Eu estava encurralado. Era meu fim.

Percebi que os passos se aproximavam da área que eu estava então usei magia para quebrar o telhado em cima dele, voaram pedaços de telha para todos os lados, mas ele veio parar ao meu lado como se nem tivesse feito cócegas, ele me levantou pelo pescoço como se eu fosse um filhotinho pronto para o abate. Senti suas presas afundando na minha pele, abri a boca emitindo um inicio de grito que logo se transformou em um gemido de prazer. A endorfina que era liberada por sua mordida se parecia com um pedaço de paraíso em meio a escuridão do inferno, eu podia sentir meus batimentos cardíacos desacelerando, mas naquele momento eu não me importava. E então aquela ligação foi cortada repentinamente.

Cai no chão sem conseguir me mover, e com a visão turva, tudo foi entrando em foco lentamente, então pude ver. Era Laura. Minha guardiã.

Ela lutava contra o strigoi ferozmente, eu podia ver o ódio e morte tanto em seu olhar quanto no dele, os dois se moviam numa velocidade impressionante. Strigois são naturalmente mais rápidos do que dampiros e morois, mas Laura por ser pequena parecia ser quase tão rápido quanto ele, sua experiência em luta ajudava contra a força extrema e velocidade impecável dele.

Eu tentava gritar ou fazer qualquer coisa para chamar a atenção do strigoi e ajudar Laura, mas a falta de sangue só me permitia mexer os dedos das mãos. Minha visão voltou a ficar turva, eu só via os vultos do cabelo azul de Laura esvoaçando então meus olhos se fecharam e tudo que estava na minha mente eram aqueles olhos, o anel vermelho como sangue, os olhos de uma ave de rapina ao avistar sua presa.

Quando eu acordei, já estava de manhã, Laura estava ao meu lado preocupada, “Ah, você acordou” disse ela, tentei me sentar mas minha cabeça latejou, então ela colocou o pulso em frente ao meu rosto “beba, você perdeu muito sangue”.
“Não posso...” Eu disse relutante
“Você deve”. Hesitei um pouco mas abri a boca exibindo os caninos, cravei eles no pulso dela tentando fazer da forma mais rápida e indolor possível, o gosto do sangue era incrível, eu comia comida também e claro mas nada se comparava ao sangue.
“Nós precisamos sair daqui” Laura disse quando eu terminei de me alimentar.
“Da casa?”
“Não... da cidade”.