Summertime Sadness escrita por Gistar


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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“Beije-me forte antes de ir

Tristeza de verão

Eu só queria que você soubesse

Que, querido, você é o melhor.”

Mel anda pelo corredor da escola no fim das aulas com as duas melhores amigas: Catia e Dulce.

– Oh meu Deus! – Catia grita, o motivo de toda a comoção é o baile de verão que será amanhã à noite. Era uma tradição da escola e acontecia todos os anos. - Temos que comprar nossos vestidos!

– Podemos ir hoje. – Mel sugere.

Elas gritaram e lhe abraçaram.

– Vamos contar aos garotos. – Pede Dulce.

Elas saem para a rua em direção ao campo onde seus namorados estão treinando com o time de lacrosse.

Mel observa Sam, capitão do time e seu namorado desde o ano anterior.

O jogo termina e Sam avista Mel indo em sua direção. O garoto está todo suado do treino, então Mel lhe dá apenas um selinho.

– Vamos lá pra casa? – Pergunta à namorada.

– Não posso, as meninas e eu vamos comprar os vestidos para o baile.

– Eu te ligo à noite, então.

– Claro.

Eles se despediram e Mel voltou para onde suas amigas estavam.

– Vamos! – Chamou e foi em direção ao estacionamento para pegar seu carro e dirigirem ao único shopping da cidade.

Entraram na principal loja de vestidos e foram para as araras procurar um que fosse perfeito para a festa.

Mel tentou, mas não encontrava algo que gostasse. Achava que tinha seios pequenos demais e um quadril grande demais, embora fosse magra. Aqueles vestidos eram para quem tinha mais busto e poucos quadris. Por fim, achou um vermelho sem alças, justo como um corpete e solto da cintura para baixo. Decidiu experimentá-lo.

Foi ao provador e pôs o vestido que tinha os botões nas costas. Saiu segurando-o na frente para pedir às amigas que a ajudassem a fechá-lo, mas não havia sinal delas por perto.

Estava quase desistindo de levar o vestido, pois não queria ter que andar seminua pela loja à procura das amigas ou de um vendedor para pedir ajuda. Foi então que alguém a chamou de trás.

– Quer ajuda?

Ela virou-se assustada e se deparou com seu melhor amigo.

– Dylan? O que faz aqui?

– Vim buscar um vestido que minha mãe encomendou. – Respondeu acenando um pacote de plástico preto.

– Ah, não sei aonde as meninas se meteram.

– As vi na sessão dos sapatos.

– Eu mato elas, mas de jeito nenhum vou até lá desse jeito.

– Eu posso fechar o vestido, se quiser.

– Se não se importa. – Pediu virando de costas para o amigo.

Dylan afastou o cabelo da garota e começou a fechar os botões. Seus dedos roçavam de leve a pele da amiga que estremecia a cada toque. Começou a sentir calor e as borboletas voando em seu estômago. “O que está acontecendo comigo?” pensou assustada, “Esse é meu amigo Dylan, não posso estar apaixonada por ele, eu namoro o Sam e eu o amo.” Disse a si mesma.

Enquanto Mel lutava contra seus pensamentos e desejos que não entendia de onde vinham, Dylan também travava uma batalha.

“Gostaria de estar despindo-a ao invés de vestindo-a. O que ela vê naquele cara? Gostaria de ser eu a levá-la para o Baile. Eu a conheço desde que tínhamos 5 anos, ela não é fútil como ele.”

– Esse vestido é para o Baile? – perguntou tentando afastar aqueles pensamentos e também rompendo os da amiga.

– Sim, você vai?

– Vou. – respondeu fechando o último botão. Mel virou-se para o espelho e olhou-se, até que ficara bem.

– O que acha?

– Bem, eu acho que você está linda!

– Ai está você! Esse vestido ficou lindo! – Elogiou Catia seguida de Dulce que segurava várias caixas de sapatos.

Como sempre faziam, ignoraram totalmente a presença de Dylan.

– Espera que vou tirar uma foto. – Avisou Dulce pegando a câmera que sempre levava em sua bolsa quando saiam para fazer compras. Ela sempre pedia às amigas para tirarem uma foto sua antes de comprar qualquer peça de roupa, ela não confiava em espelhos, somente em fotografias.

