- Recomeçando escrita por HungerGames


Capítulo 53
Capítulo 52




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Eu senti a ansiedade e o medo crescendo cada vez mais naquela sala e a cada segundo o espaço parecia menor, tão menor que eu tinha a sensação que ele nos esmagaria em segundos, o aperto na minha mão se intensificou, eu olhei pra Katniss e ela me olhava de volta procurando força e confiança e eu tentava passar, tentava mesmo, assim como tentava de alguma maneira passar isso para Pérola que não parou de chorar nem por um minuto, ela continuava agarrada a mim, seu corpo tremendo e soluçando, o velho homem já com seus cabelos brancos parado a nossa frente não parecia nada satisfeito e ao mesmo tempo que eu queria sacudir ele em busca de respostas, eu tinha medo do que ele poderia dizer.
– E então? Como ele tá? – Katniss que perguntou, sua voz saiu rouca e falha mas com o silencio que estava foi facilmente ouvida, ele balançou a cabeça algumas vezes como se avaliando o que falar, soltou o ar e então colocou as mãos no bolso do seu jaleco.
– Não muito bem – ele confessou com uma preocupação notavel, nós apenas esperamos que ele contiuasse – Ele está com uma infecção no figado, o que é estranho pois o remedio vinha funcionando todos esses anos, além do mais, não havia rastros do remedio no sangue dele e bom, ele deveria ter tomado de manhã e mesmo que não tivesse feito ainda teria que ter a dosagem anterior... – ele começa a nos explicar e Katniss me olha confusa.
– O que isso quer dizer, que ele não tomou os remédios? – ela pergunta sem entender e ele dá de ombros sem saber direito.
– Nós não sabemos ainda, ele chegou desacordado e irá continuar assim por mais algumas horas, nós lhe demos um sedativo e ele já está sendo medicado! Só teremos mais resposta no final da tarde – ele avisa e tanto Pérola quanto Pyter também estão atentos.
– Mas ele vai ficar bem? – Pérola pergunta e o médico lhe dá um sorriso porém nao muito animador.
– Nós estamos cuidado dele – ele garante a ela e volta a olhar pra mim e pra Katniss – Eu só quero que vocês entendam que na idade dele com o problema que ele tem, deixar de tomar uma unica dose do remedio que seja pode causar complicações e isso não é algo bom! Nós estamos deixando ele de observação mas não sabemos como o organismo dele pode responder e nem ao menos se irá responder! – ele fala e Pérola se aperta mais em mim – Em todo o caso estamos fazendo o melhor possível – ele garante.
– Então faça o impossivel – Katniss fala enquanto tenta se controlar e sua voz sai dura e forte, o médico concorda.
– A gente pode ver ele? – Pyter pergunta se soltando de Katniss. - Por enquanto não! Ele está sedado e precisa descansar um pouco! – ele fala e Pyter se encolhe dececpcionado.
– Quando nós podemos ver ele? – Katniss pergunta mantendo sua postura.
– No final da tarde talvez – ele fala meio que se lamentando.
– E até lá? – ela pergunta encarando o médico.
– Eu aconselho vocês a irem pra casa, não adianta ficarem por aqui - ele fala provavelmente tentando ajudar, mas Katniss não encara assim.
– Ótimo conselho. Muito obrigada – ela fala com ironia, então segurando Pyter de um lado ela também puxa Pérola pra ela e eles se afastam de nós indo na direção das poltronas.
– Eu sinto muito – ele me fala enquanto eles se afastam.
– O senhor acha que ele simplesmente parou de tomar os remédios? – eu pergunto baixo e mais próximo dele, ainda me lembro de anos atrás quando ele fez algo parecido, mas pra minha surpresa o médico nega.
– Não, sinceramente não acho que ele tenha simplesmente parado – ele fala e deve ter percebido meu olhar surpreso por que continua – Ele nem de longe é o melhor paciente, ele questiona tudo, debate, rebate e reclama de absolutamente tudo mas durante todos esses anos ele sempre aparece nas consultas e vinha mesmo que contrariado seguindo as instruções, eu realmente não entendo o que aconteceu mas não acho que tenha sido algo pensado – ele fala e eu concordo mesmo que minha cabeça ainda tente organizar as informações, ele se despede com um pequeno aperto no meu ombro e volta a se perder nos corredores brancos, eu me viro e vejo Katniss sentada na poltrona do meio, Pyter com a cabeça em seu ombro e Pérola com a cabeça sobre suas pernas, meu coração se dilacera em vê-los assim, Katniss me olha e também parece tão perdida e assustada quanto eles, por mais que ela queira se mostrar durona, eu me aproximo deles, me abaixo a frente dela e meus dedos passam pelos cabelos de Perola, ela me olha e as lagrimas que escorrem dos seus olhos me dá um nó na garganta.
– Ele vai ficar bem – eu afirmo com o máximo de confiança que consigo.
– Você não sabe – ela fala e sua voz estremece quando ela diz.
– Nem o médico sabe – Pyter completa também tentando segurar as lagrimas.
– Ei, nós estamos falando do Haymitch ok? Ele é a pessoa mais durona que eu conheço, quer dizer... ele e a sua mãe – eu falo querendo quebrar esse clima pesado, ela não sorri, mas eu não desisto – Eu sei que vai ficar tudo bem. Sabe por que? – eu pergunto olhando pra eles dois e eles negam – Por que o Haymitch que eu conheço nunca daria o braço a torcer... Meu Deus, ele é sempre insuportável, irritante, implicante e nunca, nunca mesmo iria dar o braço a torcer e se entregar, vocês sabem que é verdade, ele já passou por isso antes, bem, vocês não lembram por que eram menores mas ele já passou por isso e sabe como terminou? Com ele reclamando de tudo, por que esse é o Haymitch – eu falo e eles estão concentrados em mim, assim como Katniss que parece também se absorver no que eu digo - ... Ele nunca perderia a chance de voltar pra casa e reclamar da comida ou de como ele odiou a arrumação da sala, muito menos de colocar os pés na mesinha. Eu aposto que ele só está tendo uma pausa por que era o dia dele limpar o quintal! Vocês querem mesmo saber o que vai acontecer... pois bem, ele vai acordar, olhar pro médico e dizer que ele não sabe de nada e que ele se recusa a ficar nesse lugar horrivel, com uma comida pior que a da mãe de vocês – eu falo e agora eles liberam alguns sorrisos abafados e Katniss tenta parecer brava, mas acaba liberando um sorriso meio triste - E então ele vai se levantar e sair reclamando com todo mundo que encontrar pelo corredor – eu falo e Pyter ri - E adivinhem só o que ele vai querer depois? - Sorvete – Pyter fala com o sorriso ainda fraco mas um pouco mais animado que Pérola – Ele diz que é a unica coisa que velhos e crianças ainda podem fazer juntos – ele fala sorrindo e agora Pérola sorri, um sorriso fraco, triste e as lagrimas logo o encontram, mas ainda assim um sorriso.
– E aí eu vou ter que falar pra ele que ele não pode tomar sorvete por que acabou de sair do hospital e precisa ir pra casa e ficar de repouso... – eu começo a falar me forçando a soa animado.
– AÍ ele vai fazer uma careta e sair andando na frente – Pyter completa sorrindo, eu sorrio e passo as mãos pelo cabelo dele bagunçando um pouco, então o puxo pra mais perto e beijo sua cabeça.
– Exatamente! Então a gente vai atrás dele e como sempre, ele faz o que quer – eu concluo e Pérola e Katniss estão abraçadas nos olhando com sorrisos esperançosos – Então nada de caras tristes, por que se não quando ele acordar vai acabar achando que nós amamos ele de verdade – eu falo e dou piscada pra cada um, então eu puxo o ar e me levanto parando na frente deles – Enquanto isso... vocês precisam comer alguma coisa – eu falo e estico a mão pra Pérola, ela a olha alguns segundos – Os três – eu falo e faço sinal pra que eles se levantem, Pyter é o primeiro e para bem ao meu lado, segurando minha mão, Katniss também se levanta e em seguida Pérola aceita minha outra mão, eu forço um sorriso e nós saimos em direção a lanchonete no segundo andar, eu peço sanduiches, salada de frutas e vitaminas para nós quatro, alguns minutos depois o pedido chega, Pyter é o unico que não reclama e logo está comendo, além da fome constante dele ainda tem o fato que ele lutou pela manhã e ainda não havia comido nada, apenas o café da manhã, por isso eu lhe entrego minha salada de frutas também e ele aceita.
– Como você consegue comer com o vovô assim? – Pérola pergunta olhando pra ele com reprovação, seu lanche ainda está intocado, ela apenas deu um gole na vitamina.
– Eu tô com fome e isso não tem nada a ver com o vovô – ele fala ofendido, Pérola continua achando errado.
– Ele tá certo! Deixar de comer não ajuda em nada, você também devia comer – Katniss é quem fala repreedendo ela e empurrando o prato com o sanduiche para mais perto dela, ela rejeita.
– Eu não tô com fome! E ele nunca deixa de comer mesmo, por nada! Nem quando o vovô tá lá dentro e pode morrer – ela fala irritada.
– Cala a boca!Ele não vai morrer, você ouviu o que o papai disse, ele vai ficar bem! E eu me importo sim com ele, você que não! Você nem tava mais ligando pra ele – ele debate também irritado e falando alto – Só queria saber da sua amiguinha e daquele seu namoradinho idiota – ele fala acusando ela.
– Cala a boca você! Você fica fazendo essas coisas idiotas com ele e ele fica cansado! Você sempre você faz isso! Sempre estraga tudo! Ele tinha que ficar quieto mas você sempre faz o contrário, eu aposto que ele passou mal por que você fez ele ficar jogando aquela bolo idiota ontem – ela fala quase gritando e ele se levanta pronto pra debater de novo.
– CHEGA – eu falo forte no mesmo tom de voz alto que eles, as pessoas em volta nos olham e eles param encarando um ao outro – O...que...tá...acontecendo...aqui? – eu pergunto mais baixo e lentamente, Pyter continua em pé encarando Pérola, a respiração forte, os punhos cerrados e os olhos azuis ao inves daquele brilho atrevido estão escuros e furiosos – Qual o problema de vocês dois? – eu questiono apoiando as mãos na mesa e olhando de um para o outro, eles abaixam a cabeça – Olha pra mim. Os dois! Agora – eu exijo e eles fazem mesmo que envergonhados – O que foi isso? – eu pergunto e eles não falam nada – Presta atenção, eu não quero ouvir nada parecido com isso de novo, entenderam? Isso não tem nada a ver com vocês, nem com o Pyter e nem com a Pérola! O avô de vocês não é mais nenhuma criança, ele está sim ficando velho e está doente, mas ele sabe disso e isso não é culpa nem de um e nem do outro. Se eu ouvir algo assim de novo os dois estão de castigo! Os dois – eu enfatizo olhando de um para o outro – Não é por que Pérola tem outras coisas pra fazer que ela não se importa com ele, você sabe disso! Então nunca mais você repete isso, entendeu? – eu falo olhando diretamente pra Pyter – E parar de comer não é solução pra nada! Pyter só tomou o café hoje e ainda teve o campeonato, ele está com fome e DEVE se alimentar, assim como você e isso não quer dizer que ele não se importa, então eu proibo você de falar isso de novo, entendeu? – eu pergunto e ela confirma com lagrimas rolando – Não é hora de brigar! É o avô de vocês, eu sei o quanto vocês dois os amam. Os dois. Igual! E vocês sabem disso também, brigar agora não vai ajudar em nada, vocês devem ficar juntos! SEMPRE. Por que isso aqui – eu faço um sinal ligando nós quatro – É tudo que nós temos, tudo que realmente vale a pena e se vocês não sabem disso então eu realmente não consegui ensinar nada a vocês – eu falo e Pérola volta chorar, um choro de verdade, de dor, as palavras param na minha boca e meu coração se aperta, antes que eu faça algo ela se joga nos meus braços.
– Desculpa pai, Desculpa! – ela pede entre soluços – Eu só quero o vovô aqui, eu ... desculpa... – ela pede sem conseguir terminar as frases, eu tento acalmar ela apertando meus braços nela e fazendo sons tranqulizantes, eu abro o outro braço e Pyter se encaixa nele, eu abraço os dois ao mesmo tempo, espero que Pérola se acalme e então afrouxo meus braços, afasto eles a apenas um braço de distancia e olho pra eles com calma, Pérola já está com os olhos inchados e vermelhos e Pyter esfrega a mão tentando limpar as lagrimas que escorreram.
