Verão Para Alunos Recuperáveis escrita por Coralino


Capítulo 5
Sopa? Alguém quer sopa?


Notas iniciais do capítulo

HEYHEY! Vou mudar os nomes dos capítulos para ''Irrecuperáveis algumacoisa'' acho mais daora assim. Ouvi muito sobre confusão de personagens, povo não sabe quem é quem, eu me esforcei pra exibir as características de todos eles nesse cap. Novo capítulo, com bastante palavra '3' pra vocês lerem bastante. Ansioso pelas reações de vocês, divirtam-se ~



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–Sopa? Alguém quer sopa?

A garota Kat, possivelmente Katherine tinha um rosto fofo. Sardas no nariz e nas bochechas, cabelos pretos presos num coque, e olhos azuis cor de universo.

A cor, cor de universo é a minha cor favorita. Pra qualquer outra pessoa não é uma cor, mas pra mim é a cor mais bonita de todas, a cor do céu com estrelas e tudo mais. O problema é que os pais de Molly não se preocuparam em lhe corrigir sobre cores que não existem.

Por fim, os olhos de Kat lembravam o céu de certa forma.

–Sopa, loira? – Ela disse por fim me entregando um enlatado.

Tomei uma colherada, não havia sido esquentado, mas ela havia adicionado temperos há mais.

–A sua é de feijão. – Ela acrescentou sorrindo animada. Seus lábios fizeram um formato de coração.

–Obrigada. - Disse, acenando, é o que garotas legais fazem certo?

–De nada. Alguém mais quer sopa?

–Você tá fazendo muito barulho, pequena. – Comentou o asiático, fazendo-a virar e sorrir pra ele da mesma forma que sorriu antes.

–Então Joe, por que só conseguiram dois? – A garota virou-se novamente, quase ficando tonta. Suas sobrancelhas se ergueram seriamente desmanchando o sorriso. – Tínhamos uma lista de dez irrecuperáveis pra trazerem conosco.

–Houve um problema, chegamos tarde demais. – Respondeu a punk. – Tava tudo certo, mas Clary decidiu começar o discurso mais cedo, acho que ela preveu que tentáriamos roubar alguns deles.

‘’As saídas estavam impossíveis como de costume, guardas armados em todos os portões e janelas, qualquer movimento e seríamos caçados por eles. Molly foi uma das mais fáceis de encontrar entre os Irrecuperáveis. Então eu tentei mecher com ela.

Enquando Joe contava como um sopro de suspiro dela chegou a minha nuca fanzendo-me acordar, e me levando até a biblioteca, todos ouviam atenciosamente nos sofás do escritório. De vez em quando Kat perguntava algo mas ela era uma boa ouvinte.

Logo ficou tarde, e chegou a primeira noite no programa V-PAR. Nesse momento os outros alunos, que nosso grupo gosta de chamar de Recuperáveis, devem estar em suas camas confortáveis se esforçando para dormir rápido, pra que logo comece o segundo dia e as aulas se iniciem. Afinal, o primeiro dia de aula dos Recuperáveis vai ser amanhã.

Nessa hora, cada um deles devem ter deixado de ser o que eles eram.

A raiva tomou conta de mim na minha linha de raciocínio. Srt. Clary deve estar feliz com tudo isso, mais um verão perfeito pra ela e seus novos brinquedos. Quase perfeito. Nós Irrecuperáveis, estamos no caminho dela, tentados pela liberdade e pelo desejo de contar ao mundo o que está acontecendo na melhor escola do país.

Depois que Joe terminou de contar como chegamos até aqui, todos foram para os cantos do escritório, e entramos nos nossos sacos de dormir. Fechei meus olhos, mas não consegui dormir.

Pow parecia não conseguir também, por que o garoto percebeu que todos haviam dormido, e se levantou. Caminhou até a escrivaninha cheia de papéis e começou a observar cada um deles, com uma luminária, a única luz do local. Seu rosto era coberto pela escuridão, iluminando bem apenas suas mãos.

Resolvi me levantar também, caminhando descalça no chão frio, agarrada num travesseiro. Ele me notou e abaixou o papel que lia, colocando-o embaixo de outros papéis e me encarando.

Seus olhos negros me observavam, esperando por qualquer ação que parecia imprevisível pra ele. Sem dizer nada, aproximei-me da escrivaninha e levantei os papéis que estavam juntos, vendo um único inclinado pro lado, o que ele estava lendo.

Molly Evans, 15 anos.

Pai: Wood Evans.

Sem qualquer outro vínculo familiar. A estudante mora apenas com o pai, emprego de Wood Evans é desconhecido e protegido pelo governo. Convidada para V-PAR dia 17/09/2016

Qualificação: Cor vermelha. Possível Irrecuperável. Altamente perigosa.

