- Recomeçando escrita por HungerGames


Capítulo 47
Capítulo 47


Notas iniciais do capítulo

GEEEEENTE, capítulo grande! Grande mesmo! kkkk



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Com os dias passando e as aulas continuando Pérola parecia cada dia mais animada e sempre chegava em casa com uma história nova que ela fazia questão de contar cada detalhe para Katniss que sempre ouvia com atenção, ela ainda ficava incomodada e mesmo que ela não falasse mais nada eu sei que ela preferia que Pérola não fosse as aulas mas ela também sabia que esse era o certo a fazer, então ela apenas tentava parecer contente enquanto as histórias eram contadas, e então quando Haymitch aparecia para o almoço lá estava ela novamente contando como tinha sido mais um dia de aula, com um mês de aula ela já havia pego o ritmo e mesmo ainda não sendo uma grande fã de acordar cedo isso já não era um grande problema, bastava chamar ela uma vez e ela se espreguiçava e pulava da cama, era simplesmente incrível ver ela desse jeito. Com ela fora pelas manhãs Haymitch e Pyter se aproximaram ainda mais, assim como ele fazia com ela agora todas as manhãs ele e Pyter saíam para ver os Nansos e pra aproveitar o sol da manhã, e Pyter assim como Pérola sempre sai empolgado e animado para as manhãs ao lado daquele velho rabugento, então quando eles saem de casa para a rotina deles eu saio para a padaria, Katniss aproveita esse tempo para cuidar da casa ou para simplesmente ter algumas horas de descanso, ela agora já voltou a estar ainda mais envolvida com os projetos sociais, mesmo as tardes que ela tem que levar Pyter para as reuniões, ainda assim ela comparece, não por que ela está bem ou por que ela está completamente recuperada e equilibrada, na verdade acho que é exatamente o contrário, essa é a maneira que ela encontra pra poder fazer algo que ocupe seus pensamentos, por mais que eu quisesse dizer o contrário infelizmente não posso, Katniss ainda se abate e tenta se fechar, ela ainda se isola e tem dias em que quase não fala nada, ainda tem dias que ela se mantém tao distante de nós que até Perola e Pyter percebem, e é claro que eles sentem, então eu preciso me esforçar pra colocar atenção deles em outra coisa, ontem foi um desses dias, Katniss mal saiu do quarto e quando Pyter ou Perola se aproximavam dela ela mal respondia a eles e eu tive que fazer algo já que Pyter começou a chorar querendo o colo dela mas ela se mantinha sentada na poltrona olhando pela janela.
– Quem quer dar um passeio com o papai? - eu perguntei me forcando a parecer animado, Pérola que estava sentada no chão de frente para a poltrona de Katniss me olhou meio desconfiada.
– A mamãe vai? - ela perguntou avaliando a situação.
– Acho que a mamãe prefere ficar aqui mas... Vai ser legal - eu insisti ainda com a animação forcada, eu me abaixei para pegar Pyter que estava também sentado no chão chorando, ele se debateu chamando por Katniss - Nós vamos no parque! - eu falei tentando animar ele e ele me olhou meio desconfiado - Você pode brincar no parquinho - eu falei e ele enxugou as lágrimas me encarando - Vamos? - eu chamei olhando para Pérola que mesmo parecendo contrariada se levantou, antes ela foi ate a Katniss, que já estava encolhida na poltrona, com as pernas dobradas e abraçando os joelhos, as mãozinhas de Perola passaram por cima das dela e por um momento Katniss a olhou.
– A gente já voltamos - Pérola falou com toda sua doçura e um sorriso que mesmo desanimado era o sorriso mais lindo do mundo, mas Katniss apenas voltou a olhar a janela.
– Ela vai ficar bem - eu falei forcando um sorriso e buscando Pérola pela mão, nós saímos do quarto e ela continuou lá, sentada, longe de qualquer coisa, e mesmo querendo ficar ao lado dela, trazê-la de volta, eu nao podia ignorar eles, e mesmo a amando muito, mesmo com o coração apertado eu sai de casa com eles, até por que eu tenho certeza que é o que ela faria se a situação fosse o inverso, nós nao podemos proteger eles de tudo, mas podemos afastá-los dessa angustia e opressão que as vezes nos abatem, eu levei eles para o parquinho e assim que eles chegaram lá foi como se nada tivesse acontecido, eles logo correram para o balanço, Pérola foi mais rápida e logo estava sentada no balanço, já Pyter e suas perninhas gordinhas se atrapalharam um pouco pelo caminho e mesmo se esforçando ele nao conseguiu se sentar sozinho, por isso tive que ajudá-lo, enquanto os empurrava e eles riam cada vez mais eu nao conseguia desviar meus pensamentos de Katniss e de como seria quando voltasse pra casa, se ela estaria ainda naquela cadeira apática e isolada ou se ela finalmente teria se libertado, ao menos por aquele momento.
– Nossos domingos já nao são os mesmos - a voz do meu lado me distraiu e eu balancei a cabeca alguma vezes antes de olhar para o lado, Gale vinha se aproximando enquanto Hazel corria ao encontro de Pérola, ele se aproximou e me estendeu a mao que eu logo apertei - Hoje era a vez da Liesel, se ela respeitasse isso né - ele falou se divertindo - E Katniss? - ele perguntou e novamente a imagem dela sentada perdida me atingiu.
