Tudo Aconteceu em Um Inverno - Dramione escrita por Grind
Tudo Aconteceu em um Inverno Dramione / Capítulo 4 - Bebendo, jogando verdades na cara
POV Draco Malfoy
– Cadê a mãe de vocês? - Ergui uma sobrancelha enquanto pegava uma maçã na fruteira em cima da mesa da cozinha. Rose que estava fazendo sabe se lá o que no fogão e Scorpius sentado lendo um livro se entreolharam.
– Ela está no quarto - Hugo entrou na cozinha fazendo o mesmo que eu com naturalidade e saindo logo em seguida.
Franzi o cenho completamente confuso.
– Mas já passa da hora do almoço, ela não acordou ainda?
Rose deixou os ombros caírem antes de falar.
– Hoje é vinte e três de junho.
Vasculhei na mente o que tinha de tão importante e deixei os ombros caírem.
– Vocês não podem estar falando sério.
Scorpius encolheu os ombros.
– Todo ano é a mesma coisa, ela vai ficar trancada no quarto uns três dias, antes de sair como se nada tivesse acontecido, mesmo que a gente tente tirar ela de lá ela faz um completo escândalo.
Fechei os olhos suspirando alto. Ai meu Merlin
– Eu vou lá.
– Acho melhor não pai - Rose me advertiu logo que me virei - Sabe como é a mãe.
Virei o rosto em sua direção sério.
– Acredite, eu a conheço melhor que todos vocês juntos, Hermione Granger é uma mulher decifrável pra poucos, e eu sou o primeiro da lista.
(...)
– Granger - Bati na porta sem receber resposta. Suspirei - Granger?
– Eu estou me sentindo indisposta hoje, vá embora.
– Posso entrar?
– Não.
Fechei os olhos contando até dez mentalmente, tinha horas que eu simplesmente não tinha paciência para absolutamente nada. Eu abri a porta com calma.
– Não me diga que está aqui pelos motivos que eu acho que está.
Ela permanecia na cama, coberta, agarrada ao travesseiro.
– Eu pedi para que não entrasse.
Tranquei a porta discretamente atrás de mim.
– Na verdade você me proibiu - Eu me aproximei - Mas agora que não estamos mais casados, eu posso fazer o que bem entender. - Ajoelhei-me a sua frente. - Por Merlin Granger, diga-me que é só uma doença, sem mentir.
Ela permaneceu muda e eu suspirei fechando os olhos.
– Quantas vezes eu vou precisar lhe dizer que a culpa não é sua?
Seus ficaram rasos de água.
– Você não está no meu lugar Malfoy - Sussurrou - Nunca esteve no meu lugar, passar pelo que eu passei, sua família sempre esteve lá.
Uma onda de ódio me assumiu.
– Que família Granger - Perguntei grosso mesmo aos sussurros - Eu só fui ter uma família de verdade depois que você chegou!
– Não importa, sua mãe estava sempre ao seu lado. E foi nesse dia, nesse mesmo dia que eu perdi meus pais, que eu fui obrigada a apagar a memórias deles, ficar sem ninguém no mundo. Eles não me viram crescer direito, não estiveram na minha formatura, nunca pude levar meu primeiro namorado para apresenta-los, ou se quer chama-los para ajudar planejar meu casamento, eu estive sempre sozinha - Uma lagrima involuntária escapou de seus olhos.
– Sabe que eu sempre estive aqui pra você. - Franzi o cenho confuso - Mesmo que fosse a distância, mesmo que tenhamos nos separado.
Ela me olhou atenta como se procurasse ver se eu estava mentindo.
– Não pode ficar assim pra sempre Herms - Ela estremeceu - Mesmo que seus pais não se lembrem de você, eles iriam querer que você fosse feliz. E não que reservasse um dia do ano pra ficar em pleno sofrimento.
– Eu devo a eles-
– Não! - Esbravejei ficando mais perto - Não deve, fez o que achava certo, o que era certo. Você deve apenas a sua felicidade.
