- Recomeçando escrita por HungerGames


Capítulo 58
Capítulo EXTRA




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/483119/chapter/58

POV PÉROLA

Depois que o papai tentou me acordar só precisei de alguns segundos e apaguei de novo, acordei com um barulho de algo quebrando e alguns gritos, eu pulo da cama e abro a porta rápido, o corredor está vazio mas o som vem do quarto do Pyter, eu abro a porta sem nem bater antes, meu coração já disparado e preparada pra algo ruim, mas encontro ele sentado no chão concentrado naquele jogo idiota de vídeo game que tá no último volume, eu entro no quarto com raiva e desligo a televisão, puxando da tomada.
– Você é maluca? - ele grita me olhando sem acreditar.
– Não, mas você deve ser! Eu tava dormindo seu idiota! - eu falo parada entre ele e a televisão.
– E eu tava jogando - ele fala se levantando.
– Então joga essa porcaria com o volume baixo - eu falo já saindo do quarto dando as costas pra ele e então ele me empurra pra que eu saia logo.
– Sai daqui! Nunca mais entra no meu quarto - ele fala e eu me viro pra reclamar do empurrão e ele faz de novo, eu revido e ele tenta segurar meu braço, eu me debato empurrando ele e dessa vez ele acaba desequilibrando e eu o empurro de novo, como ele não esperava acaba recuando e pisa em algo que faz um barulho, eu paro e olho pro chão, o controle do video game está embaixo dos pés dele e antes que ele se abaixe pra ver pelo barulho que fez eu já sei o resultado, ele pega o controle que agora são 4 partes e me encara mas antes que ele faça algo eu corro, entro no meu quarto e tranco a porta.
– Abre! Abre que você vai engolir isso - ele grita batendo na porta.
– MAAAAAAAAE! MAAAAAAAE - eu grito, varias e varias vezes, vou pra janela do meu quarto e grito de novo, ele força a porta - Pyter, Pyter! Foi sem querer! Sério, eu juro... Foi sem querer, eu nem sabia que tava no chão - eu falo tentando convencer ele, então ouço outra voz, a da mamãe, ela ta falando com ele que parece nervoso.
– Pérola abre essa porta - ela fala batendo na porta.
– Ele vai me matar - eu falo forçando a porta pra não abrir.
– Para de bobeira! Ninguém vai morrer aqui - ela fala e força a porta.
– Então segura ele - eu peço com medo.
– Pérola eu não vou repetir - ela avisa e eu sei que ela não vai mesmo repetir, é mais fácil ela arrombar a porta, então depois de repirar fundo eu abro a porta, assim que eu apareço Pyter joga o resto do controle em mim - Pyter ! - mamãe briga e da um tapa nele.
– Olha o que ela fez mãe? Ela entrou no meu quarto e quebrou tudo - ele fala ficando vermelho, ele só fica vermelho desse jeito depois das lutas ou quando ta com muita raiva, infelizmente pra mim é a segunda opção - Ela entrou no MEU quarto - ele grita.
– Por que ele colocou o som no ultimo volume e eu tava tentando dormir - eu falo também alto - E ele me empurrou primeiro! - eu falo me defendendo, além de não podermos brigar, o que já é obvio, Pyter é proibido dobrado de encostar em mim, por que além de ser bem mais forte que eu, ele luta e qualquer ato considerado violento fora dos treinos pode resultar em expulsão, além de um castigo completamente gigante que mamãe e papai colocariam ele, por isso quando eu digo isso ele me olha de um jeito ainda mais mortal, eu recuo um passo pra dentro do quarto, caso ele surte e queira me estrangular.
– Ah cala a boca! – ele grita dando um passo a frente - Você quebrou meu controle - ele fala e mamãe entra no nosso meio.
– CHEGA - ela grita olhando pra mim e depois pra ele.
– Por que o volume tava tão alto? - ela pergunta pra ele – Quantas vezes eu já avisei pra você não deixar alto? – agora ela está olhando diretamente pra ele.
– Eu sei! Só que eu não percebi. Eu tava jogando e sei lá, acho que aumentou! Mas a porta tava fechada e ela entrou que nem uma louca - ele fala ainda nervoso mas se controlando.
– Por que entrou no quarto dele assim? - ela pergunta pra mim.
– Eu tava dormindo e escutei um barulho de coisas quebrando e gritos, sei lá, achei que tivesse acontecendo alguma coisa! Corri e entrei e depois ele me empurrou e eu empurrei ele - eu falo e mamãe olha pra ele.
– Ela desligou a televisão! Ela simplesmente entrou e puxou a tomada da televisão! Ela nem disse nada mãe, só puxou o fio! - ele fala mal conseguindo ficar parado no lugar e eu já tinha esquecido dessa parte e me encolho - Por isso eu empurrei ela - ele conclui e mamãe se vira pra mim.
– Você puxou o fio da televisão? - ela pergunta e mesmo vendo a desaprovação no olhar dela eu confirmo - Por que não me chamou antes? - ela me olha e eu dou de ombros.
– Ele podia ter colocado mais baixo - eu murmuro e ela nos olha pensativa.
– Ok! – ela fala depois de soltar o ar, enganamente parecendo mais calma, mas eu sei que agora é que começa a parte ruim - Eu quero o estojo com os pincéis e as tintas - ela me avisa e eu começo a discordar.
– Mãe, por favor! Foi sem querer. Eu juro - eu peço e ela nega.
– E o caderno de desenhos - ela completa me olhando.
– Mas mãe...
– Quer perder os livros também? - ela pergunta e eu nego me calando, olho pro Pyter e um sorriso vitorioso estava começando a se formar no rosto dele quando ela fala - Por uma semana vocês vão dividir o quarto de novo - ela fala séria.
– O QUÊ? - nós falamos juntos com o mesmo desespero.
– Isso é brincadeira né? – Pyter pergunta olhando pra ela horrorizado.
– Por duas semanas - ela avisa e cruza os braços encarando ele.
– Fala sério mãe... - Pyter fala passando as mãos no cabelo.
– Ok! Três! - ela acrescenta e mesmo sabendo o que vem a seguir eu tento.
– E se ele tentar me matar de madrugada? - eu pergunto e ela me olha séria, reprovando o que eu disse, eu me encolho de novo.
– Vocês estão dividindo o quarto por um mês! - ela avisa e nós murmuramos - Não quero ouvir uma única palavra sobre isso Ou eu aumento pra um ano! - ela fala e nós nos calamos - Podem escolher em qual quarto dormir mas vão ficar os dois em um só! Vocês podem entrar em um acordo e escolher em qual dos dois ficar! Agora me dá os pinceis, as tintas e o caderno - ela fala e eu entro no quarto, pego as coisas e trago pra ela.
Pyter levanta a mão pedindo permissão pra falar e ela deixa.
– E meu controle? Ela quebrou! Por que eu tenho que ficar de castigo? - ele pergunta e ela olha pra nós dois.
– Quem sabe mais perto vocês brigam menos - ela fala e já estava saindo.
– Ou a gente se mata de uma vez - ele acrescenta sussurrado e eu reviro os olhos, mamãe entra no quarto dela e ele se aproxima de mim, encostando o dedo no meu ombro - A culpa é sua! Então a gente fica no meu quarto - ele fala ainda irritado, mas mesmo assim eu não abaixo a cabeça pra ele.
– Sem chance! Claro que não. A culpa é sua e nem morta eu vou ficar naquele chiqueiro - eu aviso cruzando os braços e encarando ele, ele já é da minha altura, quase mais alto que eu e bem mais forte mas eu sei que ele não vai me bater nem nada assim, não pelas punições mas por que no fundo ele é legal.
– Tem certeza? - ele pergunta agora com um sorriso irônico e misterioso que desfaz toda aquela irritação que ele tava, eu conheço essa expressão, não é nada bom, eu repenso minha escolha mas na hora que mamãe sai do quarto é tarde demais - A gente fica no quarto da Pérola - ele fala sorrindo e eu começo a realmente me preocupar.
– Não. A gente pode ficar no dele - eu falo com medo do que ele planeja.
– Pyter disse primeiro! No seu quarto - ela fala e ele me olha sorrindo mais ainda.
– Mas mãe...
– Pérola você quer mesmo começar tudo de novo? - ela pergunta e eu me calo - Eu vou fazer o almoço! Se tiver mais uma briga já sabem! Um ano! - ela avisa e desce as escadas.
– Quer saber? Vai ser bom ficar pertinho de você - ele fala e me abraça, eu tento me esquivar mas quase desapareço no meio dos braços dele - Né Péla?! - ele me chama do mesmo jeito que me chamava quando era menor e seria fofo, mas acontece que ele só faz isso hoje em dia quando eu estou encrencada.
– Eu pago o controle! - eu tento negociar quando ele me solta e ele solta uma risada.
– Tem diversão que não se paga! - ele fala e beija minha bochecha, isso me dá mais medo ainda - Estou ansioso pra ficar pertinho da minha irmã preferida! - ele fala com a voz sussurrada e aperta meu nariz de um jeito assustadoramente delicado e é isso que ter calafrios, depois de tantos anos eu sei o quanto a mente dele pode ser uma verdadeira caixa de surpresa, não importa o quanto você pense, ele vai além, todas as pegadinhas que ele fez e faz na escola ao longo dos anos, eu tenho que confessar, é uma melhor que a outra e ele nunca repete, sem falar que ninguém nunca pensa nessas coisas antes dele, ele é uma espécie de ‘’mestre das pegadinhas’’ na escola, todos sabem, todos temem estar na lista dele e agora, é a minha vez, não que eu não tenha estado antes, já estive, aliás somos irmãos, faz parte mas dessa vez é ainda mais pessoal, ele ama aquele vídeo game e nem preciso fazer muita conta pra saber que estou encrencada.
