- Recomeçando escrita por HungerGames


Capítulo 55
Capítulo 54




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Conforme os dias passam cada vez que eu abro os olhos e levanto da cama sinto como se o tempo tivesse simplesmente voado enquanto eu dormia, por que na minha mente eu ainda vejo aquelas duas figuras pequenas, que corriam e pulavam na cama pra me acordar ansiosos, cabelos loiros e negros se balançando junto com toda animação matinal que enchia a casa de risadas, era como receber uma descarga de alegria e energia todo dia, e essa era a melhor sensação que eu já havia experimentado em toda minha vida, sinto falta desses momentos, mas não posso dizer que me sinto menos feliz, por que não é verdade, me sinto tão feliz quanto antes ou talvez ainda mais, claro que manhãs como aquelas não acontecem mais e me fazem desejar que anos voltassem ate eles serem apenas aquelas duas crianças que ainda necessitavam de mim pra tudo, porém, os anos passaram, mas isso não é ruim, apenas temos uma outra rotina e nela pra variar, Pyter perdeu a hora e Pérola já está arrumada, o que obviamente levou a uma discussão sobre por que ele não consegue manter seus horários e claro que mesmo errado ele não iria ficar calado e rebateu, o que levou ao bate boca deles dois na cozinha e consequentemente a irritação em Katniss, resultado: Pyter está sem treinos por duas semanas, Pérola não irá pra aula de dança por também duas semanas, já que agora ela está fazendo balé, um tipo de nova sensação por aqui, todas as garotas andam fazendo e ela e Hazel resolveram fazer também.
– Culpa sua! – Pyter fala quando ela passa por ele pra pegar seu copo de leite.
– Minha? Quem foi que perdeu a hora pra variar? – ela pergunta encarando ele.
– Eu acho que vou colocar os dois no mesmo quarto de novo pra ver se vocês param de discutir, sei lá, por pelo menos um minuto? – eu falo e eles logo negam.
– Que isso pai! Relaxa! Nós somos irmãos, está no nosso sangue discutirmos quando estamos perto um do outro! Não é minha irmãzinha linda? – Pyter fala e puxa Pérola pra um beijo na bochecha exagerado, ela se esquiva mas acaba rindo.
– Vai desarrumar meu cabelo – ela reclama passando a mão no rabo de cavalo que fez.
– Não se preocupa irmã, o Ian vai gostar de qualquer jeito – ele fala e recebe um tapa no ombro.
– Você é um idiota – ela fala irritada e pega a mochila do chão – E eu já estou indo – ela avisa e vem até a mim, beija minha bochecha se despedindo – Tchau mãe – ela grita pra Katniss que havia subido – Anda Pyter – ela o apressa puxando-o pela gola da camisa e ele se levanta ainda enfiando o ultimo pedaço de pão na boca.
– Tchau pai, Tchau mãe – ele grita enquanto é arrastado pela cozinha até a porta.
– Juízo vocês dois – eu aviso e eles fazem caretas quando passam pela porta, eu caminho até lá e olho eles seguindo caminho para fora da Aldeia, Pyter segurando e puxando o cabelo da Pérola enquanto ela tenta se desviar, eles parecem ainda maiores do que ontem, Pérola já está com 17 e Pyter com 14 mas não parece, na verdade ele ao lado dela parece o mais velho, ele realmente investiu na luta e já tem uma coleção considerável de medalhas em apenas dois anos de competição, o que acaba ajudando ele a manter a postura e o corpo, por isso cada dia ele parece mais forte, mas ao mesmo tempo basta ele sorrir que logo parece aquele mesmo menino de 7 anos que vivia pregando peças na escola, não que isso tenha mudado, realmente não mudou, ele continua com toda sua criatividade mas tem conseguido não levar advertências ou suspensões o que eu já encaro como algo positivo, já Pérola continua praticamente inabalável na escola, as melhores notas, melhor comportamento, elogiada pelos professores, considerada basicamente a aluna modelo, mas isso não a impede de também aprontar de vez em quando, mas ainda assim o que mais me incomoda são os olhares que ela desperta a cada passo que dá e não é mais por ser minha filha e de Katniss mas por que simplesmente ela é a garota mais linda do Distrito inteiro, não são apenas palavras minhas, saiu num jornal cerca de seis meses atrás, tiraram uma foto dela quando estávamos voltando do aniversário de Hannah, segunda filha do Gale, e a manchete dizia exatamente isso, que ‘’Pérola sem duvida era a garota mais linda do Distrito 12, com toda sua simpatia e beleza estonteante’’, nem preciso dizer que ela quase morreu de vergonha quando saímos na manhã seguinte e demos de cara com esse jornal, ela praticamente correu pra casa e disse que nunca mais sairia, Pyter por outro lado acabou fazendo ela enxergar que não tinha culpa por as pessoas serem tão cegas e gostarem de se enganar, por que era obvio que ela não era nem ao menos bonitinha, por incrível que pareça foi ele quem conseguiu fazer ela sair de novo, um lado meu entende todos esses olhares, Pérola é realmente linda, cada dia mais, ela está sempre sorrindo e seu sorriso é incrível, como se iluminasse cada canto, os olhos cinzas cada dia parecem mais intensos e ao mesmo tempo doces, os traços do seu rosto parecem feito a mão, os cabelos loiros que já estão bem abaixo do ombro moldam seu rosto e é incrível como ela se parece com Katniss, os olhos, o sorriso, mesmo que Katniss não sorria tanto quanto ela, ainda assim é a mesma doçura.
– Eu não sei por que você deixa eles irem sozinhos se passa cada segundo parado nessa porta? – Katniss fala enquanto desce as escadas, eu me viro pra ela.
– Eu sou um pai neurótico – eu falo dando de ombros e andando até ela, ela sorri.
– Eu não posso negar – ela fala e eu passo meus braços pela sua cintura e a beijo.
Na verdade o motivo de eles estarem indo sozinhos é por que eu era o único pai que levava até a porta da escola e Pyter simplesmente disse que eles já eram grandes o suficiente para irem sozinhos, Pérola por mais que tenha tentado parecer simpática, acabou concordando com ele que eles já podiam fazer o caminho sozinho, com a desculpa que eu poderia ficar mais alguns minutos em casa ou ir mais cedo para a padaria, eu confesso que tentei não parecer magoado mas até hoje eu sinto uma ponta de tristeza quando vejo eles saírem sozinhos, por que é menos uma coisa que eles precisam de mim.
– Tem que acordar o Haymitch e dar o remédio – ela lembra assim que terminamos o beijo.
– Você tava pensando no Haymitch enquanto me beijava? – eu pergunto tentando parecer ofendido.
– Isso é nojento – ela fala fazendo uma careta, então se solta de mim – Mas é sério, ontem ele não tava muito legal – ela avisa e eu concordo, ontem ele estava calado demais, por isso eu vou até lá afim de preservar o bom humor de Katniss hoje, por que com certeza não continuaria o mesmo depois dela ir até ele.
Eu entro na casa e parece noite lá dentro, todas as cortinas fechadas, luzes apagadas, eu o encontro dormindo no sofá, vou até a cortina da sala e a abro.
– Quem te deu ordem de abrir as minhas cortinas? – a voz rouca e rabugenta me alcança.
– Já tá na hora do seu remédio e essa casa precisa de um pouco de sol – eu falo e ele resmunga algo enquanto se senta no sofá, eu vou até a cozinha pego o remédio dele e já ia colocar o leite no copo quando o cheiro me alerta, eu aproximo a garrafa com leite do nariz – Esse leite tá azedo – eu falo afastando a garrafa e virando o rosto.
– É, eu sei – ele fala naturalmente enquanto se levanta do sofá.
– E por que não jogou fora? – eu pergunto enquanto ele se aproxima.