Ela permaneceu em silêncio.
– As coisas eram tão mais fáceis antes - Disse em um sussurro quase inaudível.
Franzi o cenho.
– O quê?
– Quando éramos casados - Ela acomodou melhor o travesseiro a que se agarrava embaixo da cabeça - Sabe, acho que nós dois éramos mais fortes, suportávamos mais coisas, talvez por que sabíamos que se não conseguíssemos tínhamos um ao outro.
Eu permaneci com as expressões sérias.
– Por que está dizendo isso? - Cerrei a mandíbula tentando me controlar.
Ela fungou enquanto passava uma das mãos no rosto, o limpando.
– Como estamos aqui agora.
Suspirei me colocando de pé.
– Agora que já está melhor, eu estou saindo, não me faça ter que voltar pra te tirar da cama.
Ela sorriu e eu sai do quarto.
(...)
Scorpius e Rose me esperavam no pé da escada ansiosos por algo novo.
– Daqui a pouco ela desce. - Disse sério
O queixo de Rose caiu e eu peguei meu casaco.
– Onde você vai? - Scorpius cruzou os braços sem entender.
– Beber. - Bati a porta atrás de mim.
(...)
POV Hermione Granger
– Cadê o pai de vocês? - Ergui uma sobrancelha ao encontrar Hugo e Scorpius na sala assistindo TV.
– Ele saiu, e não parecia estar de bom humor - Rose gritou da cozinha.
Suspirei me sentando.
– Quer que eu vá atrás dele mãe? - Scorpius se colocou de pé, mas acenei para que sentasse.
– Não precisa, ele deve ter achado um lugar bem escondido nesse fim de mundo justamente para que nós não o encontremos, e quando ele chegar aqui tarde da noite é por que bebeu que nem uma vaca.
(...)
– Onde você estava? - Perguntei entre dentes.
E eu tinha todo o direito de estar nervosa. Não estávamos mais em casa, estávamos em outro país, um lugar que nevava vinte e quatro horas por dia e que poderia ter uma nevasca a qualquer momento, e essa com certeza não era hora para Draco Black Malfoy sair de casa encher a cara e voltar duas e meia da manhã.
–Eu fui me divertir, essa palavra não deve soar muito familiar pra você já que você vive pra resmungar da vida dos outros - Ele se apoiou na parede para se manter em pé, tirando as botas de neve, ficando apenas de meia.
Fiquei de pé cruzando os braços.
– Tem noção das horas Malfoy?
– Não - Piscou lentamente e respirou fundo - E não me importo, graças a você eu não devo satisfação da minha vida a ninguém.
– O que quer dizer?
– Eu não posso ter meu momento sozinho Granger? - Esbravejou enquanto cambaleava na minha frente - Ou você acha que só você tem seus problemas? Só você pode ficar no quarto resmungando da vida? Eu fui beber pra aliviar a cabeça!
– Não precisa gritar
– Eu faço o que eu quiser! Você não precisaria sofrer todos os anos por causa dos seus pais se eu estivesse do seu lado!
– O que quer dizer? - Franzi o cenho nervosa.
– Que tudo isso é culpa sua! - Gritou e a luz no corredor de cima acendeu iluminando levemente a escada, tentei voltar minha atenção a figura bêbada a minha frente - Como espera que eu reaja a tudo isso em? Eu estava de boa no meu escritório naquele dia, pensando em uma maneira de fazer você voltar a dormir no nosso quarto quando a carta do pedido divórcio chegou!
– O que esperava que eu fizesse? Que eu sentasse e ficasse eternamente te esperando? Eu também mereço ter uma vida Malfoy!
– Não me interessa o que você ia fazer - Jogando a mão para o alto em descaso, apoiando-se outra vez na parede - Podia ter vindo falar comigo antes de tomar qualquer iniciativa sem me consultar
– Você não precisou me consultar duas noites antes não é verdade?!
