Almas Obscuras - Despertar escrita por Angie Ellyon


Capítulo 7
Capítulo 6: Terríveis Consequências


Notas iniciais do capítulo

Aí está mais um capítulo. Espero que gostem! Beijos!



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Mary e eu escorregamos por debaixo da porta um minuto antes da mesma se fechar. Ficamos escoradas nela, ofegantes.

– Acha que alguma câmera pegou a gente? – ela quis saber.

– Espero que não.

– E agora?

Mais passos ecoaram do corredor à esquerda.

– Saímos daqui.

Disparamos por um corredor mais largo, repleto de canos grandes e redondos e grades protetoras. Mary corria mais devagar, e tive que puxá-la.

– Você é bem mais flexível do que eu, Pom-Pom – ela disse quando reclamei.

– Lá estão eles! – vociferou uma voz furiosa atrás de nós.

Luzes de sirenes apitavam acima de nós, ameaçadoras. Escutamos os canos retinindo algo e nos abaixamos. Mary deu um gritinho e, quando me virei, vi que a manga do seu moletom estava presa por algo.

– Não são balas, são dardos! – disse quando retirei o objeto pequeno, com uma agulha afiada do tamanho de um polegar. – Não deixe que acertem você! Podem ter algum efeito sonífero!

Disparamos a correr novamente por qualquer lugar que pudéssemos sair. Algumas das saídas estavam bloqueadas e um enorme terror tomou conta de mim. E se fôssemos pegas? O que Henry faria comigo? E Mary? E a pesquisa de mamãe? E o mais intrigante: o que Logan tinha a ver com tudo aquilo?

Saímos pelo mesmo lugar que entramos, e guiei Mary até o carro. Atarantada, pisei fundo no acelerador até parar em uma esquina num solavanco.

– Eu disse que era uma péssima ideia! – queixou-se Mary, exaltada. – Acha que nos reconheceram?

– Não. – suspirei, olhando o retrovisor. – À essa altura, Henry já deve ter sido avisado.

– E o pior: de volta à estaca zero – continuou ela. – Tudo o que sei é que meu pai trabalhava em algum experimento secreto para o seu. – e se virou pra mim. – E você?

Fiquei calada, pensando em minha mãe, na Hestheryta em posse dos Lancaster, a misteriosa ligação de Logan com eles e aquelas fichas. Como se estivéssemos marcados. Se a minha ficha era a única limpa, provavelmente significava que havia algo guardado especialmente pra mim. De alguma maneira, eu poderia estar em risco.

Por fim, me virei para Mary.

– Mais do que imagina.

...[...]...

FALHA NA SEGURANÇA DA LANCASTERCORP

LABORATÓRIO É MISTERIOSAMENTE INVADIDO

SEM PISTAS DE SUSPEITOS

Era a manchete de muitos jornais na manhã seguinte.

Tentei me sentir mal. Não queria nada de mais; apenas me certificar das suspeitas de mamãe, mas acabei descobrindo muito mais – o que, de certa forma, fez a invasão valer a pena. E havia Mary. Ela devia se sentir bem pior. Descobrir que o pai trabalhava em algo secreto – e talvez até suspeito. E havia Logan. Todas as peças pareciam estar se encaixando, a não ser o fato de eu me sentir estranha em relação ao que sentir em relação à ele.

No colégio, enquanto olhava o colar de Logan e as fotos das tais fichas, avistei tia Miranda encostada em seu luxuoso Royls-Royce preto, vestida em um casaco preto grosso fechado e com óculos escuros. Vestida daquele jeito, ela parecia uma espiã da CIA. Um arrepio desceu pela minha espinha.

Ela me viu e acenou.

– Que bom vê-la, Melaine.

– Soube da invasão – mudei de assunto. – Nada na lista de suspeitos?

Ela sorriu cinicamente.

– Estamos analisando minuciosamente cada constatação que temos. As câmeras não mostram exatamente quem foi. Não houve arrombamento ou saque. – ela me olhou, séria. – Quem quer que seja, foi bem...preparado. E muito objetivo.

Meneei a cabeça.

– Por que?