– Nada com insetos! Por favor! - eu peço sabendo que vai ser impossível escapar, mas posso pelo menos tentar aliviar, ele ri e me dá uma piscada. Pronto, tô ferrada!!! Ele vira as costas e volta pro quarto dele.
– Pyter! - eu chamo e ele para na porta segurando-a com uma mão e me olhando - Eu juro que não queria fazer isso! Você me empurrou e eu te empurrei! Nós dois já estamos de castigo - eu falo e ele sorri.
– Sentiu isso? - ele pergunta fungando o nariz algumas vezes e por um segundo eu acho que mamãe queimou a comida de novo, então ele sorri - Parece com cheiro de... Medo? Ou será diversão? - ele pergunta e me dá outra piscada antes de fechar a porta, eu me encosto na parede e fecho os olhos, eu estou com certeza, muito, muito ferrada, eu bato a cabeça algumas vezes na parede mas como não posso fazer nada, por enquanto, eu entro no quarto de novo, fecho a porta e cato o que restou do controle que ele tinha jogado em mim, coloco na mesa de estudo que tenho no quarto, vou pro banheiro e coloco a banheira pra encher, essa sem dúvida é a parte da casa que eu mais gosto, sei que mamãe e papai sempre nos ensinaram que ter muita das coisas que temos como o dinheiro, a casa grande, e alguns "luxos", não devem ser considerados essenciais pra sermos felizes e eu sei disso, realmente sei, mas confesso que seria muito difícil me acostumar com uma vida onde eu não tenho uma banheira ou um banheiro tão grande, sei o que eles tiveram que passar e o por que temos essa casa hoje, não sou uma idiota, mas seria mentirosa se dissesse que não gosto dessa vida. Eu deixo a banheira enchendo e arrumo minha cama, desfaço a mochila da viagem, separo as roupas pra lavar, guardo as outras coisas no lugar e depois volto pro banheiro coloco os óleos na água, acrescento bastante sabonete pra fazer espuma e entro na água morna da banheira, é tão relaxante que eu descanso minha cabeça na borda dela encarando o teto e já pensando no que eu poderia fazer ou oferecer pra que Pyter desista da vingança, por que é obvio que ele planeja isso, mas como é impossível saber o que passa na cabeça dele eu simplesmente me desligo disso, a espuma cobre minhas mãos e eu passo a mão por toda a superfície, sempre gostei da espuma, as bolhas e o perfume, lembro de quando eu era pequena e mamãe deixava eu entrar com ela, era uma das poucas vezes que era algo apenas entre eu e ela, era incrível, como um daqueles momentos que você se sente única, era assim que eu me sentia, nós ficávamos uma hora inteira lá brincando com a espuma enquanto ela me contava história, cantarolávamos e riamos de nossos dedos enrugados, era uma das poucas vezes que mamãe ficava realmente feliz, não que ela viva triste o tempo todo, claro que não, mas as vezes ela sempre fica pensativa demais, e é claro ainda tem dias que ela não gosta de falar, eu juro que eu tento entender e uma parte minha entende, ela passou por tanta coisa, eu nunca aguentaria isso, nunca mesmo, ela é mais do que uma guerreira pra mim ela é a minha própria heroína, como naquelas histórias que o papai contava, eu tenho muito orgulho de tudo que ela fez e nem posso imaginar passar por algo parecido que ela passou, mesmo que eles me escondam algumas coisas eu sei o quanto deve ter sido aterrorizante viver o que eles viveram, perder tanto quanto eles perderam, mamãe perdeu amigos, minha tia, se afastou da vovó, carregou uma guerra nos ombros, papai perdeu toda família, todos os amigos, foi raptado, torturado e só de pensar nisso eu sinto aquela queimação no estomago, odeio pensar que eles sofreram tanto assim e me sinto uma completa imbecil quando reclamo de algo bobo que acontece comigo, mas ao mesmo tempo, as vezes isso é meio frustrante, quando mamãe se tranca no quarto eu sei que é difícil pra ela também, sei que ela está sofrendo e não adianta pedir, ela fica lá por horas, eu tento não ficar chateada, repito varias vezes que é só uma fase, que ela precisa de um tempo pra ela, mas algumas vezes eu não consigo, como na vez que eu ganhei a melhor redação da escola, eu ganhei até uma medalha, e estava tão animada, tão empolgada pra contar, eu acho que nunca andei tão rápido até em casa, eu queria contar, queria que ela ficasse tão feliz como quando Pyter ganhou a primeira luta, mas aí quando eu cheguei em casa, lá estava a mamãe, trancada no quarto, mesmo assim eu pedi, bati, implorei, esperei por horas sentada no topo da escada esperando a porta abrir, mas ela só foi aberta no dia seguinte, só que aí toda a graça já tinha acabado, não havia mais empolgação, nenhuma novidade, só uma notícia velha, claro que papai fez uma festa, ele me fez ler a redação pelo menos umas dez vezes enquanto ele preparava o jantar, me abraçou, beijou, repetia a cada segundo o quanto ele se orgulhava e me elogiou até de forma exagerada, eu gostei, mas eu também sei que ele tava tentando substituir a mamãe, substituir não, compensar talvez, ele faz isso as vezes, por isso eu acho tão mais difícil quando é ele quem se afasta, sei que é pro nosso bem e que ele precisa de um tempo também, mas ficar longe do papai é uma das piores coisas do mundo, quando ele desce pro porão é como se a casa ficasse assustadoramente vazia, Pyter ainda está ali, mamãe está ali e as vezes o vovô também e ainda assim eu sinto um vazio gigante, é horrível, ele é quem consegue colocar as coisas pra funcionar, todos sabem, até mamãe, por que por mais que ela tente quando ele se afasta ela também parece perdida, e eu odeio ver ela assim, odeio não ver o papai do lado dela, também não gosto de ficar longe da mamãe, eu a amo com todo meu coração, mas o papai sempre foi meu porto seguro, desde sempre, se eu tinha pesadelos, era ele que pulava na minha cama, se eu chorava, era ele que fazia caras e bocas pra me fazer rir, se mamãe me colocava de castigo e me tirava o doce de sobremesa, era ele que me passava por debaixo da mesa, na verdade essa parte eu acho que mamãe sempre soube mas fingia que não, enfim, são por essas coisas que eu fiquei tão chateada com ele pelo que fez me escondendo a verdade, mas é por isso também que eu não consigo ficar mais do que algumas horas longe dele, eu tenho sorte, eu tenho os melhores pais do mundo, mesmo que as vezes a gente tenha alguns momentos não muito legais, mas pelo que vejo lá pela escola isso é normal, Hazel mesmo vive reclamando, se bem que, ela reclama de tudo, esse é o jeito dela, mas ela ainda é e sempre será minha melhor amiga, aliás, ela deve estar preocupada por eu ter sumido, acho que nunca passamos um dia inteiro sem nos falar e agora já se foi o fim de semana, preciso contar tudo pra ela, ela ia amar ter ido com a gente e ela vai ter uma crise quando souber que Ian foi falar com o papai, ela sempre falava que a gente devia ficar junto logo por que formamos o casal perfeito, mas vindo de alguém que acha que o Pyter pode ser um bom namorado, isso não deve contar muito, não que ela esteja apaixonada por ele nem nada, mas eu tenho que aguentar ela falando que ele é um gato e que se fosse mais velho ela não teria problemas em tentar, eu agradeço a diferença de idade, não consigo nem pensar na minha melhor amiga namorando meu irmão, eu balanço a cabeça pra me livrar da ideia e na empolgação eu saio da banheira, me enxugo e coloco minha roupa rápido e ansiosa, preciso ligar logo pra ela vir pra cá o mais rápido possível, eu saio do banheiro e logo vejo algo errado, algo que com certeza faz minha animação diminuir. Pyter. Ele esta de costas, mas parece mexer em algo. Começou!
– É só pra gente dormir no mesmo quarto. Você pode ficar no seu enquanto isso - eu falo tentando não demonstrar que estou nervosa, ele continua de costas, provavelmente pra me irritar, ele sabe que eu odeio quando ele faz isso - Fala logo, o que você quer? - eu pergunto começando a esquecer o medo e ficando irritada, ele vira devagar e então eu vejo o que ele esta segurando. Ah não! É o Billy!
Tá, eu sei que pode parecer bobo, mas eu tenho o Billy desde que eu me entendo por gente, foi a tia Delly que me deu, é um coelho amarelado, com orelhas grandes e meio surrado que eu não consigo me separar, já abandonei todas as bonecas e coisas de criança que estão perfeitamente guardadas no armário, mas o Billy não, nunca consegui colocar ele lá, não me pergunte o por que mas eu gosto. Pyter mexe ele nas mãos pra que eu possa ver e ele observa minha reação, pelo sorriso vitorioso que ele dá eu devo ter demonstrado que me importo, por isso eu balanço a cabeça e desfaço minha expressão.
– O que você tá fazendo aqui? – eu pergunto tentando ao Maximo parecer desinteressada, eu cruzo os braços e o encaro me forçando a parecer entediada, ele ri.
–Só passei pra conhecer meu novo lar – ele fala abrindo os braços mostrando o quarto, meus olhos vão pro Billy e eu me obrigo a desviar, se ele tiver certeza que eu me importo, ele vai usar isso contra mim.
– Ótimo! Já conheceu? Perfeito! A porta de saída é aquela mesma – eu falo apontando a porta, ele faz uma cara magoada, fazendo beicinho, isso me irrita ainda mais.
– É assim que você trata seu irmão? Fico muito triste – ele fala colocando a mão no coração e apertando Billy nos braços – Ainda bem que eu tenho você pra me consolar – ele fala fingindo falar com o coelho e o abraça.