Carta de convite para Verão – Para Alunos Recuperáveis escrita pelo professor Golden,

A garota passou uma das tardes comigo, estudando no pátio, entre ela havia alguns outros alunos da mesma classe. Tiraram dúvidas como de costume, então quando uma das estudantes perguntou por uma das fórmulas que ensinei no quadro naquela manhã. Srt. Evans se levantou, e disse imitando minha voz com enorme precisão, como um gravador, debochando da minha imagem, a fórmula por qual a menina perguntou.

No documento havia uma foto minha, e ao lado uma foto de meu pai usando óculos escuros como de costume.

Pow ainda me observava. Meus olhos arderam, notei que estava chorando e me virei.

Joe estava sentada pouco a frente, observando ambos de nós.

–É por isso que escolheram você então. – Falou Pow, com amargura na voz. – Queriam você entre eles, uma irrecuperável que poderia com facilidade imitar as vozes das pessoas com perfeição.

–Eu não queria debochar ninguém. – Respondi ainda virada.

–Por que soprou minha nuca hoje de manhã? – Ele indagou subitamente. Isso parecia estar entalado na garganta dele.

Algo que eu não havia me dado conta ainda. Não sabia por que tinha feito aquilo, simplesmente senti que poderia fazer. Sopraram a minha, por que não sopraria a dele? Um fenômeno realmente estranho.

–Foi pura vontade. – Respondi. – Sua nuca bem na minha frente e ...

–Esquece. – O garoto disse antes que eu me embolasse ainda mais. – Você só não devia ter feito isso. Sabe, meu lugar não é com vocês.

–Mas você está aqui. – Comecei, mas fui interrompida outra vez, com o aumento da voz grossa dele.

–Eu devia estar com os outros. Os Recuperáveis. Eles são pessoas comuns, que cometeram erros comuns! Que simplesmente não tem chance, como você tem!

Percebi que Joe havia levantado, tentando se aproximar com calma.

–Eu te dei uma chance. – Disse sorrindo.

Pow ficou com as bochechas ainda mais vermelhas, como se fosse gritar mais uma vez.

–Eu só não aguento tudo isso. – Ele sussurrou, alto suficiente pra que todos ouvissem.

O garoto balançou a cabela e olhou pro chão, frustrado. Depois correu até a porta do escritório e simplesmente foi embora.

–---x----

–Molly. – Disse uma voz rouca. – Molly acorda.

Abri meus olhos repentinamente.

–Calma. – Disse Joe me olhando assustada. Seus olhos estavam borrados de lapís de olhos, a garota punk havia acordado a pouco tempo

O local onde estávamos não tinha janela. Mas o simples fato do calor que o escritório recebia na parede em que eu estava encostada indicava que estava de dia.

–Que horas são? – Perguntei me sentando.

–Dez e meia mais ou menos. – Respondeu Colin do outro lado da sala.

Percebi que todos já haviam acordado, sentados nos sofás ou trabalhando nos documentos da escrivaninha. O garoto panda e Colin jogavam algum jogo no tabuleiro, fazendo Colin franzir a desta pensando no jogo. Kat estava com os cabelos pretos presos num coque mal feito, afundando sua mente nos papéis que haviam obtido a pouco tempo.

Notei que havia um quadro pouco ao lado da escrivaninha, com textos e fatos sobre o colégio. Amy acrescentava mais algumas coisas nele.

–Cadê o Pow? – Perguntei voltando-me para Joe.

A punk me olhou, e engoliu o seco.

Então eu me lembrei. O garoto-da-nuca tinha se mandado.

–Temos que acha-lo! – Falei quase gritando.

–Essa hora ele já foi encontrado Molly, sinto muito.

Abaixei o rosto. Mas então me ocorreu algo, que pareceu passar pela cabeça de Colin ao mesmo tempo. Fazendo-o levantar do sofá num salto.

–Vão hipnotizar e interrogar Pow, ele vai contar tudo que ouviu sobre nós e onde estamos, temos que sumir daqui agora.

A segunda coisa que me passou pela cabeça foi todos nós sendo segurados e amarrados, sendo mandados para uma das salas secretas da srta. Clary enquantos alunos Recuperáveis nos observam aos cuchichos.

Então é assim que tudo acabará? Doía pensar em Pow sentado em uma cadeira, preso por cordas, enquanto srta. Clary o rodeava sussurrando em seus ouvidos perguntas que podía entregar-nos. E assim os Irrecuperáveis seríam exterminados da escola perfeita. E assim eu deixaria de ser quem sou agora, para me tornar algo que srta. Clary quer que eu seja. A idéia fazia minha cabeça girar, senti uma ponta de raiva por Pow ter nos deixado.

O garoto que eu trouxe, vai me trazer a srta. Clary.

