Nunca Perderei Você escrita por Mariii


Capítulo 3
Onde você está?


Notas iniciais do capítulo

Aí está mais um capítulo! :)

Não tenho muito o que dizer sobre ele, estou sem palavras hoje... hahahahahah



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Molly desceu do carro em frente ao 221B. Despediu-se brevemente do casal. Fazia frio nas ruas de Londres e ela só conseguia pensar em entrar e encontrar Sherlock. Abriu a porta e subiu as escadas rapidamente. Parou, estranhando a cena que estava exposta a sua frente. Sherlock estático sentado em sua poltrona olhando fixamente para um ponto na parede.

– Sherlock? O que houve? – Por um momento esqueceu-se de todos os seus problemas e começou a ficar aflita. Nunca o tinha visto assim desde que começaram a morar juntos. Parecia tão... Vazio.

Ele não a olhou, parecia estar distante dali. Molly sentiu-se insegura pela primeira vez naqueles dois anos. Sherlock agora parecia com aquele que ela tinha conhecido tempos atrás. Frio, distante, como se uma barreira tivesse subido entre eles no pequeno espaço de tempo que ficaram separados.

– Nada, não aconteceu nada. – O tom era seco. Já não se lembrava da última vez que ele tinha usado esse tom de voz com ela. Automaticamente sentiu-se magoada e irritada. Sherlock nem sequer perguntou como ela tinha se saído, como tinha sido o resgate, como ela estava. E não parecia que daria mais margem para conversas, não tinha sequer virado o rosto para olha-la.

Molly estava exausta, sentia sua cabeça pesando sobre seu pescoço. De repente o consolo que buscava nos braços de Sherlock não existia. Ele apenas acrescentou mais um problema. E tudo o que ela não precisava era de mais um problema.

Encostou no batente da porta, cansada. Desejou que aquilo não estivesse acontecendo. Faltava disposição para pressioná-lo, não conseguiria fazer isso agora. Por que seus problemas vinham todos de uma vez?

Massageou as têmporas, sentindo seu sangue começar a ferver. Que direito Sherlock tinha de trata-la assim? Vendo que ele continuava imóvel como uma estátua, Molly decidiu que precisava primeiro cuidar de si mesma. A tristeza começava a crescer dentro dela.

– Vou tomar um banho e dormir.

Ele não respondeu e Molly sentiu lágrimas aparecerem em seus olhos. Dando um último olhar para ele, correu para o banheiro. Não queria que ele a visse assim e constatasse o tamanho do poder que tinha sobre ela.

Ela não viu, mas Sherlock cerrou os punhos quando a viu virar as costas.

–-- --- ---

Molly esperou Sherlock na cama por horas, até que foi vencida pelo sono. Pela manhã percebeu que ele não tinha dormido ali. Esfregou os olhos e sentiu uma profunda tristeza se abatendo sobre ela.

O que está acontecendo?

Decidiu que, mesmo com tudo que estava sentindo, todas as dúvidas, precisava pressionar Sherlock até que ele falasse o que estava acontecendo. Não tinha ideia do que seria, mas era fato de que alguma coisa tinha mudado, talvez envolvendo o caso em que ele estava trabalhando. Ela precisava saber o que estava acontecendo, talvez até conseguisse ajudá-lo.

Levantou-se decidida a virar o jogo, se trocou e saiu do quarto.

Sofreu outra decepção de constatar que Sherlock não estava em casa. E não tinha deixado nenhum recado.

Transtornada Molly pegou seu celular e enviou uma mensagem.

Molly Hooper: Onde você está? O que está acontecendo?

A resposta não demorou muito para chegar, tão vaga quanto o “diálogo” da noite passada.

Sherlock Holmes: Estou bem, não se preocupe.

“Ah, mas é claro que não devo me preocupar.”

Molly Hooper: Precisamos conversar.

Dessa vez a resposta não veio. Depois de todo esse tempo, Sherlock a estava ignorando. Molly sentiu seu coração apertado por essa reação estranha dele. Onde estava o Sherlock que, mesmo quando precisava de espaço, era honesto e gentil em dizê-lo?