– Ela preferiu ficar em casa - eu falei, por que o que acontecia com a gente só dizia respeito a nós mesmos e mesmo que eu quisesse falar com alguém, com certeza ele nao seria minha primeira opção, eu desviei o olhar para Perola que estava correndo pelo parque com Hazel.
– Então acho que sobrou pra a gente mesmo - ele falou rindo e me dando um tapa no ombro, eu voltei a empurrar Pyter enquanto ele estava ao meu lado fazendo olhando para as meninas. - E a Hannah? - eu perguntei puxando assunto.
– Dormiu! Finalmente - ele falou de forma meio exagerando levantando as maos para o céu - Eu ainda nao sei de onde eles tiram tanta energia - ele fala e eu sorrio concordando, então nós ficamos por ali com eles por um bom tempo e quando a tarde começou a cair Gale chamou Hazel para ir embora, e mesmo com o receio do que iria encontrar em casa ainda assim eu também chamei Pyter e Pérola por que eu sabia que nao adiantaria fugir disso, eles já pareciam mais alegres e rapidamente chegamos em casa, eles sobem as escadas comigo logo atrás deles e já iam entrar no quarto correndo mas então Pérola para e faz sinal de silêncio para nós dois.
– A mamãe ta dormindo - ela fala sussurrando e eu alcanço o quarto apenas pra ver Katniss encolhida na cama e dormindo, eu respiro fundo, esse nao era o desfecho que eu esperava.
– Banho! - eu falei distraindo eles, Pérola logo correu para o banheiro enquanto Pyter me quastionava do por que ele tinha que tomar banho, mesmo com seus dois anos ainda assim ele tinha seus receios com o banho, mas assim que Perola terminou eu praticamente o carreguei ate o banheiro e mesmo reclamando saiu de lá de banho tomado, depois eu desci com eles e a pedido deles fiz o jantar, macarrão com queijo, eles pediram juntos e logo já estavam jantando, Haymitch apareceu e logo se serviu.
– E agora? - ele me perguntou enquanto eu lavava os pratos e Pyter e Pérola estavam na sala.
– Ela vai ficar bem! Você sabe disso! - eu garanti, nao era a primeira vez que isso acontecia e ele sabia disso.
– Ela sempre fica - ele fala meio desanimado mas parecendo realmente sinceridade, ele está certo, ela sempre fica bem, só temos que passar por mais isso, eu penso e tento me animar, ele vai pra sala e eu termino de arrumar a cozinha, depois ele se vai e eu subo pra colocar eles pra escovar os dentes e pra dormir, Perola pede para contar uma historia e agora ela já tem alguns livros que ganhou na escola, então ela escolhe uma história e eu me sento na poltrona entre eles e logo após o fim da história eles estão dormindo, eu os cubro, distribui meus beijos de boa noite e saio do quarto deixando o abajur aceso, entro no nosso quarto e me aproximo da cama, Katniss ainda esta dormindo, meus dedos passam pela sua pele mas ela nem se move, eu fico alguns minutos olhando pra ela e depois vou tomar um banho, quando saio de lá, subo na cama e mais uma vez meus dedos encontram seu rosto e eu apenas fico ali torcendo e esperando que ela abra os olhos e que volte a ter vida em seu olhar, mas isso nao acontece, ela continua dormindo, e em algum momento eu acabei pegando no sono, um sono cheio de vozes e confusão que mas parecia uma batalha mental do que um sono, acordei algumas vezes e precisei de vários minutos pra voltar a dormir, ate que da ultima vez encontrei o espaço ao lado vazio, eu me sentei na cama tao rápido que minha cabeca doeu, já ia chamar por ela mas logo a porta do banheiro abriu, eu solteira o ar aliviado mas ainda estava cauteloso.
– Eu esqueci de lavar sua roupa pra padaria - ela fala parada na porta do banheiro.
– Tudo bem - eu falo avaliando o estado dela.
– Eu vou acordar a Pérola - ela avisa e sai do quarto antes que eu pudesse dizer alguma coisa, eu continuo sentado alguns segundos avaliando se aquilo era ou nao uma coisa boa, por fim levantei e fui pro banheiro, sai de lá, procurei e vesti uma roupa mais velha e então fui ver elas, Pyter ainda dormia enrolado em seu Edredom mesmo com o verão por aqui, Katniss terminava de pentear o cabelo da Perola e logo ela ficou pronta e saiu carregando sua mochila, nós descemos Katniss esquentou o leite para ela e eu esquentei alguns pães colocando pedaços de queijo em cima, ela tomou o café com um olhar meio desconfiado para Katniss como se estivesse esperando algo acontecer.
– Vamos? - eu perguntei já de pé e ela sorriu concordando e então beijou Katniss em despedida. Eu sempre levo e busco Pérola por que mesmo aceitando que ela deve estudar Katniss nao consegue ir ate a escola ou aguentar todos os olhares que recebemos então chegamos a um acordo que eu levo e a busco, já estávamos saindo quando Haymitch chegou, ele beijou e abraçou Pérola e nós tomamos nosso caminho.
– A mamãe já ta boa? - ela perguntou depois de alguns passos em silencio, eu olhei pra ela que me encarava com aqueles olhos cinzentos recheados de preocupação e queria muito poder dizer que sim, que a mãe dela, a minha esposa, estava boa e que ficaria assim pra sempre, mas eu nao pude, então parei, me abaixei peguei ela no colo e beijei sua bochecha de forma demorada.