– Agora deu pra gostar de bichos de pelúcia? – eu pergunto mantendo minha postura indiferente mas como sei que posso não ser muito convincente, eu arranjo algo pra fazer e remexo no lençol da cama esticando-o – Sua reputação ia ficar manchada se alguém te visse assim – eu falo e forço uma risada pra ele, que ri junto comigo.
– Ia mesmo né? – ele fala concordando comigo e eu evito olhar pra ele – Mas sabe, ele é tão fofo que eu corro o risco – ele acrescenta e eu ajeito os travesseiros – Qual é mesmo o nome dele? – ele pergunta fingindo inocência, ele sabe exatamente o nome, eu paro o que estava fazendo e o encaro.
– Fala logo Pyter, o que você quer? Tenho certeza que não veio até aqui pra brincar com um bichinho velho – eu falo irritada e ele ri.
– Ah não fale assim do Senhor Billy – ele fala e sorri quando percebe que eu fraquejei um segundo enquanto ele segura ele pelas orelhas – Talvez ela não te mereça amigão – ele fala fingindo sussurrar pro bichinho, eu reviro os olhos e coloco as mãos na cintura.
– Ótimo, já que estão se dando tão bem, leva ele – eu falo e faço sinal com a mão pra que ele se vá, ele me encara avaliando minha expressão e eu a mantenho o mais entediada possível, está aí, a carta final, se ele acreditar eu estou salva, pelo menos por enquanto, os segundos passam e ele estica a mão com o Billy pra que eu pegue, eu reviro os olhos pra manter a encenação e quando meus dedos tocam no pêlo do Billy, Pyter ri e recua o braço, eu fraquejo. -
Preciso te confessar uma coisa – ele fala sério e eu o olho com atenção – Eu SEMPRE sei quando você está mentindo – ele fala e abre um sorriso vitorioso, mas eu tento continuar.
– Aí Pyter to sem tempo, sério! Vai fazer seu show em outro lugar vai! – eu falo virando as costas pra ele, eu mordo a boca e fecho os olhos implorando que ele desista, ouço ele se movendo.
– Tudo bem só preciso disso aqui alguns minutos – ele fala e eu me viro a tempo de ver ele pegando a tesoura de cima da minha mesa de estudo, meu coração dispara, lá se foi a encenação. -
O que você vai fazer? – eu pergunto sem me importar se minha voz me entregou, ele ri satisfeito.
– Ah sei lá! Sempre achei as orelhas dele grandes demais – ele fala segurando Billy pelas orelhas e olhando pra ele de forma curiosa – Você não acha? – ele me pergunta e sorri.
– Pyter deixa de ser ridículo – eu falo e me aproximo, ele recua e aproxima a tesoura do Billy, eu paro – Olha, eu já pedi desculpas, já implorei, estou de castigo igual você está, fala sério, vamos parar com isso – eu peço tentando não soar muito desesperada mas soando assim mesmo.
– Eu continuo sem meu controle – ele fala revelando o por que ele está fazendo isso, como se eu não soubesse.
– Eu sei! Desculpa! Eu já disse, eu pago! Te compro um novo hoje mesmo, só preciso convencer a mamãe a me deixar ir na praça – eu falo e ele nega sorrindo – Compro até um jogo novo – eu ofereço e isso atrai a atenção dele.
– E você tem dinheiro pra isso? – ele pergunta curioso, eu dou de ombros, sim, eu tenho dinheiro pra isso, por que além da mesada que o papai me deu eu fiz alguns desenhos pra algumas meninas da escola, de vestidos, eu disse que não precisavam pagar mas elas insistiram, eu falei com o papai e ele disse que não teria problema já que eu estava fazendo algo pra isso, então eu vendi três desenhos de vestidos e isso aumentou meu dinheiro, mas também não vou falar isso pra ele, eu dou de ombros.
– Acho que tenho – eu falo e ele me observa mais um pouco.
– Meu Deus, você mente pior que a mamãe – ele fala e ri, eu reviro os olhos – Mas... tanto faz! Eu não quero nem o jogo, nem o controle, muito menos o dinheiro – ele fala e abre a fecha tesoura – Olho por olho... – ele começa a falar e encaixa a orelha do Billy na tesoura.
– Isso! Corta mesmo – eu falo e ele me olha – Você corta, eu falo pra mamãe e pro papai e seu castigo vai durar uma eternidade, é você quem se dá mal no fim da história – eu falo e ele nem parece preocupado.
– E eles o quê? Me colocam pra dividir o quarto com você pra sempre? Acorda docinho você cai também – ele fala igual o vovô e isso me irrita mais ainda – Você não pode contar, a menos que seu plano seja que nós dois vivamos felizes pra sempre aqui dentro – ele fala apontando pro quarto.
– Não é só isso! Ela pode tirar o vídeo game e te barrar dos treinos – eu falo e ele dá de ombros.
– Sacrifícios – ele fala e fecha a tesoura um pouco mais.
– Pyter... Você pode comprar outro controle, esse eu não acho mais – eu falo e pelo sorriso dele era o que ele queria.
– Ok, você ta certa – ele fala e afasta a tesoura – Eu não sou um desalmado sem coração – ele fala e joga a tesoura na cama, eu sorrio aliviada.
– Eu sei que não – eu falo sorrindo e estico a mão pra ele me entregar, ele começa o caminho e para.
– Porém... – ele fala e recolhe o braço. ‘’Respirei cedo demais’’ – Acho que a mamãe tá certa quando diz que meu quarto tá uma bagunça e eu deveria arrumar ele – ele fala me olhando e eu já sei onde ele quer chegar – Só que infelizmente eu tenho um monte de coisa pra fazer... – ele lamenta com uma cara triste – Sem falar do dever de casa. Nossa, é tanta coisa, você nem acreditaria se visse o quanto – ele fala e me olha pra ver minha reação – Eu agradeceria aos céus se tivesse alguém pra me ajudar – ele fala e eu entendo minha deixa.
– Ajudar ou fazer tudo? – eu pergunto e ele ri.
– Tá ai uma coisa que gosto em você – ele fala e aponta pra mim – Você é esperta – ele fala sorrindo.
– Nem pensar – eu falo negando e cruzo os braços – Eu não vou ser sua escrava – eu completo e ele faz uma cara de reprovação.
– Isso é triste Senhor Billy, muito triste! Parece que ela não te ama tanto assim – ele fala conversando com o bichinho.
– Ah já chega! Me dá logo isso – eu falo e avanço em cima dele que recua rápido e eu nem ao menos encosto nele, quando avanço de novo ele abre a porta e sai do quarto rindo – Pyter me dá meu coelho – eu falo e saio atrás dele, ele corre e desce as escadas, eu também corro – Me dá – eu falo tentando tirar da mão dele, eu o alcanço mas ele segura o Billy o mais alto que consegue e isso dificulta, eu fico na ponta dos pés enquanto ele passa o Billy de uma mão pra outra – Ô mãe! Mãe! – eu grito por ela enquanto seguro o braço dele e tento abaixar – Me dá! – eu grito e ele ri enquanto me faz de boba, então eu subo no sofá, ele abaixa o braço e o esconde atrás do corpo – Mãe, o Pyter tá com o Billy e não quer me devolver – eu reclamo chamando por ela – Ô MÃE – eu grito e continuo tentando pegar, ele levanta outra vez só pra fazer graça com a minha cara, eu continuo em cima do sofá quase caindo em cima dele – Pyter, me dá – eu exijo batendo o pé como uma criança, escuto a porta abrindo e finalmente mamãe deve ter me escutado, tenho certeza disso quando Pyter solta o Billy, eu o puxo pra mim meio abraçando ele e Pyter ri descontrolado, caindo no sofá ao meu lado, ele nem se preocupa com o castigo, mas ele vai ter, ah vai – Ô mãe, ele pegou... – eu começo a reclamar e me viro ainda em pé no sofá, agarrada ao Billy, pronta pra fazer a caveira do Pyter pra mamãe quando encontro papai parado na porta nos olhando e segurando um riso, e então... Ah não, não... Ian, do lado do papai, ainda de uniforme, com uma cara confusa mas também segurando o riso. DROGA!
Eu me assusto e me desequilibro do sofá mas Pyter segura meu braço e mesmo rindo me salva de cair no chão, ele me puxa pro sofá e eu caio quase por cima dele.
– Posso saber o por que da gritaria? – a voz da mamãe parece irritada.
‘’Agora? Grande ajuda ein mãe’’ – eu penso mas óbvio que não falo, a única coisa que faço é me afundar no sofá querendo sumir – Ian! – ela fala surpresa, e mesmo ainda escondida entre o sofá e o Pyter ouço quando ele cumprimenta ela, eu levanto o rosto um pouco e encontro papai do lado do sofá me olhando com diversão, eu faço uma cara feia pra ele que levanta as mãos pra mostrar inocência.
– Eu convidei Ian pro almoço! Achei que era uma boa ideia – ele fala com um sorriso de diversão.
– Se ele ainda te quiser depois disso né... – Pyter resmunga embaixo de mim, eu dou um tapa nele mas ele ri.
– Pérola e Pyter – mamãe chama com o mesmo tom de voz irritado, eu fecho os olhos e apoio a cabeça no sofá.
– Vamos lá irmãzinha, sorria – Pyter fala sorrindo vitorioso, então se levanta, eu respiro fundo torcendo pra minha cara não está tão vermelha quanto parece estar, eu fico em pé do lado do Pyter mas olho pra qualquer lugar menos pro Ian – Meu Deus Pérola arruma essa cabelo! Parece que saiu de uma guerra! Vai assustar o garoto – Pyter fala passando a mão pelo meu cabelo, eu me esquivo e tento acertar um tapa nele, mas passo as mãos pelo cabelo.