Molly não conseguia se decidir se o que predominava era a raiva ou a tristeza. E já que não podia quebrar a cara dele no momento, ela ligou para o St. Barts dizendo quando estava indisposta e foi descontar tudo o que sentia nos sacos de areia da academia.

Teria uma longa conversa com ele pela noite.

–-- --- ---

Pelo menos era assim que ela pensava. Mas Sherlock não voltou para a casa. Já muito tarde ele lhe enviou uma mensagem.

Sherlock Holmes: Não me espere.

Molly não se deu ao trabalho de responder. Tudo o que estava sentindo antes se intensificou. Tristeza, mágoa, raiva, cansaço. Por que Sherlock estava agindo assim? Por que ele parecia não se importar? As coisas entre eles estavam tão bem. Não conseguia entender. Nada tinha acontecido. Somente... Talvez... A visita que ele tinha recebido. Mas ela não tinha como saber de quem se tratava e nem qual foi o teor da conversa. Molly estava sem saída.

Novamente teve dificuldades para pegar no sono e quando dormiu não faltava muito para o dia clarear.

Era sábado de manhã, e quando Molly acordou e percebeu que Sherlock não tinha voltado para casa, pegou sua bolsa e saiu. John tinha que saber onde ele estava enfiado e porque estava agindo dessa forma.

Entrou como um furacão na casa dos Watson, quando John abriu a porta.

– John! Onde está Sherlock? – ela fez uma pausa – Desculpe, bom dia para vocês. – Forçou um sorriso e Mary percebeu que as coisas iam mal. John reagiu com espanto à sua indagação.

– Como poderia saber, Molly? Quem mora com ele é você. O que aconteceu com Sherlock?

Molly riu nervosamente quando viu que ele não sabia a resposta e estava sendo sincero. Deixou-se cair no sofá, derrotada. Eles não sabiam onde Sherlock tinha se enfiado e nem o que estava acontecendo. Com as mãos ligeiramente trêmulas, Molly pegou seu celular e discou para Mycroft.

– Olá, cunhadinha. A que devo a honra? – Uma voz falsamente alegre, Molly percebeu.

– Preciso saber onde Sherlock está, Mycroft.

– Achei que você morasse com ele.

– Eu também achei, mas não o vejo desde quinta-feira a noite. Mycroft, por favor. – Molly apoiou a cabeça em uma das mãos. Começava a sentir-se perdida.

– Você sabe que eu não falaria se soubesse.

– Idiota.

– Mimada.

– Grosso.

– Rata. – Molly sorriu. Eram habituais essas trocas de elogios quando conversava com Mycroft. Era a forma carinhosa deles se tratarem.

John e Mary olhava um para o outro, sorrindo. Sempre acharam engraçado como Molly dobrou os dois irmãos Holmes.

– Amo você também.

– Eu sei, querida. – Molly escutou-o suspirando do outro lado da linha. – Você confia em mim?

– Provavelmente não o suficiente.

– Então confie no que eu vou te dizer agora, ok? Tudo vai ficar bem. Aguarde, talvez uma semana, talvez um pouco mais. – Molly sacudiu a cabeça, mesmo sabendo que ele não veria.

– Você sabe onde ele está, não sabe? – Sua voz saiu baixinha. Sentia-se verdadeiramente perdida agora.

Outro suspiro veio do outro lado da linha.

– Não. – Molly sabia que não era verdade.

– Mentiroso.

– Implicante.

– Até mais, Mycroft. Sei que você não vai me dizer mais nada. – Desistiu. Ele não iria contar o que estava acontecendo. Se existia alguém pior que Sherlock para esconder coisas, era Mycroft.

– Até. Lembre-se: confie.

– Ok, tentarei.

Desligou o celular e escondeu o rosto nas mãos. Não sabia o que fazer e sua cabeça começava a doer. Sentiu que Mary sentava ao seu lado e passava o braço por seu ombro.