– Você sabe que o papai e a mamãe te ama muito. Muito. Muito. Nao sabe? - eu perguntei olhando para aqueles olhinhos curiosos e ela me deu um sorriso que fez meu coração derreter, seus braços envolveram meu pescoço e ela me abraçou forte.
– E isso você nao pode esquecer nunca ta bom? - eu falei olhando pra ela com um sorriso - Promete? - eu insiste e com um sorriso ela concordou.
– Prometo - ela garantiu e eu beijei sua bochecha de novo. - A mamae só ta cansada! Mas ela vai ficar bem - eu falei e ela me olha meio desconfiada mas nao fez maus perguntas, nós voltamos a andar e logo ela estava correndo para Hazel e Ian, eu os observei até que ela me acenou e mandou beijos no ar e então sumiu pela multidão de crianças entrando na escola, ainda continuei parado ali olhando para nada em específico, só depois que todos se foram e que apenas eu continuava parado ali que resolvi sair, fui pra padaria por que tinha coisas pra resolver e mesmo sabendo que Pyter estaria com Haymitch e que Katniss parecia melhor não consegui desviar meu pensamento de casa e contei cada segundo para sair, e quando deu a hora de buscar Pérola eu apertei os passos pelo caminho, cheguei no momento exato em que as crianças começavam a sair correndo pelos portões, meus olhos passavam por cada rosto espetando encontrar Pérola e então lá estava ela, alegre como sempre, seu sorriso animado, os cabelos loiros em um rabo de cavalo meio desajeitado que já deixava solto alguns fios, seus olhos vasculhavam ao redor a minha procura, eu me aproximei alguns passos e acenei, ela sorriu ainda mais e já ia correr na minha direção quando parou rapidamente e olhou pra trás como se alguem a tivesse chamado, só então eu percebi a mulher, aparentemente com uns vinte e poucos anos, os cabelos negros lhe escorriam pelos ombros e ela se abaixou e falou algo com Perola que respondeu me apontando, a mulher sorriu assim que seus olhos me encontram e então tomando a mao de Pérola elas se aproximaram.
– Paaaai! - Pérola ligou me chamou se soltando dela e pulando do meu colo, como ela sempre fazia beijou minha bochecha e passou o braco volta do meu pescoço - A minha tia quer falar com você - ela anunciou enquanto a mulher parava a nossa frente, ela parecia simpática mas a forma que ela sorria sem parar me fez pensar se ela nao sentia dores no rosto de tanto sorrir daquele jeito, seus olhos eram de um azul que pareciam ainda mais fortes que os meus.
– Ágata Traylor - ela se apresentou esticando a mão para mim com aquele sorriso ainda estampado.
– Peeta Mellark - eu falei mesmo sabendo que com certeza ela sabia meu nome.
– É um prazer - ela disse e alguma coisa mudou em seu olhar e no seu sorriso também, tentei entender mas antes de desvendar ela logo se antecipou - Você teria um minuto? - ela perguntou se afastando de algumas crianças que corriam proxima a ela, eu a segui ate uma parte mais calma com Perola ainda no meu colo.
– Claro - eu respondi já andando - O que foi que você apontou ein - eu brinquei apertando Pérola nos meus braços e ela riu.
– Eu nem fiz nada - ela falou rindo mas se defendendo - Deixa eu ir no chão? - ela perguntou já mudando de assunto e como ela já esta pesando, eu a coloquei no chão.
– Mas você nao vai correr - eu avisei e ela concordou ficando ali próxima de mim, ate por que Ian e Hazel já tinham ido embora - Então o que ela aprontou? - eu perguntei passando os dedos pelo rabo de cavalo dela.
– Oh não! Perola é uma das melhores alunas! - a mulher garantiu e passou os dedos pelo cabelo de Pérola, esbarrando os dedos no meu, eu tirei minha mao e ela sorriu sem graça - Na verdade eu só queria elogiar ela! - ela falou e eu me atentei rapidamente - Você sabia que Perola desenha incrivelmente bem - ela falou e meu sorriso orgulhoso quase não coube no rosto.
– É! Ela leva bastante jeito - eu falei olhando pra Perola que sorriu também orgulhosa.
– E pelo que eu sei ela tem uma forte influencia - ela falou me olhando curiosa, eu sorri agora sem graça.
– Nós sempre pintamos alguma coisa - eu falo dando de ombros.
– Eu soube que é mais do que alguma coisa - ela fala erguendo a sobrancelha e abrindo ainda mais aqueles grandes olhos azuis.
– É um hobbie - eu falei já que ela nao iria desistir e ela sorriu satisfeita.
– Bom, então parece que Pérola tem mesmo a quem puxar - ela falou e olhou pra Perola que estava falando com uma outra menina mas ainda ali próximo, eu sorri simpático mas já estava perdendo muito tempo ali, eu queria e precisava chegar em casa, ver Katniss e quem sabe encontrar ela e Haymitch brigando e então perceber que tudo já esta de volta nos seus lugares.
– Eu . Eu agradeço! Mas eu tenho que ir - eu falei tentando sair - Pérola... - eu chamei por ela e ela logo me olhou, sinalizei com as maos para que se aproximasse mais e então segurei sua mãozinha pronto pra ir embora quando a mão alcançou meu braco, logo acima do meu cotovelo, a mao embora pequena e delicada me segurou, eu parei pela surpresa e ela estava me olhando meio ansiosa.