– As imagens mostram que os invasores seguiram direto para uma ala onde haviam certos...arquivos pessoais – contou ela e engoli em seco, me lembrando da pedra Hestheryta e as fichas misteriosas. Meu nervosismo pareceu me denunciar. Tia Miranda se aproximou. – De alguma forma, eles sabiam exatamente onde ir.

– Alguém de dentro, talvez...? – disse, para meu silêncio não me denunciar.

Ela deu de ombros.

– Não importa. Borias, seu pai e eu estamos trabalhando nisso. Não nos preocupamos. Esse alguém vai pagar. – ela olhou no fundo dos meus olhos muito séria. – Essas pessoas provaram que são inexperientes a ponto do mexerem conosco. Não sabem com quem se meteram.

Me arrepiei. A maneira como ela falou soou como uma ameaça pra mim. De tia Miranda podia se esperar tudo. Talvez ela já até soubesse de alguma coisa e estivesse esperando que eu caísse em alguma armadilha.

– Tenho que ir pra aula – apontei. – Mas vou ficar atenta.

Ela deu um sorriso caloroso, com as mãos nos bolsos.

– Sim. Esteja muito atenta, minha querida Melaine.

Não gostei da maneira como ela empregou o “querida” na frase.

A ameaça de tia Miranda em nome dos Lancaster estava clara. Ela tentou mascarar suas emoções, mas consegui distinguir o que havia por trás daquela máscara. E, por trás de tudo aquilo, havia um ódio que, para sentirem, a poderosa família só poderia estar mexendo com algo muito perigoso naqueles laboratórios.

– Vi você com a sua tia – Lauren me parou no corredor – Como aquilo foi acontecer?

Eu precisava ver Logan urgentemente. Só ele poderia me ajudar. Foi quando, entrando na sala, meu celular vibrou. O remetente da mensagem era um número desconhecido. Dei de ombros e abri.

Seria melhor não ter feito isso.

Uma série de códigos começaram a piscar aleatoriamente na tela, ofuscando minha visão. De repente, foi como se alguma coisa tomasse conta do meu cérebro e de mim. Um espécie de velcro tomou conta da minha visão e um único só pensamento rondava a minha mente: uma desesperada vontade de matar.

Mary.

Derrubei o celular e virei a cabeça roboticamente até encontrá-la observando o mural. Ela me viu chegar e me deu um olhar apreensivo.

– Melaine, eu estava te procu...

Ela não terminou de falar. Minha mão foi de encontro ao seu rosto, esmagando-o no mural com um safanão. Não lhe dei tempo de defesa e a joguei com toda a força pela escada Desnorteada, ela se escorou na parede enquanto me olhava assombrada.

– O que está fazendo?

– Matando Rosemary Tellan – falei roboticamente.

Dito isso, girei para lhe dar um golpe com a perna, mas ela agarrou e me jogou para o lado, devolvendo-me a bofetada logo em seguida. Voltamos a nos esganar antes de batermos na proteção de incêndio de vidro, fazendo o machado cair. Empurrei Mary com força, pegando um machado, fazendo a multidão que tinha se formado ao redor arquejar.

Fui golpear Mary com o machado, mas acertei um dos armários. Recuando, ela bateu de costas na porta do banheiro feminino, onde o machado quase a acertou por centímetros. A empurrei banheiro adentro e meninas seminuas deram gritos assim que entrei com o machado em riste. Tentei golpear Mary no ar, cortando-a ao meio. Fomos parar nos chuveiros, e nos encharcamos por completo. As outras meninas cobriam partes do corpo à medida que iam saindo.

Mary ficou sem saída, encurralada por mim. Ela me olhou e, antes que eu desse o golpe final, alguém agarrou o machado.

– Melaine, para.

Logan.

Ele me girou, colocando-me na parede. A deixa serviu para que Mary me desse uma rasteira, e eu caísse no chão, batendo a cabeça.

Vi vislumbres de Logan ajudando Mary, e em seguida me erguendo nos braços. Depois, mais nada.

O rosto preocupado de Logan foi a primeira coisa que vi assim que abri os olhos. De braços cruzados, ele suspirou ao me ver acordar, passando a mão no cabelo dourado. Olhando ao redor, vi que estava na enfermaria do colégio. Mary sentava ao lado, molhada, com um curativo na testa e segurando um saco de gelo na cabeça. Seu olhar era de mágoa.