– Vocês sabem o que fazer... – eu falo e ele se olham, eu não digo mais nada e apenas olho pra eles dois.
– Desculpa! - Desculpa! – eles falam juntos ainda meio timidos e pra minha surpresa é Pyter quem dá o primeiro passo a frente e abraça Pérola, ela logo o abraça de volta, apertando os braços em volta dele e escondendo o rosto no seu ombro, como ele já está na altura dela e ainda é mais forte ela parece perfeitamente encaixada nele, enquanto ele acaricia os cabelos dela e fala alguma coisa no seu ouvido, ela concorda e eles continuam abraçados, quando olho pra Katniss ela está passando a mão pelo rosto limpando as lagrimas, mas os olhos avermelhados não deixam que ela disfarce muito, Pyter e Pérola se soltam, mas ela continua agarrada meio de lado nele e eu forço um sorriso aprovador, nós terminamos o lanche e depois eu vou procurar um telefone pra ligar pra padaria, Philip que atende, eu explico a ele que estamos no Hospital e que Haymitch está internado, ele diz que sente muito, que podemos contar com qualquer um deles e essas coisas que nós sempre dizemos, eu peço apenas que ele leve as coisas por lá e desligo, volto pra sala de espera onde Katniss, Pérola e Pyter estão, a tv está ligada passando algum programa de culinária mas ninguém está olhando pra ela, Pyter e Pérola estao sentados lado a lado conversando alguma coisa baixo, Katniss está em pé no canto da sala, braços cruzados, cabeça apoiada pra trás e olhos fechados, eu me aproximo dela, passo meus dedos pelo seu rosto e ela abre os olhos, avermelhados e ainda mais cansados.
– Tem certeza que não prefere ir pra casa? Não tem mais nada pra fazer aqui – eu sugiro e antes que termine ela está negando.
– Eles não vão querer sair daqui! – ela fala como se esse fosse o unico motivo, como se ela também não quisesse sair daqui.
– Tudo bem! Mas você deveria sentar um pouco então – eu falo apontando as poltronas vazias.
– Agora não – ela nega esfregando as mãos no rosto – Eu juro que eu mesma mato ele quando ele acordar – ela fala soltando o ar cansada, eu forço um sorriso por que pelo menos ela já parece mais otimista.
– Não é muito diferente de como ele tem vivido esses anos – eu falo implicando com ela e ela libera um pequeno sorriso cansado.
– Oh, achei vocês – a voz nervosa entra pela sala de espera, Delly vem até nós de braços abertos e logo está abraçando a mim e Katniss juntos – Eu sinto muito! Como ele está? Como vocês estão? Eu vim assim que Philip contou, imagino como vocês estão preocupados... – ela desata a falar e nós mal temos tempo de responder a primeira pergunta, mas Delly sempre faz isso quando fica nervosa, eu espero que ela termine seu monólogo.
– Ele tá sedado agora! Só vamos saber exatamente como ele está em algumas horas, enquanto isso só podemos esperar! – eu falo e ela leva a mão a boca suprimindo um som triste, então se vira para onde as crianças estão e vai até elas, as abraçando assim como fez conosco, Ian veio junto com ela e está a alguns passos de mim me olhando meio nervoso, sem saber ao certo o que dizer.
– Eu sinto muito – ele fala mas logo desvia o olhar pra Katniss.
– Obrigada – ela fala e passa a mão pelo cabelo dele, ele sorri e me olha de novo, provavelmente ainda está lembrando da nossa ‘’conversa’’, melhor assim, então ele estica um saco de papel e me entrega – A gente trouxe da padaria – ele fala e eu pego enquanto ele se mantem segurando um outro.
– Obrigado – eu falo enquanto olho dentro do saco, pão de nozes trançado, dois pedaços de bolo e alguns biscoitos, eu sorrio – Isso é ótimo – eu falo e ele sorri aliviado.
– Tem outro. É pra eles – ele fala e olha pra onde eles estão como se pedindo permissão, eu concordo e ele vai até eles dois, Delly volta até nós e deixa eles três sozinhos.
– Eles são muito agarrados ao Haymitch né? Deve está sendo muito dificil – ela constata aquilo que já é mais do que óbvio para nós, Katniss responde algo que eu não escuto direito, por que estou olhando eles três, Ian se sentou ao lado da poltrona de Pérola, lhe entregou a saco de papel e ela abriu, ele disse algo e um sorriso discreto apareceu no seu rosto, ele falou mais alguma coisa e dessa vez o sorriso dela aumentou, um sorriso sincero como não tinha aparecido desde que entramos aqui e mesmo que eu ainda mantenha minha opinião de que não gosto muito dessa situação também não posso negar que ver ela sorrindo me faz sorrir também e não posso tirar o mérito dele, ele conseguiu o que eu estava tentando até agora e isso é algo que conta a favor dele, os três começam a conversar e aos poucos Pérola parece um pouco menos nervosa e finalmente já não está mais choramingando, ao contrario agora ela parece um pouco mais animada e menos ansiosa, eu me permito respirar aliviado.
– Tem certeza que não querem nada? – Delly pergunta e eu desvio minha atenção para ela – Eu posso pegar um suco, uma vitamina, um café... Qualquer coisa é só pedir! Vocês não devem ter comido direito ainda – ela se oferece sinceramente e preocupada.
– Não precisa! Obrigada – Katniss agradece mas ela ainda não parece convencida.
– Nós lanchamos agora pouco! Tá tudo bem! – eu falo e ela nos analisa um pouco. - Tudo bem! Mas qualquer coisa que precisarem podem falar comigo – ela fala e eu já ia agradecer quando vejo o médico entrando na sala de espera, eu e Katniss parecemos combinar quando andamos até ele.
– Alguma novidade? – ela pergunta e ele sorri e para no caminho.
– Ele acabou de acordar! E como já era esperado não quer deixar ninguém encostar nele! – ele fala e nós respiramos aliviados, Katniss solta o ar e passa as mãos no cabelo, parece que um peso saiu dos meus ombros, eu abraço Katniss e ela me abraça de volta, Pérola e Pyter pulam da cadeira e param ao nosso lado.
– A gente pode ver ele? – ela pergunta ansiosa e já sorrindo.
– Com certeza! Ele disse que ninguém chega perto deles antes de vocês dois – ele fala e os dois sorriem e se abraçam animados.
– Vamos – Pyter fala já saindo na frente, Pérola logo atrás deles e eles correm pelo corredor.
– Terceira porta a esquerda – o médico avisa e eles continuam a correr, nós seguimos com o médico logo atrás deles, quando entramos os dois estão na cama com ele, cada um de lado, agarrados aquela figura com aparência cansada, mas que agora sorri daquele jeito que só eles conseguem fazer acontecer.
– Cuidado – eu aviso vendo como eles estão empolgados em cima da cama e quase em cima dele.
– Você ficou aqui o dia inteiro – Pérola fala e sua voz embarga, ele sorri de um jeito meio triste e a abraça, parece ainda mais velho e cansado que qualquer outra vez, ela encaixa o rosto entre seu ombro, ele beija sua cabeça enquanto também abraça Pyter do outro lado.
– Tudo bem! Só tirei um cochilo, agora eu já estou aqui – ele fala com uma tentiva de humor, mas sua voz sai rouca e baixa.
– Jura que nunca mais faz isso? – Pyter pede olhando diretamente nos olhos dele.
– Eu acho que agora vocês deviam descer da cama e deixar o médico fazer o trabalho dele – eu falo cortando a resposta, por que a verdade é que ele não pode prometer isso, eu não posso, ninguém pode, então pra quê mentir, eles negam e se agarram ainda mais nele.
– Eu não preciso de nada! Só quero sair daqui logo – ele fala já irritado como sempre.
– Só depois dos exames finais – o médico alerta e ele revira os olhos.
– Eu não vou fazer nada – ele avisa e Pérola e Pyter o soltam rapidamente.
– Vai sim! – ela avisa séria.
– Tem que fazer tudo – Pyter afirma e ele solta o ar derrotado.
– Vocês deveriam acompanhar ele nas consultas – o médico fala sorrindo.
– Por que o senhor não faz logo o que tem que fazer e então a gente tem o resultado e pronto? – Katniss fala meio ansiosa e irritada.
– A senhora tem razão - ele fala e se aproxima da cama – Mas eu vou ter que pedir que esperem lá fora mais um pouco – ele fala e dessa vez eles concordam sem discussão e descem da cama, nós deixamos eles no quarto e esperamos no corredor.
– A gente nem se despediu da Delly – eu lembro e nós voltamos a sala de espera e encontramos ela e Ian sentados, eles se levantam assim que nos veem, Pyter e Pérola vão até o Ian e ela vem até nós.
– E então como ele está? – ela pergunta ansiosa. - Arrumando confusão – eu falo e ela sorri aliviada.
– Que bom – ela fala e eu concordo também aliviado. Nós ficamos esperando com eles e se antes Ian conseguia arrancar sorrisos de Pérola agora ela já está rindo e ele parece bastante satisfeito com isso, eu já não posso dizer o mesmo, agora que uma das preocupações se foi eu voltei a dar atenção a eles e essa história ainda não me agrada muito, Pyter percebe meu olhar e ri, então se aproxima de mim, Katniss e Delly estão conversando e não nos dão atenção.
– Ele é legal – ele fala quando para ao meu lado, eu o encaro – Eu acho que eles se gostam – ele completa dando de ombros.
– Continua de olho neles ok? – eu falo e ele concorda fazendo um sinal de continência.
– Sim, senhor – ele fala implicando comigo e então Pérola solta outra risada e ele a olha quase que hipnotizado e ao mesmo tempo que eu não aprovo isso eu reconheço aquele olhar, por que era assim que eu olhava pra Katniss enquanto a observava de longe, e talvez, apenas talvez, ele realmente mereça uma chance, mas não agora, com certeza não agora, quem sabe daqui uns... dez, vinte, trinta anos, é, talvez. Os minutos passam e então o médico volta, nós nos despedimos da Delly e do Ian e voltamos para o quarto.
– Eu preciso conversar com vocês – ele avisa quando iamos entrar no quarto, nós paramos na porta e deixamos apenas as crianças la, fechamos a porta e paramos no corredor.
– Algum problema? O que ele tem? – Katniss exige assim que nos afastamos um pouco da porta.
– Ele realmente não tomou os remédios – ele fala e eu já estava a ponto de xingar ele – Mas não foi de propósito – ele avisa rapidamente quando vê minha cara – Na verdade ele fez uma confusão e trocou o horario dos remédios, por isso causou esse transtorno, ele realmente acreditava que estava fazendo o certo e eu tive que mostrar a receita dele pra ele aceitar que havia errado, não acho que ele esteja fingindo, na verdade tenho certeza que não! O problema é que a mente dele já não é a mesma de 30 anos atrás como ele insiste em dizer que é, e uma das consequencias do passar dos anos é não se lembrar de tudo, nós mesmos já esquecemos algumas coisas, imagine só ele, por mais que ele diga que não precisa de ajuda, sim, ele precisa! É normal esse tipo de esquecimento e isso não é motivo pra preocupação, o problema é ele trocar sempre os horarios dos remedios, isso pode ser um problema grave – ele nos explica com toda atenção.
– E o que nós faremos? – eu pergunto sem saber o que fazer.
– Bom, meu conselho seria dizer para que vocês arranjassem alguém pra ficar perto dele, como uma enfermeira por expemplo, mas nós já sabemos que ele nunca aceitaria isso, eu apenas tentei sugerir isso a ele e quase fui expulso do quarto, então meu segundo conselho é que vocês fiquem de olho nele! Eu vou entregar a ele a receita com os remédios e horários e entregarei uma a vocês, e se quiserem evitar algo assim novamente sugiro que não se descuidem dela, os horários devem ser respeitados rigorosamente, assim como a dieta, infelizmente isso dará mais trabalho a vocês, por que eu terei que cortar mais algumas coisas, pelo menos por enquanto, nessa recuperação e ele com certeza não irá aprovar, mas é preciso! – ele nos explica e nós ouvimos tudo com atenção, depois de todas as instruções ele vai atender outro paciente e nós entramos no quarto, as risadas deles três enchem o quarto e por um segundo não parece que estamos em um hospital.
– Parece que você já está ótimo – Katniss fala quando para ao lado da cama dele, ele a olha com um sorriso irônico.
– Sentiu tanto minha falta assim docinho? – ele pergunta implicando com ela que o olha com desprezo.
