Faça Suas Apostas! escrita por Gabriel Campos


Capítulo 22
Novo Contratado


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, vamos rir um pouquinho? ;3



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PALAVRAS DE LARA PACHECO

Quando ouvi os gritos de Márcio vindos do portão do quintal, temi pela vida dele. Temi ainda mais quando João Paixão e Sheila também ouviram.

— Então encontramos a pessoa para quem você estava ligando, não é querida? — disse Sheila, irônica.

— Por favor, Sheila, não faz nada pra ele! O Márcio só quer me ajudar!

— Ele é seu namoradinho, Lara? — João Paixão perguntou, tirando um canivete do bolso. Imaginei aquele canivete entrando nas entranhas de QI e engoli a seco — Seria uma pena se...

— POR FAVOR! EU IMPLORO! Não faz nada contra ele. Ele é meu amigo...

João Paixão pegou o canivete e me desamarrou, cortando a corda que prendia os meus pulsos. O que ele queria fazer?

— Eu não vou fazer nada contra ele, Lara. — ele olhou para Sheila e gargalhou — Você vai fazer.

João Paixão começou a me dar algumas recomendações, me ameaçando com o canivete.

PALAVRAS DE MÁRCIO FERRARI

Quando eu estava pronto par pular o muro e voltar para casa, ouvi o barulho do portão do quintal da casa de Lara. Ela estava com as chaves! Voltei até o portão, correndo. Tentei abraça-la, mas ela me repeliu.

— Lara... — fingi que aquilo de ela ter me negado o abraço não havia acontecido — Lara, você tá com as chaves! Vamos fugir! É só pular o muro. Eu te ajudo, vem!

Tentei puxá-la pelo braço mas ela nem se mexeu. Olhei para ela.

— Eu não vou, Márcio.

— Como assim? Eu não tô entendendo nada... eu achei que você queria sair daqui!

— Eu menti! Eu tô bem. Só vim até aqui porque eu fiquei com pena de você, me chamando no portão.

Aquelas palavras estavam cortando o meu coração.

— Mas...

— Vai embora, Márcio QI. Me esqueça! Eu não quero me aproximar de você, nem da Valeska, e nem da Gabriela. Eu odeio vocês! Por isso que eu fugi pro Rio de Janeiro. E eu tô voltando pra lá. Vou ficar com o Douglas. Ele sim é um homem de verdade!

Silêncio. Decepção. Comecei a suar pelos olhos.

— Tchau. Seja feliz.

Virei as costas e saí. Ela entrou de volta em casa.

PALAVRAS DE LARA PACHECO

Eles nem me respeitaram. Eu estava ainda muito abalada por ter que mentir para Márcio QI e magoá-lo daquele jeito. Porém, pelo menos, ele ficaria longe de mim e teria sua vida preservada. Diferentemente da minha.

João Paixão voltou a me amarrar e me amordaçar, enquanto Sheila tirava seu carro, um fusca cor-de-rosa (acreditem ou não) da garagem da casa. João me levou até o carro e me jogou no banco traseiro, como se eu fosse um pacote.

— Eu dirijo. — disse Sheila.

O amante da minha madrasta sentou no banco do carona e aguardou que ela ajustasse o seu banco, de modo que quando ela respirasse, seus seios fartos não pressionassem a buzina. Senti-me no filme “Norbit”.

— Acho que esse carro está encolhendo. — respirou. A buzina soou.

— Sheila, amorzinho, você está sendo indiscreta. — falou João Paixão. — Que tal eu dirigir?

A gordona pisou no acelerador e finalmente o carro partiu. Para onde ela me levaria? Só Deus sabia.

PALAVRAS DE GABRIELA CARVALHO

Márcio QI me ligou chorando. Dissera que havia sofrido uma decepção muito grande. Com a Lara. Não liguei.

