Enquanto eu andava, de modo a me confortar do turbilhão de péssimas lembranças que invadiram minha mente, sinto algo vibrar em minha calça. Pego o objeto que me causava certo desconforto e olho para o visor, lá está o nome de Gabriela del Rei, minha melhor amiga de infância e minha contadora financeira.

Após atender com minha sutil delicadeza -- perceba que estou sendo irônico -- percebo que o tom dela era meio que desesperado.

–- Fala logo criatura, que péssima noticia é essa?

–- Seu pai ficou com muitas dividas de jogo, você e sua mãe tão no buraco, vermelho! Ela ja declarou falência, e provavelmente, se tudo continuar no mesmo ritimo, logo você também irá!

–- Ta de sacanagem!

–- Você ainda tem uma quantia em dinheiro, sabe, aquela poupança que sua mãe abriu pra sua faculdade de direito? Então, ela decidiu que você pode fazer o que quiser com o dinheiro.

–- quanto tem?

–- vinte.

–- Vinte mil reis?

–- Não, Vinte mil DOLARES, Peter! Dolares!

–- Caralho! Por que ela não usa pra se salvar?

–- Eu disse a mesma coisa, e ela disse algo do tipo: esse dinheiro sempre foi do Peter, blá blá blá, faça com que ele use com sabedoria!

–- E como isso pode ser uma má noticia? Posso ajudar ela com o dinheiro e...

–- realizar seu sonho? Bem, não é tão simples Peter?

–- por que não?

–- você não percebeu? Quem gasta quase sessenta mil reais pagando uma faculdade Pet? Quem? Tem armação ai, e eu vou descobrir!

Eu mal ouvi o que ela disse, estava mais concentrado em imaginar a minha loja! Foledos, pudins, bolos de morango, laranja, chocolate, banana! Quanta coisa!