– Passar o dia num hospital não é minha definição de um dia perfeito – ela fala fingindo não se importar, ele ri.
– Claro, isso não tem nada a ver com você ter sentido um medo enorme de me perder – ele fala rindo.
– Não seja ridiculo – ela fala mantendo a indiferença, revira os olhos e se afasta da cama.
– Eu também te amo docinho, também te amo – ele fala rindo e implicando com ela, então uma enfermeira entra no quarto trazendo o almoço dele, ela prepara a bandeja suspensa sobre o corpo dele e só assim que as crianças descem da cama.
– Isso não é nem uma sopa – ele reclama enquanto enche a colher e deixa o liquido ralo e de cor marrom escorrer para o prato de novo, Pyter faz uma cara de nojo e Pérola o incentiva a comer.
– Será que vai demorar muito pra gente poder ir? – Katniss me pergunta enquanto estamos observando eles dois.
– Acho que não, ele já parece bem – eu falo olhando como ele ri enquanto Pyter repete pela terceira vez como ganhou a luta em apenas um golpe. A noite havia acabado de chegar quando o médico retorna ao quarto,dessa vez com as receitas, horários e finalmente a alta do Haymitch, ele vai se trocar e nós o esperamos no corredor, quando sai de lá mesmo abatido ele parece com aquele mesmo velho irritado de sempre.
– Eu estou fedendo a hospital – ele fala fazendo uma careta.
– Melhor que seu cheiro natural – Katniss fala dando de ombros.
– Eu poderia dizer o mesmo de você queridinha! – ele fala e ela o ignora dando as costas e seguindo o caminho, eu apenas acho graça deles dois, eu dou a mão a Katniss enquanto Pyter e Pérola se posicionam ao lado do Haymitch ajudando-o a andar, ele precisa de uma ajuda extra pra entrar no carro e eu o faço, logo saimos do Hospital e finalmente chegamos a Aldeia.
– A gente pode ficar lá no vovô hoje? Por favor...Por favor...Por favor – Pyter pede juntando as mãos em suplica. - Seu avô dorme lá em casa hoje – Katniss avisa e eles comemoram.
– Eu vou pra minha casa – ele fala e Katniss puxa o ar se preparando pra discussão. - Por que você sempre tem que complicar as coisas? – ela pergunta passando as mãos no cabelo.
– Olha aqui docinho, eu sei que deve ter sido doloroso achar que iria me perder, aposto que você ficou imensamente abalada com isso mas eu sou um adulto, e ainda posso tomar as minhas decisões! – ele fala com ironia e irritado ao mesmo tempo.
– Quer saber? Faz o que você quiser, eu não me importo – ela fala também irritada.
– Mas a gente pode dormir no vovô? – Pyter pergunta ansioso.
– Ela não vai negar isso a um velho que esteve a um passo da morte vai? – Haymitch pergunta a Katniss fazendo uma cara de dor.
– Vocês vão tomar banho antes de irem – ela avisa e eles comemoram e depois correm para dentro de casa.
– Eu vou fazer alguma coisa pra gente comer, por que eu acho que todos precisamos – eu falo e eles concordam.
– Por que você não espera aqui em casa? – Katniss sugere e ele a olha curioso.
– Tá com medo que eu bata as botas docinho? – ele fala com um sorriso sarcástico.
– Não enche – ela fala e vira as costas pra ele – Eu só me preocupo com eles, você deveria fazer isso também – ela fala e entra em casa irritada, ele ri.
– Você deve gostar muito dela pra implicar tanto né – eu falo e ele ri mais alto.
– Eu não suporto essa garota – ele fala mas sorri de um jeito sincero – Nem ela a mim – ele completa e dá de ombros.
– É, eu sei – eu falo com ironia – Vocês realmente se odeiam – eu falo fingindo acreditar, ele concorda.
– Tem coisas que não mudam – ele conclui e então volta a andar na direção de casa, como ele ainda está fraco e se arrastando mais que o normal eu o ajudo segurando seu braço quando ele sobe o degrau pra dentro de casa – Vai na frente antes que ela resolva ir pra cozinha – ele fala rindo, eu também acabo rindo e o sigo pra dentro de casa, ele vai pra sala e se joga no sofá, eu vou até a cozinha mas Katniss não está lá, aproveito pra começar a preparar algo para comermos, como Haymitch ainda está com as restrições dele resolvo fazer uma sopa de legumes, escuto quando Pyter desce as escadas correndo e Katniss briga com ele, logo em seguida ela entra na cozinha.
– Cheiro bom – ela fala e vem até a mim no fogão – Sério? Sopa? – ela fala reprovando a opção.
– Era o que dava pra fazer – eu falo e ela faz uma cara de reprovação mas pega uma colher e experimenta mesmo que ainda esteja quente demais, ela acaba balançando a cabeça de forma aprovadora.
– Nada mal – ela confessa e se afasta pra preparar mesa, colocando os pratos e talheres, em mais alguns minutos eu termino a sopa, Katniss chama por eles e logo estão sentados em seus lugares.
– Isso é comida de doente – Haymitch reclama quando vê a sopa.
– Mas você tá doente – Pyter fala e ele faz sinal pra que ele fique quieto, ele acaba rindo.
– E você tem que comer tudo – Pérola avisa a ele e como resposta ele enche a colher e leva a boca fazendo uma cara de aprovação, ela parece contente e nós comemos todos juntos, a panela termina vazia e todos satisfeitos.
– Até que ficou bom – ele confessa ainda tentando manter uma indiferença.
– Escovar os dentes – Katniss avisa apontando eles dois e eles correm apressados, Katniss se levanta e sai da cozinha.
– Como você tá? – eu pergunto e ele faz um sinal de positivo com o dedo – É sério. Você tá sentindo alguma coisa? – eu pergunto e ele nega sério.
– Eu to bem, de verdade – ele garante de forma sincera e eu acredito, Katniss volta a cozinha e coloca dois comprimidos na mesa em frente a ele, vai na direção da pia e enche um copo com agua e coloca ao lado dos comprimidos, e o encara esperando.
– Sabe... é até comovente ver vocês dois cuidando de mim – ele fala com ironia e sorrindo, então pega os comprimidos – Acontece que eu não sou uma criança – ele fala e então joga os comprimidos na boca.
– Claro que não, elas não dão tanto trabalho – Katniss fala e se afasta.
– Eu não pedi nada queridinha – ele devolve depois de beber um gole da água, ela já ia se virar pra responder quando eu interrompi.
– Geralmente eu até gosto dessa briga de poder de vocês, mas será que hoje vocês podem só calar a boca e admitir que se preocupam um com outro? – eu peço olhando do Haymitch para Katniss, eles se encaram alguns segundos.
– Amanhã eles tem aula, não deixa eles dormirem tarde – ela fala olhando pra ele, ele concorda e eles ainda se encaram em silêncio alguns segundos, até que Pyter e Pérola entram na cozinha.
– Vamos? – Pérola pergunta já ao lado dele.
– Claro! Vamos... – ele fala e afasta a cadeira ficando de pé, ela o ajuda e Pyter se apressa em ajudá-los também – Mas nada de dormirem tarde por que amanhã vocês tem aula – ele fala e olha pra Katniss.
– Boa noite mãe – Pérola se afasta dele e dá seu beijo de despedida em Katniss, depois vem até a mim e faz o mesmo.
– Boa noite – Pyter fala do mesmo lugar que está.
– Não merecemos um beijo de boa noite? – eu pergunto e ele me olha como se eu fosse mudar de ideia, eu o encaro e abro os braços esperando, ele revira aqueles brilhantes olhos azuis mas vem até a mim com um sorriso meio divertido.
– Boa noite pai – ele fala e beija minha bochecha, eu faço o mesmo com ele e mais uma vez me surpreendo com o quanto ele cresce rápido.
– Boa noite meu campeão – eu falo e bagunço aqueles fios negros meio rebeldes, ele ri orgulhoso e vai se despedir de Katniss, então eles saem cada um de um lado do Haymitch, quando a porta se fecha Katniss solta o ar cansada e passa as mãos no rosto.
– Achei que esse dia nunca fosse acabar – ela confessa e eu lhe forço um sorriso que também sai cansado, mas me aproximo dela, meus dedos afastando alguns fios de cabelo do seu rosto.
– Eu sei do que você precisa... – eu falo e ela ergue a sobrancelha esperando que eu diga – Um bom banho de banheira – eu falo e um sorriso satisfeito surge no rosto dela.
– Eu acho que é uma boa ideia – ela fala sorrindo e passa os braços em volta do meu pescoço. - Eu sempre tenho boas ideias – eu falo e também sorrio e então eu a beijo, um beijo lento e demorado - Mas infelizmente as banheiras não se enchem sozinhas – eu falo quando o beijo para e ela concorda me soltando, nós desligamos as luzes e trancamos a porta e então subimos, eu vou direto pro banheiro e coloco a banheira para encher, aproveito para pegar a roupa que ela deixou jogada pelo meio do banheiro.
– Sinceramente eu não sei pra que você coloca o cesto de roupas no banheiro se você joga no chão... – eu falo assim que saio do banheiro, ela estava terminando de tirar a camisa e jogar pra cima da cadeira – Ou pelos moveis – eu acrescento quando a camisa para em cima da cadeira, ela revira os olhos.
– Eu tiro amanhã – ela fala sem se abalar muito e continuo se livrando das roupas, agora ela tira a calça e faz o mesmo que fez com a camisa.
– Ok! – eu falo e levanto as mãos como quem perdeu – Desisto – eu admito e ela sorri.
– Que bom – ela fala vitoriosa, eu acabo sorrindo e então me aproximo dela, meus dedos escorregam pela sua barriga e vai para as costas dela, ela continua me olhando e eu aproximo meu corpo dela, eu apenas deixo nossos olhares se encontrarem e como sempre, não precisamos de palavras, nossos labios se encostam e dizem tudo que precisamos saber, o beijo lento e suave aos poucos ganha força e só para quando já estamos sem ar, nossas testas permanecem encostadas e novamente nossos olhares se encontram, ela solta o ar relaxando e fecha os olhos novamente, meus dedos passam pelo seu rosto, pela sua sobrancelha, contorno dos olhos e os labios, eu lhe dou beijo rápido e me afasto alguns centimetros.
– Eu vou ver seu banho – eu aviso e ela apenas concorda, eu vou até o banheiro, jogo todos os liquidos e sais na agua e já estava indo chamar por ela quando ela entra no banheiro.
– Acho que já está pronto – eu falo passando a mão na agua que já tem espuma, ela passa por mim e termina de tirar a roupa, então entra na banheira, ela suspira satisfeita, fecha os olhos e apoia acabeça na borda – Isso está muito bom! – ela fala baixo e relaxada, eu sorrio e tiro minha camisa – Onde você vai? – ela pergunta me olhando.
– Entrar no banho que eu preparei? – eu pergunto com ironia e ela nega.
– Tem o chuveiro – ela fala me apontando o box, como resposta eu tiro minha calça e entro na banheira, quando me sento de frente pra ela a agua acaba transbordando, ela me olha como se eu tivesse feito besteira, eu ignoro então alcanço seus pés e os coloco sobre minha perna, antes que ela reclame eu os massageio, qualquer frase ou palavra de desaprovação é cancelada e ela sorri satisfeita, eu sorrio vitorioso, mas ela ignora e volta a apoiar a cabeça na borda da banheira, nós ficamos assim por varios minutos, eu massageando os pés dela e ela relaxada de olhos fechados.
– E quando acontecer de verdade? – ela pergunta me tirando dos meus pensamentos e quebrando o silêncio, eu a olho ainda meio confuso – E quando não for só o erro de um remédio ou uma coisa contornavel? E quando for a hora mesmo? Como vai ser? – ela pergunta e então eu começo a entender do que ela está falando, é a mesma preocupação que eu também estava – Como nós vamos falar isso pra eles? Como eles vão ficar Peeta? – ela pergunta exigindo uma resposta.
– Eu não sei! – eu confesso dando de ombros com a mesma duvida que ela – Eu realmente não sei! – eu repito e ela permanece me olhando esperando que eu diga algo mais – Mas eu tenho certeza que por mais que eles sofram e eu sei que eles irão sofrer... nós estaremos aqui com eles! Eles não estarão sozinhos e por pior que pareça nós vamos ajudar eles a superar isso – eu falo tentando diminuir essa preocupação dela.
