Em uma sala vazia, pequena e sem janelas, a única luz que cortava a escuridão vinha de uma lâmpada plantada no chão, onde a poucos centímetros acima a Musharna azul flutuava frente à um pequeno artesanato pendurado no teto - o que chamariam de apanhador de sonhos. Com os olhos fechados, a fumaça púrpura que vertia do pequeno ponto em sua testa e envolvia o objeto, mas sem nunca tocá-lo, parecia ser repelida por ele toda vez que tentava uma aproximação maior. Seus olhos se apertaram, forçando uma concentração maior - em vão - que K'zam, em uma fração de segundo, dispersou.

"O que foi querido, estou no Escafandro, o que desejas?" A voz da pokémon era suave e reconfortante, como voz de mãe - calorosa.

"Posso me juntar a você?"

"Claro. Venha querido".

K'zam sorriu e com um rápido pensamento se teletransportou para sala. O cheiro forte e acre inundou o delgado nariz do pokémon assim que ele se materializou na sala.

"Oh! Desculpe-me, você foi mais rápido do que esperava". A Musharna retraiu sua fumaça. "O que foi meu bem?"

Houve um silêncio quase tangível. Um daqueles momentos de silêncio contemplativo.

"O que é isso?" K'zam apontou com a colher para o objeto preso no teto.

"Chamam de apanhador de sonhos" Ela deslizou pelo ar ao redor do artesanato "Dizem que filtra os sonhos ruins - não necessariamente apenas os pesadelos - deixando que apenas os bons sejam sonhados" Ela se virou e encarou o amigo "Estou reproduzindo alguns sonhos que filtrei da nossa senhora, mas eles simplesmente não atravessam essa teia. É interessante que um simples artefato é capaz de fazer. Questiono-me de onde vem o poder dele: é simples e puramente por ser o que é, ou pela crença que depositam nele?".

"Talvez" Sussurrou o Alakazam se aproximando da amiga “... Talvez se ninguém acreditasse no que ele é capaz, ele não tivesse poder nenhum. Ao contrário de nós, ele não pode pensar por si próprio, então sua força provém totalmente dos outros... E se deixássemos de acreditar nele, o que aconteceria?".