– Não vai assustar! Ela continua linda – Ian fala e eu sinto meu rosto queimar e meu estomago revirar.
– HUUUUUUM... Tá namorando – Pyter fala me fazendo cócegas, eu me esquivo de novo.
‘’É sério, hoje eu mato ele!’’
– Obrigada – eu falo pro Ian e me permito olhar pra ele rapidamente, e ‘’MEU DEUS, eu tinha esquecido como ele é lindo!’’ O cabelo preto que parece estrategicamente cair pela testa dele, os olhos escuros, a pele queimada do sol, ele é alto, alguns bons centimetros alem de mim, não tão forte quanto o Pyter mas incrivelmente mais charmoso, sem falar que ele tem o sorriso mais perfeito do mundo, e quando ele sorri aparece um furinho no queixo dele, é impossível não sorrir pra ele.
– E o que estava acontecendo aqui? – mamãe pergunta me chamando a atenção.
– Nada – eu falo rápido demais por que não quero ter que explicar, mas é claro que Pyter tem outros planos.
– Eu só achei que Pérola não brincasse mais com o coelho e ia separar com os brinquedos pra doação, mas ela surtou – ele fala e se eu não estivesse no meio de tudo, acreditaria nele.
– Mentira – eu falo e ele sorri.
– Mentira? – ele pergunta me olhando sorrindo – Então foi o que? Conta pra gente. Tenho certeza que o Ian também tá curioso – ele fala e me dá um sorrisinho irônico, eu o encaro e espero que ele entenda que eu vou matar ele mais tarde.
– Nada, a gente tava brincando – eu falo e olho pra mamãe, ela nos observa um pouco mas revira os olhos cansada de brigar.
– Tudo bem! Me ajudem a arrumar a mesa – ela fala e eu coloco Billy no sofá e vou pra cozinha, me aproximando do Ian.
– Quanto tempo – ele fala baixo mas o suficiente pra que eu escute, eu sorrio, agora mais perto dele eu fico ainda mais boba com o quanto ele é bonito, ele dá um passo a frente e quase encosta em mim, então inclina a cabeça – Senti sua falta – ele confessa e meu coração para por alguns segundos, minha boca seca e eu sinto que devo ter esquecido como se respira, então a mão no meu ombro me desperta.
– Acho que sua mãe pediu ajuda com a mesa – papai fala enquanto nos olha, ele não está bravo mas o sorriso dele é bem medido, Ian sorri sem graça e recua um passo, papai faz sinal de positivo com o dedo e nos conduz pela cozinha, um de cada lado – Você fica com os copos – papai fala apontando pro Ian – Aqui todo mundo ajuda – ele fala dessa vez sorrindo mais tranquilo.
– Lá em casa também – ele concorda sem problemas – Se bem que agora acho que vai ficar só comigo e com a mãe, por que o Junior tá indo pro Dois! – ele fala e papai se interessa e enquanto arrumamos a mesa, Ian conta sobre como Junior conseguiu se dar bem nos exames finais e conseguiu a vaga que queria no Distrito Dois, o que vai lhe custar um ano fora, ele fala sobre como tia Delly já está chorando mesmo que ainda falte dois meses pra ele ir, papai fala que tudo vai se ajeitar, que ele pode vir visitar e não esconde nem um pouco o quanto está feliz por Junior, ele sempre gostou dele, ele trabalha as vezes lá na padaria e papai sempre puxava o saco dele e vice e versa.
– Bom, espero que você goste de macarronada – mamãe fala quando coloca a travessa na mesa.
– A do papai é melhor mas esse é um dos pratos menos ruins da mamãe – Pyter fala fingindo sussurrar pro Ian que ri.
– Na próxima vez você cozinha – mamãe fala e todos riem.
– Está uma delicia – papai fala e tenta dar um beijo na mamãe que vira a bochecha.
– Você nem comeu ainda – Pyter fala e papai ri mas prende a risada.
– Mas tudo que sua mãe faz é bom, então, deve está ótimo – ele fala e mesmo que mamãe revire os olhos dessa vez quando ele tenta beijar ela, ela o beija rapidamente.
– Então eu já sei quem você puxou – Ian fala me olhando e sorrindo, eu sorrio de volta.
– Ok! Mas você para por aí – papai fala apontando pra ele mas sorrindo, Ian também sorri e concorda levantando as mãos.
– Gente, tem como parar com isso que tá me dando enjoo – Pyter pede fazendo cara de doente, nós rimos e continuamos o almoço e por algum milagre da natureza a macarronada da mamãe está ótima, todos elogiam até Pyter, mas mamãe diz que por ele ter rido antes não pode repetir, claro que ele não cumpre isso e repete mas ela parece satisfeita com isso, já tínhamos terminado de almoçar quando papai fingiu tossir limpando a garganta, eu o conheço e sei que essa é a hora que eu morro de vergonha.
– Então... só pra deixar as coisas bem claras aqui – ele começa a falar e eu junto minhas mãos embaixo da mesa, entrelaçando os dedos, isso sempre me ajuda a não explodir de nervoso – Você pediu a minha permissão pra namorar minha filha certo? – ele pergunta e mesmo sem olhar diretamente pro Ian sei que ele concordou – Bom, acho que minha resposta ficou clara aqui! Não que eu esteja pulando de alegria ou realmente empolgado mas diante das opções eu resolvi confiar em você – ele fala olhando pro Ian que se endireita na cadeira – Eu só quero que você preste muita atenção no que eu vou falar agora, não quero desculpas nem reclamações depois – ele avisa e Pyter ri.
– Isso tá melhor que vídeo game – Pyter fala e vejo quando mamãe repreende ele, eu olho pro Ian na mesma hora que ele me olha também, só que se eu estou morrendo de nervoso e ansiedade, ele parece calmo e sorri, mas logo volta a olhar pro papai.
– Pérola é minha filha, não importa quantos anos ela tenha pra mim ela ainda é um bebê...
– PAAAi – eu peço quase lamentando.
– Eu estou no meio de um discurso – ele fala me repreendendo mas com um tom de voz calmo, eu afundo meu rosto entre minhas mãos e ele continua.
– Então... não importa quantos anos ela tenha ou o quanto ela pareça adulta, pra mim ela é o meu bebê – ele repete e Pyter solto um riso – E como minha filha eu não aceito que ela receba nada diferente do que o ‘’melhor’’, ela é minha princesa e deve ser tratada como tal...
– PAAAAI – eu peço outra vez mas sou ignorada.
– Se você pensar, sonhar ou sequer cogitar a ideia de fazer algo pra magoar ela não me importo quem é sua mãe, quem é seu pai, isso será entre nós dois! – ele avisa e se eu fosse o Ian saia correndo agora, mas ele ainda não corre – Eu sei que você gosta dela e isso ficou bem claro pra mim, infelizmente, parece que ela também gosta de você – ele fala fazendo uma careta – Por isso eu vou permitir que vocês namorem, mas eu quero que você não esqueça nem por um segundo que eu to bem aqui, eu to de olho em você e se eu desconfiar que você tentou alguma coisa a mais, eu juro que você vai se arrepender...
– Ok! Acho que ele já entendeu! Você foi bem claro – mamãe fala salvando tanto Ian quanto a mim, papai ainda continua encarando Ian pra ver se ele entendeu.
– Eu entendi! – ele fala confirmando o que papai queria ouvir – Eu gosto muito da Pérola e eu nunca vou fazer nada que possa magoar ela ou desrespeitar sua confiança – ele fala e eu me pego sorrindo, papai parece satisfeito mas ainda banca o durão.
– Espero que não! Você parece um bom garoto, seria terrível ter que te levar pra uma conversa particular – papai fala com um tom de voz ameaçador.
– Você não tem que pegar a matéria de hoje? – mamãe pergunta interrompendo a sessão de interrogatório e ameaças do papai, ele mantem o olhar no Ian.
– Tenho! Voce trouxe o caderno? – eu pergunto mesmo sabendo que sim, ele ainda está de uniforme e ainda tem a mochila mas só queria que ele desviasse o olhar do papai.
– Trouxe mas vou logo avisando é meio complicada a matéria – ele fala fazendo uma careta, se é complicada pra ele isso vai me dar trabalho.
– Podem ficar na sala – papai avisa e nós nos levantamos, já estava dando as costas pra eles e saindo da cozinha quando dou de cara com o vovô e pela cara que ele está olhando pro Ian acho que eu preferia o interrogatório do papai.
– Vô – eu falo fingindo não perceber e o abraço, mesmo com a cara fechada ele nunca rejeita quando eu o abraço e me abraça de volta, beijando minha cabeça, eu beijo sua bochecha e passo meus dedos por sua barba que já me espeta – Tá grande – eu falo e ele revira os olhos.
– Eu não vou fazer a barba agora – ele fala e desvia o olhar do meu para o Ian que está bem atrás de mim – Tenho coisas mais importantes – ele fala e me coloca de lado, eu fecho os olhos e depois olho pra mamãe que me dá um balançar de ombros como se dissesse que não adianta fazer nada e eu sei que ela está certa, vovô não escuta ninguém, só vai piorar se eu reclamar, então o jeito é deixar Ian encarar ele.
– Então você quer namorar minha neta? – ele pergunta e se Ian parecia tranquilo com o papai com o vovô ele parece a ponto de correr, mas se mantém firme e confirma apenas com um gesto de cabeça – E você fala pelo menos? – vovô pergunta irritado.
– Sim, senhor – Ian fala e sua voz parece um pouquinho rouca, ele limpa a garganta – Eu já pedi a permissão aos pais e estava mesmo indo falar com o Senhor – ele mente mas parece convincente, ele estende a mão pro vovô que olha e ignora, ele abaixa a mão.