– A morte não é algo que possa ser superado, você sabe disso – ela fala com a voz embargada. - Talvez não! Mas nós podemos viver com isso, não podemos? Nós não vivemos? – eu pergunto e ela apenas me olha.
– Eu não queria que eles passassem por isso – ela admite angustiada.
– Nem eu! Mas não é algo que podemos controlar! Você sabe disso, tudo que podemos fazer é estar com eles! – eu falo e ela concorda mas desvia o olhar de mim e encara o teto, posso ver que ela está tentando permanecer forte, eu libero seus pés e me arrasto para mais perto dela deixando mais agua cair pelo chão, mas não me importo, eu paro com o rosto de frente pro dela e ela me olha enquanto mantem sua postura – Ele ainda está aqui e eu tenho certeza que vocês ainda vão brigar bastante – eu falo e ela acaba liberando um sorriso mas ele logo se fecha e ela me abraça, seus braços me envolvem apertados em busca de algum conforto, e eu a envolvo nos meus braços disposto a isso, nós apenas ficamos abraçados enquanto ela mantem a cabeça no meu ombro, eu deixo que ela se acalme pelo tempo que quiser, então depois de alguns minutos, os braços dela se afrouxam e ela desencosta a cabeça do meu ombro, ela para o rosto de frente pro meu e sem dizer nada ela apena me beija, dessa vez o beijo é necessitado e urgente e eu correspondo igualmente, ela passa as pernas em volta de mim e eu a envolvo nos meus braços, e conforme nossos corpos se juntam e sua pele molhada se esfrega a minha qualquer outro pensamento, preocupação e ansiedade se distanciam, no lugar entra toda fome, desejo e paixão que eu sempre tenho por ela, quando nós nos tornamos um só nada mais importa, nossos movimentos e respirações são sincronizados e nós nos perdemos um no outro. No dia seguinte quando eu acordo Katniss ainda está dormindo, eu saio da cama com cuidado pra não acordá-la, fecho as cortinas pra bloquear o sol que ainda não nasceu mas não irá demorar, eu vou pro banheiro e a visão do chão ainda molhado me faz sorrir, eu escovo meus dentes e saio pra pegar minha roupa, coloco minha camisa preta ja que a branca não acho e a calça jeans, já estava entrando no banheiro de novo quando vejo Katniss se debatendo, ela resmunga algumas coisas e eu já estava indo até ela quando ela solta um grito e se senta rápido na cama, seus olhos se arregalam, sua respiração é pesada e ela parece perdida.
– Ei, eu tô aqui – eu falo e praticamente pulo na cama parando na frente dela, eu seguro seu rosto entre minhas mãos e a forço a me olhar.
– Peeta... – meu nome parece escorregar da sua boca e ela passa os dedos pelo meu rosto como se pra se certificar que estou ali, quando ela parece ter certeza ela se joga em mim e me abraça.
– Tudo bem, tudo bem! Eu tô aqui – eu falo acariciando seus cabelos, então ela se afasta de mim rápido e olha ao redor.
– Cadê eles? – ela pergunta já se afastando e saindo da cama, enquanto eu me levanto ela já está correndo pra sair do quarto.
– Katss... Espera – eu chamo por ela mas ela sai, eu vou logo atrás e ela já estava parada na frente do quarto deles.
– Cadê eles Peeta? – ela pergunta segurando a minha camisa.
– Calma... eles estão bem! Estão no Haymitch, eles dormiram lá lembra? – eu aviso devagar e olhando nos olhos dela, ela olha ao redor e aos poucos parece se localizar, ela relaxa os braços e solta minha camisa, ela passa as mãos no rosto.
– Desculpa – ela fala ainda com o rosto tampado.
– Tudo bem! – eu falo e seguro suas mãos descobrindo seu rosto, ela me olha e seu olhar ainda tem aquela angustia de antes – Tá tudo bem – eu confirmo e a puxo para um abraço, ela aceita e apoia a cabeça no meu peito.
– Eu tenho que me trocar, hoje nós temos a distribuição – ela fala quando se afasta alguns centimetros, eu a observo com atenção - Melhor você ir chamar eles se não eles vão se atrasar – ela fala quando percebe meu olhar.
– Eu vou – eu confirmo e ela tenta parecer satisfeita – Tudo bem? – eu pergunto para confirmar e ela forço um sorriso e confirma, então se vira e vai para o quarto, eu ainda fico alguns segundos parado olhando na direção que ela foi, mas acabo me conformando, durante todos esses anos, eu aprendi que as vezes o melhor a fazer é ignorar esse tipo de coisa, nós ainda temos todas as nossas marcas e cicatrizes e em alguns casos o melhor a fazer é apenas seguir em frente, não importa o que você diga, ou tente melhorar, as coisas são o que são, então se prender ao agora é a melhor opção, por isso eu deixo que ela se arrume e desço, como ainda está cedo, adianto o café da manhã antes de chamá-los e quando termino e já estava indo, eles entram em casa.
– Cala a boca – a voz do Pyter é a primeira e mais irritada.
– Cala a boca você – Pérola devolve e a porta bate forte – Eu vou falar pro papai – ela avisa quando o barulho acontece.
– Eu vou falar pro papai – ele imita ela com uma voz fina, eu apareço na porta da cozinha para a sala e ele que já ia falar mais alguma coisa para com o susto.
– Se você quebrar a porta eu vendo seu video game pra pagar outra nova – eu aviso e Pérola ri – E se faltar dinheiro eu vendo seus livros – eu falo e aponto pra ela, dessa vez ele que ri, mas logo para quando me olha de novo – Aproveitando esse ótimo humor de vocês... o café tá pronto – eu falo e Pyter joga as mãos pra cima.
– Pelo menos uma noticia boa – ele fala com seu jeito exagerado de sempre, eu sorrio e ele passa por mim entrando na cozinha.
– Tô sem fome – Pérola fala ainda com cara de sono e já ia passar direto.
– Tudo bem! Pyter as panquecas são só nossas – eu falo e me viro pra entrar na cozinha, ele comemora e ela logo corre atras de mim.
– Você fez panqueca? – ela pergunta já do meu lado.
– Posso ter feito – eu falo dando de ombros e ela vai até a mesa comprovar – Pena que você tá sem fome – eu falo fingindo uma cara triste mas ela já está colocando uma em um prato, eu acabo sorrindo.
– Essa é a melhor...panqueca...do mundo – Pyter fala exagerando enquanto coloca varios pedaços na boca e fecha os olhos saboreando.
– Isso é nojento – Pérola fala cutucando ele.
– Não! Isso é nojento – ele fala e abre a boca mostrando tudo mastigado.
– AAAH PYTER – ela grita e vira o rosto – Paaai... – ela me olha pra que eu repreenda ele, eu acabo rindo, eu me aproximo e paro no meio deles dois, abraço cada um de um lado.
– Eu amo vocês dois – eu falo e dou uma piscada pra cada um, depois beijo a testa deles.
– É, a gente também te ama – Pyter fala revirando os olhos mas rindo, Pérola fica na ponta dos pés pra beijar minha bochecha.
– Será que sobrou uma pra mim? – eu pergunto olhando o prato deles, então nós nos soltamos e eles voltam a devorar as panquecas, depois sobem pra se arrumar quando descem Katniss está junto com eles, ela parece com uma aparência melhor, eles se despedem dela e saimos de casa, eu sigo com eles pra escola e Katniss para no Haymitch que assim como as crianças falaram estava sentado no sofá assistindo a televisão, ela vai verificar se ele tomou o remédio e eu levo eles pra escola como sempre e depois vou pra padaria, quando chego lá sou recebido por um interrogatório de como eu estou, as crianças e mesmo que ninguém seja fã numero um do Haymitch todos desejam melhoras e que ele volte a assustar as crianças como sempre, depois disso nós voltamos a nossa rotina diaria.
– Junior vai passar um mês no Distrito 3 – Philip fala parecendo ao mesmo tempo triste e orgulhoso.
– Quando? Por que? – eu pergunto estranhando a noticia tão de repente.
– Depois das festas de fim de ano! Ele vai fazer um curso de computação! E só tem lá, Delly já está sofrendo desde agora – ele confessa meio preocupado.
– Imagino! Deve ser dificil mesmo, mas é apenas um mês certo? – eu pergunto e ele confirma – Passa rápido e logo ele tá de volta – eu falo tentando animar ele.
– Claro que vai estar, ele não ia deixar a namorada esperando muito tempo – Benny fala rindo com ironia.
– Ele quase pensou em desistir por isso, mas é a carreira dele, tem que pensar no futuro – Philip fala mesmo que também não pareça muito feliz com a noticia. - Claro que sim! Depois eles terão uma vida inteira pela frente – eu garanto e ele sorri pra mim meio aliviado.
– Bom, gente, aproveitando esse clima de revelações... eu... eu to namorando – Marie fala e a noticia faz todos pararem o que estavam fazendo.
– Você o quê? – Benny pergunta como se ela tivesse acabado de dizer que tem super poderes.
– Namorando? Como assim? – Rory que estava quieto até agora também a olha surpreso.
– Ei, qual o problema? É, eu to namorando, não entendi essas caras de vocês – ela fala parecendo ofendida.
– Não é só que... Namorando? Sério? – Rory ainda parece confuso e ela o encara séria.
– Deixem ela falar certo? – eu falo e ela sorri ironicamente em agradecimento, Marie trabalha com a gente a anos, e nós nunca soubemos de namorados, não que ela seja feia ou tenha algum problema, nada disso, ela é até mesmo uma mulher muito bonita, ela um pouco mais baixa que Katniss, cabelos curtos e dourados, olhos grandes e castanhos, a pele clara e um humor muito bom, ela já arranjou muitos pretendentes aqui pela padaria, varios caras que vinham aqui pra ter a chance de falar com ela, já recebeu também muitos convites para jantar ou tomar um sorvete na praça, mas ela sempre dava um jeito de escapar, apenas uma vez ela aceitou e no outro dia descobriu que o cara era casado e estava voltando para o Distrito 9, desde esse dia ela jurou que não aceitaria nenhum convite e estava cumprindo rigorosamente, por isso todo o espanto do pessoal.
– Eu conheci ele há uns 3 meses – ela confessa e todos se olham e a encaram.
– 3 MESES? E você não contou pra gente? – Benny é o primeiro a se ofender.
– Eu não sabia que ia ficar sério – ela fala dando de ombros.
– Então agora tá sério? – eu pergunto olhando pra ela com curiosidade.
– É, acho que sim – ela confessa e libera um sorriso desses apaixonados.
– Você tá apaixonada – eu falo sorrindo e ela tenta disfarçar.
– Me diz que esse não é casado e nem tem um monte de filhos por aí... – Benny fala rindo.
– BENNY – eu e Philip o repreendemos ao mesmo tempo e ele apenas ri.
– Não! Ele não é casado e nem tem filhos por aí – ela fala irritada mas quando fala dele sorri novamente – Ele não é daqui do Distrito – ela confessa e agora nós nos olhamos confusos.
– Como assim? Da onde ele é? E como vocês se conheceram? – Rory pergunta num interrogatório.
– Ele é médico...de crianças! É do Distrito 2 e nós nos conhecemos numa conferencia que teve aqui no Edificio da Justiça, eu estava na farmacia e ele apareceu e me disse que eu estava comprando o remedio ewrrado, nós conversamos por alguns minutos e depois ele me chamou pra tomar um sorvete – ela confessa sorrindo e suspirando – Eu aceitei e ele foi muito legal, simpatico, bom, depois disso nós trocamos telefone e estamos nos falando – ela confessa e ainda estamos digerindo a informação.
– Então você vai embora? – Benny pergunta sério.
– Que? Não... eu não... perai, você tá com medo de me perder é? – ela pergunta rindo e implicando com ele.
– Eu só perguntei já que está ficando sério e ele não é daqui, bom... – ele começa a falar e ela ri. - Eu não vou me mudar daqui... NUNCA – ela garante olhando pra cada um de nós – Meu lugar é aqui e eu acho que nem saberia viver londe disso aqui – ela fala e abre os braços pra padaria.
– Londe de nós você quis dizer né – Rory fala e puxa o avental dela que acaba sorrindo.
– Também – ela confessa – Vocês são minha familia né – ela admite com um sorriso sincero – Quando Marie chegou no Distrito e veio se oferecer pra vaga na padaria eu realmente tinha outra pessoa em mente, um homem de preferencia já que também precisava do trabalho braçal, mas ela se esforçou tanto pra conseguir a vaga e parecia tão desesperada pra trabalhar que me fez pensar, e ainda descobri que ela não tinha mais ninguém, a mãe que era a unca pessoa que ela ainda tinha havia acabado de morrer cerca de um mês e eu não consegui dizer não a ela, e aqui estamos nós, Benny vai até ela e aperta nos braços dele e ela ri.