– Perfeita! – Falou analisando a imagem na tela.

– Agora, vamos experimentar os sapatos. – Pediu Catia.

Elas experimentaram vários modelos até acharem um que combinasse com seus vestidos. Dulce iria com um vestido azul noite e o de Catia era dourado.

Elas pagaram suas compras e decidiram ir a um café comer algo. Só então Mel lembrou-se do amigo e olhou ao redor, mas ele já tinha ido.

Dylan viu a amiga chegar em casa e decidiu ir lá. Moravam um ao lado do outro, então costumavam sentar-se juntos na varanda da casa dela todo fim de tarde para jogar conversa fora e Damas. Mas isso foi antes de Mel começar a namorar Sam e se tornar popular. Agora as conversas e jogos de fim de tarde eram cada vez mais raros e ela o ignorava na escola e quando estava com as amigas. Tudo porque ele não era popular ou um jogador como Sam.

Mel ouviu uma batida na porta e desceu para atender. Era Dylan.

– Oi. – Cumprimentou o garoto.

– Oi Dy. – Respondeu, ela só o chamava assim quando estavam sozinhos. – Entra, vou pegar o refrigerante.

Ele a acompanhou até a cozinha e enquanto ela servia os refrigerantes, ele abria o pacote grande de Ruffles e despejava tudo em uma tigela. Depois, foram para a varanda onde sentaram nos degraus.

– Porque decidiu ir ao Baile esse ano? Você nunca foi nos anteriores, sempre disse que era perda de tempo. – Mel não entendia porque o amigo mudara de repente, mas pensara muito naquilo e chegara à conclusão de que ele poderia estar interessado em alguém.

– Tem uma garota que vai estar lá e eu quero dançar com ela. – respondeu, confirmando a suspeita que a amiga tivera.

– E porque não convida ela para o Baile? – Questionou, Dylan era seu melhor amigo, era engraçado e até bonito, só queria que ele fosse feliz.

– Ela vai com outro.

– Não sei quem é a garota, mas ela é burra se acha que o outro cara é melhor que você.

Os olhos de Dylan brilhavam com as palavras da amiga. “Olhe para mim” pensava “Olhe para mim e me veja, eu amo você”.

Mel sentiu o telefone vibrar em seu bolso. Era uma mensagem de Sam, avisando que estava indo na sua casa.

– Você precisa ir, o Sam está chegando. – Avisou Mel se levantando e juntando tudo para guardar.

“Porque ele sempre tem que estragar tudo”, pensou Dylan. - Então a gente se vê amanhã, no Baile?

– Claro Dy! – Confirmou beijando a bochecha do amigo.

– Guarde uma dança pra mim, se o Sammy deixar. – Pediu. Sabia que Mel não gostava que chamasse seu namorado assim, mas gostava de provocar a amiga.

Dylan foi embora decidido a fazer algo para demonstrar seu amor pela amiga, só esperava ter coragem para isso.

*

No dia do Baile, Catia e Dulce foram se arrumar na casa de Mel. Ás 19:00 todas já estavam prontas e esperando seus respectivos namorados. Eles iriam todos juntos na limusine que Sam alugara.

Chegaram ao Baile que já estava lotado. Pegaram uma mesa e enquanto os meninos iam buscar a bebida, Mel e as amigas ficaram observando os presentes e falando sobre os vestidos das outras garotas.

Ficaram um tempo sentados, bebendo e conversando, até que Sam convidou Mel para dançar e eles foram para a pista. Estava tocando uma música dance e estava quente apesar dos ventiladores espalhados. Catia as convidou para ir ao banheiro.

O banheiro estava muito cheio e Mel resolveu esperar as amigas lá fora. Os sanitários ficavam próximos da porta de uma forma que se podia enxergar dali quem chegava e saia da festa. Ela estava distraída quando Dylan entrou e não o viu, ele a procurou pelo salão e a achou.

Ela estava linda com o vestido que comprara e o cabelo preso, uma verdadeira rainha da beleza. Ele caminhou até ela que então o viu e sorriu.

– Achou sua garota? – perguntou ao amigo que estava vestindo um terno preto simples, mas elegante.