– Só tem mais uma coisa - ela fala rápido demais parecendo com pressa, eu parei e esperei ela continuar - É um convite na verdade - ela começou e eu estranhei, meus olhos foram para sua mão que logo deslizou do meu braco e então me soltou, eu esperei ela continuar - Amanhã nós teremos o dia das profissões! Então alguns pais foram chamados para mostrar para as crianças o que eles fazem! Como a maioria ainda trabalha nas minas estamos procurando outras opções e bem... Você é um ótimo exemplo e eu ficaria imensamente grata se você aceitar - ela falou e aquela coisa no olhar dela apareceu de novo, eu olhei pra Pérola e ela estava com atenção nas outras crianças, eu pensei alguns segundos.
– Tudo bem! Eu venho - eu aceitei por que imaginar ver Perola na sala de aula e eu podendo fazer algo útil por ela e por outras crianças me parecia algo bom, então numa reação que eu nao esperava a tal professora me abraçou rapidamente, nao sei se pelo susto ou pela maneira desajeitada que tudo aconteceu mas eu apenas me esquivei, ela pareceu sem graça, suas bochechas vermelhas.
– Oh me desculpa!
– Pyter! - Pérola gritou e logo estava correndo, eu me virei rápido e vi Pyter correndo a poucos passos de nós, eles se abraçaram e meu olhar foi em volta esperando encontrar Haymitch mas nao era ele, era Katniss, ela estava apenas alguns passos atrás dele e meu coração deu uma batida rápida quando a vi ali, fora de casa e principalmente aqui no colégio, eu andei na direção dela sem nem pensar duas vezes.
– O que vocês estão fazendo aqui? - eu perguntei por que embora estivesse feliz ainda nao entendia o que isso significava.
– Viemos encontrar vocês - ela respondeu seria e com o olhar fixo em algo atrás de mim, eu virei a cabeça e percebi que a professora tinha vindo atrás de mim.
– Essa é a professora da Pérola - eu falei mesmo estranhando essa mulher.
– Ágata Taylor - ela se apresentou esticando a mão.
– E você sempre abraça os pais dessa maneira? - Katniss perguntou diretamente fazendo a mulher quase virar um tomate de tão vermelha, ela recolheu a mao e seus olhos estavam arregalados em susto e nervoso, eu também não esperava por isso.
– Eu ... É... Me desculpa - ela falou gaguejando mas Katniss apenas a encarou por alguns segundos.
– Vamos? - ela perguntou desviando o olhar dela para mim.
– Claro - eu concordei e lhe forcei um sorriso que ela não respondeu.
– Perola e Pyter - ela chamou por eles que se aproximaram mas foram andando na frente enquanto Pyter queria levara mochila de Pérola.
– Ate amanha - a mulher se arriscou quando já estávamos começando a nos afastar, Pérola acenou para ela e eu evitei olhar ou dizer algo já que Katniss não parecia muito satisfeita, nós seguimos um pedaço do caminho em silencio, eu não sabia o que dizer sem que causasse algum dano, na verdade ainda tentava desvendar o humor e o estado dela, então resolvi ir pelo lado mais seguro.
– Vocês ja estavam na rua? - eu perguntei e ela me olhou parecendo meio confusa.
– Não! Pyter não parava quieto e eu achei melhor sair de casa com ele, como já estava na hora da saída - ela explicou dando de ombros, encarei isso como algo bom, por que ela preferiu sair de casa e ainda melhor, foi ate a escola que ela não gosta de ir.
– Ele está com bastante energia - eu falei sorrindo enquanto olhava ele tentando correr mais que a Pérola.
– Ela é muito bonita - Katniss falou e eu a olhei sem entender, então seu olhar me explicou o que era, quando ela percebeu que eu havia entendido desviou os olhos do meu.
– Ela é só a professora da Perola - eu falei explicando.
– E é muito bonita - ela completou e sua voz parecia controlada.
– Eu não reparei - eu falei dando de ombros e ela me olhou sem acreditar.
– Não reparou ela dando em cima de você? Quase te agarrando na frente da esola? – ela perguntou me encarando irritada e com ciúmes.
– Você está vendo coisas demais... alias, você está linda hoje - eu falei querendo mudar de assunto ela fingiu um sorriso, me lançou um olhar duvidoso, minha Mao alcançou seu rosto, meus dedos passaram pela sua bochecha e eu a beijei, um beijo rápido mas que me despertou pra falta que eu estava dela, de sentir nem que fosse um pedaço dela, e no momento que eu separei nossos lábios seus olhos me disseram a mesma coisa, que ela também sentiu falta mas então seu olhar mudou e ela se desviou.
– Ela parecia bem a vontade com você - ela constatou e voltou a andar sem me olhar.
– Ela só veio perguntar se amanha eu não poderia ir ate a escola! Será o dia das profissões - eu explico e ela me olha meio desconfiada.
– E você vai! - ela falou sem parecer muito animada.
– Você também podia ir! - eu sugeri e ela me olhou pronta pra negar - Você também tem uma profissão! Os projetos! E é um belo exemplo - eu explico mas não bastou para convencê-la.