– E não é pra isso que eu tenho você? – ele fala com ironia, passa por mim e pega uma garrafa de água, eu lhe entrego o remédio e ele toma – Aliás, o queijo também estragou – ele avisa indo pro corredor do banheiro, eu verifico e realmente está estragado então antes de sair preciso fazer uma limpeza pela cozinha, e tento deixar tudo organizado, quando volto a sala, a televisão está ligada e ele está cochilando no sofá de novo, eu não me atrevo a desligar a TV, por que da ultima vez que fiz isso ele me jogou um copo, por sorte errou o alvo mas não quero arriscar, eu saio e o deixo lá dormindo, volto em casa apenas pra pegar minhas chaves e me despedir da Katniss e saio novamente deixando ela arrumando a casa, vou pra padaria que já está aberta e funcionando a todo vapor, vou direto pra cozinha e trabalho junto com os outros.
– Peeta! Essa é com você – Benny fala me chamando da porta da cozinha, eu vou até a parte da frente e encontro uma mulher que se identifica como a assistente da diretora da escola, ela veio pra fazer uma encomenda para a festa da Primavera que irá acontecer daqui a duas semanas, a escola irá providenciar uma festa e uma mesa com pães, sanduiches e mais algumas outras coisas que ela adiciona a lista, nós levamos alguns minutos acertando todos os detalhes e então ela se vai e eu aviso ao pessoal que teremos que ir adiantando a encomenda já que é grande e temos outros trabalhos além desse, nós voltamos ao trabalho e eu e Philip tentamos organizar o que podemos fazer para nada ficar acumulado quando a animação lá na frente nos chama atenção, Benny está falando algo alto e risadas nos alcançam.
– Olha quem voltou? – ele fala animado praticamente trazendo Marie no colo para cozinha, todos comemoram, ela casou semana passada e estava em lua de mel.
– Você não deveria está aproveitando sua lua de mel? – eu pergunto já abraçando ela.
– Já está me expulsando? – ela pergunta me segurando pelos ombros.
– De jeito nenhum! – eu falo e a abraço mais uma vez, ela ri.
– Eu não consigo ficar longe disso aqui – ela fala olhando em volta, então Rory se aproxima.
– Você não consegue ficar longe de nós isso sim! – ele fala e ela ri concordando enquanto o abraça – Principalmente do seu padrinho mais lindo e charmoso – ele fala referindo-se a ele mesmo já que ele foi um dos padrinhos.
– Segura essa onda rapazinho! Eu ainda mando aqui – Benny que é o segundo padrinho dela, se mete entre eles e a abraça meio de lado.
– Muito lindo essa demonstração de carinho e o clima de disputa mas como eu disse dois minutos atrás, temos muito trabalho! Então... já que está aqui, bem vinda de volta – eu falo e jogo o avental em cima dela que o agarra no ar – E você – eu falo e aponto pro Benny – Tem pessoas querendo ser atendidas daquele lado – eu falo apontando pra trás, ele faz uma careta e volta a seu posto.
– E então como foi a viagem? – eu pergunto enquanto Marie se acomoda ao meu lado já se organizando com uma torta, ela para o que estava fazendo e me olha sorrindo, daquele jeito bobo de quando se está apaixonada.
– Foi ótima! – ela confessa com uma nuvem de lembranças parecendo passar por seus olhos – Eu não sabia que a Capital era tão grande – ela fala impressionada e me da um breve relato, dos restaurantes, o hotel que ficaram, e de outros lugares que eles foram visitar, ela parece realmente feliz, seu sorriso só murcha um pouco quando ela confessa – Mas eu me casei com um médico e bem, estavam precisando dele aqui no Hospital – ela fala e faz uma careta.
– E eles achando que você tinha voltado por saudades! Será um grande trauma – eu falo implicando com ela que ri.
– Eu estava com saudades – ela afirma sorrindo – Mas não me importaria de estender mais um ou dois dias – ela confessa e eu lhe dou um leve empurrão já que estamos lado a lado, ela ri e repete o gesto.
– Você parece feliz – eu falo e ela concorda.
– Eu estou – seus olhos brilham e eu acabo sorrindo também, depois de todos esses anos, é como se nos tornássemos parte da familia e da vida um do outro, aqui somos como uma grande familia e se um de nós está feliz, nós estamos felizes.
Quando chega a hora do almoço nós fechamos a padaria e eu vou pra casa, já que agora eles também vão sozinhos, quando chego em casa encontro Haymitch no sofá com um prato a mão, comendo enquanto assiste alguma coisa na TV, eu estranho por que Katniss sempre reclama dele comer no sofá.
– Cadê Katniss? – eu pergunto enquanto coloco minha chaves em cima da mesinha de centro e olho para a TV alguns segundos, onde está passando jornal anunciando o clima que será quente e com sol a semana inteira, eu volto a olhar pra ele esperando minha resposta.
– Bom te ver também garoto – ele fala com ironia, eu coço a cabeça encarando ele que apenas dá de ombro e aponta pra cozinha, já estava dando as costas pra ele quando ele alerta – Mas acho melhor você não entrar lá agora – ele avisa e eu volto a atenção a ele – Ela tá com a Pérola! Parece importante, conversa de mãe e filha elas disseram, como se um avô não fosse mais útil – ele resmunga parecendo ofendido.
– Ciúmes? – eu pergunto e ele revira os olhos.
– Só estou dizendo que eu sou velho mas ainda estou aqui... não que isso esteja fazendo muita diferença – ele murmura comendo uma garfada da comida.
– Sinceramente, esse tipo nem combina com você – eu aviso e ele me ignora olhando fixo a TV – Você sabe que eles te amam! – eu completo e ele me olha mas desvia o olhar - E Pyter? – eu pergunto já que não há explosões, gritos nem nenhum outro barulho por perto.
– Lá em cima – ele fala dando de ombros.
– O que está acontecendo nessa casa hoje? – eu pergunto estranhando todas essas mudanças, então Pérola e Katniss aparecem na porta da cozinha, Pérola me olha e depois olha pra Katniss como se elas tivessem algum segredo, o que provavelmente é verdade.
– Tudo bem? – eu pergunto olhando pra elas duas, Katniss sorri, passa a mão pelos cabelos de Pérola e concorda.
– Tudo! – ela afirma olhando pra mim – Sobe, manda seu irmão tomar banho e depois desçam pra almoçar – ela fala agora olhando pra Pérola, que concorda, já saindo em direção a escada.
– Nem um beijo de ‘’Olá pai, bom te ver’’ – eu falo balançando a mão e fingindo magoa, ela sorri e vem até a mim.
– Olá pai, bom te ver – ela fala me imitando, sorrindo, mas ainda com uma ansiedade diferente nos olhos.
– Quando foi que você cresceu tanto? – eu pergunto segurando o rosto dela entre minhas mãos, ela ri.
– No mesmo tempo que seu cabelo – ela fala e passa a mão por ele.
– Nem começa, eu cortei semana passada – eu falo passando as duas mãos pelo meu cabelo – Quer saber? Melhor você subir mesmo – eu falo empurrando ela pra escada, ela ri e sobe as escadas.
– Suco – Haymitch exige sem nem nos olhar, Katniss revira os olhos e vai pra cozinha, eu a sigo mas como sei que ela não irá levar o suco pra ele, eu mesmo pego e o levo.
– De nada – eu falo depois que entrego o copo e recebo apenas um sinal pra calar a boca, eu ignoro e volto pra cozinha, Katniss termina de mexer uma panela.
– Então? – eu pergunto e não preciso completar a pergunta ela sabe exatamente o que quero saber, ela tampa a panela calmamente, e se vira pra mim se apoiando na pia ao lado, segura o pano entre as mãos e o jogo pra cima de mim, minhas mãos já iam o pegar ainda no ar quando ela fala.
– Ian convidou Pérola pra ser o par dele na festa – ela fala naturalmente e a surpresa me faz esquecer de agarrar o pano e ele acaba no chão, ela continua me olhando normalmente, como eu não digo nada, ela da de ombro e volta a destampar a panela - Nós vamos ver o vestido essa semana! Preciso de dinheiro – ela fala e agora que a surpresa da noticia passou eu me aproximo dela.
– Você não tá pensando em permitir, tá? – eu pergunto parado ao lado dela, virado pra ela.
– Você não tá pensando em negar, tá? – ela pergunta no mesmo tom de voz que eu.