– Estou tentando. Quer dançar?

– Claro, só me deixa avisar as meninas.

Mel voltou ao banheiro onde as amigas estavam retocando a maquiagem.

– Avisem o Sam que vou dançar uma música com o Dylan e já volto lá.

– Não sei por que você ainda dá atenção para aquele perdedor, Mel... – Reclamou Dulce.

– Porque ele é meu melhor amigo e não quero perder isso.

– Nada me tira da cabeça que ele é apaixonado por você! – Catia parou de passar o delineador e encarou a amiga.

Ela já havia ouvido isso várias vezes das amigas e até Sam já havia lhe perguntado isso uma vez. Mas ela não acreditava que o seu amigo Dy pudesse sentir algo além de carinho e amizade por ela. Ou então as garotas não podiam ter amigos homens?

– É só uma dança meninas, deixem de lado esse preconceito todo e depois eu me entendo com o Sam.

Ela voltou para onde o amigo a esperava.

– Vamos. – Chamou pegando-o pela mão e caminhando para o centro da pista de dança. Estava dando uma música agitada, mas de repente começou a tocar uma música lenta. Era “Summertime Sadness” da Lana Del Rey, Mel reconheceu a canção.

Dylan a pegou pela cintura e começou a girá-la na pista, sem acreditar na sorte que tivera com a mudança do ritmo de dança.

– Você está linda! – Elogiou a amiga.

– Você também ficou um gato nesse terno. – Devolveu. Mel não entendia porque, mas estava nervosa com a proximidade deles, “deve ser porque Sam está nos observando” pensou, embora o namorado não estivesse à vista deles, e mesmo que estivesse seria difícil vê-los devido à quantidade de casais dançando ali.

– Você o ama? – Dylan perguntou e pegou a amiga de surpresa.

– Sam? Claro que o amo, porque está me perguntando isso?

– Acho que você merece coisa melhor, ele quer ganhar sempre e parece que está mais preocupado em desfilar com você do que em como você se sente.

Mel não sabia de onde aquelas palavras estavam vindo e porque Dylan estava dizendo aquilo.

– Nós já conversamos sobre isso Dy, eu gosto do Sam e nada do que diga vai mudar o que sinto.

– Sim, já conversamos sobre isso e sobre tudo, você sempre vem a mim quando precisa falar ou desabafar sobre algo, Mel, e se o Sam se importasse mesmo com o que sente você não precisaria de mim, pois poderia falar dessas coisas com ele.

– Dy, você está confundindo as coisas, não é assim que funciona um namoro...

– Se não pode conversar sobre tudo com quem você ama Mel, se essa pessoa não é capaz de te entender e compreender, isso não é amor.

– Você não sabe o que está dizendo, cada um tem uma forma de amar, não existe uma fórmula certa para o amor!

– Tem razão Mel e já que nada do que eu diga vai mudar o que sente pelo Sam, eu tenho que te mostrar.

Eles tinham parado de dançar e antes que pudesse perguntar do que o amigo estava falando, ele a beijou.

Primeiro ela ficou paralisada pela surpresa do que o amigo estava fazendo. Depois ela pensou no que devia fazer, talvez empurrá-lo, mas aquele era seu melhor amigo, seu doce e carinhoso Dy, com quem ela sempre brincou e que a consolava quando caia e se machucava. Se o repelisse iria feri-lo muito e não queria que ele sofresse. Decidiu ficar parada e não fazer nada até que ele percebesse que ela não estava gostando do que ele estava fazendo com ela. Mas ele não estava desistindo. Dylan já estava indo longe demais e se Sam os visse, aquilo acabaria mal.

Mel levantou suas mãos que estavam soltas do lado de seu corpo e segurou firme no colarinho do amigo se preparando para empurrá-lo. O garoto entendeu errado e tirando uma das mãos que a segurava na cintura a segurou pela nuca, fazendo-a abrir a boca surpresa com o gesto. Dylan aproveitou a oportunidade e aprofundou o beijo.

E Mel perdeu totalmente a cabeça. Seu autocontrole desapareceu e ela era toda sensações e sentimentos. Tudo o que ela sabia ou conhecia até então mudou e seu mundo girou; deixando-a tonta e completamente à mercê daquele beijo e do desejo que até o momento ela não sabia que existia.