– Pois eu não permito – ele fala e dá de ombros.
– Vô! – eu reclamo e ele me olha também irritado – O papai já deixou, a mamãe.
Eu sei que você não fazer isso né? – eu falo apelando pro lado dele que só aparece comigo e com o Pyter, qualquer coisa que a gente queira dele, é só fazer uma cara triste ou um sorriso e ele nos entrega na hora, sempre foi assim e eu adoro isso, assim como eu pensei ele revira os olhos como ele faz quando está prestes a ceder, então ele volta a olhar pro Ian.
– Se você passar da linha eu corto suas mãos, sua língua e tudo mais que precisar... entende? – ele pergunta e desce o olhar pelo corpo do Ian que parece realmente apavorado.
– Tá bom Haymitch! Ele entendeu, todos entendemos! Agora anda que a comida vai esfriar mais ainda – mamãe me salva pela segunda vez, eu olho pra ela em agradecimento e ela faz sinal pra que a gente saia logo daqui, eu puxo Ian pela mão e o arrasto pra fora da cozinha.
– Desculpa, ele as vezes exagera – eu falo quando estamos em segurança na sala, ele sorri ainda com um olhar meio assustado.
– Tudo bem! Eles estão cuidando de você – ele fala e aos poucos aquele olhar some e ele sorri mais ainda, me deixando sorrindo que nem uma boba, mas é que perto dele eu geralmente fico assim, ele dá um passo pra mais perto de mim e seus dedos afastam meu cabelo e eu acho que parei de respirar de novo – Eu senti mesmo sua falta – ele fala e sorri de um jeito tão fofo que eu quase derreto – A sala fica estranha sem você lá – ele fala e agora eu tenho certeza que derreti – Todos os professores perguntaram de você! E aliás a Hazel está desesperada, ela disse que vinha aqui hoje – ele fala e eu me lembro da minha amiga, mas quando ele sorri de novo.
‘’Amiga? Que amiga?’’
– Você tá bronzeada – ele fala sorrindo e me olhando com diversão.
– Ah é! Eu passei um fim de semana inteiro na praia né – eu falo me lembrando do lugar lindo – É muito legal lá, a vovó mora praticamente dentro da praia então nós não saiamos de lá – eu falo animada enquanto nós nos sentamos no sofá, ele senta quase encostado em mim mas coloca a mochila em nosso meio.
– Ela deve ter gostado – ele fala se referindo a vovó e eu preciso me concentrar por que ele coloca o braço sobre o sofá o que faz ele ficar mais forte ainda mais lindo.
– Ela gostou – eu falo sorrindo e desviando o olhar do braço dele – É muita coisa? – eu pergunto e aponto pra mochila, ele parece se lembrar agora e pega a mochila colocando no colo e abrindo, pega o caderno e o folheia.
– Línguas e História não vai ser problema pra você, só que teve matéria nova de matemática e bem, as formulas complicam – ele fala e encontra a folha, ele vira o caderno pra mim enquanto eu começo a me desesperar com tantos números e letras misturados.
– Eu odeio matemática – eu reclamo fazendo uma careta pegando o caderno pra olhar melhor.
– Ah sim, deve ser por isso que a segunda maior nota é sua – ele fala com ironia implicando comigo.
– A primeira é sua – eu falo dando de ombros e ele sorri.
– Mas olha é só questão de lógica, não é tão difícil... esse daqui por exemplo ...- ele fala e se arrasta pra mais perto, agora nossos braços e pernas se encostam, ele coloca o caderno entre nós dois e começa a explicar como a conta é feita, ele está realmente concentrado e sabe exatamente o que está falando, algumas vezes ele passa os dedos pelo cabelo que as vezes caem pela testa dele, sua voz é calma e levemente rouca, seus olhos percorrem os números enquanto ele segue a explicação – Então sempre vai ser positivo entendeu? – ele pergunta olhando pra mim e só agora que me lembro da explicação.
– Claro, entendi – eu minto mas a outra alternativa seria admitir que não ouvi nada, ele ri.
– Você mente mal – ele fala me olhando, eu reviro os olhos.
– Já é a segunda pessoa que me diz isso – eu confesso e ele ri novamente.
– Então você deveria acreditar – ele fala sorrindo – OU desiste ou seja convincente – ele fala e eu o empurro com meu ombro, ele ri.
– Vamos tentar de novo? – eu pergunto e ele me olha curioso.
– A mentira ou a explicação? – ele pergunta confuso mas sorrindo.
– A explicação – eu falo também sorrindo e ele concorda.
– Claro, vamos – ele aceita se endireitando no sofá.
– RÁ! Eu menti, estava falando sobre a mentira e não a explicação! Então tecnicamente, eu sou convincente – eu falo e isso o faz rir, eu também acabo rindo.
– Um a zero – ele fala me olhando e sorrindo – Espero que aprenda a matéria tão rápido – ele implica comigo e eu faço uma careta, nós voltamos a explicação e dessa vez eu realmente me concentro no que ele fala, me exige esforço mas consigo entender a maioria das coisas, vovô passa por nós e nos olha por alguns minutos antes de sair acompanhado de Pyter, papai também para por aqui até mamãe chamar por ele e então ficamos sozinhos de novo.
– Viu? Não é tão complicado – ele fala e nós já estamos no chão, com o caderno aberto e varias folhas soltas que ele me fez refazer as formulas e contas, eu jogo a ultima folha pro alto.
– Ok, chega ou meu cérebro explode – eu falo e ele ri passando os dedos pelo meu cabelo, me olhando com um sorriso misterioso, uma das pernas dele está dobrada e o braço descansa sobre ela – O quê? – eu pergunto começando a ficar sem jeito, mas antes que ele possa responder mamãe aparece na sala, eu a vejo primeiro por que ela está atrás do Ian, ele acompanha meu olhar e se senta direito.
– Eu vim saber se vocês não querem um suco ou água, tá calor – ela fala e ele me olha antes.
– Suco – eu falo e mamãe sai me olhando com um sorriso escondido.
– Ela foi a única que ainda não me ameaçou – ele fala quando ela sai e nós rimos.
– Ela não é de falar, ela simplesmente faz – eu falo e ele arregala os olhos.
– Você me deixou bem mais tranquilo, obrigado – ele fala fingindo medo, e eu acabo rindo de novo, mas então me desperto.
– A única? – eu pergunto e ele confirma – E o Pyter? – eu questiono e ele ri.
– Digamos que ele é a mistura perigosa do seu pai com seu avô – ele fala fingindo arregalar os olhos de medo, eu sorrio mesmo que queira matar o Pyter pelo que fez antes. -
O que ele te disse? – eu pergunto curiosa.
– Em resumo... Que ele consegue nocautear até três vezes o peso dele, além de praticar corrida e natação e ah ele sabe atirar com arco e flecha de uma distância de mais de dez metros. Isso é verdade? – ele pergunta agora meio curioso, eu rio.
– Ele é melhor que a mamãe – eu falo e ele repete a expressão de medo.
– Vou manter isso em mente – ele fala batendo o dedo na própria testa.
– Pronto – mamãe volta trazendo uma bandeja com dois copos de suco de laranja, nós nos levantamos e pegamos os copos, ela permanece pela sala enquanto tomamos o suco.
– Está ótimo – Ian fala depois de um gole, ela sorri – Já estamos quase no inverno e ainda faz esse calor – ele comenta e mamãe concorda.
– O clima já não é mais o mesmo! – ela fala enquanto passa a mão pela testa – Cada dia parece mais abafado – ela reclama e nós concordamos – Aliás vocês deviam dar uma volta tá muito calor aqui e vocês já estão a bastante tempo nisso – ela fala apontando a bagunça no chão.
– Lá fora tá mais quente que aqui – papai fala saindo do escritório e vindo pra sala – Eu posso dividir o escritório com vocês, tem ar condicionado lá – ele sugere e mamãe se vira pra ele, não vejo o que ela faz mais ele revira os olhos pra ela, e então ela se vira pra gente.
– Mas tem as sombras e arvores e um pouco de vento – ela fala e olha pro papai.
– Tinha abelhas outro dia – ele fala e mesmo sendo verdade mamãe revira os olhos.
– Faz 2 semanas Peeta! 2 semanas – ela fala e se aproxima, se encostando nele – É só eles tomarem cuidado – ela fala e o olha.
– Muito cuidado – ele concorda mas está olhando direto pro Ian quando fala, mamãe sorri e faz sinal pra gente sair, eu nem espero mais e coloco o copo na bandeja que está na mesinha, Ian faz o mesmo e nós quase corremos antes que papai mude de ideia, assim que passamos da porta ele segura minha mão, eu sorrio antes de olhar pra ele.
– Parece que seu pai tá certo, tá mais quente aqui fora – ele fala sorrindo e estreitando os olhos quando o sol nos recebe com todo seu brilho, eu concordo e começo a andar levando ele de mãos dadas a mim, nós caminhamos em volta da casa até o pequeno jardim que temos nos fundo e onde possui algumas sombras e alguns troncos ocos como bancos, mas ele muda os passos até perto de uma arvore onde a sombra é um pouco menor e eu preciso ficar mais perto dele.
‘’Eu gosto disso’’ – eu penso antes de sorrir.
– Uau! – ele fala me olhando e eu o olho confusa.
– O que?