– Eu não vou entrar naquele lugar e falar na frente de todas as crianças - ela falou sem parecer disposta a tentar e eu preferi não forçar nada - E aquela mulher estava dando em cima de você - ela concluiu e me encarou enquanto seguíamos pelo caminho.
– Mesmo que isso seja verdade, ela não me importa! Nenhuma outra me importa - eu afirmei sem desviar os olhos dela, ela não disse nada apenas manteve o olhar no meu, então sua mão encontrou a minha e ela encaixou os dedos entre os meus, eu levei nossas as mãos ate minha boca e beijei sua mão, eu sorri e dessa vez ela permitiu a sombra de um sorriso, então alcançamos a Aldeia e as crianças correm chamando o "vovô".
– Ah. Haymitch esta proibido de entrar La em casa - ela avisa e eu a olho curioso - Ele entrou com aquela porcaria de botas cheia de poeira e sujou todo o tapete - ela falou irritada e eu acabei rindo, ri de alivio, por que aquilo era normal, aquela era a Katniss, a minha Katniss de volta e mesmo com ela me olha confusa e reprovando minha risada, eu não me importei, então eu a puxei para os meus braços e a beijei, ela pareceu ainda mais confusa mas não me rejeitou e quando eu a liberei ela estava com um sorriso meio receoso no rosto.
– Você é louco - ela falou tentando se manter indiferente.
– Completamente - eu afirmei e voltei a abraça-la enquanto andávamos ate em casa - Louco por você - eu sussurrei no ouvido dela e ela virou o rosto pra me olhar e antes que ela dissesse algo eu a beijei rapidamente - Vou buscar eles - eu avisei deixando ela na porta de casa e indo para a casa do Haymitch.
– Pérola! Pyter - eu chamei enquanto passava pela porta e já podia ouvir as risadas altas, encontrei eles no sofá se debatendo e rindo enquanto Haymitch fazia cócegas neles, eu ri vendo a cena e cada vez que isso acontecia eu me sentia feliz por ver que eles tinham pessoas que os amavam, que eles riam comi toda criança deveria rir e que eles teriam ótimas lembranças da infância e isso é o maior alivio que eu sinto, quando eles se cansam e já estão quase sem ar Haymitch para e eles ficam pelo sofá recuperando o fôlego - Katniss quer te matar - eu falo quando ele se levanta e se aproxima de mim, ele dá de ombros.
– E quando ela nao quer? - ele pergunta sem se importar.
– Bom, você ta proibido de entrar la em casa - eu falo e ele solta uma risada e me olha.
– Ta bom - ele fala sem se abalar ainda rindo.
– Pérola e Pyter... Vamos - eu os chamo e eles logo pulam do sofá tentando chegar primeiro ate a mim e Pyter acaba caindo, Perola como sempre esta ao seu lado ajudando a ficar de pé e vendo se ele se machucou, ele começa a chorar.
– Eu que ia ganhar - ele reclama chorando, eu acho graça dele chorar por isso mas o pego no colo acalmando ele.
– Não ia nada - Pérola desmente ele e o choro aumenta.
– Vocês iam chegar juntos - eu falo pra que a briga acabe.
– Não ia nada! Eu sempre ganho dele! Por que eu sou grande e ele é um bebe - ela fala rindo.
– Eu não sou bebê... - ele reclama entre o choro.
– Pérola! Por favor. - eu peço e ela cruza os braços irritada.
– Só por que ele ta chorando - ela fala e sai batendo o pé irritada.
– Muito bom - Haymitch fala com ironia enquanto eu tento acalmar Pyter.
– Faz melhor então - eu falo e ele sai atrás da Pérola, eu também saio e ainda vejo quando ela esta entrando em casa com o mesmo bico irritado de antes, Haymitch entra atrás dela.
– Eu disse que não queria ele aqui - Katniss reclama.
– Eu não tenho culpa - eu falei ainda com Pyter no colo.
– E o que houve com a Pérola? - ela perguntou olhando para o sofá onde ela estava sentada irritada ao lado Haymitch que tentava fazer ela se animar.
– Ela e o Pyter discutiram ... De novo! E dessa vez eu pedi que ela parasse! E bem... Acho que ela não gostou muito - eu falei e ela pareceu entender.
– Ela esta com ciúmes! - ela concluiu como se eu não tivesse percebido.
– Eu sei! Eu vou lá - eu falo e entrego Pyter a ela e logo vou ate Pérola, me abaixo na frente dela e ela coloca as pernas pra cima do sofá e não me olha, Haymitch ri.
– O gênio da mãe - ele fala rindo mas nos deixa sozinhos.
– Então você ta muito brava comigo? - eu pergunto e ela concorda com a cabeça olhando para o outro lado, o bico que se forma nela, junto com o ar superior é igual ao da Katniss e me faz rir.
– Você sempre briga comigo! Por que o Pyter chora - ela reclama e faz uma cara magoada.
– Isso não é verdade - eu a corrijo mas ela dá de ombros - Você é minha princesa! A mais linda de todas! Eu amo você e ....Amo seu irmão! Vocês dois são os meus amores lembra? - eu perguntei enfatizando bem e dessa vez ela me olha com atenção.
– Mas eu ia ganhar - ela fala ainda na mesma questão.