– Eu acho bom ele não querer te levar daqui – ele fala e segura ela pelos ombros – Por que você tem 4 irmãos que ficaram imensamente furiosos com ele – ele fala e ela ri.
– E um patrão que se recusa a te dispensar do trabalho – eu completo e ela sorri emocionada.
– Ah gente, eu amo vocês – ela fala e nós a abraçamos todos juntos.
– Mas nós precisamos conhecer ele – Rory avisa enquanto nos separamos.
– Verdade! Ele pode não ser casado ou ter filhos mas ainda temos uma lista pra verificar – Philip´fala e nós concordamos.
– Ele está tentando uma vaga no hospital daqui, talvez ele venha no fim do ano – ela fala sonhadora, então Benny começa as implicancias dele e nós retomamos ao trabalho, a manhã segue com a mesma rotina de sempre e na hora do almoço eu saio pra buscar as crianças na escola, eu ainda tenho que esperar alguns minutos até que eles aparecem, cada um em seu grupo de amigos, mas que acabam virando um grupo só, eles correm até a mim se despedindo dos outros e nós vamos pra casa direto, como é dia de Distrinuição Katniss só volta pra casa no fim da tarde, mas ela já havia deixado o almoço adiantado e eu apenas esquento tudo, nós almoçamos junto com Haymitch mas eu preciso voltar a padaria e deixo que eles fiquem com ele, o que faz Pyter se sentindo muito importante.
– Os dois são os responsaveis! iGUAIS – eu aviso quando eles começam o jogo de poder – Tirando o Haymitch os dois tem juizo – eu falo e ele me faz uma careta, eu dou o remedio a ela antes de sair e deixo eles assistindo televisão, eu volto pra padaria e ficamos preso na rotina de novo.
Quando chego em casa no fim da tarde encontro uma cena um tanto quanto surpreendente. Katniss no sofa, com os pés pra cima da mesinha, Pérola enroscada nela com a cabela sobre sua barriga, Pyter no outro lado e Haymitch na poltrona dormindo e roncando enquanto os três riem dos sons que ele faz, eu paro encostado na parede observando essa cena com um sorriso que com certeza é grande demais mas que não chega nem perto do que eu sinto, a risada deles mesmo que abafada pelas maõs e pelas almmofadas me faz rir junto.
– Paaai – Pérola que me vê primeiro mas logo dimimui o volume da voz, ri e me chama pra se juntar a eles, eu me aproximo, me ajoaelho na frente deles, beijo a testa de cada um e depois beijo a boca de Katniss, o beijo avança apenas alguns segundos e o som de ‘’ecaaa’’ do Pyter nos faz parar e rir junto com eles, depois saimos na ponta dos pés e vamos os quatro pra cozinha e fazemos chocolate quente, e essa é a melhor maneira de terminar mais um dia. E assim os meses foram passando ate o dia 24 de dezembro, a manhã começou agitada, tive que sair mais cedo de casa por que estávamos cheios de encomenda, bolos, pães, doces, tudo para o final do dia, o que significava trabalho mais do que dobrado, quando deu as 10 horas da manhã tive que sair da padaria e voltar em casa pra buscar as crianças para a festa que teria na escola.
– Se você nao colocar a touca você nao sai de casa - a voz da Katniss me alcança assim que eu abro a porta de casa.
– Mas mãe eu já to de casaco, luva. Eu nem consigo me mexer mais - ele reclama batendo o pé no meio da sala, eu tiro meu casaco e penduro atrás da porta, limpo as botas no tapete pra que Katniss nao queira me matar e entro na sala esfregando as mãos, mesmo com a lareira acesa e o aquecedor ainda demora pra me aquecer.
– Eu nao vou repetir - ela avisa apontando pra ele que solta o ar irritado e coloca a touca, Perola desce as escadas já arrumada e de touca - E anda logo! - ela fala e se afasta.
– Se eu conseguir andar - ele reclama baixo e Katniss não ouve. - Deixa de ser reclamao! Ta um gelo la fora, sua mãe ta certa - eu falo e ele revira os olhos.
– Mesmo se ela tivesse errada você ia falar isso - ele murmura cruzando os braços.
– Por que esse humor? - eu pergunto olhando pra ele que dá de ombros.
– Por que eu nao posso nem escolher minha roupa - ele fala como se fosse realmente algo trágico.
– Poderia se você tivesse um pouco de juizo nessa cabeça - Katniss fala enquanto remexe na lenha da lareira - Olha pra sua irmã, eu nem precisei falar com ela - ela completa e agora ele revira os olhos e libera os braços.
– Claro. "Pérola. A filha perfeita" - ele fala com uma voz fina.
– Você é tão ridículo - Perola fala enquanto se aproxima de mim, ela passa o braço pelo meu corpo e fica na ponta dos pés pra beijar minha bochecha, posso ouvir ele bufando ao meu lado, eu o puxo para um abraço triplo.
– Estamos na véspera do Natal será que podemos entrar no clima? - eu pergunto beijando a cabeça deles.
– A gente já pode ir? Eu disse pro Ryan que ia chegar na hora - ele fala e eu libero Pérola do abraço mas mantenho ele, o apertando ainda mais, ele acaba rindo.
– Te amo, mas você ta ficando reclamao igual seu avô - eu falo no ouvido dele e ele acaba sorrindo, então eu o solto e vou ate a Katniss.
– A gente volta as seis - eu aviso e ela concorda, passa os dedos arrumando meu cabelo e tirando alguns flocos de neve que ainda tinha por ele.
– Vê se come alguma coisa - ela fala me olhando nos olhos.
– Eu vou comer - eu afirmo e ela ainda parece meio desconfiada, eu beijo sua boca e ela corresponde.
– Eu odeio neve - a voz irritada e mal humorada entra pela casa, Pyter é o primeiro a correr pra poder ajudá-lo, ele se coloca ao lado do Haymitch enquanto ele esfrega os pés no tapete e tira o casaco maior, mas ao invés de pendurar ele joga por cima da estante.
– Pode tirando essa porcaria dai - Katniss fala se afastando de mim.
– Isso é um casaco queridinha - ele fala e continua andando com a ajuda de Pyter, Pérola o alcança e beija sua bochecha - Você parece mais alta - ele fala olhando pra ela de alto a baixo.
– Você sempre fala isso, vô - ela fala rindo e ele dá de ombros.
– Por que é verdade! Vocês estão crescendo rápido demais - ela fala e olha pro Pyter fazendo uma cara de impressionado, e realmente não posso negar isso, cada dia que passa eles crescem mais rápido.
– E você ficando velho cada dia mais rápido - Katniss resmunga enquanto vai pendurar o casado dele no lugar certo.
– E você acha que ainda é uma adolescente, docinho? - ele devolve com ironia enquanto se senta na poltrona mais próxima a lareira e coloca os pés na mesinha.
– Você vai ficar aqui? - ela pergunta encarando ele.
– O que você acha? - ele devolve enquanto se acomoda ainda mais.
– OK! Nós temos que ir, tentem se manter vivos até nós voltarmos. Pode ser? - eu pergunto olhando pra eles dois, Katniss revira os olhos e sai da sala entrando na cozinha.
– Pega leve! Hoje é véspera de Natal! - eu aviso a ele que faz uma careta e eu vou atrás dela, entro na cozinha e passo meus braços por trás dela, apoio meu queixo no ombro dela e passo meus lábios pelo seu pescoço, ela o inclina levemente me dando permissão, eu faco um caminho ate sua orelha e então a viro de frente pra mim.
– Te amo - eu falo sussurrando com nossos lábios próximos demais, ela olha nos meus olhos e em resposta me beija.
– Aaaah de novo! A gente já pode ir agora? Você já beijou a mamãe la na sala! Será que vocês tem que fazer isso toda hora? - Pyter pergunta parado na porta da cozinha, eu acabo rindo, beijo ela rapidamente e nos separo.
– As seis - ela lembra assim que saímos de casa, embora tenha parado de nevar um pouco a neve está pra todo lado e o frio continua igual e mesmo de luvas Pyter esfrega as mãos.
– Imagina de você estivesse sem touca - eu falo e ele me olha fazendo uma careta.
– Nem ta tão frio - ele fala mesmo que seu nariz já esteja vermelho, eu deixo ele passar na frente e me abaixo rapidamente, pego um punhado de neve, faço uma bola e acerto na cabeca dele, ele se curva um pouco e se vira rindo pra mim, ele me encara alguns segundos e então também pega um pouco da neve e joga em mim, mas eu desvio.
– A gente vai se atrasar e a mamãe nao ia gostar nada disso - Perola fala enquanto nos reprova, eu e Pyter trocamos um olhar de cumplicidade e quando ela percebe já é tarde demais.
– Não! Não! Podem parar - ela fala já começando a correr, nós enchemos a mão, fazemos as bolas e jogamos nela que tenta correr, Pyter acerta sua perna e eu seu ombro, ela cai no chão segurando o joelho e gritando, eu corro ate ela e já estava me abaixando quando ela se vira rápido rindo e me acerta uma bolada e então começa a rir tentando se levantar, Pyter nos alcança e joga mais uma bola de neve em nós dois, eu o puxo pela barra do casaco e ele também acaba no chão, nós estávamos rindo quando eu vi os olhares em nós, já estávamos passando da praça e as pessoas que também passavam ali pararam nos olhando, sorrindo como se estivessem assistindo algum programa na televisão.
– Anda! Vamos - eu falo fechando o sorriso e me levantando, Pérola estranha minha reação e também olha pra frente e vê as pessoas nos olhando, ela me olha de volta e eu estendo minha mão pra ela, ela se levanta e depois Pyter, eles batem as mãos na roupa pra se limparem.
– Tem neve dentro do meu casaco - ele reclama enquanto se sacode e eu acabo rindo dele, mas volto a andar e tento ignorar os olhares que nos acompanham, mas alguns minutos e chegamos a escola, as crianças já tomam conta do lugar mas dessa vez com o frio do lado de fora elas logo estão entrando na escola, eu me despeço deles e Pyter corre quando vê Ryan, enquanto Pérola segue calmamente para o portão, espero eles entrarem na escola e volto meu caminho, assim que entro na padaria Benny solta um som de alivio e levanta os braços, mas depois de tantos anos já me acostumei com os exageros dele.
– Finalmente - ele fala enquanto eu me aproximo do balcão, ha poucas pessoas na padaria e a maioria apenas esta aproveitando o ar quente do aquecedor enquanto se encorajam a enfrentar o frio novamente, eu tiro as luvas e a touca, levanto o compartimento do balcão e passo - Já ligaram duas vezes do Distrito Sete - ele avisa e eu me atento torcendo pra não ser nenhum imprevisto, passo pela cozinha e eles mal param seus trabalhos.
– Peeta, precisamos de você pra adiantar os panetones - Rory avisa e eu concordo mas aviso que antes terei que fazer uma ligação, entro no escritório e logo disco o número, felizmente não era nenhum problema na verdade uma solução, a padaria de lá também estava aumentando seus serviços e precisavam aumentar o espaço mas embora o lucro seja bom ainda teríamos que tirar dinheiro daqui pra mandar pra lá e ainda assim cortar alguns custos, acontece que hoje eles receberam uma encomenda extra para o Natal e Ano novo, o dinheiro é o suficiente para que não tenhamos que nos preocupar em tirar dinheiro daqui pra cobrir lá, mas antes como somos uma sociedade precisavam da minha confirmação e é claro que receberam, as obras começam assim que as festas acabarem, eu desligo o telefone e vou para cozinha, nós passamos cada segundo do dia ali, quanto mais fazíamos mais precisava ser feito, revezamos no horário de almoço que teve de ser mais curto e quando finalmente chegou as cinco horas todos já estavam exausto.
– Achei que nunca acabariamos - Marie confessa enquanto tira o avental. - Mas acabamos - eu falo e também me livro do meu avental.
– Não esqueçam de amanha. A Grace me mata se ninguém aparecer - Benny fala fazendo exageros, Grace e Delly cismaram que teria que ter uma especie de confraternização, a casa escolhida foi a da Grace e elas marcaram um almoço amanha já estão organizando as coisas a dias, por que segundo elas, no natal deve se passar tempo com a familia e amigos e bem, depois de tantos anos e tanta coisa que já passamos, acho que somos um pouco de cada.