– Katniss ela não vai sair com ninguém – eu aviso decidido, ela ri.
– Peeta, é uma festa na escola... eles não vão sair pelo Distrito em cantos escuros – ela fala rindo e eu fico sério, ela sorri.
– Ela não vai! Não com ele! Não com nenhum outro garoto – eu afirmo e já estava me afastando quando ela segura meu braço.
– Nem pensa nisso – ela me avisa séria – É uma festa! Na escola! Eles são amigos, ele a convidou e ela aceitou – ela avisa e eu retorno ao lado dela.
– Ela já aceitou? – eu pergunto sem conseguir acreditar que ela aceitou antes de falar comigo, Katniss sorri de novo e isso só me irrita.
– Ei, relaxa – ela fala segurando meu rosto com aquele sorriso irritante, eu seguro a mão dela.
– Eu não dou permissão – eu concluo e ela puxa o ar começando a se irritar também, mas quando fala tenta se manter calma.
– Sim, você dá – ela fala e tira a mão do meu rosto, eu a encaro sem esta disposto a mudar de ideia – Sabe por que? – ela pergunta e como eu não faço questão nenhuma de responder ela continua – Por que você a ama e sabe que ela gosta dele e... que ele gosta dela, então, se quiser bater o pé, fazer bico e ficar com essa cara, faça! Mas ela vai naquela festa com ele e você vai dizer isso a ela com um sorriso no rosto – ela fala e faz um sorriso forçado.
– Ela é uma criança ainda – eu falo e confesso que soei como uma criança também, ela ri.
– Peeta, você já viu ela? – ela me pergunta sorrindo – Ela não é mais uma criança! É horrível mas... ela cresceu! Encare isso – ela fala firme e mesmo sendo verdade não estou disposto a admitir isso agora, por isso eu apenas saio sem falar mais nada, ela não me segue, nem me segura dessa vez.
– Eu não estou achando o controle – Haymitch reclama quando passo pela sala.
– Levanta a bunda do sofá então – eu falo passando direto e subindo as escadas, entro no quarto irritado e me jogo na cama tampando o rosto com meu braço, querendo mais do que nunca que Pérola ainda fosse aquele menininha de andar desengonçado, que mal conseguia correr se não estivesse segurando minhas mãos, que ela ainda me pedisse todas as noites pra ficar com ela até ela dormir, que ainda fosse aquela menina que me pediu pra casar com ela quando ela crescesse e chorou por uma tarde inteira quando disse que não podia por que pais não se casam com filhas, mas não, ela cresceu, hoje é uma garota de 17 anos, linda e que infelizmente já desperta o olhares de todos, talvez esteja sendo meio injusto colocando Ian no meio do ‘’todos’’, não é como se apenas agora ele tivesse se encantado por ela, desde criança ele a olha diferente, a trata diferente, mas ainda assim não diminui essa sensação de que ela vá se afastar de mim, é egoísmo, eu sei, mas ela é minha filha, acho que pais podem ser egoístas. A mão passa pelo meu braço e lentamente o afasta do meu rosto, colocando-o acima da minha cabeça, permaneço de olhos fechados, e logo as pontas dos dedos contornam meu rosto, meus olhos, minha boca, antes mesmo de sentir seus lábios no meu, o calor da sua respiração já alerta meu corpo, então ela encosta os lábios no meu, levemente e com certa hesitação, mas não importa o que esteja sentindo, esse sempre será meu remédio, eu abro os olhos e passo meus braços pela sua cintura puxando ela que acaba caindo por cima de mim, ela ri, deixando aquela hesitação sair.
– Peeta... – ela fala numa tentativa falha de parecer irritada, eu nos movo, de modo que ela fique deitada e eu por cima dela, apoiado nos meus braços, paro o rosto de frente e muito próximo do dela.
– Eu não quero fazer isso – eu confesso e ela sorri, seus dedos sobem até o espaço entre minhas sobrancelhas e ela sorri mais ainda.
– Mas você vai não é? – ela pergunta com os olhos nos meus, eu reviro os olhos completamente contrariado, quando volto a olhar pra ela, seu sorriso aumentou, ela passa os braços pelo meu pescoço fazendo nossos rostos se juntarem ainda mais, ela encaixa o rosto no meu pescoço e o calor da sua respiração me faz perder qualquer outro pensamento – Eu sabia que você não ia ser um idiota por muito tempo – ela fala e ri.
– Ah eu ainda sempre posso ser um idiota! – eu falo mas também sorrio, ela sobe os lábios pelo meu pescoço até encontrar minha boca, ela para os lábios encostados no meu, e sou eu quem começo o beijo, minha mão encaixa na nuca dela e eu aprofundo o beijo e ela corresponde enquanto seus dedos se entrelaçam no meu cabelo, e qualquer outro pensamento é abandonado e como sempre acontece é como se só existíssemos nós dois no mundo, mas somos obrigados a parar o beijo quando o ar falta, ainda assim deixo nossas testas encostadas.
– Você tem que falar com ela! Ela tava ansiosa com a sua reação – ela me avisa e aquele incomodo volta, ela ri – Não adianta enrugar a testa – ela fala e beija entre minhas sobrancelhas, e se esquiva pra sair debaixo de mim, mas eu a prendo e com meu corpo, ela ri.
– É sério! Fala com ela! Eu já vou servir o almoço – ela avisa e me beija rapidamente, empurrando meu corpo, eu caio deitado do lado dela, que logo está de pé – Agora! – ela manda apontando a porta com a cabeça – Espero vocês na mesa e eu to com fome – ela avisa já saindo do quarto, eu ainda encaro o teto alguns segundos, tentando adiar mas acabo levantando num impulso rápido, saio do quarto e bato na porta ao lado, a voz abafada me manda entrar, ela está sentada no chão, a mochila a sua frente e ela revirando os cadernos, mas para quando eu entro no quarto, ela me olha meio ansiosa.
– Posso falar com você? – eu pergunto e ela confirma se levantando pegando a mochila do chão e se sentando na cama, eu me sento na poltrona de frente pra ela, e ela evita me olhar – Sua mãe falou comigo – eu falo e ela levanta os olhos ansiosa mas não diz nada – Você quer mesmo ir com ele? Não tem problema em ir sozinha! Ou com a Hazel, vocês não são amigas? – eu falo e ela confirma balançando a cabeça – Então, por que você não vai com ela? – eu pergunto e ela me encara como se fosse algo impossível.
– Ela já tem um par – ela explica quando percebe meu olhar.
– Se o problema é o par, eu posso ir – eu falo e mesmo antes da risada dela eu sei que isso é completamente fora de questão.
– PAAAI – ela fala rindo sem nem considerar.
– Tem o Pyter! – eu falo e ela me encara com as sobrancelhas erguidas, como se fosse ainda pior do que eu, enquanto eu tento pensar em outra opção, ela lança a frase que me faz paralisar.
– Eu gosto dele – sua voz é baixa, tímida e assim que as palavras escorregam da boca dela, suas bochechas coram fortemente, ela remexe os dedos e não olha nos meus olhos, eu espero em silencio por que quem sabe não foi algo da minha cabeça, mas quando ela me olha ainda corada e repete eu me afundo na poltrona – Eu gosto mesmo dele - ela espera que eu diga algo mas ainda estou processando a informação, agora não tem como disfarçar, fingir que não sei ou que nada acontece, agora é real.
– OK – é tudo que eu consigo dizer, ela se senta mais reta, as pernas pra fora da cama e me olhando.
– Mas se você disser não! Eu não vou – ela fala e mesmo que eu quisesse gritar um não, eu não posso fazer isso, o que eu faço é me levantar da cadeira, me aproximar da cama e ma abaixar a frente dela.
– Eu te amo! – eu afirmo olhando nos olhos dela, minhas mãos segurando as dela e ela sorri.
– Eu também te amo – ela afirma sem duvidas.
– Eu não vou dizer que estou dando saltos de alegria! Pra mim você ainda é aquela menininha que corria pra mim sempre que alguma coisa te assustava então... é meio difícil encarar que você cresceu! Mas, se isso vai te deixar feliz, eu acho que sobrevivo – eu falo sinceramente e ela sorri, seus dedos passam pelo meu cabelo.