– Eu sei que ia! Mas você não precisa fazer seu irmão chorar por isso! - eu falo e agora ela parece envergonhada - Na verdade nunca devemos fazer outra pessoa chorar só pra ganharmos entende? - eu tento explicar e ela concorda - Você ama o Pyter não ama? - eu pergunto e ela logo confirma - Você gosta de ver ele chorando? - sua negação é imediata - Que bom! Nem eu! Também não gosto quando você fica triste comigo! - eu falo e ela suaviza o olhar e suas mãos alcançam meu cabelo - Eu te amo. Você me ama? - ela sorri daquele jeito doce que me faz sorrir de volta.
– Muito. Muito - ela garante já rindo, e eu a abraço forte e ela corresponde beijando minha bochecha.
– Agora... Banho! Por que eu to com fome e sua mãe vau puxar nossas orelhas se demorarmos - eu falo e ela ri, eu subo com ela e a ajudo a tomar um banho rápido e colocar um roupa fresca.
– Peeta! Pérola! Andem logo - a voz faz Perola arregalar os olhos e tampar a boca segurando a risada, eu também faço uma careta assustada e saímos rindo do quarto, descemos e entramos na cozinha já encontrando a mesa arrumada, Pyter e Haymitch sentados a mesa e Katniss se preparando para começar a dar comida a ele, eu sirvo Perola e então nós almoçamos, quando acabamos eu ajudo Katniss a limpar a mesa e lavar a louça.
– Eu preciso ir no mercado hoje e comprar algumas camisetas pra eles. O verão já chegou - ela avisa quando acabamos a tarefa, eu concordo - Preciso de dinheiro - ela anuncia com aquela careta que sempre faz quando precisa de dinheiro, parece que ela nao queria jamais usa-los.
– Eu vou pegar - eu afirmo e vou para o escritório, abro a caixa que guardamos dentro da gaveta e pego um monte considerável de notas já estava indo ate ela quando ela entrou no escritório, eu estiquei o dinheiro pra ela.
– Eu não vou comprar o Distrito - ela fala rejeitando todo dinheiro.
– Se não gastar tudo você traz de volta - eu falo e pego sua mao colocando o dinheiro nela, ela revira os olhos - Katniss, você vai no mercado! Vai comprar roupas e eles podem querer alguma coisa. Será que você pode por favor aceitar e sorrir! - eu falo e ela me força um sorriso - Melhor! - eu falo sorrindo e beijo seus lábios rapidamente, ela acaba sorrindo de verdade.
– Eu saio com você - ela avisa e nós saímos do escritório, Katniss sobe para arrumar Pyter e eu fico com Haymitch e Pérola no sofá.
– Eu também tenho que me arrumar - ela fala com as mãos na cintura me olhando.
– Mas você já ta arrumada - eu falo e ela me olha horrorizada.
– Mas pai esse vestido é velho - ela fala segurando a barra dele e Haymitch ri.
– Pérola você ta linda - eu afirmo mas isso não é suficiente, ela sai andando ate a escada.
– Ô mãe! Eu não vou com vestido velho - ela grita no pé da escada, eu solto uma risada mas vou ate ela.
– Mas você esta mesmo linda - eu falo pegando ela e apertando nos meus braços mas subo as escadas, entramos no quarto e ela fala indignada com Katniss como eu queria deixar ela sair com um vestido velho.
– Não sei quem ela puxou - Katniss fala enquanto ela escolhe um vestido rosa cheio de corações, depois de arrumada e satisfeita nós descemos, Haymitch não esta mais pela sala e logo saímos de casa, acompanho eles até a praça e depois sigo pra padaria enquanto eles vão as compras. A tarde parece passar rápido já que temos duas encomendas grandes mais a remessa normal, então mal tenho tempo de parar, quando a tarde cai dispenso os outros mas ainda termino de arrumar a cozinha.
– Papai! - eu estava guardando os tabuleiros quando Pyter entra correndo pela cozinha, eu sorrio ao vê-lo, e me abaixo com os braços abertos esperando ele que logo se joga nos meus braços, Pérola também aparece correndo e eu acabo caindo sentado no chão com eles pendurados em mim.
– Cuidado - Katniss fala mas esta sorrindo, eu seguro cada com de um lado e os aperto contra mim me deitando no chão e eles gargalham tentando se soltar, eu os solto depois de alguns segundos.
– Só ta você aqui? - Katniss pergunta olhando ao redor.
– Eu dispensei eles! Só tinha que guardar algumas coisas - eu falo já me levantando do chão e indo até ela, eu a beijo rapidamente - Vocês só chegaram agora? - eu pergunto me surpreendendo com o quanto eles ficaram na rua, ela confirma - E as bolsas? - eu pergunto olhando para as mais dela.
– La na frente - ela fala apontando com a cabeça - Pérola não! - ela briga quando Perola tenta pegar uma cesta que esta em cima da mesa e que ela já sabe que ficam os biscoitos doces, ela faz uma careta mas Katniss é séria então antes que ela chore eu decido ir embora, quando chego as bolsas descubro que Katniss realmente deve ter comprado tudo que precisava, já que as cinco bolsas estão cheias, eu pego a maioria e saímos, chegamos em casa sem nenhuma surpresa no caminho, Katniss deixa uma das sacolas na cozinha e depois nós subimos e ela começa a dividir as coisas.
– Essas são suas - ela fala e me entrega uma sacola, eu estranho e olho desconfiado - Suas camisas estão velhas - ela fala se explicando e eu encontro três camisas na sacola, uma camiseta preta e duas blusas de meia manga, branca e preta.