– Nós vamos! Nao se preocupe! Ainda precisamos de você vivo para o ano novo - eu brinco com ele enquanto saímos da padaria, eu, Benny, Rory e Philip seguimos para a escola pra pegarmos as crianças.
– Você acredita que tem um garoto de olho na Keyse - Benny fala meio revoltado.
– E o que você fez? - Rory pergunta rindo.
– Avisei a ele que se ele olhar pra ela de novo essa sera a ultima coisa que ele veria na vida - ele fala dando de ombros, nós rimos.
– Quantos anos o garoto tem? - Philip pergunta curioso.
– 14! Dois anos mais velho que ela! Quem ele pensa que é? - ele fala irritado e eles riem.
– Vocês riem por que nao tem filhas - eu falo me compadecendo com Benny.
– Finalmente alguem me entende - ele fala levantando as mãos pra cima - Principalmente quando são filhas bonitas - ele completa balançando a cabeca preocupado.
– Bom, um dia vocês terão que aceitar - Rory fala se divertindo.
– Verdade! Elas são garotas bonitas nao podem culpar os garotos por nao serem cegos - Philip completa e pela primeira vez em anos eu compreendo melhor o Benny do que ele, já ia responder quando vejo Ian ao lado de Pérola, ele esta brincando com a trança de lado que ela esta e ela ri mais se esquiva.
– Xiiii - Benny faz o som já rindo e me olha esperando minha reação.
– Eles são só amigos - Philip fala como se estivesse se defendendo.
– Espero que sim - eu falo rapidamente - Pérola! - eu grito por ela e balanço a mão, ela me encontra e sorri enquanto corre na minha direção junto com Hazel e claro Ian vem logo atrás delas.
– Vamos! - eu me apresso e logo Pyter também aparece correndo junto com Keyse e Hannah.
– Vocês duas vão comigo! - Rory avisa para Hannah e Hazel.
– Eu te ligo mais tarde então - Hazel fala pra Pérola e logo estão se afastando com Rory.
– Bom Natal pra vocês! - ele fala e vai buscar Brian no portão que ainda esta com seus apenas cinco anos e no seu primeiro ano na escola.
– Nós também já vamos, sua mãe já deve tá arrancando os cabelos! - Benny fala e Keyse ri concordando - Bom Natal e ate amanhã! - ele deseja e desejamos de volta, como metade do caminho do Philip é o mesmo que o nosso nós vamos juntos, mas eu mantenho meu olhar neles que estão logo a nossa frente, dessa vez ele e Pyter conversam mais, embora isso não impeça os olhares que ele lança em Pérola, quando chegamos ao pedaço em que nos separamos ele sorri pra ela e se despede com um beijo de "bom natal", que eu considero no minimo desnecessário, nós seguimos pra casa e chegamos quando a neve começa a cair de novo.
– Tirem a bota aqui se não a mãe de vocês nos coloca pra passarmos o natal do lado de fora - eu aviso e eles riem mas já estão trocando a bota suja de neve pelas botas macias de ficar em casa, penduramos nossos casacos e nos livramos das toucas e luvas.
– Finalmente - Haymitch fala abrindo os braços pra eles - E então como foi? - ele pergunta e eles pulam pro sofá ao lado contando sobre as brincadeiras e historias e tudo mais que teve na comemoração, eu os deixo animados lá e vou procurar por Katniss, encontro ela na cozinha remexendo uma panela.
– Eu estava morrendo de saudade de você - eu falo e passo os braços em volta dela assim como fiz mais cedo, mas dessa vez percebo algo diferente, quando meus lábios estavam subindo pelo seu pescoço, eu vi a lagrima rolando, ela tentou enxugar rapidamente mais eu já tinha visto - Ei, o que houve? - eu pergunto me atentando e ela nega com a cabeça.
– Nada - ela fala e volta a mexer a panela.
– Como assim nada Katniss? Aconteceu alguma coisa. O que foi? - eu insisto saindo de trás dela e parando ao seu lado, então ela solta a colher de pau na panela e começa a chorar, ela apóia as maos no fogão e chora descontroladamente.
– Ei Katss... Calma! Ta tudo bem - eu falo já abraçando ela, ela apenas se encolhe no meu abraço e seu choro permanece, seus ombros tremem e ela começa a soluçar como sempre acontece quando ela chora muito, eu desligo o fogo, e a abraço tentando acalma-la.
– Tá tudo bem. Tudo bem. Eu tô aqui - eu falo beijando sua cabeça, acariciando seus cabelos e suas costas e então ela começa a chorar mais forte, soluços aumentam e eu nao preciso perguntar, sei exatamente o que é. PRIM. As lembranças dela ainda machucam e doem tanto quando tudo aconteceu, datas como essa sempre mexem com ela e eu já sabia que iria acontecer mas geralmente acontece na hora dos presentes ou quando estamos todos reunidos, então ela se retira e se tranca no quarto por horas e só depois ela volta pra perto de nós, no começo as crianças não entendiam mas com o passar dos anos elas começaram a entender que não adiantavam as batidas na porta ou súplicas pra ela se juntar a nós, ela simplesmente nunca atendia, não importa quanto Pyter ou Pérola implorassem, quando eram mais novos eles choravam e então o resto da noite estava perdido, outras vezes nós seguiamos ate ela se sentir melhor e se juntar a nós de novo, sem nenhuma animação mas ao menos estava ali, infelizmente ate isso você se acostuma com o passar dos anos, por que na verdade não a nada mais a ser feito. Ela continua chorando agarrada a mim e eu decido levar ela la pra cima, com ela ainda abraçada em mim eu nos guio para fora da cozinha, assim que saímos Perola se levanta rapidamente e já estava vindo até nós quando eu nego com a cabeca e indico que ela continue onde está, ela parece preocupada, Pyter e Haymitch também olham meio preocupados mas permanecem nos lugares, Pérola se conforma e continua lá também, eu subo as escadas, entro no quarto e a sento na cama, ela logo me solta e se arrasta para o meio da cama, agarra-se ao um travesseiro e abafa seu choro ali, eu me sento na cama e a puxo para o meu colo, apoio a cabeça dela nas minhas pernas e a embalo de forma tranqüilizadora, deixo que ela chore, nao digo nada, não tendo fazer ela parar apenas fico ali, acariciando seus cabelos e mostrando que ela não esta só, quando o choro para eu me inclino, afasto os fio de cabelo do seu rosto e a encontro dormindo, os olhos inchados e o rosto vermelho, a respiração dela ainda forte, eu fico mais alguns minutos e depois puxo un travesseiro para servir de apoio pra ela, e me retiro da cama lentamente, eu me ajoelho ao lado e a observo por alguns instantes, então beijo sua testa e depois seus lábios mas ela permanece dormindo, eu a cubro com um cobertor e verifico as janelas, fecho bem a cortina e depois de olhar pra ela mais uma vez eu saio do quarto.
– Cadê a mamãe? - Pérola pergunta assim que eu apareço na escada.
– Onde você acha que ela tá? Trancada no quarto! Ela sempre ta lá - Pyter fala e eu sinto um certo ressentimento na voz dele, algo que já tinha aparecido antes mas que agora esta ainda mais evidente.
– Ela só nao deve ta passando bem, depois ela desce - Perola fala pra amenizar o clima, ela é mais velha e entende melhor, mesmo que de forma ainda limitada por que de Katniss ficar tão trancada em si as vezes, já Pyter por mais que ele seja esperto, inteligente e as vezes pareça mais velho, ele tem apenas 12 anos, é complemente louco pela mãe e ainda nao consegue separar esse tipo de coisa, eu sei o quanto é difícil para todos nós por isso preciso sempre de um jeito pra contornar esse tipo de coisa.
– Enquanto ela não desce eu vou precisar se ajuda pra terminar a ceia - eu falo esperando por ele.
– Nao conte comigo - Haymitch fala enquanto muda o canal da televisão. - Nem se eu fosse louco - eu falo e ele ri.
– Eu ajudo! - Perola fala e vem pra perto de mim.
– Pyter? - eu pergunto olhando pra ele que dá de ombro.
– A Pérola é melhor na cozinha que eu - ele fala sem nem ao menos me olhar.
– Eu tenho certeza que você consegue! E eu tenho trabalho suficiente para os dois - eu falo e ele vira o rosto e me olha alguns segundos.
– Tá - ele fala e levanta vindo ate a mim, eu passo a mao pelo cabelo dele e o junto a mim, nós vamos para a cozinha e eu divido eles em atividades diferentes, sempre próximos um do outro o que acaba gerando risadas e algumas implicâncias mas ao menos eles parecem estar distraídos e se divertindo.
– Por que a mamãe sempre se tranca no quarto? - ele pergunta enquanto eu terminava de cortar alguns legumes, ele me olha realmente confuso e magoado.
– Você sabe por quê! Tudo que aconteceu, a morte da sua tia! Essas coisas mexem com ela - eu falo sinceramente já que ele também sabe dos principais tópicos do nosso passado.
– Mas isso já faz muito tempo. Foi antes da gente nascer e toda vez ela fica assim - ele fala confuso, eu paro o que estava fazendo e me viro pra ele pronto pra tentar explicar mas é Pérola quem toma a frente.
– Imagina se eu morresse - ela fala e apenas por um segundo que eu ouço essa frase todo meu corpo se congela e eu sinto um pânico correndo nas minhas veias.
– Pérola, não! Nunca mais fala isso - eu falo sem conseguir pensar em algo assim. - Eu sei pai! Eu só quero mostrar uma coisa - ela fala me acalmando, ela toca minha mão como que pedindo calma e volta a olhar pro Pyter.
– Eu nunca mais ia implicar com você e nem você comigo, você nunca mais ia me pedir pra falar com aquelas garotas e nem ia pegar meu biscoito escondido! A gente não ia rir com o vovô, nem apostar corrida. Nao ia ter nada. Nada. Ia ser só você - ela fala e ele esta lhe dando atenção mas ainda parece confuso - Eu sei que a gente briga mas ia ser horrível nao ia? - ela pergunta e ele concorda.
– Eu gosto de você - ele fala dando de ombros, ela sorri mas volta a atenção a sua história.
– Agora alem de não me ter pensa se o papai morresse! E se o vovô nao existisse. E pra piorar se a mamãe morasse em outro lugar e quase nunca vocês se vissem - ela fala e ele parece entender o que ela esta dizendo - Ia ser legal? Você ia ficar feliz depois de tudo isso? - ela pergunta e ele apenas nega com a cabeça - Eu sei que a mamãe ama a gente. Ama o papai. Ama até o vovô! Mas ela também amava a irmã dela e o pai e todas as outras pessoas! Eu também nao gosto quando ela fica assim mas... Eu entendo. Se fosse comigo eu nunca ia conseguir - ela confessa e eu ainda estou impressionado com o modo como ela contornou a situação e a expôs de uma maneira simples e direta.
– Eu só queria que ela ficasse com a gente - ele fala parecendo meio envergonhado.
– Eu também! Mas depois ela desce aí a gente fica todo mundo junto - ela fala e coloca a mão no ombro dele em conforto - Ate lá... Vê se enrola esse bolinhos direito por que ta parecendo que eles foram amassados por um bebê! - ela fala implicando com ele e rindo.
– Então faz você. Rainha dos bolinhos - ele fala mas também ri, então como se nada tivesse acontecido eles voltam a enrolar os bolinhos, eu ainda estou olhando pra eles impressionado, sinto a lágrima que escorre do meu rosto e a limpo com a mão, depois passo cada mão pelo cabelo deles e beijo a cabeça de cada um.
– Eu amo muito vocês dois! Muito. Muito mesmo! Vocês sabem disso não sabem? - eu pergunto e eles se olham antes de responder e fazem isso juntos.
– A gente também te ama - eles falam e me beijam de cada lado da bochecha.
– Ta bom. Já chega! Isso é coisa de mulherzinha - Pyter fala fazendo careta, eu beijo a bochecha dele de implicância mas ele acaba rindo.
– Bom, vamos voltar ao trabalho que ainda temos uma ceia pra terminar - eu falo já retomando meu lugar, eu verifico como esta o peru que estava assando, termino de preparar o molho, Pérola se encarrega da salada e Pyter continua nos bolinhos, passamos um bom tempo na cozinha até que já esta tudo adiantado.
– Pronto! Agora é só esperarmos a hora - eu falo limpando a mao no pano. - Por que a gente tem sempre que esperar meia noite? - Pyter pergunta enquanto tira o avental.