– Mas é pra você que eu ainda vou correr se alguma coisa me assustar – ela fala com aquela capacidade incrível que ela tem de conseguir me afetar – Você é meu pai! Isso é maior do que qualquer coisa – ela completa e então eu a abraço, antes que eu faça algo estúpido, como chorar, eu beijo sua bochecha e depois sua testa.
– Mas caso você mude de ideia... O Pyter pode muito bem te acompanhar – eu falo pra disfarçar minha emoção, ela ri.
– Acho que ele vai tá meio ocupado, escolhendo quem levar – ela fala e eu a olho confuso, ela puxa a mochila e pega algo lá dentro, então coloca três papeis na minha mão – Essas foram que escreveram, outras duas só pediram que eu falasse com ele – ela fala e eu olhos os papéis, Pyter está sendo convidado por três garotas diferentes pra ser o seu par, eu rio.
– Elas não conhecem ele – eu falo rindo e Pérola também ri.
– Não me pergunte por que mas ele faz sucesso com as garotas – ela fala e revira os olhos.
– E por que ele não está se gabando disso? – eu pergunto e ela também estranha.
– Não sei! Ele tava meio calado hoje na volta pra casa, mas você conhece ele... Disse que não era nada – ela fala dando de ombros, e eu me alerto pra alguma coisa errada, então a voz de Katniss nos alcança.
– Ela disse que estava com fome, melhor a gente descer – eu falo e ela logo pula da cama, eu deixo que ela desça na frente e bato na porta a frente, não há resposta, então eu abro assim mesmo, a confusão de edredom, almofadas e travesseiros se mexe, eu estranho ele deitado essa hora – Almoçar – eu falo o que provavelmente faria ele pular da cama, mas ele volta a se enrolar e me da as costas.
– Tô sem fome – ele fala já abafado pelo travesseiro.
– Ok, você consegue andar até o carro ou devo chamar a ambulância? – eu pergunto mas ele permanece do mesmo jeito, me aproximo dele, e puxo o edredom da sua cabeça, ele reclama batendo os braços na cama.
– Eu não quero comer – ele fala e puxa o lençol de novo, eu ignoro e destampo seu rosto, ele fecha os olhos pra não me olhar.
– Você pode me contar antes ou depois do almoço – eu falo e ele abre os olhos.
– Não tem nada pra falar – ele fala dando de ombros, mas ele mente tão mal quanto Katniss, talvez ainda pior, então eu o encaro de braços cruzados, ele bufa soltando o ar, empurra o edredom e se levanta.
– Você ainda tá de uniforme? – eu pergunto e ele parece só se lembrar agora – Troca logo antes que sua mãe apareça e se ela perguntar, você tomou banho – eu aviso e ele já está tirando a camisa e jogando no canto do quarto, exatamente como Katniss faria – Você vai pegar depois NE? – eu pergunto e ele tira a calça e faz o mesmo.
– Sem duvidas – ele fala com ironia, anda até o armário, abre a gaveta, remexe nas roupas e puxa uma bermuda, faz o mesmo com a debaixo, mas fecha, então vai até o canto e pega uma camiseta que estava jogada e a veste.
– É sério isso? – eu pergunto e ele revira os olhos.
– Tá limpa – ele fala dando de ombros e passa por mim terminando de vestir a camiseta, Katniss me grita de novo – Vamos? – ele me apressa parado na porta, eu vou até ele e o puxo pra perto de mim, passando a mão no seu cabelo, e com meu braço pelo seu pescoço, ele agarra meu ombro e passa a perna atrás da minha simulando um golpe, eu faço cócegas nele e ele ri e se encolhe, então consigo soltar meu braço e virar o dele pra trás, ele ri mas bate a mão livre no meu braço pra eu soltar – Você trapaceou – ele fala quando eu o solto.
– Eu sou só um velho! Preciso me defender – eu falo levantando as mãos, ele ri.
– Será que vocês dois podem descer logo? – Katniss pergunta parada no final da escada, eu e Pyter nos olhamos e juntos batemos a mão na testa como os soldados, ela revira os olhos e volta pra cozinha, nós rimos e descemos, Pérola está terminando de colocar os copos na mesa e Haymitch vem logo atrás de nós e arrasta a cadeira e se senta.
– Achei que você já tivesse almoçado – eu falo me sentando também.
– Está controlando comida agora? – ele pergunta me olhando, eu apenas dou de ombros, pra que ele não comece com suas ironias, Pérola serve ele e mesmo que Pyter tenha falado que estava sem fome, seu prato é cheio como todos os dias, Katniss também não mentiu quando disse que estava com fome, e repete assim como Pyter, quando terminamos de almoçar, todos, com excessão do Haymitch é claro ajudam a arrumar a cozinha e só então estão liberados.
– Você vai pra padaria? – Pérola que pergunta.
– Vou, mas antes preciso falar com seu irmão.
Cadê ele? – eu pergunto já que ele não está pela sala. - Acabou de subir – ela fala e enquanto eu subo as escadas, ela se joga no sofá junto com Katniss e Haymitch que está na poltrona, eu bato na porta do Pyter mas antes que ele fale eu entro, ele estava ligando o vídeo game.
– Eu não esqueci da nossa conversa – eu falo já entrando no quarto.
– Que conversa? – ele pergunta sem desviar os olhos da tela, eu pego o controle manual dele e ele joga a cabeça pra trás na cama – Ah pai, eu já tinha começado – ele reclama.
– Primeiro a conversa – eu falo sem me abalar e ele continua com a cabeça jogada pra trás na cama, eu me sento no chão ao lado dele e fico esperando.
– Nossa, está bem produtiva essa conversa – eu digo depois de alguns minutos de em silencio, ele ri, e eu acabo rindo também, mas não diz nada – Se você falar vai ser mais rápido – eu aviso e ele leva mais alguns segundos, então vira o rosto pra mim me analisando e eu faço o mesmo com ele.
– Tinha festa da primavera na sua época? – ele pergunta e eu sorrio.
– Minha época? Tô me sentindo com 100 anos agora – eu falo e ele ri.
– 99 – ele fala implicando comigo, eu faço cara de ofendido mas acabo rindo também.
– Não, não tinha! Na verdade nem da primavera, nem nenhuma outra – eu confesso e ele confirma com o sorriso diminuindo.
– Você acha que a mamãe ia com você? – ele pergunta e eu me surpreendo com a pergunta mas acho que estamos chegando a raiz do problema.
– Não, não acho! Eu e sua mãe nem nos falávamos... até os jogos... você sabe – eu falo sem querer entrar muito nos detalhes dos jogos, ele concorda.
– Ela teria ido com Gale – ele fala e mesmo que isso seja verdade ainda sinto uma coisa estranha quando ele fala, uma mistura de ciúmes e incomodo.
– Provavelmente – eu falo e ele concorda pensativo.
– Você sempre gostou da mamãe? – ele pergunta curioso, me olhando com atenção, é impossível não sorrir ao lembrar.
– Eu já respondi isso antes, mas... sim! Desde dos cinco anos – eu falo e ele fica em silencio – Então? – eu pergunto incentivando ele a falar, mas ele dá de ombro.
– Só queria saber – ele fala dando de ombros, mentindo novamente.
– Você já chamou alguém pra ir na festa? – eu pergunto e ele nega.
– Eu não vou – ele fala dando de ombros e se vira pra frente.
– Não vai? – eu pergunto estranhando, Pyter ama festas e qualquer coisa que o coloque em destaque, e pelo que eu vi, ele já está em destaque.
– Não quero ir! – ele fala tentando não se importar.
– Por que não? – eu insisto – Eu fiquei sabendo que você já está recebendo convites – eu falo e pego do bolso da calça os papeis que Pérola me deu, e entrego a ele, um sorriso vitorioso e satisfeito surge no rosto dele, ele remexe na cama e puxa mais dois papeis e me entrega.