Foi íncrivel como todos os Irrecuperáveis agiram rápido, Kat se levantou com seus olhos azuis cor de universo tremendo de agitação, virou-se pegou uma mochila grande no chão e começou a jogar tudo que estava na mesa dentro dela. Amy se levantou ao mesmo tempo, seus cabelos ruivos presos no rabo de cavalo sacudiu enquanto corria até os sacos de dormir e juntava tudo por lá.

Notei o quanto Colin era alto quando ele começou a recolher uns livros na estante perto dele. No final todos estavam correndo em direção a porta, Joe que estava na frente abriu sem se preocupar com barulho, eu passei pela porta e esperei ao lado do corredor enquanto todos passavam.

Quando estávamos saíndo do depósito, avistamos o que mais temíamos. Quatro inspetores estavam parados cercando as duas direções que o corredor seguia. Engoli o seco. Os homens tinham a cabeça raspada e óculos escuros, musculosos como guardas e pareciam ser tão chatos quanto inspetores de colégios normais.

Pow foi pego.

–Corram, corram feito loucos! – Disse o garoto-panda com uma mochila nas costas, empurrando um dos monitores e jogando-o pro lado.

Todos pareceram ter obedecido, correndo agitados pra longe dos monitores na abertura que o koreano fez entre o corredor da direita e o inspetor. Foi um movimento agitado pra alguém que acabou de acordar, meu coração estava acelerando e gotas de suor escorriam da minha testa.

O corredor estava escuro, as janelas não estavam abertas, mas assim que saímos dele vi a primeira janela clara. Meus pés estavam descalços, fazendo-me sentir o carpete vermelho da escola abafando meus passos. Estávamos passando por uma das salas de aula, a mais distante de todas. Aquela era a sala dos calouros do colégio durante o ano letivo, mas estava vazia já que é verão.

Depois de alguns minutos correndo previ o próximo corredor que passaríamos.

–Esse não! – Gritei apavorada. – É um que dá pra várias salas de aula... – Antes que eu terminasse me interromperam.

–Não importa! – Falou Colin sorrindo exausto.

Naquele momento, percebi o quanto era importante escapar pra eles. Assim como se tornou pra mim. Não deixaria que acabasse assim, ninguém vai nos parar.

Saímos do escuro, passando por janelas abertas que faziam as paredes de madeira brilharem.

Nas primeiras salas que passamos, as janelas da sala de aula que levavam para o corredor estavam abertas, todos os estudantes Recuperáveis viraram suas cabeças acompanhando nossa corrida. Os professores apareciam nas portas da sala de aula incrédulos com a situação.

–Quase lá! – Gritou Joe com a voz rouca.

Assim que termínamos de percorrer o corredor viramos a esquerda e descemos as elegantes escadas do colégio. Quase tropeçando e rolando ela abaixo, consegui chegar até o final. Minha garganta secou totalmente, todos estavam ofegantes.

Ao lado das escadas havia uma porta grande, passamos por ela e entramos no que parecia ser outro escritório, nele havia outra porta que dava para um corredor paralelo.

–Acha que despistamos eles? – Sussurrou Amy.

–Aqueles inspetores estão em todos os lugares. – Disse Kat.

–Eles são sinistros. – Comentou Colin.

Sentei-me no chão, e todos me acompanharam encostando-se na parede e limpando a testa de suor. O corredor estava claro por causa da luz da janela, que trazia consigo uma brisa de ar fresco.

Queria pular a janela e correr o mais rápido que podia. Mas, sabia o que aconteceria se fizesse, imaginei que é assim que eles se sentiam sempre que viam uma janela ou uma porta em direção ao gramado e depois as árvores. Se fugissem não encontrariam liberdade alguma.

–Você está bem? – Perguntou Colin encostando-se na parede ao meu lado.

Assenti ansiosa, olhei para Kat enquanto ela conversava com o garoto panda, a garota havia prendido o cabelo curto. Prendi meu cabelo tentando fazer como ela, preso em uma espécie de nó. É algo que garotas legais fazem, certo?

–Então, qual o plano? – Perguntou Amy depois de ter tirado o casaco.

Todos olharam para Joe e ela negou com a cabeça. Suspiramos todos juntos.

Até que começamos a ouvir conversas. Vozes cada vez mais próximas, com risadas e passos estalando o chão de madeira. Adolescentes. Nos afastamos entrando em uma sala, e com apenas uma brecha na porta semi-fechada assistimos estudantes caminhando com livros nas mãos organizadamente.

Me virei para olhar onde estávamos e meus olhos brilharam com a idéia do local.

–Olhe só onde viemos parar. – Disse sorrindo.

Todos se viraram e encararam a enorme sala, com panos e máquinas de costura, havia uniformes do colégio distribuídos em mesas e armários. Imediatamente, os Irrecuperáveis tiveram a mesma idéia que eu, camuflagem, disfarces.

–O que acham de brincarmos de ser Recuperáveis? – Joe disse num sorriso malicioso.


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