– Como se sente? – Logan quis saber.

– Cansada. – respondi. E era verdade. Uma enorme sensação de peso se alastrava pelo meu corpo. – E...confusa. – olhei para Mary. – Sinto muito. Eu não queria...

– Tudo bem – disse ela. Mas a mágoa não deixou seus olhos. – Você vai ser a serial killer da manchete.

– Como isso foi acontecer? – Logan parecia bem preocupado.

Pus a mão na testa.

– Foi de uma hora pra outra. Assim que recebi uma mensagem pelo celular.

– Que mensagem?

– Aí é que está. Não sei quem mandou. Simplesmente abri. Era um número desconhecido.

Logan franziu a testa, e Mary se levantou com meu celular na mão.

– Quem quer que seja, foi precavido. A mensagem desapareceu da sua caixa de entrada.

– Mas como essa mensagem foi capaz de controlar você? – Logan insistiu.

Engoli em seco.

– Acho que era uma espécie de vírus.

Os dois olharam pra mim.

– Quando abri o link, apareceram uns códigos estranhos muito rápidos. Foi aí que perdi o controle. Era como uma mensagem cifrada que continha a ordem para que eu matasse Mary. Era tudo o que eu tinha em mente.

Logan enrijeceu e Mary me olhou com medo.

– Quem poderia querer me matar?

Dei um olhar significativo para Mary.

A nossa invasão. A ameaça de tia Miranda. Eu seria a próxima a sofrer um ataque. E ela percebeu isso.

– Vou ver se consigo alguma coisa. – Mary disse depois de um tempo e me deixou à sós com Logan.

Ele me ajudou a sentar.

– Você estava certo. – disse.

– Sobre o quê, especificamente? – havia um certo tom presunçoso na sua voz.

– Seu colar. Ele está nas pesquisas da minha mãe.

Ele deslizou os dedos pelo meu pescoço, onde o havia colocado por segurança.

– Ficou bonito em você.

De fato, o colar era mesmo bem bonito; rodava duas vezes no pescoço e tinha um brilho diferente.

Arqueei a sobrancelha.

– Agora é a parte em que você me fala o que tem a ver com tudo isso.

Engoli em seco, me lembrando da sua ficha, marcado como perigoso. Ele sofreria um ataque também? Era perigoso pra mim ou para os Lancaster?

Ele tornou a passar a mão nos cabelos.

– O que passamos a combinar a partir de agora? Confie em mim, ok? – e se aproximou, sombrio. – Se eu quisesse matá-la agora, estaria morta agora.

Aquilo não me convenceu.

– Você é muito seguro de si. – cruzei os braços e ele deu um sorriso torto. E emendei. – Por que tenho a impressão de que você esconde alguma coisa?

Ele me deu um olhar profundo.

– E se eu esconder?

– Vou descobrir o que é.

– Aconselho que não tente. Acredite, você não vai gostar. – e mudou de assunto. – Devia se preocupar consigo mesma. Parece que alguém lá fora quer você debaixo de sete palmos do chão.

De certa forma, ele tinha razão. Era muita coincidência. Primeiro, a invasão, depois a mensagem estranha e o ataque à Mary. Por um momento, eu me arrepiei ao me lembrar do recado de tia Miranda: Esteja muito atenta, minha querida Melaine.

– Hoje vamos ter um jogo importante, então a nossa torcida vai ser fundamental para que o nosso time ganhe. - Lauren disse ao começar o treino.

Como se não bastasse, naquela mesma noite teríamos um jogo importante de futebol americano e treinei com a equipe de torcida depois das aulas, mas não conseguia me concentrar e fazer os movimentos, devido à minha preocupação.

– Melaine, não seria melhor você parar um pouquinho? - Lauren notou que eu estava desorientada; só que eu estranhei seu tom de voz indiferente e mesquinho, como se ela estivesse com raiva de mim. E aquilo não era normal.

Suspirei e caminhei até o banco, pegando uma garrafa de água, sorvendo-a com prazer. Enxuguei a testa e vi Mary se aproximar. Ela estava tirando fotos nossas para pôr no jornal. Quando ela e Lauren se cruzaram, esta cruzou os braços e, antes de voltar ao grupo, lhe dirigiu um olhar feio.