– Conseguiu alguma coisa?

Molly negou com a cabeça e sentiu que ela doía ainda mais. John se aproximou trazendo uma xícara de chá. Ela não queria chá, queria Sherlock. Queria saber o que tinha acontecido. Sentiu lágrimas se formarem em seus olhos e tomou um pequeno gole do seu chá.

O que está acontecendo, Sherlock?

–-- --- ---

– Era Molly?

– Quem mais seria, Sherlock? Me diz, quem mais me ligaria procurando por você? Quem mais se preocuparia por você não aparecer desde quinta-feira?

Mycroft andava de um lado para o outro em sua sala, enquanto Sherlock estava sentado no sofá. Ambos agitados.

– Acalme-se.

– Acalmar-me? Você está pedindo calma? Você tem noção do problema que estamos nas mãos? – Mycroft parara de andar e agora estava em frente a Sherlock.

– Não sabia que você se preocupava tanto com Molly. – Sherlock ergueu os olhos e o encarou.

– Agora sabe. E nós precisamos pensar no que fazer.

– Não há o que fazer. – Mycroft assistiu enquanto Sherlock afundava no sofá, passando as mãos pelos cabelos. Não estava acostumado a ver Sherlock nesse estado e isso o preocupava.

– Você vai ter quer arcar com as consequências. Até que tenhamos algo melhor para trabalhar, pelo menos. – Isso não era o que Sherlock queria ouvir.

– Sim. Eu sei.

– Não fale como se fosse um sacrifício. – Um sorriso malicioso escapou dos lábios de Mycroft.

Sherlock lançou para ele um olhar que faria congelar um vulcão. Mycroft viu estampado em seu rosto todo sofrimento que ele tentava esconder.

Tempos difíceis se aproximavam.

–-- --- ---

Molly voltou para o apartamento em Baker Street desolada. Agora sabia que Sherlock não voltaria. Ela encontrou a Sra. Hudson quando entrou e viu que ela também compartilhava de sua tristeza pelo o que estava acontecendo. Subitamente Molly teve uma ideia e se recriminou por não ter pensado nisso antes.

– Sra. Hudson, quem esteve aqui na quinta-feira, enquanto estive fora?

– Ninguém, Molly. – Diante da expressão aturdida de Molly, ela continuou: - Um carro parou aqui em frente algum tempo depois que você saiu e levou Sherlock. Ele voltou não muito tempo antes de você. Parecia... Preocupado.

– Obrigada, Sra. Hudson. – Molly agora sentia-se mais confusa do que antes. O que tinha acontecido quando esteve fora? Com quem Sherlock havia se encontrado?

Subiu as escadas, largou a bolsa no chão e correu para a poltrona de Sherlock. Encolheu-se nela como uma pequena bola, deixando que as lágrimas quentes escorressem de seus olhos, molhando sua face. O perfume dele ainda estava ali. Por um momento pode sentir sua mão em seus cabelos, ouvir as doces notas do violino que ele tocava quando precisava pensar. Desejou que tudo fosse real novamente.

Adormeceu em um sono profundo. Sempre teve um sono impertubável e raramente sonhava. Sherlock brincava com ela que mesmo se a casa caísse, ela não acordaria. E às vezes, quando ela teimava muito com ele, a ameaçava dizendo que faria coisas com ela enquanto ela dormia. Esperava que ele estivesse brincando.

Quando ela acordou pela manhã, logo se espreguiçou longamente. Esticou os braços, procurando por Sherlock. Então lembrou, com amargura, que estava sozinha e por isso a cama parecia tão grande. Cama?

Molly sentou-se num pulo. Ela não tinha dormido na cama, mas agora se encontrava nela. Sentiu o perfume de Sherlock em suas roupas. Ficou ainda mais confusa.

Ele tinha estado ali. E a tinha colocado na cama.


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Notas finais do capítulo

Sherlock AINDA é fofo... ^^

Minhas férias acabaram, mas vou tentar de todo jeito postar os capítulos rapidamente... :)

Reviews, plis! :D