Fiquei bem feliz por Lene querer conversar. Afinal, já faz algum tempo que não conversamos pra valer. Era uma manhã de sábado, nosso primeiro passeio a Hogsmead. James havia me convidado para ir com ele, mas nessas circunstâncias era melhor ir com as meninas. Havia muito tempo que não tínhamos uma “assembleia”. Uma “assembleia” é quando uma das garotas convoca todo o grupo para uma conversa séria. E uma assembleia só devia ser convocada quando há um assunto realmente importante, portanto Lene devia ter um. Não que eu fosse aceitar o pedido de James também. Sabe como é, eu poderia pensar no caso dele.

Chegando a Hogsmead fomos para o Madame Puddifoot. Pode ser para casais, mas na verdade os casais só vão lá porque os homens querem agradar as mulheres, então as levam em lugares de mulheres. Nós nos sentamos em uma mesa de canto ao lado da janela. Mas inesperadamente, não foi como na maioria das assembleias, ninguém abriu a boca. Ficávamos uma olhando para cara da outra. De vez em quando dávamos sorrisinhos, até que Alice não se aguentou.

– Meu Merlim! O que deu em vocês que ninguém fala? Afinal, por que estamos aqui?

– A Marlene que nos convocou... – Resmungou Dorcas

– Ok, gente. Eu começo... – Disse Marlene. Nós a encaramos com cara de quem achava que ela já devia ter feito isso faz tempo. – Eu preciso contar uma coisa para vocês...

– Não diga... Nunca imaginei que era para isso que uma assembleia servia... – Marlene fuzilou-me, mas qual é? Era verdade!

– Enfim... É sobre um cara...

– Agora as coisas ficaram mais interessantes! – Animou-se Alice.

– Alice, você tem namorado, acalme-se! – Indignou-se Dorcas.

– Entende agora, Dorcas? É por esse motivo que Frank nunca deixa Alice sozinha. Ela pode se agarrar com ele até cair no chão, mas ela vai continuar sendo tarada...

– Ai, Lily. Se toca! Até parece que você não é!

– Podemos deixar a Marlene continuar? – Eu sabia onde isso ia dar se não acabasse agora.

– Obrigada, Lily! Como eu ia dizendo... Tem um cara que eu estou saindo, e ele... – Lene começou a gaguejar – Ele é bem legal. Ele cuida bem de mim e tal... Mas ele tem fama.

– Fama de que? Galinha?

– Infelizmente não, Dorcas. Infelizmente é bem pior.

– Para de enrolar e desembucha, Lene! – Já estava impaciente.

– De Comensal da Morte – Lene parecia fugir de nossos olhos, pois estava olhando para qualquer lugar menos em nossa direção.

– Comensal da Morte?!? – Perguntamos todas juntas indignadas.

– Mas ele não é, gente. Eu juro!

– Como você pode saber, Marlene? – Dorcas dizia perplexa.

– Eu só sei...

– Acha mesmo que pode confiar em um suspeito de ser comensal? – Eu não conseguia acreditar que Marlene tinha essa coragem idiota.

– Vocês não confiam em mim? – Marlene estava apelando agora.

– Nós confiamos em você, Lene. Nós não confiamos nele! – Boa, Alice! Obrigada. – Quem é ele, afinal? – Com essa pergunta de Alice todas viraram para Marlene.

– Lucius Malfoy... – Lene voltou a não olhar para nós. – Dorcas, Alice e eu nos entreolhamos, olhamos Lene, nos entreolhamos novamente, e agora encarando Marlene praticamente gritamos juntas:

– QUEM?

– Lucius Malfoy.

– Lene. Você enlouqueceu. – Agora Lice perdeu a vibe tarada.

– Qual o problema?

– Que ele não é um suspeito Comensal da Morte. Ele é um Comensal da Morte. – Irritei-me

– O pior Comensal da Morte! E como isso aconteceu? – Não via Dorcas dessa maneira há anos...

– Isso não importa, o que importa é que eu estou com ele. Eu só queria contar pra vocês para não chegar de outra maneira. – Lene deixou-nos sem palavras.

– Marlene, me prometa uma coisa. Se ele por acaso quiser te transformar em uma Comensal, você termina com ele? Ou melhor, se descobrir que ele realmente é um Comensal, você termina com ele? – Eu estava mordendo os lábios de tanto nervosismo. Marlene respirou fundo, revirou os olhos.

– Eu prometo... – Resmungou ela. Nós três ganhamos um sorrisinho no rosto.

Bem, talvez a assembleia tenha sido convocada somente por essa questão, mas nós não paramos por aí. Falamos dos planos para depois de Hogwarts, os N.I.E.Ms e muitos outro assuntos. De repente alguém bateu no vidro, era James. Eu corei, ele estava apontando pra mim, Estava pedindo para que eu fosse lá fora falar com ele. Dorcas, percebendo que eu não estava com os pés no chão, estralou os dedos em minha frente. Eu olhei para ela como se pedisse permissão.

– Vai logo, sua idiota. – Resmungou Marlene com um sorriso malicioso nos lábios.

Levantei-me. fui até a arara. Coloquei meu casaco, gorro, cachecol, luvas e sai. Lá fora estava ele, coberto por casacos assim como eu. Ele sorriu para mim com aquele sorriso perfeito que ele tem, e seus olhos castanhos penetravam nos meus, fazendo-me corar. Não sei o porquê, mas isso já não me incomodava tanto quanto antes. Ele riu um bocado disso.

– Esta mais vermelha que seus cabelos, Evans.

Espichei a língua para ele. Foi um gesto meio infantil, mas acho que ele gostou. Fui em sua direção, e já perto dele, a uns dois passos eu diria, eu escorreguei e garrei-me em seus braços. Não precisa ser um gênio para adivinhar que com essa minha sorte, isso foi acontecer bem na frente da janela e as meninas viram. Olhei para dentro, e elas estavam gargalhando. Obrigada pelo apoio, amigas. E como se não bastasse, James também as viu.

– O que acha de irmos para algum lugar com mais privacidade?

– James, eu não recusei seu convite por que não te quero perto, pelo contrário. Porém recusei-o porque prometi passar a tarde com as meninas.

– Mas... – Ele tinha uma cara de desapontado.

– Por favor, James.

– Tudo bem... Mas voltando para Hogwarts...?

– Sim, poderemos conversar. Mas o que é tão importante?

– Na verdade não é importante, mas eu queria ver seus olhos. – Ele me encarava e eu não conseguia não encará-lo de volta. Nós fomos nos aproximando até que nossos narizes se encostaram. Aquilo deu-me um mini choque...