– Você tá tensa.

– Por favor, me diz que você achou alguma coisa.

Ela balançou a cabeça.

– É inacreditável.

– Então...oficialmente, eu estou em perigo.

– Seu novo namorado não vai deixar ninguém ferir você.

Lancei-lhe um olhar feroz e ela deu de ombros.

– Fica fria. A gente vai sair dessa.

Ela me deixou sozinha depois de me dar um tapinha consolador no ombro. Peguei minha mochila e saí. Não estava com cabeça pra nada. Dirigi escutando minha música favorita, tentando me distrair. Tive que ligar o pára-brisa devido à uma neblina repentina que foi tomando conta da estrada. Tia Diana estava fora e só voltaria no fim do dia, o que me daria tempo de sobra para pesquisar umas coisas. A primeira coisa que me veio à cabeça foi o suposto "aviso" de tia Miranda. O que ela queria dizer com aquilo?

Meu celular tocou, quebrando o silêncio.

– Alô?

Ninguém disse nada.

– Oi? Quem tá falando? - insisti, sem resposta. E eu tinha pavio curto. - Olha aqui, você não tem o que fazer não? Eu escuto a sua respiração, sabia? Não pode ficar ligando...

– Ele não é quem você pensa que é.

Parei. Era uma voz esquisita. Não sabia se de homem ou mulher.

– Como é que é?

– É melhor ficar longe dele.

– Quem tá falando? - saí do quarto quase correndo, olhando pela casa. Se era alguma pegadinha, eu iria saber.

Escutei uma risada seca do outro lado e a ligação começou a chiar.

– Vejo você daqui. Está sozinha. Estou de olho em você.

A maneira como ele falou aquilo me arrepiou inteira - além de soar como uma ameça de que ele poderia aparecer ali a qualquer momento. Olhei pela janela, mas não consegui ver nada.

Tire o celular da orelha. O silêncio agora me dava medo. Tinha alguém ali fora me observando. Engoli com força. Caminhei devagar até a porta, olhando fixamente para ela. Quando estiquei a mão para a maçaneta, ela tremeu de repente e se abriu de uma só vez, fazendo meu coração ir até a garganta e o grito correr minhas veias.

Logan apareceu em estado de choque. Ele me agarrou e me abraçou com força, como se nunca mais fosse me soltar.

– Não é possível. - ele falou para si mesmo.

– O-o que está fazendo aqui? C-como sabia que eu estava em casa? - eu quis saber, em pânico.

Ele me olhou sério.

– Vai estranhar o que vou lhe falar, mas ouça - pediu. - Recebi uma ligação sua em pânico à poucos minutos, seguido por tiros e ela caiu - a agonia retornou ao seus olhos. - Fui até o colégio e você não estava lá...eu pensei o pior.

– O quê? Não liguei pra você. - pensei em dizer à ele sobre a ligação que recebi, pensando talvez que ambas tivessem ligação. Se o autor estava lá fora, deve ter ido embora ao ver Logan.

Sentamos no sofá e ele pôs a gravação do áudio em viva voz.

Logan! Logan! Socorro! Está acontecendo! – a voz que gritava completamente em pânico do outro lado, sem sombra de dúvida, era mesmo a minha voz. Logan respondeu, seguido de suspiros ofegantes bem antes de barulhos de tiros, e a ligação caiu.

Fiquei boquiaberta.

– Não...acredito.

– E tem mais - contou. - Escutei várias vezes pra ter certeza. - Logan mexeu na gravação e mudou a frequência, apertando o play de novo. E foi possível escutar, logo após os meus berros, passos pesados.

– Quem pode ser?

– Escutei outra coisa - Logan voltou a gravação, e dessa vez eu notei.

– Está chovendo! - -falei ao escutar pingos. Apurei melhor. - Está escutando...?

– Parece ser...outra frequência - deduziu. - Rádio, talvez?

Ao voltar a gravação mais uma vez, foi possível escutar um pouco baixo.

Shets ganham dos Giants por três a dois! O grande lance da noite! – dizia o que parecia ser o locutor.

– Shets? - indagou Logan.