– Por que o Natal começa na meia noite - Pérola fala como se fosse óbvio.
– Mas eu tô com muita fome. Eu nao vou aguentar esperar até lá - ele fala passando a mão na barriga.
– Você nunca aguenta - ela retruca encarando ele.
– Ninguém te perguntou nada - ele fala fazendo careta.
– Ei. Chega! E ela ta certa! Você nunca espera - eu falo rindo e ele revira os olhos - Por isso... Eu separei isso aqui pra gente - eu falo e pego uma travessa cheia de pães de queijo e pães recheados, ele comemora aliviado e até Pérola se empolga, eles me ajudam a levar as coisas pra sala, colocamos na mesa de centro e nos servimos com chocolate quente, Haymitch que estava cochilando na poltrona acorda assim que sente o cheiro.
– A árvore - Pyter lembra quando terminamos de comer, a arvore que esta no canto da sala permanece sem os enfeites.
– Ainda não é meia noite - eu falo e pisco pra ele, então ele me ajuda a pegar as caixas com os enfeites que estava no escritório, até mesmo Haymitch se junta a nós, claro que ele apenas fica pelo sofá sentado opinando e mandando mas ainda assim é uma participação, nós passamos as luzes com pisca pisca por toda a árvore, Pérola tem toda delicadeza pra pendurar os enfeites e bolinhas nas pontas dos galhos enquanto Pyter se diverte subindo no banquinho e jogando os pedacinhos brancos que parecem flocos de neve.
– Meu cabelo - Pérola reclama balançando a cabeça.
– Meu cabelo - Pyter imita ela afinando a voz e balançando as mãos.
– Oh pai! Olha o que ele fez - ela reclama mostrando os pontinhos brancos pelo cabelo dela.
– É só papel - ele fala descendo do banquinho.
– Então joga no seu cabelo não no meu - ela fala e faz uma cara feia.
– Eu não ia fazer esse escândalo - ele garante, dando de ombros.
– Ah é - ela fala e então puxa o saco com os pedacinhos de papel da mao dele, enche a própria mão e despeja no cabelo dele.
– Ah fala sério! Oh pai - ele reclama balançando a cabeca e passando a mão. - Eu achei que você nao fosse fazer um escândalo - eu falo rindo, ele me olha daquele jeito de moleque e em questão de segundos ele enche a mão e joga pra cima de mim.
– Eu sou o pai alguem se lembra? - eu falo mas como estou rindo não sou levado a sério, então em questão de segundos estamos jogando pedaços de papel um no outro, ate mesmo Haymitch que continua sentado na poltrona não se livrou e mesmo resmungando ele ri enquanto Pyter enche as mãos e joga em cima da sua cabeça, nós só paramos quando o saco esta vazio, eu me jogo no sofá, Perola e Pyter acabam caídos no chão rindo com a mão na barriga, as bochechas vermelhas e a respiração acelerada.
– Alguem vai ter que limpar - eu aviso.
– Ele que começou - Perola fala rapidamente apontando para o irmão.
– Eu nada. Foi ela - ele desmente se colocando de pé.
– Pérola vassoura! Pyter a pá - eu falo e eles saem correndo pra buscar, voltam enquanto se empurram pra ver quem chega primeiro, eles sacodem as almofadas e limpam o sofá enquanto eu Varro o chão.
– Ainda dá pra usar - Pyter fala depois que eu junto todos os papéis.
– Mas antes vamos pendurar a estrela - eu falo pegando a estrela dourada de dentro da caixa.
– Eu penduro - Pérola fala pulando ansiosa.
– Não. É minha vez. Ano passado foi você - ele discorda.
– Claro que não! Foi você - ela fala e eles recomeçam a discussão.
– Chega - eu falo mais alto e eles param me olhando - Será que vocês tem que brigar por tudo? - eu pergunto tentando nao me irritar - Esse ano os dois colocam - eu aviso pra não ter briga, então pego o outro banquinho e posiciono, cada um sobe em um e segurando um lado da estrela juntos a encaixam no topo da árvore.
– E a paz reinou - Haymitch fala quando eles descem dos banquinhos satisfeitos.
– A gente já pode comer? - Pyter pergunta e todos rimos.
– Vocês ainda nem tomaram banho - eu lembro e ele se joga no sofá fingindo desmaiar.
– Deixa de ser dramático - eu falo jogando uma almofada em cima dele - Vai logo - eu falo e ele tampa o rosto com a almofada fazendo ainda seu drama.
– Eu posso ligar pra Hazel antes? - Perola pede ansiosa.
– Tudo bem! Mas SÓ pra Hazel - eu aviso e ela me olha confusa.
– E pra quem mais eu ia ligar? - ela pergunta parecendo realmente nao entender.
– Pro seu namoradinho - Pyter fala afastando a almofada no rosto - Oh Ian, você estava tão lindo hoje, oh meu amor como eu te amo - ele fala com a voz fina balançando as maos e fazendo caras e bocas, ele e Haymitch caem na risada.
– Pyter você é ridículo. E eu NÃO tenho namorado! O Ian é meu AMIGO! - ela fala irritada e joga outra almofada na cara dele.
– Você. Vai ligar pra sua amiga - eu falo apontando pra ela que sai batendo o pé irritada - E você. Isso nao tem graça - eu falo apontando pra ele que continua rindo com Haymitch.
– Ei garoto, você precisa relaxar sabia? Bebe alguma coisa! Respira - Haymitch fala se divertindo.
– Isso não tem graça! - eu falo sério e irritado - Ela ainda é uma criança e eu não gosto desse papo de namoro - eu falo e acabo esquecendo o que ia fazer por isso apenas ando de um lado pro outro, o que faz eles rirem ainda mais - Já chega certo? - eu falo mais forte e sério e eles prendem as risadas - Isso NÃO tem graça - eu repito e agora eles ficam mais serios.
– Ei garotão. Relaxa. É sério! Você ta certo ela ainda é muito nova! Eles são só amigos! E os dois tem juízo, são ótimas filhos. Você nao confia nela? - ele pergunta e eu nao posso discordar que confio nela e por mais que nao goste muita das intenções do Ian também nao poso negar que ele é um ótimo garoto - Isso, relaxa - ele fala fazendo sinal de respiração.
– Você ta certo - eu admito e me permito soltar o ar que já estava segurando a um tempo.
Nao vai acontecer nada - ele me garante e eu concordo, então me jogo no sofá ao lado do Pyter - Pelo menos por enquanto - ele completa e sorri com ironia.
– Você é um velho babaca - eu falo me levantando e saindo de perto deles.
– Você falou palavra feia - Pyter me recrimina mas esta sorrindo.
– E se você nao subir agora pra tomar banho eu tiro o video game e você nao ganha presente hoje - eu falo encarando ele.
– Caraca! A culpa sempre é minha - ele reclama socando o sofá e ficando em pé.
– E não é pra colocar a mesma roupa - eu aviso enquanto ele sobe as escadas irritado.
– Acho que você ainda ta precisando daquela bebida - Haymitch fala rindo e eu o encaro sério - Agora é sério - ele fala e seu sorriso se fecha tomando lugar um rosto concentrado - Você sabe que não adianta isso tudo nao sabe? - ele pergunta e eu contínuo parado olhando pra ele - Até eu que já sou um velho percebi o jeito que ele olha pra ela! - ele fala e eu reviro os olhos - E nao se engane, ela também - ele completa e eu paro - Você pode bater o pé o quanto quiser mas nós dois já sabemos como vai ser não é? - ele pergunta e me olha com a sobrancelhas erguidas - Eu ja vi um olhar daqueles antes! E ele sobreviveu a duas arenas e uma revolução! Um pai ciumento não é nada - ele fala e libera um sorriso meio irônico mas ao mesmo tempo satisfeito, eu nao falo nada, apenas lhe dou as costas e entro na cozinha, por que por mais que eu não queira nao posso negar nada do que ele disse, eu mesmo já tinha reconhecido o olhar que Ian tem pra Pérola, eu me lembro exatamente da sensação por que até hoje eu a tenho, eu sei que ele gosta dela de verdade e pelo modo como ela fica perto dele ela também gosta dele mas ao mesmo tempo por mais egoísta que seja aquela é minha filha, que eu peguei nos bracos quando era apenas um bebê e que eu jurei que estaria sempre perto e nada nunca iria magoar ela, eu a vi crescer e contínuo vendo a garota encantadora que ela tem se tornado, e eu entendo como é fácil se apaixonar por ela mas ela tem apenas quinze anos e mesmo que eu aceite ainda espero que ela termine os estudos primeiro e possa ter tudo aquilo que eu e Katniss nao tivemos na idade dela e aí sim, quem sabe eu nao me agrade dessa história. Já era um pouco mais de onze horas da noite, nós estávamos pela sala brincando de um jogo de mímica que Pérola insistiu em fazer e era a vez do Pyter, ele fazia caras e bocas mas ninguém acertava, Pérola ria dele e ele já estava começando a se irritar por que ninguém acertava.
– Parece mais o seu avô tentando andar sem a bengala - a voz fez todos se virarem.
– Mãe! - ele parou o que estava fazendo e correu ate ela, e a abraçou como se não a visse a muito tempo, Pérola também se levantou e foi ate eles, ela abraçou os dois e beijou o alto da cabeca de cada um - Vem mãe, vamos brincar com a gente! O papai ta ganhando mas ele roubou então nao vale - ele fala puxando ela pela mão. - Eu nao acredito que seu pai tenha roubado - ela fala olhando pra ele e depois pra mim.
– Isso por que eu NÃO roubei - eu afirmo enquanto me aproximo deles, eu a beijo rapidamente e deixo nossos olhares se encontrarem.
– Roubou sim! - ele retruca rindo.
– Não roubei não! E eu nao tenho culpa de ser ótimo - eu falo e aperto a barriga dele fazendo cócegas, ele se curva pra frente rindo e se desviando - Já são quase meia noite, mais uma última rodada? - eu pergunto e ele e Pérola concordam animados, eles levam Katniss de mãos dadas ate o chão que já esta cheio de almofadas e se sentam cada um de lado dela.
– Vai é sua vez - eles falam pra mim e então nós começamos mais uma rodada que acaba se estendendo pra duas por que Haymitch acaba se intrometendo e se junta a mim em mais uma tentativa, e quando finalmente eles descobrem o relógio toca a meia noite.
– Meia Noiteee - Pyter comemora levantando os bracos e então praticamente se joga em cima da Katniss, eles caem pra trás em cima da almofada abraçados, ela puxa Pérola pra junto deles e a risada deles dois ecoam pela sala.
– Feliz Natal? - eu pergunto abrindo os braços pro Haymitch que ainda estava em pé do meu lado, ele me encara alguns segundos mas deixa escapar um sorriso, então ele me abraça.
– Feliz Natal! - ele fala enquanto aperta os braços em mim me dando tapas nas costas, nós ficamos alguns segundos assim ate que as crianças liberam Katniss e venham ate nós Pyter o abraça enquanto ele bagunça o cabelo dele tirando mais risadas dele, e Pérola vem ate a mim, ela passa os braços em volta de mim e apoia a cabeca no meu peito, eu também a aconchego no meu abraço e quando ela levanta o rosto pra me olhar mais uma vez eu experimento aquela sensação de um amor tão grande que parece que vai rasgar meu peito a qualquer momento, ela sorri, doce e linda como sempre.
– Eu também te amo - ela fala sorrindo me olhando nos olhos e meu sorriso aumenta ainda mais, ei a abraço tirando os pés dela do chão e beijando sua bochecha, ela solta uma risada que me faz rir junto com ela, depois que eu a coloco no chão, Pyter já esta ao meu lado.
– E aqui esta o garoto mais mau humorado e marrento do mundo - eu falo puxando ele pra um abraço.
– Eu não sou mau humorado - ele fala enquanto me abraça de volta, eu paro o rosto virado pra ele e ele ri - Só as vezes - ele admite balançando a cabeça, eu sorrio e beijo sua testa, passando meus dedos pelos cabelos negros que caem pela sua testa.
– Mas eu te amo exatamente assim. Você sabe não sabe? - eu pergunto olhando naqueles olhos azuis brilhantes, ele sorri e concorda - Só poderia tomar mais banhos que o normal - eu implico com ele e ele revira os olhos e assim como eu fiz com Pérola eu o levanto do chão, mas mesmo sendo mais novo ele é mais pesado que ela e eu logo k coloco no chão.
– Você tá ficando pesado - eu admito colocando as mãos nas costas fingindo dor.