– Tá brincando! – eu falo quando vejo mais dois pedidos – O que você anda fazendo? – eu pergunto e ele ri, mas basta olhar pra ele que já tenho a resposta, cabelos negros bagunçados, olhos azuis destacados, os traços do rosto bem definido, forte, alto, é compreensível que ele faça sucesso, ainda tem esse jeito dele, que as vezes parece um criançao mas que tem o maior coração do mundo – Então quem você vai chamar? – eu pergunto e ele me olha erguendo a sobrancelha.
– Eu não vou – ele fala e coloco os papeís que estava segurando na cama.
– Por que? – eu pergunto e ele passa as mãos pelo rosto.
– Eu não quero pai, eu já disse – ele fala e eu continuo olhando pra ele – Tem uma garota... – ele começa meio incerto ainda – Mas o Ryan chamou ela primeiro – ele confessa e eu finalmente acho o problema, ele vira o rosto pra mim esperando que eu diga algo.
– Ele sabia que você queria chamar a garota? – eu pergunto e ele nega – E a garota já aceitou ir com ele? – eu pergunto e ele concorda e encara o teto – Você falou com Ryan sobre isso?- ele nega.
– Ele gosta dela – ele fala e eu sinto um aperto no peito por ele.
– E você? Gosta dela? – eu pergunto e ele leva alguns segundos pra responder.
– Ela é bonita! Sei lá, eu queria ir com ela – ele fala como e volta a me olhar – Mas eu não sabia que Ryan gostava dela – ele fala e é a minha vez de apoiar a cabeça pra trás e encarar o teto, ele faz o mesmo – Eu sou um péssimo amigo – ele fala e eu nego rapidamente.
– Claro que não! Isso... não é verdade! Você já livrou o Ryan de muita coisa, são amigos desde pequenos! Você é um ótimo amigo... – eu afirmo e o puxo pra perto de mim, ele apoia a cabeça no meu ombro – Pelo mostra que vocês tem bom gosto? A garota é bonita? – eu pergunto e ele ri concordando.
– Ela é gata – ele afirma e me olha rindo.
– Ei, se controla! – eu falo empurrando ele com meu ombro, ele ri, então eu puxo ele pra mim e o coloco com a cabeça dele sobre minha perna, remexendo no cabelo dele – Eu sei que isso parece terrível agora, mas talvez não seja tão ruim – eu falo e ele está com o rosto virado pra cima me olhando meio desconfiado – Se você tivesse que escolher entre o Ryan e essa garota?
– Ryan – ele fala rapidamente sem nem precisar pensar muito.
– Tem certeza que você gosta mesmo dessa garota? – eu pergunto e ele dá de ombros.
– Ela é bonita – ele fala e eu sorrio um pouco mais aliviado, por que talvez não seja um ‘’gostar pra valer’’ o que ameniza bastante a situação.
– Entendi! – eu falo sem querer também parecer diminuir o que ele tá sentindo – Mas eu tenho certeza que existem outras garotas bonitas sem pares por aí! – eu falo e ele balança a cabeça meio pensativo – Você deveria chamar outra garota? Qual é... Você tem uns cinco pedidos só aqui – eu falo indicando a cama, ele ri.
– Eu nem sei quem são essas garotas – ele fala mesmo que esteja sorrindo parece meio desanimado.
– Você e Pérola ainda vão me deixar de cabelos brancos! – eu falo e ele levanta da minha perna, se senta me olhando curioso.
– O Ian chamou ela? – ele pergunta já rindo e eu confirmo – Ele é legal – ele fala colocando a mão no meu ombro.
– É, eu sei – eu confesso mas me levanto do chão e estico a mão pra ele – Quanto a você... Tá precisando sair um pouco, ficar aqui nesse quarto não vai adiantar nada – eu aviso e ele ainda pensa antes de segurar minha mão mas aceita e fica em pé.
– Toma banho! Você vai pra padaria comigo – eu falo e ele ri.
– Então eu desabafo com você e você vai me colocar pra trabalhar? – ele pergunta me olhando.
– E existe maneira melhor de curar um pé na bunda? – eu falo e ele ri.
– Eu não levei um pé na bunda – ele nega tentando parecer irritado.
– Não sou eu que estou sem par – eu falo levantando as mãos e ele me encara sem acreditar.
– Não era pra você me consolar, me dar um presente caro pra eu me animar e coisas desse tipo? – ele pergunta e dessa vez a risada é minha.
– Isso quem faz são os pais legais! Os cruéis, levam os filhos para o seu trabalho e o usa até o fim do dia – eu falo e ele ri.
– E se a gente fizesse de conta que não teve essa conversa? – ele pergunta erguendo a sobrancelha.
– Tarde demais! Te espero em 10 minutos lá embaixo – eu falo e ao invés de reclamar ele ri.
– Eu chego em 5
– Nem pensa nisso, é pra tomar banho antes – eu falo e ele revira os olhos mas vai pro banheiro, eu desço e encontro eles ainda na sala.
– Pai, eu vou pra padaria com você – Pérola avisa assim que apareço na sala.
– Pyter também vai – eu aviso.
– Eu não vou ficar aqui sozinha com ele – Katniss fala apontando pro Haymitch.
– Então vai com eles docinho – ele fala com ironia.
– Essa é a minha casa – ela lembra e ele dá de ombros.
– Os incomodados que se mudem – ele fala e coloca os pés na mesinha.
– Nós temos trabalhos pra todos lá – eu falo pra não dar tempo dela responder ele, eles apenas se encaram.
– Vou trocar de roupa – ela avisa e levanta do sofá, sobe as escadas e eu me sento ao lado da Pérola, nós esperamos até que Pyter e Katniss descem juntos.
– Vô por que você não vai com a gente? – Pyter pergunta enquanto Pérola estava lhe dando o remédio.
– É, vô! Vamos... – ela insiste junto com Pyter, Haymitch tenta negar, alegando cansaço, sono, não querer ver ninguém mas no fim das constas acaba aceitando, por que eles alegam que são ordens médicas ele sair e caminhar e se ele não obedecer, eles não dormem na casa dele no fim de semana, como isso pra ele seria quase a morte, ele aceita, mas isso não impede todos murmúrios pelo caminho, mas Pyter e Pérola sempre conseguem arrancar uma risada dele e por mais que ele negue, ele adora isso. A alegria chega junto com eles na padaria, Pyter e Benny logo estão como duas crianças tentando acertar um ao outro, Haymitch se arrasta até uma das mesas que ficam pelo salão, exige uma xícara de café e alguns biscoitos que ele faz questão de deixar bem claro que não irá pagar por isso, como se fosse alguma surpresa, Pérola fica um pouco com ele e depois vai pra cozinha, Katniss vai falar com Marie e depois como realmente temos muito trabalho, quase não paramos, mas o clima é cheio de risadas e descontração, e quando olho pro Pyter dando gargalhadas com Haymitch e Benny eu sorrio, por que ele já parece aquele mesmo garoto relaxado de sempre e quando o dia chega ao fim ele está completamente renovado e eu me sinto de certa forma satisfeito comigo mesmo por conseguir ajudar de alguma forma. No dia seguinte quando chego em casa eles já haviam chegado do colégio e quando passo pelo quarto dele ele vem com aquele sorriso de quem aprontou algo.
– Eu já tenho um par – ele fala sorrindo e eu sorrio também, o puxando pra mais perto, ele está com a toalha enrolada na cintura e os cabelos molhados acabam molhando minha camisa.
– Eu sabia que você ia encontrar – eu falo bagunçando o cabelo dele – É bonita? – eu pergunto rindo e piscando olho.
– É!É a Keyse – ele revela e eu paro me afastando um pouco e olhando sem acreditar.
– A Keyse? – eu pergunto surpreso – Da Grace e do Benny? – eu pergunto mesmo sabendo a resposta, ele confirma – Ah qual é Pyter... Tinha que ser ela? – eu pergunto e ele me olha confuso.
– Ué, você disse pra eu chamar alguém! A ideia foi sua – ele fala dando de ombros e sorrindo.
– Chamar alguém! E não a Keyse! Você tem noção de como seu tio Benny vai ficar? – eu pergunto e ele apenas me olha sorrindo.