– Então você lembrou de mim? - Eu pergunto implicando com ela que revira os olhos e volta a guardar as coisas deles, restando apenas uma sacola que ela deixa de lado, eu desço e vou pra cozinha preparar alguma coisa pra gente comer, e quando já esta pronto eu chamo por eles que descem já de pijamas, Haymitch nao aparece mas nós jantamos assim mesmo, eu arrumo a cozinha e lavo os pratos enquanto Katniss sobe com eles, quando entro no quarto deles ela esta terminando de colocar eles na cama.
– Pai conta uma história - Pérola pede já me estendendo o livro que queria, eu me sendo entre eles, abro o livro e começo a historia, Katniss fica alguns minutos nos olhando parada na porta mas depois sai do quarto na ponta dos pés, eu continuo e termino a historia e então eles finalmente dormem, cubro e beijo eles e então saio do quarto encostando a porta, entro no quarto do lado e Katniss esta saindo do banheiro vestida com uma camisa velha minha, eu sorrio assim que a vejo, eu me aproximo dela e antes que ela deite na cama meu braço passa pela sua cintura e a puxa pra mim.
– Você fica linda assim sabia - eu falo com meus lábios passando pelo seu pescoço, posso ver o arrepio na sua pele e ela sorri, continuo o caminho dos meus lábios na pele dela ate achar sua boca, eu prendo seu lábio com meus dentes e um sorriso escapa de seus lábios e sem conseguir resistir mais eu a beijo, deixo minha língua se misturar a sua querendo matar toda a minha fome dela, com tudo que aconteceu de ontem pra hoje eu me sinto faminto e desesperado por ela, já tem quase uma semana sem tê-la nos meus braços e isso parece ainda mais tempo quando sinto sua boca na minha, mas quando já estava subindo a camisa nela ela segura minha mão e esquiva a boca da minha.
– Você vai.... Tomar...banho antes - ela fala enquanto eu tento voltar a beijá-la, eu murmuro um som de concordância mas minhas mãos voltam a levantar a camisa e ela me barra, coloca as mãos no meu ombro me afastando dela - É sério! Toma um banho - ela exige mesmo parecendo tão faminta quanto eu.
– Nem você quer isso - eu falo sorrindo ironicamente e passo meus braços em volta dela, encaixo meu rosto no seu pescoço e faço um caminho de beijos ate sua boca e dessa vez é ela quem suspende a minha camisa, eu sorrio mesmo com nossos lábios ainda juntos e com um movimento rápido ajudo ela e logo a camisa é jogada em algum canto do quarto, logo estamos na cama, eu me inclino sobre ela e minhas mãos sobem por debaixo da sua camisa, que na verdade é minha, sentir sua pele quente me desperta ainda mais, os beijos são cada vez mais profundos e eu me livro da camisa dela, e quando meus olhos passam pelo corpo dela eu não tenho duvidas do quanto desejo ela, meus lábios escorregam pelo seu pescoço e passam por todo seu corpo, suas mãos encontram meus cabelos e ela entrelaça seus dedos ali, um som abafado é liberado da sua garanta e eu volto a beijá-la com ainda mais profundidade, suas mãos já estavam tirando minha calça quando o grito encheu a casa, em um segundo eu já tinha saído de cima dela, ela pulou da cama e enquanto pegava a camisa do chão eu corri ate o lugar de onde veio o grito, o quarto deles, abri a porta com um empurrão tão rápido que ela fez um barulho alto demais acendi a luz e entrei com o coração na mao, Perola estava em pé na cama com os olhos arregalados e ainda gritando, Pyter estava na cama chorando assustado sem entender nada, eu corri até Perola e a peguei no colo abraçando e ao mesmo tempo olhando e procurando algo errado nela, Katniss entrou quase tropeçando no quarto e foi até Pyter que chorava ainda mais.
– O que houve? - ela perguntou pegando ele no colo, e tentando acalmá-lo.
– Pérola! Calma meu amor! Papai ta aqui - eu falo tentando acalmar ela que me abraçou apertado e olhava ao redor do quarto procurando algo.
– Ali - ela gritou e apontou para a parede perto da cama dela, meus olhos vasculharam lá mas não entendia.
– O que foi Pérola? Fala o que aconteceu - eu falo forçando ela a me olhar.
– Um bicho - ela fala apontando para o mesmo lugar, meus olhos vasculham de novo e então encontro e não sei se respiro de alivio ou se quero brigar com ela por quase me matar do coração.
– O que? - Katniss pergunta ainda sem entender, seu semblante apavorado e preocupado devia estar igual ao meu.
– Um grilo - eu falo tentando me acalmar mas meu coração não parece disposto a isso.
– Um grilo? - ela pergunta como se tivesse entendido errado e eu aponto o bicho na parede - Isso tudo por causa de um grilo? - ela pergunta sem acreditar nisso, e agora que o susto passou eu respiro de alivio - Droga Pérola! - ela recrimina com a preocupação dando lugar a irritação - Pérola, você não pode gritar desse jeito por causa de um grilo! - ela briga com ela séria e ainda consigo ver o quanto ela esta nervosa suas mãos tremem desesperadamente, mas mesmo sendo algo bobo Perola também está assustada.