– Agora eu não sei se você fica mais bonita na luz do sol ou numa sombra debaixo de uma arvore – ele fala e seu sorriso vai aumentando enquanto eu provavelmente vou ficando vermelha, ele sorri mais – Não precisa ficar com vergonha, é verdade – ele fala enquanto passa os dedos pela minha bochecha, eu devo ter ficado mais vermelha – Sabe eu já pedi aos seus pais, seu avô até seu irmão mas sinto que falta um pedido realmente oficial a você – ele fala e eu sinto todo meu corpo parando só pra escutar ele, ele passa os dedos pelo próprio cabelo que cai alguns fios na testa, respira fundo, fixa aqueles olhos escuros e intensos no meu, junto com o sorriso mais perfeito do mundo vem aquela voz doce e rouca – Pérola, você aceita namorar comigo? – ele pergunta me olhando diretamente nos olhos, ao mesmo tempo que eu quero gritar que sim parece que eu esqueci como se fala e apenas sorrio como uma boba, então balanço a cabeça confirmando, ele sorri mais ainda, seus dedos colocando meu cabelo atrás da orelha e eu já estava sentindo a respiração dele em mim.
– Espero não estar atrapalhando – a voz do Pyter fez ele recuar rápido demais, ele está parado nos olhando com um sorriso irônico.
‘’Eu juro que eu mato esse garoto’’
– Eu só vim pegar minha bicicleta – ele fala e passa por nós, realmente indo até a bicicleta – Não que você se importe mas é que eu vou no Ryan, eu não quis atrapalhar seu grande momento! – ele fala e ri – Não se envergonhe pode beijar a garota – ele fala pro Ian, então sobe na bicicleta e sai pedalando e rindo, Ian também está rindo quando volta a me olhar, eu no entanto estou irritada e de braços cruzados, ele sorri mais ainda.
– Tá agora também não sei se você fica mais bonita quando está brava – ele fala sorrindo.
– Eu não estou brava – eu falo mas minha voz sai irônica, ele ri e eu acabo sorrindo, ele descruza meus braços e coloca as mãos na minha cintura.
– Se eu não engano você disse Sim! O que significa que agora você e eu somos oficialmente namorados – ele fala e o sorriso aumenta quando ele diz a palavra ‘’namorados’’, o meu também, confesso, mantendo uma mão na minha cintura ele volta mexer no meu cabelo e aproxima nossos rostos, quando o olhar dele encontra o meu nós sorrimos ao mesmo tempo, os olhos dele são negros tão negros que mal se pode enxergar a pupila, isso o torna ainda mais hipnotizante quando vistos assim de tão perto, e quando pela primeira vez eu sinto uma boca em contado com a minha, eu sei que não queria que fosse ninguém além dele, seus lábios são macios mas firmes, ele os encosta aos meus e cada segundo parece uma eternidade, ele mexe a boca e separo os lábios encaixando o meu entre eles, eu sinto meu coração batendo tão forte que tenho medo dele estourar mas ao mesmo tempo o medo ainda é pequeno comparado ao que eu sinto quando ele começa a aumentar o beijo, sua mão continua firme na minha cintura e a outra ele segura minha nuca, minhas mãos se agarram ao braço e ombro dele, e então sua língua invade minha boca, é nessa hora que eu sei que se meu coração parasse não faria a menor diferença, ele é doce e suave, e cada vez que seus lábios passam pelos meus eu desejo que não pare, eu nunca beijei ninguém antes dele e sei que ele também não, por isso é algo novo pra nós dois e ainda assim parece tão natural quanto respirar, é como se eu já tivesse lido um manual sobre como agir e ele soubesse exatamente como fazer, por ele ser mais alto que eu preciso quase ficar na ponta dos pés e talvez perdesse o equilíbrio se seu braço não estivesse ali em volta da minha cintura me mantendo perto dele, o beijo é lento e parece que o mundo gira lentamente dentro de uma bolha onde só existem nós dois.
– AI...MEU...DEUS!!! – a voz exagerada, animada e eufórica parece estourar a bolha que estávamos e a mesma expressão se repete na minha cabeça.
‘’AI MEU DEUS!’’ – só que estava mais pra um lamento.
E antes que eu abrisse os olhos eu tinha certeza de quem era essa voz.
– Eu tinha que ver isso! Estava escrito, afinal eu sou a cupido de vocês – ela fala já andando na nossa direção, Hazel, sempre discreta, mesmo que ela tenha interrompido o melhor momento da minha vida, quando Ian me solta eu não tenho duvidas e abro os braços pra ela que corre e me abraça apertado, me balançando pra um lado e pro outro – NUNCA MAIS, Nunca mais mesmo desaparece sem me avisar! Você podia deixar uma carta, dar um telefonema... Você tem noção de como eu fiquei? – ela pergunta me segurando pelos ombros e me olhando realmente preocupada.
– Desculpa! É que a gente viajou, foi muito rápido – eu falo e ela me abraça mais uma vez ignorando minhas desculpas, ela aperta tanto que sou obrigada a reclamar.
– Tá me esmagando – eu falo e ela ri.
– Isso é pro você aprender que melhores amigas avisam – ela fala e finge puxar minha orelha.
– Ok, Desculpa! Não vai acontecer de novo – eu garanto e ela parece satisfeita.
– É sério, até meu pai ficou preocupado, achou que tivesse acontecido alguma coisa com vocês, com a sua mãe, sei lá... Ele tá lá dentro – ela revela e eu já imagino que papai não ficará nada feliz com isso – Mas então... – ela fala já sorrindo e se vira pra Ian colocando a mão no ombro dele – O que está acontecendo aqui? – ela pergunta nos olhando, ele sorri orgulhoso, vem até a mim e passa o braço pela minha cintura.
– Nós estamos namorando – ele fala e beija minha bochecha sorrindo, Hazel libera alguns gritinhos e bate palmas, eu reviro os olhos.
– Ah isso é tão lindo! Eu vou ser a madrinha de vocês – ela fala nos abraçando ao mesmo tempo.
– Só se for com Lery! – Ian fala e ela se afasta o olhando tentando fingir irritação, Lery é da nossa sala, um dos melhores amigos do Ian e todo mundo sabe que ele é completamente apaixonado pela Hazel, ele vem me pedindo, praticamente implorando pra que eu fale dele pra ela, mas eu falo, o problema é que ela é a garota durona, pelo menos quando se trata dela, quando é sobre mim e Ian ela é esse cupido incurável.
– Nós já falamos sobre isso – ela fala dando de ombros.
– Ah fala sério! Um ano não faz tanta diferença! Ele gosta mesmo de você – Ian fala mas ela nega.
– Não, já disse – ela fala e dá de ombros.
– Se fosse assim então eu e o Ian não estaríamos juntos – eu falo e Ian aperta o braço em volta de mim.
– Juntos? – ele pergunta me olhando e eu sorrio – Eu gosto disso – ele fala e me beija rapidamente, apenas pressionando os lábios no meu e isso já me faz sorrir.
– Ah que lindo – ela fala com ironia – Mas voltando ao assunto, o Ian é um ano mais velho e não você – ela fala concluindo o pensamento.
– E desde quando existe idade pro amor? – eu pergunto de um jeito poético e erguendo a sobrancelha pra ela que ri.
– Desistam – ela fala e faz uma careta.
– Desistir de ajudar um amigo a quebrar o coração de uma bela indomável? Não, eu me recuso – ele fala fazendo uma encenação que faz até Hazel rir.
– Ok, defensor de amigos solitários... – ela fala com ironia – Embora esse assunto romântico seja meu tópico favorito temos algo mais importante – ela fala e esfrega as mãos uma na outra - Projeto de ciências – ela fala e eu já tinha até me esquecido, temos duas semanas pra montar nosso projeto .
– Nada com insetos – eu aviso rapidamente, já que ano passado eles quiseram falar sobre lagartas que destroem a plantação e mamãe teve que nos levar pra floresta pra catarmos esses bichos, foi horrível, não faço isso de novo, Ian ri e beija minha bochecha.
– Agora vocês ficar nisso o dia todo? – Hazel pergunta nos olhando mas sorrindo, nós dois puxamos ela e a abraçamos juntos, depois voltamos pra casa, mamãe, papai e o Gale estão na sala, pela cara do papai eu sei que ele não está exatamente satisfeito, quando Hazel fala que vamos fazer o trabalho ele diz que vai embora então, papai quase respira de alivio, ninguém percebe, só eu e a mamãe que o olha com reprovação, papai diz que leva Hazel quando acabarmos e Gale vai embora, nós aceitamos a oferta do papai do escritório e quando entramos no ar gelado Hazel comemora exagerada como sempre, nós preferimos ficar pelo chão mesmo, espalhamos folhas e rascunhos e passamos o resto do dia assim, pelo menos toda parte teórica e escrita está pronta, só falta a maquete que será sobre o efeito dessas mudanças de tempo nas plantações, nós saímos do escritório e vamos pra sala, papai está entrando em casa.
– Achei que tivessem se trancado dentro do escritório e ficaram presos – ele fala implicando com a gente.
– Não, não, só estávamos fazendo o melhor projeto de ciências da história de Panem – Hazel fala e papai faz uma cara de impressionado.
– Estou ansioso – ele fala nos olhando.
– Deveria ficar – ela fala sem nenhuma modéstia, ele ri.
– Eu trouxe algumas coisas pra vocês – ele fala e levanta as mãos que trazem as sacolas da padaria.
– Eu já disse quanto adoro vir pra sua casa? – Hazel pergunta olhando pra mim e fechando os olhos delirando, todos rimos, papai vai pra cozinha e enquanto ele se organiza lá nós nos jogamos no sofá, eu fico entre Ian e Hazel, ele coloca a mão sobre a minha perna e eu apoio minha cabeça no ombro dele.
– Sabe se vocês falassem do George eu até pensaria – Hazel fala enquanto nos olha com aquela cara de quem vai aprontar.