– Ela é legal! – ele explica - Também é bonita e eu não queria ir com nenhuma daquelas garotas! – ele fala se defendendo – E você falou pra eu chamar alguém – ele transfere a culpa.
– Ah claro a culpa é minha! – eu falo com ironia e passo as mãos pelo rosto – Você tinha umas dez garotas pra chamar e tinha que chamar a Keyse – eu falo e ele dá de ombros, indo terminar de se vestir.
– Eu gosto dela, ela é legal, engraçada, não é igual aquelas outras garotas que eu nem sei quem são! Além do mais, ela gosta de luta, ela sempre tá nos treinos e nos campeonatos – ele fala e eu o olho curioso.
– Sempre? – eu pergunto e ele concorda sem se abalar, enquanto veste a bermuda.
– Sempre que eu to no treino eu vejo ela! – ele fala normalmente.
– E ela fala com você?
– Algumas vezes!
– E ela aceitou ir com você numa boa?
– Aceitou! Ela disse que achava que eu já tinha par! Você acredita que tava todo mundo falando sobre isso? Com quem eu e a Pérola íamos...– ele fala com aquele jeito de quem gosta de ter atenção.
– E isso é uma coisa boa? – eu pergunto olhando pra ele.
– É legal – ele confessa com um sorriso satisfeito e as vezes eu me pergunto a quem ele puxou.
– Melhor desfazer esse sorriso, você tem que falar com o pai dela primeiro – eu falo e ele fecha o sorriso.
– Ah pai! Fala você, se você falar ele nem vai reclamar – ele pede e eu nego.
– Não sou eu quem vai sair com a filha dele – eu falo e ele faz um drama.
– Mas pai... – ele fala e eu nego.
– Fala você! Ou desiste – eu aviso e saio do quarto dele, encontro Katniss no corredor levando algumas roupas para o quarto.
– Você já sabe quem é o par do Pyter? – eu pergunto seguindo ela pelo quarto, ela nega – Keyse – eu falo e ela se vira pra mim.
– Do Benny e da Grace? – ela pergunta mas não parece muito surpresa, eu confirmo – Ela gosta dele Peeta – ela anuncia enquanto coloca as roupas sobre a cama.
– Que? - Você nunca viu ela durante as lutas dele? Os olhos dela brilham – ela fala dando de ombros.
– O que tá acontecendo aqui? Esses são meus filhos! Ontem eles ainda mal sabiam andar – eu falo e ela ri.
– Eu avisei! Se conforma – ela fala e eu me jogo sentado na cama – Eles são novos! Pode não ser nada! - ela fala dobrando as roupas, eu me jogo deitado.
– Não existe nenhum jeito deles voltarem a ter cinco anos? – eu pergunto e antes que ela responda, os passos correndo entram pelo quarto.
– Pai! O Ian tá lá embaixo e quer falar com você – Pérola avisa parada a alguns passos pra dentro do quarto, eu tampo meu rosto com o braço e Katniss ri, batendo na minha perna.
– Anda logo, e seja legal com ele! – ela avisa enquanto eu me levanto, eu beijo ela rapidamente e vou na direção de Pérola – Não assuste o garoto – ela pede e eu paro pra responder – Não esqueça que o Pyter vai passar por isso – ela avisa e quebra minha resposta, eu lhe faço uma careta e volto a sair do quarto.
– Ultima chance, você ainda pode ir com seu irmão! – eu falo e ela me encara com um sorriso divertido.
– Tá bom, tá bom – eu falo contrariado – Mas ele nem é grandes coisa – eu falo depois de beijar a testa dela.
– Paaai – ela reclama e eu desço as escadas, ela vem logo atrás de mim, Ian está ainda ao lado da porta, braços pra trás e suando, mesmo com o calor não acho que seja por isso, eu faço sinal pra sala e ele me segue, Haymitch está no sofá vendo TV e nos olha mas sem dizer nada.
– E então? – eu pergunto a Ian e ele muda o peso dos pés, parece procurar as palavras e então se encoraja.
– Eu queria saber se o senhor deixa a Pérola ser meu par na festa da primavera – ele pergunta e eu o encaro alguns segundos.
– Não! – a voz irritada não é minha, Haymitch encara ele sério e ele quase estremece.
– Vô! – Pérola que estava perto, repreende ele mas é ignorada – O que faz você achar que pode levar ela? – ele pergunta e Ian me olha como se pedindo ajuda, eu dou de ombros, ele troca o peso do corpo de novo.
– É... eu gosto dela, nós somos amigos – ele fala e olha de mim para o Haymitch.
– E daí? – ele continua sério e Ian deve está a ponto de correr – Ela é uma princesa, por que você acha que nós deixaríamos ela sair com alguém como você? – ele pergunta e dessa vez a resposta vem rápida.
– Por que eu prometo que vou cuidar dela, eu gosto dela de verdade e eu nunca ia fazer nada de errado! – ele fala e Haymitch ainda o avalia.
– Não importa que horas acaba a festa! As nove eu vou está lá pra pegar ela – eu aviso e ele concorda sem problema algum.
– Sim senhor – ele fala e seus olhos fixam nela, ele sorri.
– Se era só isso, você já pode ir – eu falo indicando a porta.
– Sim senhor! Obrigado! – ele fala e me estica a mão eu aperto, ele estica pro Haymitch.
– Eu ainda não gosto de você – ele fala e volto a olhar pra TV, ele encolhe a mão e recua.
– Até amanhã – ele fala pra Pérola, e ela se despede sorrindo.
– Vô, isso não foi legal – ela briga com ele assim que a porta se fecha, ele dá de ombros.
– Por mim você ficava em casa! – ele fala como um velho mal humorado que ela é, mas ao invés de discutir Pérola sabe exatamente como lidar com ele, e vai até ele beijando sua bochecha e se sentando ao lado dele, em menos de um minuto, eles estão rindo de algo na TV.
Katniss desce, eu vou pra cozinha junto com ela e enquanto a atualizo nós arrumamos a mesa, Pyter desce e Pérola e Haymitch se acomodam em seus lugares e nós almoçamos todos juntos como sempre e quando volto pra padaria a tarde,Pyter vai comigo pra poder falar com Benny, ele enrola a maior parte do tempo e apenas alguns minutos antes da padaria fechar que vejo ele e Benny conversando.
– Você tá sabendo disso Peeta? – ele pergunta quando eu finjo apenas passar perto deles.
– O que? – eu pergunto fingindo confusão.
– Seu filho quer levar minha filha pra uma festa – ele fala e me olha esperando algo.
– É a festa da primavera! Na escola – eu falo tentando soar desinteressado.
– Continua sendo uma festa – ele fala dando de ombros – E você sabe o que acontece em festas certo? – ele pergunta com ironia.
– Na verdade, não fui em muitas! Pelo menos não nesse estilo! – eu confesso e ele parece me analisar – Mas, eu tenho certeza que eles só vão se divertir – eu falo e ele ri.
– Aí está o problema – ele fala e olha pro Pyter se abaixando um pouco – Como você se diverte ein patrãozinho? – ele pergunta com o apelido encarando Pyter.
– Video game! Já jogou aquele de corrida? – ele pergunta já se entusiasmando.
– O da pista circular? – ele pergunta e Pyter confirma – Claro, o problema é sempre aquela curva fechada depois da terceira bandeira – ele fala e pronto, os dois entram em uma conversa de códigos e linguagens estranhas, sobre virar a direita e apertar sei lá que botão.
– Acho que vocês se entenderam então – eu falo mas sou ignorado, eu acabo rindo antes de me afastar e mesmo quando chego na cozinha ainda ouço a animação deles e encaro como um bom sinal, então acertado os dois lados, só restava esperar o dia da tal festa, que veio logo duas semanas depois, como eles marcaram de se encontrar na escola mesmo, eu fiz questão de levar eles dois até lá, o lugar já estava movimentado e o sol já estava começando a se pôr ao fundo.
– Eu volto as 9 – eu aviso a eles dois enquanto eles descem do carro.