Mas ele não queria se lamentar e sim falar que havia deixado a Valeska sozinha no campo de treinamento do Regatas Futebol Clube e até aquele momento ela não havia chegado. Ele dissera que estava impossibilitado de sair de dentro do quarto. Após chama-lo de todos os palavrões da face da Terra, peguei algum dinheiro do meu cofrinho, minha carteirinha de estudante, e saí para procurar a Valeska.

***

Pedi algumas informações na portaria do campo. O porteiro me dissera que um rapaz, meio frangote, havia sido acertado com uma bola na cabeça. Entrei correndo e procurei a enfermaria, pois a vítima, na certa, era a coitada da Valeska.

Quando entrei na enfermaria do clube, avistei Valeska desacordada em cima de uma maca.

— Val... Gustavo!!! — eu quase que falava o nome verdadeiro da anta.

— Quem é você? — perguntou um homem, creio que era o técnico do time.

— Eu sou amiga dele. Gustavo veio lá de Recife, adora futebol. Coitadinho, não conhece nada aqui — menti. — Tava mais perdido que cego em tiroteio e ainda leva uma bolada na cara. Tadinho...

— Ele vai ficar bem... mas, peraí, nosso time é conhecido lá em Recife? — o técnico ficou, se achando.

— Ora, claro que é. Valeska... quer dizer... Gustavo é muito fã do time de vocês.

Valeska abriu os olhos. Estava zonza (mais do que ela já era). O técnico deu três tapinhas nas costas dela e disse:

— O garotão aqui já está pronto pra outra! E aí, sabe jogar?

— Não! — respondi por ela.

— Claro que sei! — falou Valeska, fazendo voz de homem. — Eu era artilheira... artilheiro do time oficial da minha cidade, no interior de Pernambuco. O Brejo da Madre Sport Clube.

— Nunca ouvi falar.

— Não importa. Talento é pra ser mostrado. — Valeska desceu da maca da enfermaria e tirou a bola das mãos do técnico. — Vamos fazer um pequeno teste, ok?

***

O goleiro oficial do Regatas Futebol Clube estava frente a trave, pronto para defender a bola que Valeska, ou melhor, Gustavo, chutaria. Ele esfregou as mãos. Valeska, por sua vez, pôs a bola no gramado, deu alguns passos para trás, coçou o “saco”, correu para frente e chutou a bola.

Gol!

Todos os jogadores do RFC correram para Valeska e a levantaram, comemorando como se ela tivesse feito o gol da copa.

Valeska apenas havia chutado uma bola.

— Parabéns, cara! Bem-vindo ao time! Se o técnico Eriberto não te contratar, pode procurar o Corinthians ou o Flamengo porque você tem futuro. — disse um rapaz, ele estendeu a mão para ela — Meu nome é Isaac Sanchez. Eu sei que você me conhece porque ficou gritando o meu nome na arquibancada.

Valeska Soares segurou a mão do rapaz como se fosse um cachorro que acabara de pegar um osso.

— Meu nome é Gustavo... Gustavo Rodrigues. — disse ela.

O único jogador que não estava comemorando e nem parecia feliz com a contratação do novo colega era o aspirante a Neymar, o “artilheiro” Piter Pimentel. Ele passou um tempão observando as comemorações da nova contratação e depois seguiu para o vestiário.

***

Quando voltávamos para casa, dei um cascudo com todas as minhas forças na cabeça dela.

— Tá maluca? Fumou pó? Cheirou pedra? Cê tá louca?!

— Ai, Gabi, o que eu fiz?

As pessoas olhavam para a gente no ônibus. Era estranho uma menina batendo num menino. Pelo menos na teoria era o que estava acontecendo.

— Valeska do céu! Isso tá feio, ta escroto! Sério, eu ainda me admiro! É óbvio, você não pensa... sua louca, você esqueceu que não é homem? Que tá vestida de garoto só pra fugir da polícia? Que não tem documento? E, outra coisa, que você não sabe jogar futebol?

