Nunca Perderei Você escrita por Mariii


Capítulo 9
Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Segundo capítulo de hoje! Como sou legal! o/

Soltem o som: http://www.youtube.com/watch?v=3VPvpDX7lsg
É importante a tradução: http://www.vagalume.com.br/bon-jovi/ill-be-there-for-you-traducao.html



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Mycroft conseguiu com que Molly pudesse ficar com Sherlock. Ele sabia que se tinha algo que seu irmão precisava agora, era dela. Observou por alguns instantes quando ela entrou no quarto com os olhos cheios de lágrimas e sentou-se próxima a cama onde Sherlock aparentemente dormia, ligado a vários aparelhos. Exames mostraram que havia atividade cerebral e isso era tudo que importava. Ele acordaria. Tinha que acordar.

Ela pegou a mão dele e fez leves carinhos enquanto lágrimas escorriam. Olhava para todos aqueles machucados e todos aqueles canos, tubos e aparelhos. Não conseguia pensar em nada para dizer, a única coisa que vinha em sua cabeça era a letra de uma música. Então, Molly começou a cantar enquanto pequenas cenas da vida que os dois dividiram passavam por sua cabeça.

“I guess this time you're really leaving

I heard your suitcase say goodbye

And as my broken heart lies bleeding

You say true love is suicide”

~~~

– Você está me levando para jantar? Sherlock Holmes está me levando para jantar? – Molly parecia incrédula.

– Não é o que namorados fazem? – Por um momento ele pareceu confuso.

– Você disse “namorados”?

– Céus, Molly. Eu achei que esse ponto já estivesse acertado entre a gente.

Ela riu e o cutucou. Sherlock percebeu que ela só estava se divertindo as custas dele.

– Eu gosto de ver você falar e ficar irritado em ter que explicar.

– Idiota.

– Mal humorado.

Sem aviso prévio ele a agarrou no meio da rua e a beijou.

– Pronto, isso concretiza o termo “namorados”.

– Não sabia que concretizava assim, mas podemos repetir mais vezes. – Sherlock a encarou e riu. Como tinha conseguido se manter afastado dela por tanto tempo?

~~~

“You say you've cried a thousand rivers

And now you're swimming for the shore

You left me drowning in my tears

And you won't save me anymore

I'll pray to God to give me one more chance, boy”

~~~

– Desculpe, acho que não ouvi bem.

– Não há nenhum problema com sua audição, Molly Hooper. Mas como você gosta de me ver repetindo as coisas eu falo de novo: Eu quero que você venha morar comigo.

– Há a opção de negar?

– Não.

– Então eu aceito. – O sorriso dela era radiante.

~~~

“I'll be there for you

These five words I swear to you

When you breathe I wanna be the air for you

I'll be there for you

I'd live and I'd die for you

I´ll steal the sun from the sky for you

Words can't say what love can do

I'll be there for you”

~~~

Sherlock segura suas mãos e beija todos seus dedos. Estão na cama e ela observa enquanto ele parece concentrado na tarefa de beija-la. A adoração é visível aos olhos dos dois. Quando ele ergueu o olhar e encontrou o dela, foi como se uma chama se acendesse.

Em segundos eles estavam perdidos em meios a beijos incontroláveis e mãos impacientes.

Ele se afastou, segurando o rosto dela e disse baixinho:

– Eu amo você.

~~~

“I know you know we've had some good times

Now they have their own hiding place

I can promise you tomorrow

But I can't buy back yesterday”

~~~

– Nossa, que filme chato.

– Como se você gostasse de algum.

– Não tenho culpa se são previsíveis.

– Blablabla, como eu sou inteligente, blablabla.

– Você está me provocando, Molly Hooper?

– Talvez. Um pouco.

– Vou ser obrigado a fazer algo quanto a isso?

Ela apenas riu quando ele a pegou e colocou sobre os ombros, levando-a para o quarto.

– Me coloque no chão, Sherlock.

– Não.

~~~

“And Baby you know my hands are dirty

But I wanted to be your valentine

I'll be the water when you get thirsty, baby

When you get drunk, I'll be the wine”

~~~

– Molly? Já está dormindo?

– Se estava, você me acordou.

– Você já pensou na possibilidade da gente ter filhos?

– Hein? Com o que você estava sonhando, Sherlock? – Molly acordou rapidamente depois de ouvir essa estranha pergunta vindo dele.

– Com nada. Só estava pensando se... há essa possibilidade.

– E, por acaso, você gostaria disso?

– Sim. Acho que eu gostaria. No futuro. – No escuro, Molly sorriu consigo mesma. Sherlock pensava em ter filhos.

~~~

“I'll be there for you

These five words I swear to you

When you breathe I wanna be the air for you

I'll be there for you

I'd live and I'd die for you

I´ll steal the sun from the sky for you

Words can't say what love can do

I'll be there for you”

~~~

– E qual o problema, exatamente?

– Minha mulher está me traindo.

Sherlock e Molly trocam um olhar entediado. Mais um cliente desinteressante.

– Sugiro esse contato. – Sherlock entrega um cartão de um detetive particular qualquer.

Após o cliente sair, Molly pula de sua poltrona para o colo de Sherlock.

– A mulher só está agindo por vingança.

– E posso saber como você tem certeza disso?

– Ele pisca muito quando mente e tem uma pequena mancha de batom em sua camisa, que ele tentou tirar, sem sucesso.

– Estou criando um monstro.

– Sim, você está.

Sorriram cúmplices antes de Sherlock a beijar.