– Pai você já disse umas 10 vezes – Pyter reclama parando a minha frente, ele está com uma camiseta preta, uma camisa de pano xadrez em cinza por cima e calça jeans.
– Não acredito que você veio assim – Pérola fala olhando pra ele.
– Não começa, ou voltam os dois pra casa! Eu ficaria bem feliz com essa decisão – eu aviso antes que ele responda, por que ainda em casa Pérola disse que ele deveria vir com algo mais formal, como a camisa branca e o terno preto mas ele se recusou e eles acabaram discutindo antes de saírem, Pérola está com um vestido rosa suave que vai até seus joelhos, o tecido é leve e ao mesmo tempo parece ter sido feito sobre medida, por que se encaixa perfeitamente no corpo dela, ele tem alças não muito finas e fazem u X nas suas costas, não nas costas toda mas ainda assim eu achei exagerado, Katniss no entanto me ignorou, os cabelos dela estão soltos em cachos loiros que caem pelos seus ombros e é impossível alguma outra garota ser mais bonita que ela.
– Pyter – Keyse acena e se aproxima acompanhada de um Benny atento – Gostei, pelo menos vai ser mais fácil te achar no meio deles – ela fala e aponta pra outros garotos que estão vestidos mais formais – Ninguém merece – ela fala e eles dois riem.
– Viu, sempre tem alguém com bom gosto – ele fala olhando e implicando com Pérola que revira os olhos, embora ela tenha aprovado o estilo mais ‘’informal’’ do Pyter, Keyse está com um vestido azul claro até o joelho, com algumas flores desenhadas em um tom um pouco mais escuro, o vestido é de alças finas e combina com sua pele clara, ela realmente é uma garota bonita, os cabelos castanhos escuros igual o da mãe estão presos apenas de um lado com varias presilhas brilhantes o que destaca ainda mais seus olhos cor de mel e o sorriso espontâneo. Logo Ian também chega, o sorriso de Pérola quando vê ele me faz revirar os olhos sem perceber, Benny me cutuca rindo e eu o ignoro, Ian assim como Pérola insistiu com Pyter, está com uma camisa verde clara por baixo e um blazer preto por cima, o cabelo muito bem penteado e quando ele chega na frente dela lhe entrega uma rosa, Benny ri ainda mais.
– Sua filha tá bem ali – eu falo e aponto ela e Pyter rindo da roupa do Ian, ele fecha o sorriso.
– Ei garoto! – ele chama Pyter e faz sinal com os dedos nos olhos pra mostrar que tá de olho nele – Mãos no meio das costas ok? – ele fala e Pyter concorda rindo.
– A gente já pode entrar? – ele pergunta e como todos já estão entrando concordamos, mas antes eu coloco a mão no ombro do Ian o segurando no lugar.
– Pai... – Pérola pede me olhando quase implorando.
– Dois minutos – eu falo e antes que ela peça de novo, eu puxo Pyter também e viro de costas pra elas – Aquela ali é minha filha, então se você tentar, pensar, ou se eu mesmo imaginar que você fez qualquer coisa que não teria coragem de fazer na minha frente você estará encrencado! Muito encrencado! – eu falo e ele concorda - Na hora da dança, mão no ombro e no meio das costas, nem um centímetro abaixo! No meio! Entendido? – eu aviso e ele concorda meio assustado mas com atenção – E o mesmo vale pra você – eu falo pro Pyter que revira os olhos mas concorda e então libero eles, eles vão juntos pra dentro da escola que já está bem movimentada e o som da musica já pode ser ouvida.
– E agora? – Benny pergunta ao meu lado ainda olhando pro portão da escola embora não dê mais pra ver eles.
– Agora a gente vai pra casa e volta as nove – eu falo também olhando pro portão, nós ainda ficamos encostados no carro mais alguns segundos, então eu que me desperto – Eu tenho que ir! Quer uma carona? – eu pergunto já dando a volta no carro, ele nem ao menos responde, já entra no carro, eu o deixo na casa dele deixando acertado que levo Keyse pra casa as nove e sigo para Aldeia, as luzes acesas na casa do Haymitch mostra que ele está em casa, o que significa que Katniss o expulsou ou ele simplesmente a largou falando sozinha.
– Achei que você tivesse ficado pra festa também – ela fala quando eu pelo quarto, ela na cama com alguns papéis espalhados ao lado e uma caneca na mão, eu me aproximo e me sento ao lado dela, ela me estica a caneca – Acho que você precisa mais que eu – ela fala e eu pego a caneca, olho e cheiro o liquido meio aguado de dentro – É chá de camomila! É calmante – ela fala e ri.
– Por que eles tem que crescer? – eu pergunto enquanto continuo segurando a caneca, ela ri novamente e se aproxima mais de mim.
– E você pergunta isso pra mim? Por mim eles não teriam passado dos cinco – ela confessa e eu coloco a caneca na cabeceira ao lado e volto pro meu lugar, aconchegando ela em mim, passo meu braço pelo seu corpo e deixo minha mão livre brincar com seus cabelos, ela escorrega o corpo pelo colchão até parar a cabeça no meu peito, a mão sobre minha barriga, eu afundo meu rosto nos seus cabelos, sentindo o perfume dela, então desço o caminho para o seu pescoço, ela solta um suspiro e afasta a cabeça me dando mais espaço, então meus lábios tocam sua pele até sua boca, ela sorri e nos beijamos, o beijo começa a avançar e ela acaba com metade do corpo no meu colo.
– Acho que isso tem lá suas vantagens – eu falo quando o beijo termina ela ri, e passa os braços em volta de mim me abraçando, ela coloca o rosto no meu peito e inspira profundamente, então sobe pelo meu pescoço até minha boca, nossos olhos se encontram e eu sorrio antes de segurar ela pela cintura e a jogar deitada na cama, ela solta um grito surpresa e ri, mesmo tentando parecer irritada, eu apoio meu corpo por cima do dela e coloco vários beijos seguidos pela sua bochecha e seu pescoço, ela continua rindo, até que eu paro nossos rostos próximos demais, ela me olha com um sorriso ainda no rosto e esse o tipo de momento que eu sempre procuro guardar cada detalhe na minha mente, quando ela está sorrindo, descontraída, alegre, leve, quando eu vejo mais uma vez a mulher incrível que eu me casei, aquela que me deu os maiores presentes da minha vida e aquela que eu sei que sou incapaz de continuar se ela não estiver do meu lado, e eu faço a única coisa que eu realmente quero fazer, eu a beijo com toda paixão e amor que eu sinto por ela, e ela não hesita quando corresponde com o mesmo desejo, logo o beijo avança, nossas roupas são largadas em algum canto e nos perdemos um no outro.
– Sabe... Eu acho que consigo conviver com isso – eu falo enquanto meus dedos seguem um caminho pelas costas nua dela, sua pele se arrepia e ela se esquiva puxando o lençol.
– Tô com fome – ela fala apoiando o queixo na minha barriga e me olhando, eu sorrio.
– Pães de queijo? – eu pergunto já sabendo a resposta, ela sorri e sai de cima de mim se enrolando no lençol, eu puxo minha calça do chão e a coloco – Já volto – eu aviso já saindo do quarto, como eu já havia deixado alguns prontos apenas esperando pra assar, eu logo os coloco no fogo, o cheiro começa a invadir quando ela entra pela cozinha, nós esperamos sentados e conversando enquanto de um em um minuto ela me faz verificar se já não está pronto, quando finalmente eu o tiro do forno, ela quase queima os dedos mas não espera esfriar, nós comemos jogados pelo sofá, e quando finalmente o relógio marca dez minutos para as nove eu me levanto.
– Nove horas – eu falo e ela ri.
– Na verdade falta dez minutos – ela fala olhando o relógio.
– Até eu chegar lá – eu falo dando de ombros, já pegando a chave e puxando minha camisa que eu trouxe lá de cima.
– Eu vou com você! – ela avisa e pula do sofá, eu estranho mas não comento nada, nós saímos de carro e chegamos em menos de cinco minutos, as luzes, musica e muitas vozes ainda parece a todo vapor lá dentro, eu paro o carro a alguns metros do portão e olho o relógio, já ia reclamar quando vi Pyter, Keyse, Ryan e uma garota se aproximando do portão, eu sorrio aliviado, até ver a mulher atrás deles.