– É o time de futebol americano do colégio - expliquei. Gelei. Aconteceria naquela noite. Eu ia me juntar à mamãe no além no fim daquele dia. - Vai ter um jogo hoje à noite lá mesmo. E sou da equipe de torcida.

– Simples. Não vá.

– Mas... - balbuciei, engasgando. - Nada disso faz sentido! Não posso deixar de ir ao jogo só por causa disso! E pode ser qualquer coisa! Isso é...bizarro! Como essa ligação aconteceu? Ela...veio do futuro?

– À que horas será o jogo?

– Às 8h30 da noite.

– A ligação veio logo depois do início do jogo - disse ele. - Não pode ser coincidência, Melaine.

– E o que pretende fazer?

– Não vou tirar os olhos de você até que isso acabe.

Engoli em seco e decidi me abrir de uma vez por todas.

– Bem...falando nisso. Também recebi uma ligação agora há pouco.

Ele meneou a cabeça.

– Não sei quem foi, mas me assustou bastante. Disse umas coisas sem sentido e também que estava me vendo. - não queria contar à ele minha desconfiança com relação a quem a tal pessoa falava que eu deveria me afastar.

Ele não disse nada por um tempo. Mordi o lábio.

– O que me diz?

– Que você vai passar a acreditar em premonições a partir de agora.

– E agora? Estou com medo...

Ele apertou minha mão.

– Você tem razão. - falei. - É melhor não ir.

– Não - ele questionou. - Vamos pegar esse tal alguém de surpresa. Vai ter muitas pessoas lá e ficarei vigiando você de longe. Não se preocupe - ele me tranquilizou.

– E como você vai encontrá-lo no meio de tanta gente? - discordei. - Ele vai se esconder muito bem.

Logan deu um sorriso sinistro e coçou o queixo.

– Vá ao jogo. Lá faremos o que for necessário. Seja quem for, esta noite vamos pegá-lo - um brilho cruzou seus olhos. - E fazê-lo pagar pelo que for.

...[...]...

Às oito em ponto eu já estava pronta. Me despedi de tia Diana tensa e segui rumo ao colégio suando frio. Fiquei o tempo todo olhando o espelho retrovisor, pensando estar sendo seguida. Assim que encontrei uma vaga no meio do tumulto, liguei para Logan. Queria ter certeza de que ele estava ali.

– Estou nas arquibancadas - disse. Não consegui localizá-lo. - Quem se aproximar de você, eu vou ficar sabendo. Aja normalmente, como se não soubesse de nada. A gente se vê.

Atravessei a multidão repleta de pessoas; torcedores tomando refrigernte, alguns jogadores e líderes de torcida, os mascotes. No meio deles, meio escondidos nas arquibancadas, espremi os olhos para ver Henry e tia Miranda. Eles se destacavam por estarem um pouco distantes - e porqur não pareciam estar ali para torcer.

– Mel! Vem! Nós já vamos entrar! - Lauren me chamou, acompanhada das outras. Os jogadores estavm formando fila, quando senti alguém me puxar. Era Matt.

– Parece distraída, Melaine - disse ele.

– Ah... - cocei a testa. Não sabia o que dizer. - É...ansiedade.

Ele sorriu.

– Vamos fazer um bom jogo.

– Também acho - eu quase sussurrei.

– Sua amiga está chamando você - ele se afastou. - Até mais.

Lauren me puxou.

– Hum...já trocou o seu enfermeiro bonitão?

O locutor interrompeu minha resposta, anunciando o jogo. A multidão foi à loucura e tomamos nossos lugares. Quando os jogadores passaram por nós, agitando os pom-pons, vi Logan quase escondido, e trocamos olhares quase em câmera lenta. O jogo começou e me coração foi parar na garganta. A qualquer instante, os meus Jogos Mortais iriam começar. Paramos uns 10 minutos após a coreografia e sentei depressa no banco. Logan não estava mais naquele lugar de antes.

Dei um pulo quando meu celular vibrou.

– Acha que sou idiota? Vejo você daqui. E, se esforçar um pouco o seu cérebro, também vai me ver.

Espremi os olhos pelas pessoas, até que vi um certo alguém de preto com um celular na mão. Era uma mulher. A silhueta era feminia.

– Me encontre na escola. E nem tente dar uma de espertinha e avisar seu namorado. Sua amiguinha está na minha mira e qualquer coisa que fizer, desconto nela.

