Deus Ex Machina escrita por GraveWalker


Capítulo 7
Capítulo 7




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Durante o milésimo de segundo em que K'zam se teletransportou, varreu todo o Ginásio atrás do Reuniclus - que dormia dentro da sua pokébola sem se preocupar de modo algum em ocultar sua presença psíquica.

O Alakazam se encontrava no quarto da mestra. Sabrina não estava no cômodo, e a pokébola de de Niclus encontrava-se ao pé da cama - que estava toda desarrumada, com o lençol lilás cobrindo metade do colchão e a outra metade forrando o chão. Ele suspirou, ali, do alto, encarando o item que aprisionava seu amigo, Alakazam experimentava uma sensação inebriante tomar-lhe conta dos sentidos. Algo como repulsa e admiração - se fosse possível tal coisa, cogitou. Sua cabeça aumentou o angulo levando o nariz em direção ao teto enquanto cerrava os dentes. Deu um passo para o lado ficando pouco mais próximo do itém vermelho e branco largado no chão, com o pé chutou o botão no centro da esfera - que fez o item chacoalhar rápido, e uma luz que serpenteou e cortou do botão até o centro da cama.

Niclus ergueu os braços verdes, gelatinosos e transparentes em direção ao invocador como se fosse imediatamente abraça-lo, e ainda de olhos fechados expressou um sorriso rápido - então, os abriu. Parou no meio do caminho, e naquele segundo, rápido, de identificação, viu que era outro pokémon a sua frente, não Sabrina.

"Hmm... K'zam, o que queres? Por que você me acordou?" A gelatina flutuante recolheu os braços largos e extensos para próximo do redondo corpo e os cruzou.

Ainda com aquele ar imponente - cabeça erguida, dentes cerrados - K'zam fitava o pequeno, que mesmo sobre a cama mal podia igualar-se em altura. Levou os dedos em direção ao bigode e alisou os fios longos, rolou-os dentro da mão e abriu a boca. Som algum foi produzido. Semicerrou os olhos e voltou a cabeça para trinta graus a fim de poder tomar-lhe em toda sua visão.

"Niclus, quantos anos você tem?"

Niclus pendeu a cabeça para o lado, não captou a real intenção da pergunta, e não estava disposto a perder seu tempo a rastrear por trás do questionamento. "Dois anos. E meio! Por quê?"

"Só para me mapear... Dois anos e meio, hm? Lembro quando ela o trouxe, um ovo ainda." Soltou a ponta dos bigodes e relaxou os ombros, "você não entenderá" disse em tom baixo, para si.

"O que eu não entenderei, magricelo?" Disse, para surpresa de K'zam, que imaginou ter passado despercebido por aquele olhar meio perdido.

Olhou o pokémon gelatinoso de cima a baixo. Tinha a perfeita compreensão de que seria em vão tentar convencer Niclus de qualquer coisa que o colocasse contra Sabrina. Havia uma paixão simbiótica entre os dois. Ele não os invejava, mas o tempo criou uma distância entre o Alakazam e a mulher que o rechonchudo Reuniclus pôde preencher. Não tinha pesar algum - entendia que, as vezes, é o papel do tempo, ou uma consequência da areia que escorre pela ampulheta sem parar, criar espaços entre as criaturas. Como tudo que existe no mundo, o tempo desgasta as coisas, os laços afetivos não são exceções - e por mais que, agora, a razão falasse mais alto que seu coração, e quisesse instaurar essa idéia nele, o viu como se a um reflexo de sua juventude. Então, mais em consideração consigo mesmo, do que para o Reuniclus, Alakazam se calou.

"Posso sentir que você quer alguma coisa", disse Niclus quebrando o silêncio sepulcral, "deve ser algo importante, alias, você veio conversar comigo!" Antes, o pequeno que flutuava sobre a cama desfez todo o esforço telecinético que envolvia a levitação e sentou-se na cama, colocou uma mão sobre a palma da outra e fixou seu olhar em um ponto cego entre a parede e K'zam.

"Ô, sim..."

Silêncio.

"E você não vai contar?"

"Não. Você descobrirá - com o tempo".

Niclus girou os olhos e deu de ombros. "Espero que não se arrependa, segredos tem seus pesos - e você é magro demais".

K'zam riu e desapareceu no ar. "Jovens".


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