– Ah não! – eu falo e Katniss se inclina pra ver melhor, ela ri vendo minha cara – Nem em uma festa – eu falo quando vejo a diretora com a mão sobre o ombro dele falando algo que ele obviamente está revirando os olhos, eu abro a porta do carro e desço, Katniss também e para ao meu lado esperando eles, Ian e Pérola também vem logo atrás da diretora, Katniss tenta segurar o riso.
– Boa noite – eu falo pra ela quando se aproxima esperando que ela apenas tenha acompanhado eles aqui.
– Boa noite Senhor Mellark! Katniss... – ela cumprimenta com um sorriso fraco – Bom, eu lamento ter que fazer isso mas nós tivemos um pequeno problema – ela fala e olha pro Pyter, que está rindo de forma completamente suspeito com Keyse.
– Um problema? – eu pergunto me preparando.
– Nós teríamos um desfile durante a festa mas parece que de uma forma muito misteriosa todos os pés direito dos sapatos sumiram, e o vídeo que fizemos sobre a importância da primavera foi substituido por um vídeo da aula de biologia que mostrava a evolução dos fungos em um pedaço de pão – ela mal termina de falar e a risada de Katniss a interrompe, ela lhe lança um olhar sério e ela tenta segurar o riso.
– Desculpa! Isso é... – ela respira fundo e volta a falar mais séria – Pyter, você fez isso? – ela pergunta tentando parecer brava.
– Não! A gente tava dançando – ele fala e olha pra Keyse que confirma.
– Verdade! Era até aquela musica da noite de primavera que eu adoro! Não perderia aquilo por nada – ela fala exageradamente e mesmo se não conhecesse ele saberia que ela está mentindo.
– Eu já falei pra ela que a gente tava junto mas ela não acredita – Ryan fala com a cara mais lavada que consegue, a garota com ele, apenas concorda meio receosa, ela é mesmo bonita, mas no momento não reparo muito.
– E a senhora viu eles fazendo algo? – Katniss pergunta e ela nega.
– Mas com um histórico como o deles... – ela fala olhando pro Pyter e Ryan.
– Mas isso é meio injusto! Se ninguém viu – Pérola é quem fala e a diretora a olha surpresa – Nós aprendemos na aula... – ela fala dando de ombros.
– Falsa acusação – Ian completa como se tivesse se lembrado de algo, Pérola concorda – Nós tivemos na aula de Convivencia humana! Todos tem direito a uma segunda chance e de não serem julgados por erros anteriores – ele fala como se estivesse defendendo uma causa importante.
– E ele tirou dez nessa prova – Pérola fala dando de ombros, Pyter e Ryan sorriem satisfeitos e a diretora fica balançada.
– Além do mais onde conseguiríamos o vídeo e como sairíamos com todos os sapatos pela festa sem ninguém ver? – Keyse pergunta e a diretora fraqueja – Se nós realmente fizemos isso, na verdade merecíamos medalhas por conseguir sem que ninguém visse – ela fala fingindo está impressionada, com a cara mais inocente que consegue embora não tenha nada de inocente.
– Tudo bem! Bom, mesmo com esses imprevistos a festa foi muito boa – ela fala e sorri - Os que não vão embora agora, voltam comigo – ela avisa e Ryan se despede cochichando algo no ouvido de Pyter e eles riem, ele e a garota voltam com a diretora, Ian e Pérola, Keyse e Pyter permanecem.
– Só uma coisa... – eu falo olhando pra eles quatro – Você também tava nisso? – eu pergunto olhando pra Pérola.
– Pai, você acabou de escutar! Nós não temos nada a ver com isso – ela fala e sorri.
– Vocês não podem nem curtir a festa? – eu pergunto e Pyter ri.
– Nós curtimos – ele fala e ele e Keyse riem.
– Anda, entrem ... – eu falo abrindo a porta de trás pra eles, que se apertam no banco, Katniss também se acomoda no banco do carona e eu saio com o carro.
– Quantos iam desfilar? – eu pergunto curioso.
– 8 garotas, 3 garotos – Keyse fala sem precisar fazer contas.
– Como vocês conseguiram sair com 11 sapatos sem ninguém ver? – Katniss é quem pergunta o que eu mesmo já estava pensando.
– Nós não saímos – Pyter fala e ela olha pra trás enquanto eu olho pelo retrovisor – Não foi a gente, lembra? – ele fala e sorri.
– É! A gente tava dançando... – Keyse afirma e sorri pra Pyter.
– Vocês também estavam dançando? – eu pergunto olhando pelo retrovisor pro Ian.
– Estavamos, nós estávamos juntos ... todos... A Hannah, o Ryan, todos... – ele fala meio gaguejando.
– Ah pai, todo mundo tava elogiando os pães... – Pérola fala mudando de assunto e eles se empolgam falando sobre o restante da festa, eu paro primeiro na casa do Ian.
– Obrigado – ele agradece já abrindo a porta do carro, eu sorrio ainda olhando pelo retrovisor, então antes de descer, ele beija a bochecha de Pérola e fala algo, ela e ele sai fechando a porta com cuidado, ele agradece novamente e eu espero ele entrar em casa, Philip que abre a porta e nos acena agradecendo, eu sigo duas ruas depois para deixar Keyse que continua animada rindo com Pyter, quando eu paro o carro Pyter que estava na ponta abre a porta e a mantem aberta.
– Tchau! Obrigada! – ela agradece acenando pra nós dentro do carro, Benny logo aparece na porta – Tchau, até segunda! – ela fala pra Pyter e lhe beija a bochecha e ele a dela.
– Ei... – ele chama quando ela se vira e já estava indo pra casa e puxa alguma coisa do bolso e entrega pra ela, que começa a rir e pega, então corre para junto de Benny que estava olhando pro Pyter meio curioso, ele entra no carro e bate a porta, Benny acena e entra em casa, e nós saímos direto pra casa agora.
– Banho, escovar os dentes e cama – Katniss avisa quando eles descem do carro.
– Mãe a gente não é mais criança – Pyter reclama entrando em casa. - Infelizmente – eu acrescento fechando a porta.
– Vocês não vão mesmo dizer como fizeram? – Katniss pergunta e ele se olham fingindo confusão.
– Já ta tarde – Pérola fala e vem até nós beijando nossas bochechas – Boa noite – ela fala e se afasta pra Pyter fazer o mesmo, eles sobem as escadas cochichando e rindo de algo.
– E eles cresceram – eu falo enquanto vejo eles se separarem em entrar em seus quartos, Katniss apoia a cabeça no meu ombro e fica em silencio alguns segundos.
– Eu pagaria pra saber como eles fizeram... – ela fala e nós dois rimos.
– Sabe qual a parte boa nisso? – eu pergunto e ela levanta o rosto pra me olhar.
– Que ainda aceitam eles na escola? – ela pergunta fingindo confusão, eu rio mas nego.
– Quer dizer, isso é bom mas não, não é isso – eu falo e ela me olha mais curiosa – Eles estão tendo tudo que nós não tivemos – eu falo e ela parece um pouco surpresa quando falo – Olha pra eles... Eles estudam, se divertem, tem festas e conseguem quase estragar elas... – eu falo e ela ri de um jeito fraco mas sincero – Nós nunca tivemos isso e talvez nem eles teriam – eu confesso e ela concorda.
– Mas eles tem – ela afirma e eu concordo.
– É, eles tem – eu repito e ela volta a me abraçar, eu a abraço e afundo meu rosto entre seus cabelos e é assim, na frente da porta, abraçado a ela, com o relógio tiquetaqueando, com eles crescendo, com o tempo avançando cada dia mais, é assim que eu tenho aquela sensação de plenitude, de que as coisas estão em seus lugares e que nada no mundo me faz mais realizado do que ver eles tendo uma vida normal e felizes. Esse é o meu objetivo e cada dia me sinto mais realizado e por incrível que pareça ainda mais feliz que o dia anterior.


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