– E você ta ficando velho - ele retruca rindo.
– Eu vou fazer de conta que eu nao ouvi isso - eu falo fazendo uma cara de ofendido. - A gente já pode comer? - ele pergunta e corre pra cozinha.
– Melhor alguém segurar ele - eu falo enquanto me aproximo de Katniss que esta parada a alguns passos olhando pra mim, eu paro a frente dela e meus bracos se encaixam na sua cintura a trazendo pra mais perto, eu deixo nossos olhares se encontrarem e mesmo que ainda tenha a sombra daquela dor ainda assim eu consigo ver uma satisfação no seu olhar, eu afasto alguns fios de cabelo do seu rosto e sorrio.
– Feliz Natal - eu falo baixo e sem desviar nossos olhos.
– Feliz Natal - ela também fala baixo, então como já não temos mais palavras quando minha boca procura a sua ela a recebe com um beijo lento mas nao tanto demorado já que Pyter nos gritando da cozinha nos faz rir.
– Melhor a gente correr - eu falo e ela concorda sorrindo, então nós nos separamos e vamos pra cozinha.
– E eu docinho? Não mereço um abraço? - Haymitch pergunta pelo caminho e abre os braços pra ela.
– Na verdade não - ela fala dando de ombros mas então volta os passos e se aproxima dele - Mas estamos no Natal - ela completa e o abraça, eu pude ver o sorriso sincero e satisfeito que ele liberou durante o abraço que por mais que eles neguem, os dois queriam.
– Vamos comer? - eu pergunto já abrindo o forno, Pyter e Perola comemoram e logo Haymitch se junta a comemoração, eu coloco a travessa com o peru assado no meio da mesa que já estava arrumada e nos sentamos, Pyter é o primeiro a me estender o prato enquanto eu corto o peru e isso faz Pérola implicar com ele mas no momento a concentração dele está em conseguir o maior pedaço possível, eu sirvo todos os pratos com pedaços generosos da carne e cada um se serve com o restante, saladas de batata, arroz selvagem, salada com tubérculos de katniss, creme de abóbora, molho de laranja e todas as outras opções, a comida está realmente muito boa e partimos para a sobremesa, morangos com chocolate, torta de chocolate e um creme de maracujá, ficamos por vários e vários minutos a mesa ate que ninguém, nem mesmo Pyter consegue mais olhar para a comida, então nós voltamos para a sala.
– Tá frio - Katniss reclama assim que alcançamos a sala, as janelas estão fechadas mas o vento frio parece atravessar as paredes, eu me aproximo da lareira e verificou o fogo.
– Eu vou pegar mais lenha - eu aviso depois de remexer nos pedaços que já estavam bastante queimados, eu saio e já estava alcançando a porta dos fundos quando Pyter praticamente pula ao meu lado.
– Eu vim te ajudar - ele fala animado.
– Casaco - eu falo antes de abrir a porta, ele revira os olhos fazendo uma careta mas puxa um casaco meu que estava pendurado no corredor, ele o coloca e mesmo que ainda sobre pano nas mangas ainda assim nao ficou tao grande quanto costumava ficar.
– Pronto - ele fala depois de fechar o zíper, então eu abro a porta e o vento gelado nos recebe e faz com que ele se encolha ainda mais dentro do casaco.
– Caracaaa - ele fala meio que se abraçando, a neve ainda está caindo deixando o quintal todo branco numa visão realmente bonita e que poderia ser apreciada melhor se não estivéssemos congelando.
– Vamos logo, antes que a gente vire gelo - eu falo também juntando e esfregando os braços, nós andamos o mais rápido que conseguimos ate a parte coberta onde eu guardo a lenha, eu pego vários tocos empilhando nos meus bracos e Pyter faz o mesmo, em poucos minutos estamos voltando pra dentro de casa e assim que entramos já sentimos a diferença, nós batemos os pés no tapete e corremos pra sala.
– Ta muito frio la fora - Pyter anuncia assim que chegamos.
– É o que acontece quando ta nevando ne - Pérola fala e ele faz uma careta pra ela, eu deixo a lenha no canto perto da lareira e Pyter faz o mesmo, e aos poucos vou acrescentando elas e o fogo começa a aumentar novamente.
– Vocês tao espalhando neve na sala toda - Katniss reclama e somos obrigados a voltar para os fundos da casa e nos livrarmos das botas e do casaco.
– Os presentes - Pyter lembra assim que o problema com a lareira é resolvido.
– Hora dos presentes - eu conformo e ele pula se colocando de pé e indo ate embaixo da arvore onde os pacotes já estavam separados e com nomes, ele logo pega o pacote maior que pra variar é o do Haymitch, ele se senta no chão o mais próximo dos outros possíveis e logo está abrindo o pacote.
– Uau! Muito maneiro! Eu vi um desses na televisão - ele fala e então terminar de revelar a caixa, o presente é uma especie de aerodeslizador que funciona com um controle, ele é preto com alguns traços e detalhes em prata, ele logo abre a caixa e pega o objeto com cuidado e impressionado.
– Olha pai - ele fala com os olhos brilhando e se arrasta ate a mim me mostrando.
– É lindo mesmo - eu confesso enquanto olho melhor os detalhes do brinquedo, pra variar com certeza custou muito dinheiro, Haymitch sempre faz isso, eu nao duvidaria que ele gasta todo o dinheiro do mês apenas com presentes caros e modernos pra eles.
– Obrigado vô! É muito maneiro - ele fala abraçando um Haymitch completamente orgulhoso.
– Agora o seu princesa - ele fala pra Pérola que também esta sentada no chão com seu presente no colo, ela também logo abre seu pacote ansiosa e sorri assim que olha o presente.
– Não acredito! - ela fala rindo e animada - Ai meu Deus! - ela continua rindo e Katniss parece tão curiosa quanto eu.
– O que é? - ela pergunta e entao com cuidado Pérola tira a outra caixa de dentro do pacote, revelando uma câmera fotográfica, ela já tinha falado de uma dessas, é como aquelas câmeras que sempre nos cercam mas apenas para fotos e menor, claro é uma das novidades que temos por aqui.
– Uma câmera? - Katniss não tenta disfarçar que não gostou muito mas Pérola não parece perceber e já esta abrindo a caixa e pegando a câmera com entusiasmo.
– Já que você gosta tanto dessas coisas de artes e imagens... - Haymitch fala sorrindo pra ela.
– Eu amei vovô. De verdade. Ela é linda - ela fala e praticamente se joga nos bracos dele, eu olho pra Katniss e ela continua olhando meio de lado pra câmera que agora já esta sendo ligada.
– Ainda tem os nossos presentes - eu falo e eles vão pegar os outros pacotes, Pyter pega um e logo o abre.
– Legal - ele comemora rindo e rasgando o restante do papel - É a coleção toda? - ele pergunta já liberando a caixa com os carrinhos em miniatura que ele já estava pedindo a semanas. - Completa - eu afirmo e ele ri encantado.
– Legal - ele repete olhando eles ainda na caixa, então coloca de lado e me abraça e depois a Katniss - Obrigado - ele fala já com o presente nas maos de novo.
– Espero que você também goste do seu - eu falo pra Perola e ela começa a rasgar o primeiro pacote, logo o caderno de capa dura com as varias borboletas e o nome dela escrito cuidadosamente na capa alcança sua visão, ela sorri passando os dedos pelo desenho, ela abre e folheia as folhas ainda em branco.
– O vestido da sua festa estava incrível! Acho que você deveria treinar mais - eu falo e ela levanta os olhos pra mim sorrindo.
– Você acha? - ela pergunta meio nervosa e ansiosa.
– Nós achamos - eu falo e olho pra Katniss que concorda comigo.
– Estava lindo! Você tem muito jeito pra isso - ela fala e Perola quase explode de animação, ela se joga entre nós e nos abraça ao mesmo tempo, beijando nossas bochechas.
– Eu vou desenhar uma coisa pra vocês - ela fala rindo e passa os dedos no caderno de novo - Foi você que desenhou? - ela pergunta me olhando já desconfiada.
– E sua mãe escreveu seu nome - eu falo e ela sorri pra nós.
– Ficou perfeito - ela fala sinceramente, então puxa o outro pacote, e logo também está abrindo, e encontra a coleção de quatro livros que ela já havia pedido no aniversário mas que acabamos não encontrando.
– Obrigada. Obrigada! - ela repete varias vezes enquanto nos abraça de novo.
– Ei. Por que a Perola ganhou dois e eu só ganhei um? - Pyter pergunta já com ciúmes e aquela cara de magoado que ele sempre faz, eu e Katniss nos olhamos e rimos. -
O armário do escritório - ela fala e ele pula e sai correndo.
– Ai caraca! - ouvimos o grito dele e suas risadas, então o barulho e logo está saindo do corredor em cima do skate - Olha isso! - ele fala rindo – Eu tenho um skate!
– ele gritou animado enquanto vinha até a sala, ele parou pegou o skate na mão e continou sorrindo encantado e nada no mundo ia conseguir me sentir mais realizado do que ver esses sorrisos e animações deles dois, eles também nos entregam os presentes que nos compraram juntos, ao menos nisso eles estavam de acordo, eu ganhei um relógio, Katniss um colar com a letra P, Haymitch ganhou um medalhao com a foto deles dentro, ainda assim o sorriso e a animação deles foi o meu maior presente e posso dizer o mesmo de Katniss e Haymitch por que nós nem ao menos vimos as horas passarem, ficamos pela sala, vendo eles curtindo os presentes e só quando o sono realmente nos alcançou que subimos, mesmo contrariado Haymitch aceitou dormir aqui em casa, mas só depois que Pyter insistiu que ele dormisse no quarto dele, ele deixou a cama para o avô e puxou o colchão de baixo que sempre é do Ryan quando vem pra cá. No dia seguinte acordamos quase na hora do almoço, nós tomamos banho e nos arrumamos rapidamente, Haymich reclama que não quer ir e bate o pé varias vezes mas Pérola e Pyter insistem e ele acaba saindo, murmurando e dizendo que está com sono mas acaba entrando do carro, nós chegamos a casa do Benny e todos já estão lá.
– Peeta – Benny me cumpimenta assim que eu entro – Você precisa conhecer o Tony, não é Tony – ele pergunta para o homem alto, moreno, de cabelo cortado baixo, olhos marrons e barba por fazer, eu levo alguns segundos pra entender até que olho a mão dele na cintura de Marie, o sorriso no rosto dela é grande demais.
– Tony! Um prazer finalmente conhecer você – eu falo estendendo a mão, ele sorri e aperta minha mão.
– Eu soube que ela tem alguns irmãos mau humorados – ele fala olhando para nós que estamos todos próximos a ele.
– É isso ai – Benny fala fazendo pose de mau. - Benny vai pegar aquela travessa AGORA – Grace fala irritada e todos nós rimos.
– É, Benny vai lá – Rory fala empurrando ele que tenta fazer uma cara indiferente mas que logo corre pra antender Benny.
– Rory, sua vez – a esposa do Rory aparece e aponta pro Brian que esta subindo no sofá e ntentando pular de lá.
– É, parece que você é o unico que ainda tem liberdade por aqui – Philip fala rindo e batendo no ombro do Tony, nós rimos e as conversas continuam animadas e espalhadas, até que na hora do almoco, a mesa está pronta, as crianças são as primeiras a se servirem e conforme as horas vão passando a certeza que nossas vidas estão em seus lugares me alcança cada vez mais, eu encontro Haymitch e Katniss no canto da sala cochichando sobre algo, eu me aproximo e consigo ouvir quando ele manda ela calar a boca.
– Nada como um clima natalino – eu falo com ironia e eles me olham com a mesma irritação um do outro, eu sorrio e beijo a boca de Katniss, ela acaba sorrindo.
– E você, também quer um beijo – eu pergunto e ele bufa e sai murmurando, deixando Katniss rindo, Pyter encontra ele e eles seguem para a mesa de doces.
– Eu ... te ... amo – eu falo pausadamente no ouvido dela e ela sorri e para o rosto de frente pro meu.
– Eu te amo – ela confirma e eu sorrio então a beijo de novo, dessa vez um beijo mais demorado, porém só até Benny aparecer e praticamente nos arrastar para tirarmos uma foto, nós vamos e enquanto a camera é programada pra bater a foto e todos se espremem no sofá ou atrás dele aquela sensação de satisfação e felicidade me preenche de novo e a unica coisa que eu posso desejar é que momentos assim se repitam muitas vezes ainda.


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