Dylan sentiu a inércia da amiga, mas ela não o repeliu, por isso continuou insistindo no beijo. Só a soltaria se ela o empurrasse e então ele saberia que ela não sentia nada por ele. Mas algo mudou quando ela agarrou sua camisa e ele percebeu que ela havia se rendido. Aprofundou o beijo e soube naquele instante que ela também o amava.

Depois de um tempo ele a soltou, precisavam sair dali e ele a convidou para irem a outro lugar.

Mel ainda estava em êxtase quando Dylan sugeriu que eles fossem embora da festa, ela concordou, ainda não estava pronta para explicar a Sam o que havia acontecido. Ela mesma ainda não havia entendido nada, e aquilo que estava sentindo a assustava como o Inferno.

Eles foram no jipe dele e estavam passando na ponte que atravessava o canal quando ele parou o carro. Desceram e caminharam de mãos dadas até a murada. Mel havia tirado os sapatos de salto alto e se sentia mais viva do que nunca.

– Lembra-se de como costumávamos fugir para cá quando nos metíamos em alguma encrenca com os nossos pais? – Dylan perguntou.

– Sim, nós nos sentávamos aqui e olhávamos as embarcações que passavam, tentando adivinhar de onde elas vinham e para onde estavam indo.

– E planejamos que quando terminássemos a escola tiraríamos um ano antes da faculdade para viajarmos pelo mundo.

Mel sorriu com a lembrança, havia se esquecido de como as coisas pareciam fáceis naquela época.

– Dylan, eu ainda não sei o que está acontecendo, preciso de um tempo para entender tudo.

Ele se aproximou dela e abraçou por trás. Não tente entender, falou baixo em seu ouvido, apenas feche os olhos e sinta.

Ela fechou os olhos e sentiu. Sentiu o vento em seu rosto, o corpo de Dylan moldado ao seu, os batimentos dele em suas costas que estavam tão acelerados quanto os seus e o desejo estalando e queimando como fogo por todo o seu corpo. Uma tempestade elétrica. E pela primeira vez sentiu-se bem e que se morresse aquela noite, morreria feliz.

Ela sentiu quando o amigo a virou e a beijou novamente. Ficaram ali algum tempo se beijando e esqueceram do mundo até que o barulho de um carro freando os trouxe de volta à realidade.

Mel olhou em direção ao ruído e seu coração pulou uma batida. Era Sam.

Ele desceu do carro e andou até eles.

– Sam, eu posso explicar...

Ele a ignorou e passou reto por onde ela estava e foi para cima de Dylan desferindo-lhe um soco. O garoto reagiu com outro soco e assim eles rolaram pela lateral da ponte enquanto desferiam socos e chutes. Mel começou a gritar para que parassem, mas eles a ignoraram. Sam estava em cima de Dylan e a garota agarrou a camisa do namorado puxando e tentando tirá-lo de cima do amigo.

– Sam, solte-o, você vai matá-lo! – gritou até que conseguiu que ele soltasse o amigo e caísse para trás sem fôlego.

Mel se ajoelhou analisando o rosto do namorado que estava com o nariz sangrando e alguns arranhões no rosto, mas no geral parecia bem.

Ela virou-se para ver como estava Dylan. O garoto estava parado de pé e parecia bem, exceto por um corte que sangrava em uma de suas têmporas.

– Dy, sua cabeça está sangrando.

Ele levou as mãos à cabeça e uma delas estava suja de sangue. Ele cambaleou tonto para trás e antes que Mel pudesse lhe gritar um aviso, ele caiu sobre a murada. Ela correu para onde ele estava, sem acreditar que aquilo estava acontecendo. Imaginou que ele estava lhe pregando alguma peça e estaria segurando-se na ponte, mas quando ela olhou para baixo, ninguém estava lá.

“Acho que vou sentir sua falta para sempre

Como as estrelas sentem a falta do sol nos céus da manhã

Antes tarde do que nunca

Mesmo se você tiver ido, eu vou dirigir, dirigir.”


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Notas finais do capítulo

O que acharam?



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