Olhei para Lauren, que acompanhava o jogo animada.

– Tudo bem...ok, estou indo.

Era melhor acabar logo com aquilo. Se ao menos eu tivesse como avisar Logan...

Com passos apressados, me deparei com o corredor escuro e me senti encolher de medo. Àquela altura, Logan já devia saber do meu sumiço e devia estar me procurando. Eu tinha que acreditar naquilo.

– Melaine, querida...onde você está? Vamos brincar... - cantarolou a voz.

Desatei a correr pra onde quer que fosse. Ouvi o tal alguém sorrir. Um trovão rimbombou forte lá fora, desabando baldes de água misturados com relâmpagos luminosos. . Passos soaram atrás de mim e sumiram de repente. Logo depois, senti-me ser prensada contra a parede. Lá fora, a chuva caía sem parar. Não muito longe, alguém escutava rádio. Lutei contra meu agressor, e me surpreendi ao ouvir sons de coisas caindo no chão. Nos jogamos, brigando pelos objetos. Ele ou ela tentou me dominar e dei-lhe um empurrão, o que me deu espaço, e acabei pegando a primeira coisa que vi: um celular.

Voltei a correr, discando todos os números do celular. Lá fora, um raio atingiu um dos fios de energia, lançando uma faísca no ar.

Então disquei para Logan.

– Logan! Logan! Socorro! Está acontecendo! - berrei, esperando resposta.

Atrás de mim, escutei um clique de uma arma.

– Logan! - gritei. - Por que não responde!

Shets ganham dos Giants por três a dois! O grande lance da noite! - a voz estridente veio de um rádio ligado sozinho. Os vigias deviam estar lá fora.

O primeiro tiro foi disparado, mas me esquivei no corredor, deixando o celular cair. De repente, as luzes ligaram e caí escorregando nos braços de Logan, ofegante. Meu perseguidor parou, como se em choque ao vê-lo. Em seguida, voltou a correr na direção oposta.

– Pare! - Logan trovejou.

Ele parou, olhou para nós outra vez e sumiu atrás da porta no fim do corredor.

Logan segurou meu rosto e suspirou. Estávamos os dois ofegantes.

– Vamos pra casa.

...[...]

Logan decidiu me levar em casa. Não parecia mais haver nenhuma ameaça; mas, mesmo assim, os riscos que Mary e eu coremos naquele dia - e eu mais ainda - foram um grande alerta.

– Obrigada...por hoje. - disse quando estávamos à porta. Logan deu uma boa olhada na casa.

– Quero ter certeza de que vai ficar bem - ele respondeu.

Mordi o lábio, receosa.

– Preciso contar uma coisa. - ele esperou. - Mary e eu invadimos a LancasterCorp.

Ele sorriu.

– Eu sei.

– Acha que por isso sofremos esses ataques? - ponderei.

– Foi muita coincidência.

– Tia Miranda me ameaçou - contei. - Bom, pelo menos soou como uma ameaça. E logo depois, os ataques. - ele suspirou, pensativo e emendei. - E tem mais.

Ele aproximo o rosto do meu com aqueles olhos contemplativos.

– Descobri umas fichas com fotos nossas. Eu, você e minha mãe. Na dela, rabiscaram um xis e marcaram como eliminada. Rabiscaram na sua que era perigoso.

Ele riu.

– Me acha perigoso?

– Logan, isso me assustou. - engoli em seco.

– E o que foi fazer lá?

– Você estava certo. O seu colar está nas pesquisas de mamãe. Encontrei uma pedra, uma tal de hestheryta e parece que há uma mina dessas pedras por lá. Henry e a família estão trabalhando com algo secreto.

– E o que havia na sua?

– Nada. Aí é que está. Acho...que a minha vez foi hoje - e acrescentei, irônica. - Bem, devem ter atualizado a minha ficha.

Logan segurou meus ombros com leveza e olhou no fundo dos meus olhos.

– Fique em casa, bem e segura. A partir de agora, estamos juntos nessa.


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Notas finais do capítulo

Mais na frente voces saberao como aconteceu essa ligação do futuro..kkkkkkkk
Agradeceria se comentassem, e obrigada por ler! Témais ;*



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