~~~

Os dias passaram. Molly não saiu do lado de Sherlock por nenhum momento. Se ausentava somente poucos minutos para tomar banho e se alimentar. Quase todos os dias os Watson passavam no hospital. Mycroft tinha se aprofundado em encontrar Irene e quando não podia estar lá, sempre telefonava.

Molly não perdeu as esperanças nem um dia sequer. Pensava na angústia que todos passaram quando ela estava desacordada. Torcia para que Sherlock acordasse logo. Sentia tanta falta dele. As lembranças ao mesmo tempo em que confortavam, eram dolorosas.

Olhava para ele, parecendo dormir. Adorava vê-lo dormir. Ele ficava tão relaxado. Era como se só naqueles momentos as preocupações desaparecessem. Perdeu as contas de quantas vezes acordava e ficava observando-o. E agora estava fazendo de novo.

Segurava a mão dele mais uma vez. A música continuava em sua cabeça. Tinha cantarolado ela quase todos os dias. Debruçou-se na cama onde ele dormia. Sentia-se cansada sim, mas nunca sairia dali. Nunca o deixaria. Não tinha mais chorado desde o dia que chegara. Estava tentando ser forte, se manter esperançosa.

As marcas do espancamento já quase não apareciam mais. O rosto de Sherlock já tinha desinchado e agora havia só leves manchas amareladas. O braço dele continuava engessado e isso causava uma pontada de dor em Molly toda vez que olhava para ele.

Debruçada sobre a cama, tudo que ela pensava era que o queria de volta. E foi então que aconteceu. Sentiu um leve apertão em sua mão. Como no helicóptero. Na primeira vez, achou que tivesse sido sua imaginação. Mas então ele apertou novamente. E, desesperadamente, com o coração acelerado, ela correu para apertar a campainha que chamaria o médico. Seu coração parecia querer sair pela boca ao mesmo tempo em que sentia medo de ter sido só um espasmo e que ele não acordasse.

Quando o médico chegou ela encostou-se na parede, tensa. Torcia as mãos e se segurou para não estalar os dedos. Acompanhou todos os exames que o médico fez ansiosa por uma resposta. Quando enfim o médico virou para ela, não conseguiu ler que notícia ele daria.

–-- --- ---

O processo fora lento. Quando o médico disse que ele estava sim acordando as mãos de Molly tremeram tanto que ela quase não conseguiu avisar Mycroft e John. Sentia um alívio tão grande que ficou com medo de estar sonhando.

Quando finalmente viu Sherlock abrir os olhos e reconhecê-la ela pensou que o Natal tinha chegado mais cedo. Demorou um tempo para que ele conseguisse falar e se movimentar.

Era o primeiro dia em um quarto comum. Mary e John estavam lá, visitando-o. Tinham ido todos os dias desde que Sherlock acordara, mas só agora sem tantos aparelhos é que podiam conversar tranquilamente.

John parecia contrariado. Não demorou muito para ele agarrar na cama de Sherlock e o encarar.

– Sherlock, aproveitando que você está bem acredito que já possa ouvir o que eu tenho a dizer e não tive oportunidade antes. A Molly aqui – apontou para ela, que ficou assustada – passou cada dia, cada minuto ao seu lado. – John estava vermelho e Molly temeu que Sherlock voltasse para UTI. – Ela mal ia ao banheiro para não te deixar sozinho. Todos os dias, Sherlock. Ela SALVOU você. Levou um tiro para colocar você em segurança naquela merda daquele helicóptero.

John fez uma pausa. Molly estava com o rosto retorcido, olhando para o chão. Mary concordava silenciosamente com o que John falava.

– E como você retribui isso, Sherlock? Aliás, como você demonstrou o que sentia por ela antes mesmo de tudo isso acontecer? A traindo com Irene Adler! Irene Adler! E mesmo assim, depois de tudo ela salvou você. Como você tem coragem de fazer isso com ela? Eu nem sei por que Molly continua aqui com você. Eu já teria te espancado de novo e mandado você de volta para a UTI. – John o encarou com raiva. – DIGA ALGUMA COISA!

Molly ergueu os olhos do chão e encarou Sherlock. Seu rosto cada vez mais estranho, com expressões incomuns. E então, aconteceu o que ninguém esperava. Sherlock e Molly começaram a rir. Riam sem parar, deixando John e Mary aturdidos. Molly se aproximou de Sherlock e sentou-se na cama ao seu lado. Ele segurou sua mão, fazendo pequenos carinhos. Ela encarou o casal Watson, ainda com lágrimas nos olhos por conta do riso:

– Nós temos uma história para contar.


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Notas finais do capítulo

Então? :D