– Esquece! O George não – Ian fala ficando mais sério e se endireitando, ele tira a mão da minha perna e eu sou obrigada a levantar a cabeça do ombro dele quando ele se vira pra ela – Escuta, não é só por que eu sou amigo Lery é por que George não vale nada – ele fala sério e eu me surpreendo acho que nunca vi Ian falar mal de ninguém, até Hazel estranha – Ele não merece você! E eu espero não ter que repetir – ele fala e nós duas nos olhamos surpresas – Aliás bom que você falou dele... ele não é boa companhia, então acho melhor vocês ficarem o mais longe dele possível – ele fala agora mais calmo mas preocupado, eu sorrio vendo ele assim e ele percebe e me olha confuso.
– Ele não é fofo até bravo? – eu pergunto pra Hazel e ela revira os olhos, ele sorri e me puxa pra perto dele de novo, beijando minha bochecha.
– É sério! – ele fala e eu concordo.
– Eu também falei sério – eu falo e levanto meu rosto pra olhar pra ele, ele tenta ficar sério mas sorri e me beija rapidamente, Hazel nos empurra e nós rimos.
– Mas por que? O que ele fez de tão errado? – ela pergunta o que eu mesma gostaria de saber, eu sei que ele não é um exemplo de comportamento nem nada, ele é filho do dono de uma das lojas na praça, ou seja, tem dinheiro e isso o torna um pouco mais arrogante, ele também é bonito, não tanto quanto Ian claro, mas razoável, ele tem cabelos loiros, olhos cor de mel, alto mas não tipo atlético como Pyter ou Ian, mas mesmo assim consegue alguns ‘’seguidores’’, o que mais me irrita nele é que sempre que tem a chance de deixar alguém mal, ele faz, como se ele fosse muito superior, grandes coisas.
– Ele não é um cara legal – Ian resumi encerrando o assunto e me apertando nos braços dele, sei que Hazel ia perguntar mais, por que ela é curiosa como ninguém mais é, mas papai aparece na hora.
– Só falta vocês – ele fala e seu olhar para no braço do Ian na minha cintura, ele não tira o braço desesperado mas também não o mantém enquanto andamos pra cozinha e papai também não diz nada, mamãe aparece e se junta a nós quando vê os pães de queijo, mas tem bolo, biscoitos, pães, chocolate, suco, salada de frutas, a mesa está cheia e ninguém se faz de tímido, quando ninguém aguenta mais comer ainda sobra quase metade de tudo, mamãe me dispensa da arrumação e nós voltamos pra sala, papai avisa que quando Hazel quiser ir ele a leva.
– Eu acho que já vou – ela fala me olhando com um sorriso confidente.
– Eu posso te levar também – papai fala pro Ian que esta ao meu lado no sofá.
– Ah obrigado, mas eu vou andando mesmo! Eu vou passar na praça antes – ele fala e eu não sei se é desculpa ou se ele realmente vai passar lá, papai parece pensar um pouco mas pega as chaves do carro.
– Você que sabe – ele fala mas parece meio contrariado, Hazel abraça Ian e cochicha algo no ouvido dele que o faz rir, então em abraça.
– Tá me devendo uma! – ela fala eu também acabo rindo, ela beija minha bochecha, beija a mamãe e sai atrás do papai.
– Bom, eu tenho que olhar algumas coisas lá na cozinha – mamãe fala e sai antes que possamos falar algo, e antes que eu tenha algo pra falar de novo Pyter passa o braço na minha cintura.
– Tenho que confessar que a Hazel é a melhor amiga do mundo – ele fala rindo e eu rio junto com ele, então ele me beija, dessa vez não só os lábios encostados no meu, mas um beijo como aquele lá de fora, como o primeiro, eu sinto seus lábios deslizando sobre os meus e me fazendo perder a noção do tempo de novo e ele só afasta depois de alguns muitos segundos, ainda assim eu não queria que parasse, ele sorri mas olha pro lado vendo se não tem ninguém por perto, eu faço o mesmo, mas estamos sozinhos na sala, ele sorri quando me olha de novo e coloca vários selinhos na minha boca, eu sorrio e ele também.
– E se eu não quiser ir embora? – ele pergunta com a boca próxima a minha.
– Aí meu pai volta e te arrasta daqui – eu falo e beijo ele, a intenção era ser outro selinho mas ele segura meus lábios e me beija de novo, não reclamo, pelo contrario beijo ele de volta.
– Então acho que eu tenho que ir – ele fala com a boca encostada na minha e me olhando nos olhos.
– Acho que sim – eu falo mas sorrio, ele me dá outro beijo.
– O que acontece mesmo se eu não for? – ele pergunta fingindo confusão, eu o beijo de novo – Você tá dificultando minha escolha – ele fala implicando comigo e eu sorrio.
– Desculpa – eu falo fingindo arrependimento, mas ele volta a me beijar.
– Ainda aqui? – a voz do vovô que nos faz parar, Ian se separa de mim mas fica ao meu lado – Cai fora garoto! Já tá quase de noite – ele fala mantendo a porta aberta e isso não um pedido, ou uma sugestão, é uma ordem, Ian percebe isso, pega a mochila do sofá e leva um segundo decidindo se deve ou não me dar um ultimo beijo, no final ele me dá um selinho, vovô bufa contrariado, ele mal tem tempo de gritar um adeus pra mamãe e vovô quase o empurra pra fora, eu sei que poderia ficar brava com ele mas acontece que vovô é daqueles que piora quando contrariado então invés disso eu vou até ele e o abraço forte, beijando sua bochecha.
– Você quase não ficou aqui hoje – eu falo e ele me olha meio desconfiado – Tem lanche na cozinha – eu falo levando ele comigo, mesmo parecendo ainda confuso ele não toca no assunto, nós sentamos e ele lancha, eu digo que já comi mas fico conversando com ele e depois vendo ele e mamãe discutir quando ele diz que ela colocou sal demais na carne que esta fazendo e ela o manda calar a boca, eles ficam se xingando até papai voltar com Pyter.
– Nada como a doce simpatia do lar – ele fala quando ouve a discussão, ele vai até a mamãe e beija seu pescoço, ela se esquiva mas vejo ela sorrir e cochichar algo com ele que arranca um beijo dela e recebe um empurrão, ele ri e vem pra mesa pegando um pouco da salada de frutas, Pyter também já está comendo, ele passou o tarde no Ryan e papai foi buscar ele, o resto do fim do dia segue normal, até a hora de irmos dormir, como quem não quer nada, eu e Pyter nos olhamos formando nosso plano, tanta coisa aconteceu que eu duvido que mamãe lembre, então ele entra no quarto dele e eu no meu, a porta estava fechando quando ela nos chamou, eu parei e mordi a boca torcendo que seja outra coisa.
– Vocês acham que sou boba? – ela pergunta e nós dois estamos parados na frente das portas de nossos quartos, ela aponta pro meu quarto e manda Pyter vir para cá, papai que estava subindo as escadas estranha e a olha curioso – Eles vão dividir o quarto por um mês – ela avisa a ele que parece querer saber mais – Depois eu explico – ela avisa a ele e volta a nos olhar – Sem brigas – ela finaliza e entra no quarto deles, eu solto o ar derrotada e entro deixando a porta aberta pro Pyter, mas ele não entra, eu estranho mas entro no banheiro pra tomar banho, quando saio de lá, o colchão dele está no meio do quarto.
– Maravilha – eu falo com ironia enquanto passo por cima dele.
– Como se eu estivesse muito feliz – ele fala sentado no colchão, eu me sento na cama – Olha, eu não estou feliz nem você certo? – ele pergunta e eu confirmo – Então nós temos que trabalhar juntos – ele fala e eu estranho.
– Como? Fingindo que estamos bem? É! Pode dar certo, ela disse que é pra gente não brigar... – eu começo a falar mas ele já esta negando.
– Não, não, cala a boca – ele fala irritado.
– Cala a boca você – eu revido e ele revira os olhos.
– Viu, isso que eu to falando! – ele fala apontando pra mim e eu fico ainda mais confusa – A mamãe nunca ia acreditar que paramos de brigar assim tão rápido – ele fala e eu tenho que lhe dar razão.
– Então qual o plano? – eu pergunto e ele sorri.
– Guerra – ele fala com prazer, eu nego – Calma, não precisa se desesperar... eu estou propondo o seguinte... A gente finge uma guerra! Ela disse que queria ver se brigamos menos perto, só precisamos mostrar pra ela que perto, é pior que longe – ele fala com um brilho orgulhoso nos olhos, mesmo sendo horrível eu sorrio, e estico a mão pra ele, ele sorri e aperta – Mas é cada um por si – ele fala e eu fecho o sorriso.
– Então você vai realmente aprontar comigo? – eu pergunto com medo e ele ri.
– Aprontar com você é o que me prepara pro mundo – ele fala e puxa meu cabelo, eu faço uma careta.
– Nada com insetos? – eu pergunto ele ri, e beija os dedos em juramento, eu concordo.
– Agora me diz aí você beijou mesmo o garoto? – ele pergunta e eu reviro os olhos.
– A gente tá namorando né – eu falo e sorrio mais do que o normal.
– Então isso quer dizer que você vai beijar pra caramba a partir de agora né - ele fala rindo e eu finjo chutar ele - É, meus pêsames pra ele – ele fala e eu tento dar um tapa nele mas ele me puxa e eu caio no colchão dele, nós dois rimos e eu continuo deitada e ele sentado olhando pra mim – Ele tem sorte – ele fala me olhando com um sorriso.
– AAAH que coisa mais fofa – eu falo e puxo ele pelo braço, ele ri e cai do meu lado, eu abraço fazendo cócegas nele e ele revida nós dois ficamos rindo até eu rolar pra fora do colchão – Chega! Chega – eu peço fraca já, ele ri e deita encarando o teto e rindo, então eu me arrasto pro colchão de novo.
– Então é pra valer – ele fala e me olha, eu confirmo.