Ele fechou os olhos respirando fundo e colocou a garrafa de vodka que até então eu não tinha notado em cima da mesinha de centro da sala e deu mais um passo frente de forma que ficamos cara a cara.
– Quantas vezes eu vou ter que lhe dizer - Ergueu o dedo indicador na minha direção - Que não aconteceu nada!
– E como esperava que eu acreditasse em você? - Eu o empurrei com força, fazendo-o perder o equilíbrio e cambalear pra trás - Já tinha mentido pra mim sobre onde ia, imagina sobre o que estava acontecendo!
Ela vacilou pro lado confuso.
– O que? - Recuou um passo - Do que você está falando?
– Agora vai se fazer de desentendido? Era só o que me faltava não é Malfoy!
– Eu estou me fazendo de desentendido? Era você quem estava se arrastando aos pés do seu tão querido Thomas naquele noite
– O que? - Perguntei sem entender - Do que você está falando agora?
– Você pode não se lembrar, mas eu lembro perfeitamente, como se fosse ontem - Estreitou os olhos na minha direção cínico.
Eu estava com os nervos a flor da pele.
– Você não faz ideia do que eu e Thomas estávamos conversando não é? - Coloquei as mãos na cintura e ele voltou a pegar sua garrafa enquanto tampava os ouvidos - Não quero saber, o que acontece entre você e seu namoradinho não é mais da minha conta.
Eu me sentei no sofá com brutalidade.
– Você é nojento, não sei por que me casei com você.
Ele riu, deu a volta no sofá e aproximou o rosto na minha nuca, era quase impossível não sentir o cheiro do álcool.
– Porque você me amava.
– Não muito diferente de você certamente. - Virei o rosto para encara-lo e me arrependi ao me dar conta da nossa proximidade - Afinal, os opostos se atraem.
Seu sorriso sumiu e ele me encarou por longos segundos.
– Eu odeio você Granger - Começou a sussurrar - Odeio com todas as minhas forças, mas odeio tanto, tanto, que eu não vejo a hora de me livrar de você.
– Que bom saber disso - Cerrei os dentes - Por que pode ter certeza que eu odeio você mais ainda, e é um ódio tão grande, que se você morrer de hoje pra amanhã, eu vou rir no seu enterro.
Ele sorriu sarcástico.
– Não pode odiar mais do que eu odeio você, você é a pessoa mais certinha desse mundo, e não faz ideia do quanto isso é irritante. Isso Granger, você é uma mulher extremamente irritante.
– Você é desprezível.
– Não tanto quanto você querida. - Ele ergueu o corpo e caminhou com dificuldade até o pé da escada - Se eu pegar qualquer xereta nesse corredor vai ter a cara arrebentada, e vai dormir com dor! - Gritou com raiva.
A luz se apagou e pode-se ouvir passos rápidos. Ele sorriu cínico e voltou à sala.
– Sem espectadores agora.
– E do que isso importa? - Cruzei os braços.
Ele cambaleou e finalmente conseguiu sentar no sofá ao meu lado.
– Você não me odeia tanto assim né?! - Perguntou receoso - Veja bem, eu estou bêbado.
– Malfoy - Suspirei - Se tem uma coisa que eu aprendi com você, depois de anos de casada, é que você não costuma mentir quando está bêbado.
– Não, você não entende - Pegou uma das minhas mãos contra a minha vontade - Sabe que eu amo você tanto quando a odeio, afinal ódio e amor são sentimentos que andam de mãos dadas né?
– Você já não está mais falando coisa com coisa.
– Não, não, não - Ele levou minha mão aos lábios - Tente entender eu não vou me lembrar de nada disso de manhã, mas quero que saiba que nunca foi intenção minha se separar, muito menos magoa-la. Não sei do que você está falando quando diz que eu menti pra você - Ele beijou minha mão outra vez - Mas eu faço o que for preciso pra ter você de volta pra mim.
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