— Ai, Gabriela, deixa de ser ruim! Eu só queria ficar perto do Isaac. E além do mais, eu sei jogar futebol. Não viu o golaço que eu fiz? Acho que a bolada que eu levei na cabeça afetou o meu cérebro... coordenação motora, essas coisas que só o Márcio QI sabe explicar.

— Bem que essa bolada poderia te trazer mais um pouquinho de juízo. Olha — gesticulei — lavo as minhas mãos.

Dei o sinal e o motorista do busão parou na nossa parada.

PALAVRAS DE DOUGLAS LORETO

Fazia um sol escaldante no Rio, mas o meu objetivo era procurar um emprego decente. Procurei em lojas para ser atendente, em restaurantes para ser garçom, em lanchonetes para anotar os pedidos...

...mas não consegui nada.

Voltei cabisbaixo para o apartamento dos garotos. Era fim de tarde e eles ainda não haviam chegado do trampo (eles eram atendentes de telemarketing, e era verdade). Contudo, a porta do apê estava aberta, o que me assustou.

Sem delongas, entrei, e quem se encontrava lá era a Bárbara. Ela estava na cozinha preparando o jantar.

— Olha quem chegou! O cara mais gato dessa cidade. — provocou.

Fingi não ouvir. Fui até a geladeira, peguei umas cervejas e fui para a sala assistir televisão. Um dos meus olhos estava na TV e o outro estava na cozinha, vigiando Bárbara. Sabia-se lá Deus o que aquela garota poderia aprontar comigo.

Tomei as cervejas que eu peguei e fui até a geladeira, novamente, pegar mais. Bárbara desligou a torneira cuja estava usando para lavar as louças e sorriu para mim.

— Douglas, vai ficar me evitando? Se você quiser morar aqui com os garotos, vai ter que me aguentar. Eu sou namorada do Valentim.

— Ele não te merece, galinha. Pervertida. — retruquei. As ofensas apenas pareciam fortalece-la.

— Cara, eu gosto tanto de você... eu só fiquei com o seu amigo pra te fazer ciúmes, bobinho.

— A garota que eu amo não é você. Ela se chama Lara, e mesmo ela me odiando, eu nunca vou esquecê-la.

— O que um prostituto de beira de esquina sabe sobre amor?

Dei-lhe uma bofetada. Ela pressionou o lugar do rosto onde eu havia acertado e começou a gargalhar. Tentei passar por ela para voltar à sala, mas Bárbara ficou na minha frente. Tentou me agarrar e eu a empurrei. Ela deu de costas na parede da cozinha.

— Eu vou embora! Aqui, com você, eu não fico mais.

Comecei a arrumar as minhas coisas na mochila. Ela ficou me observando da porta da cozinha.

— O que eu digo aos meninos?

— Fala que você é uma vadia. Quem sabe saindo da sua boca eles não acreditam?

Quando saí, bati a porta.

PALAVRAS DE LARA PACHECO

Caía a noite quando chegamos ao local onde Sheila Del Vecchio e João Paixão, supostamente, me dariam um fim. Eu, sinceramente, achava que iria morrer.

— Essa vadiazinha veio o caminho todo reclamando “ai, tô com fome”, “ai, tô com sede”... me arrependi por não ter colocado a mordaça. — disse João, sobre mim.

Sheila estacionou. Estava meio escuro, mas eu tinha certeza de que o local era longe pra caramba da “civilização”. Havia uma casa enorme, uma igreja e um matagal que, creio eu, era pra ser um jardim. Seria ali que jogariam o meu corpo?

— Sai do carro. — disse a gorda.

Eu saí. João Paixão tirou as cordas dos meus pulsos e o canivete do seu bolso. Seria ali a hora da minha morte?


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Notas finais do capítulo

Ah, antes de ir, eu gostaria de recomendar uma fic pra vocês. É uma história de amor, sobre a Cinderela do século XXI. É uma história muito linda mesmo e merece mais comentários e mais reconhecimento ;)

http://fanfiction.com.br/historia/493952/A_Governanta



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