– Eu to apaixonada por ele – eu confesso e na verdade essa é a primeira vez que eu digo essas palavras, Pyter ri e se vira pra mim.
– Obrigado por avisar, nem tinha percebido – ele fala com ironia e eu mostro a língua pra ele e ele me imita – É sério! Eu fico feliz por você, não que você mereça afinal você é uma péssima irmã, mas... – ele fala e da de ombros – Meu coração é puro – ele conclui fazendo uma cara de sonhador.
– Puro? HÁ HÁ HÁ – eu implico com ele e ele ameaça fazer cócegas – Não! – eu peço me encolhendo – Você é sim! Puro, puríssimo – eu falo e ele sorri satisfeito, nós ficamos deitados encarando o teto – Posso te fazer uma pergunta? – eu pergunto e olho pra ele.
– Se eu responder isso tecnicamente você já perguntou – ele fala sorrindo, eu o olho e ele sorri – Manda lá – ele fala e espera.
– Você já beijou? – eu pergunto e ele ri e se vira me olhando, eu também me viro pra ele, pra minha surpresa ele nega – Sério? Não mesmo? – eu pergunto e ele sorri e nega de novo – E todas aquelas garotas? Nenhuma? – eu realmente estou surpresa, Pyter tem quase um fã clube na escola, até as meninas da minha sala fariam filas pra ter uma chance com ele, sem falar que por mais que eu queira matar ele as vezes, ele é muito bonito, na verdade depois do Ian ele é o garoto mais bonito do colégio, tudo bem que a maioria acha que ele é mais bonito que o Ian mas pra mim o Ian vence, enfim, ele é alto, forte, os olhos são mais azuis dos que o do papai e eu amo os olhos deles dois, queria tanto ter esses olhos, mas também gosto dos meus, o cabelo preto, o jeito dele, tudo é motivo de suspiros entre as garotas, eu achei que ele já tivesse uma lista – Por que? – eu pergunto e ele sorri.
– Você acha que é fácil ser eu? Tem as coisas da escola, trabalhos, treinos, manter minha fama – ele fala e sorri malicioso, Pyter é conhecido por todo mundo, não pelo mesmo motivo que eu, ser filho de quem somos ou por notas boas, mas por ter as melhores pegadinhas, como sapos soltos no laboratório, grilos dentro de mochilas, tachinhas em cadeiras, apagões na hora de vídeos importantes, acionar o alarme de incêndio, enfim, essas foram só esse ano, a lista é grande e ele se orgulha, eu confesso que é engraçado – Sem falar que sei lá, essas garotas só querem ficar comigo pra aparecer – ele fala e eu me surpreendo.
– Vindo de alguém tão conservador é uma surpresa – eu falo com ironia e ele ri.
– Eu só to falando que tipo... O Ian gosta mesmo de você, desde pequeno entende, não é por que você é filha do pai e da mãe, nem por que é a garota mais inteligente que existe... – ele fala e eu sorrio agradecida – Ou por que você é razoavelmente bonitinha – ele fala e eu o empurro dessa vez ele ri – Mas é que ele gosta de você! – ele conclui – Essas garotas só me procuram por que querem andar com alguém popular – ele fala e isso realmente me pega de surpresa – Não to reclamando, eu gosto disso – ele fala sorrindo satisfeito – Mas já que eu posso escolher, então eu quero a melhor – ele fala e me olha esperando eu falar algo, eu sorrio.
– É um bom plano – eu falo e ele concorda.
– Claro que é! É o um plano MEU - ele fala orgulhoso e eu lhe dou um tapa na testa, ele ri.
– Mas você está certo! Você é meu irmão e eu não quero qualquer uma se aproveitando de você – eu falo passando a mão pelos cabelos dele – Aliás eu preciso aprovar antes! Só a melhor pro meu irmão mais ou menos – eu falo e ele faz uma careta e aperta meu nariz.
– Eu também não quero virar um desses garotos idiotas que nem o Paul ou o George – ele fala e eu lembro do Ian falando.
– Qual é a do George? O Ian ficou todo nervoso quando a Hazel falou que ele era gato – eu falo omitindo os fatos e Pyter tem a mesma reação que Ian.
– Eu não quero você perto desse garoto escutou? – ele fala sério e eu fico ainda mais cismada – Nem a Hazel! Eu ja falei com Keyse – ele completa.
– Por que? – eu pergunto e ele nega parecendo pensar se deve ou não falar, por fim quando vê que eu não vou desistir ele cede.
– Ele é nojento! – ele fala com desprezo – Ele aposta com o Paul quem consegue ficar com mais garotas – ele fala e eu já aumento meu desprezo por eles dois – E quem consegue ir mais longe – ele completa.
– O que? – eu pergunto alto demais com a surpresa – Como assim mais longe? – eu pergunto mesmo sabendo da resposta, ele ergue a sobrancelha me olhando.
– Eles tem uma espécie de pontuação. Selinho. Beijo. Perna. Bunda... Acho que não preciso continuar né? – ele fala e eu estou completamente surpresa, sem saber o que falar.
– E as garotas? Alguém tem que fazer alguma coisa – eu falo e ele concorda.
– Bom, nada é forçado, só vale ponto se a garota quiser também, enfim, eu não sei que tipo de doenças eles tem e nem essas garotas mas o fato é que mesmo sabendo as garotas ficam com eles – ele fala e eu não poderia imaginar algo assim, preciso falar pra Hazel, Hannah, Keyse, pra todas – Mas sabe... – ele fala e mexe no meu cabelo enquanto fala, estamos um de frente pro outro e ele abre um sorriso daqueles travessos – Você tá certa quando diz que alguém precisa dar um jeito neles – ele fala e eu reconheço esse olhar e sorrio também.
– O que você vai fazer? – eu pergunto e ele finge confusão.
– Eu? Nada! – ele nega – Eu NUNCA faço nada irmãzinha – ele fala e pisca pra mim.
– Nunca – eu concordo e sorrio pela primeira vez ansiosa que ele pregue uma das grandes pegadinhas com esses babacas, eu também remexo no cabelo dele e enquanto nós ficamos parados deitados um de frente pro outro, eu até esqueço que estamos de castigo - Por que a gente não pode ficar assim sempre? – eu pergunto remexendo o cabelo dele, ele sorri.
– Por que isso é quebrar o código dos irmãos – ele fala dando de ombros – eu sorrio – E você é uma fresca – ele fala e eu dou puxão de cabelo quando ele fala.
– Eu não sou fresca – eu falo encarando ele que me aperta e morde minha bochecha – Idiota – eu falo mas estou rindo e consigo morder o ombro dele que ri também, eu sei que a gente quase se mata as vezes mas eu amo esse garoto, então depois de concluir isso eu me aproximo dele e me encosto no peito dele, apoiando minha cabeça no travesseiro dele, ele deixa eu me acomodar e me abraça, eu sorrio por que é a mesma sensação que tenho quando estou nos braços do papai, me sinto protegida, segura, como se nada no mundo pudesse me tocar e caso tentasse eu sei que ele ia me defender do mesmo jeito que eu enfrentaria o mundo pra defendê-lo, ele encaixa o rosto no meu cabelo e beija minha bochecha, me apertando e me balançando, eu acabo rindo.
– Sabe... eu to quase me sentindo culpado pelo que eu fiz com o velho Billy – ele fala e eu levanto o rosto rapido pra olhar pra ele, ele sorri vitorioso, eu o empurro e me afasto saindo do colchão, fico em pé e olho ao redor, Billy está em cima da minha cama, mas com apenas uma diferença, agora ele é preto.
– Eu vou acabar com você Pyter – eu falo e jogo os travesseiros e almofadas nele – Olha o que você fez – eu falo pegando o Billy que ainda cheira a tinta, vou pra cima dele e bato nele com o Billy enquanto ele ri e se desvia.
– Ah ele ficou bonitinho – ele fala rindo enquanto eu tento acertar ele.
– Você que vai ficar bonitinho todo roxo depois que eu te acertar – eu falo e ele consegue me derrubar.
– Você destruiu meu controle – ele fala me segurando pra não acertar ele – Meu controle era como o Billy pra você – ele fala e eu paro de me debater.
– Estamos quites então – eu falo forçando pra ele me soltar, ele sorri.
– Tudo bem – ele me solta e levanta as mãos, eu seguro o Billy agora completamente tingido de preto acima do rosto e o olho – Qual é? Ele ficou bonitinho sim – ele fala e eu o encaro, ele pega o Billy das minhas mãos e o sacode perto do meu rosto, eu fico séria, então assim como papai brincava quando éramos pequenos ele balança ele no meu pescoço – Me elogia, me elogia, me elogia – ele pede com a voz fina.
– Ele é um coelho macho – eu falo e ele ri.
– Me elogia, me elogia – ele repete com a voz grossa, eu reviro os olhos e empurro a mão dele.
– Eu te odeio Pyter Mellark – eu falo olhando pra ele mas sorrindo, ele também sorri.
– Eu te odeio Pérola Mellark – ele fala e me abraça apertando-me nele, eu me deixo ser apertada, por que a verdade é que nem por um segundo eu o odeio, eu amo esse garoto mesmo quando quero matá-lo e sei que é o mesmo ele comigo, isso é o que o papai sempre diz, temos essa aliança que nunca irá se quebrar, posso imaginar como é difícil pra eles não terem mais os irmãos, por que mesmo com as brigas, eu não consigo pensar em uma vida sem Pyter comigo, eu amo a Hazel e estou completamente apaixonada pelo Ian mas é com o Pyter que eu me sinto cem por cento segura, é ele que eu sei que sempre posso contar, é ele que sei que aconteça o que for sempre estaremos juntos, mesmo quando dizemos preferir estar separados, no fim sempre terminamos juntos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!