– Ela se assustou! Ta tudo bem, tudo bem - eu falo enquanto tento acalmar as duas, eu abraço Pérola mais forte, passando minha mão pelo seu cabelo, Katniss também esta acalmando Pyter que já parou de chorar mas ainda esta assustado.
– Claro! Você deixou a janela aberta Peeta - Katniss fala apontando a janela.
– Eu... Esqueci - eu falo só percebendo agora, acho que a falta dos ventos fortes me fizeram esquecer.
– Mata - Pérola pede apontando o grilo.
– Anda Peeta, acaba logo com isso - Katniss fala começando a se acalmar eu deixo Pérola com ela e Pyter na cama, pego o chinelo que tinha perto e me aproximo da parede mas quando ia acertar o bicho ele pula pra atrás da cômoda.
– Me diz que você pegou ele - Katniss fala me olhando e como resposta o som do grilo começa a encher o grilo quarto, ela revira os olhos e eu vou remexer o móvel, o som para e mesmo tendo arrastado não o encontro, depois de alguns minutos de silêncio e de uma procura sem resultados eu paro.
– Acho que ele foi embora - eu concluo e parecendo que me ouviu o som recomeça, nao sei se pelo alivio da situação ou pelo fato que eu sou um péssimo caçador de qualquer ser vivo que seja ou se simplesmente o fato de estar numa situação dessas, mas o que acontece é que Katniss começa a rir, sua risada é tão contagiante que em poucos segundos estamos os quatro rindo e por mais louco que seja, esse com certeza é um daqueles dias que sempre ficarão na memória, é raro ter tanta animação assim durante a madrugada.
– Tá! E o que nós fazemos agora? - Katniss pergunta quando consegue parar de rir e então eu percebo que o som parou de novo.
– Eu não vou conseguir achar ele agora - eu constatou aquilo que já sabíamos.
– Tudo bem! Perola pega seu travesseiro e seu cobertor - ela avisa e Pérola logo fica em pé na cama.
– Eu vou dormir com vocês? - ela pergunta já animada.
– Vocês dois - ela confirma já pegando o travesseiro e cobertor do Pyter.
– Paaai - Pérola me chama levantando os braços pra que eu a pegue no colo, eu pego e a coloco em cima da cama dela pra que ela pegue seu travesseiro e cobertor e então saímos do quarto.
– Eu vou ficar do lado do papai - Pérola avisa pulando do meu colo pra cama, Katniss coloca Pyter ao lado dela no meio da cama, ajeita o travesseiro e o cobre, ele já esta coçando os olhos com sono e se agarra a seu cobertor se aconchegando, eu também ajeita Pérola mas diferente do Pyter ela ainda não perdeu a adrenalina.
– Agora você tem que dormir! Amanha tem aula - eu aviso e ela me chama pra deitar ao seu lado, e mesmo que eu tentasse jamais resistiria aqueles olhinhos cinzentos, eu me deito na cama e assim como Katniss faz ela se aconchega com a cabeça sobre meu peito, suas mãozinhas me segurando pra que eu não saia, e eu a envolvo nos meus braços também, olho pra Katniss e Pyter também já esta agarrado a ela, a perna quase em cima da barriga dela e o braço passado pelo seu pescoço, ela me olha e mesmo nessa situação eu vejo um sorriso sincero e satisfeito surgir no rosto dela.
– Boa noite então...- ela fala e tem uma certa diversão na sua voz, eu sorrio, mesmo não sendo esse o final de noite que eu imaginei não posso dizer que é ruim.
– Te amo - eu falo movendo meus lábios mas sem sair som, ela sorri e então conformados com a situação acabamos pegando no sono.
Eu chego em casa depois de um dia inteiro na padaria, ainda estou com o avental amarrado na cintura e as mãos sujas de farinha, eu entro em casa e assim que dou o primeiro passo para dentro da sala percebo que tem algo errado, tudo esta revirado, os sofás, almofadas, a mesa do centro e vidros quebrados, meu coração dispara e eu sinto o pânico entrando nas minhas veias, corro pra escada e subo os degraus de dois em dois, vou direto para o quarto deles e esta tão ou ainda mais revirado que a sala, eu remexo nas roupas e objetos de cima da cama deles, como se isso me desse alguma pista mas na verdade não consigo pensar em nada.
– Pérola! Pyter! Katniss.... - eu chamo por eles desesperado, implorando pra que me respondam mas só a minha voz ali, eu já estava entrando no meu quarto e da Katniss quando alguma coisa me atinge, e então depois de uma dor insuportável na cabeça tudo fica preto. Os tapas no meu rosto me despertam e aos poucos eu tento focalizar em alguma coisa, mas a luz forte torna isso mais difícil e eu preciso de vários segundos pra conseguir ao menos enxergar de onde vem a luz, ela vem de um canto que parece distante de mim.
– O que aconteceu? - eu pergunto mas minha voz é tão rouca e abafada que não sei se alguém me ouviu, então com um puxão no cabelo minha cabeça é levantada de modo que eu enxergo o teto do lugar, e então um pânico se instala em mim, meus estômago se retrai numa ânsia horrível e eu puxo minha cabeça com força pra olhar em volta e então as pecas se encaixam, o cheiro de mofo, o lugar sujo e escuro - Não, não, não - eu me recuso a acreditar nisso e tento me levantar mas minhas mãos e pés estão presos e eu começo a me debater, dois homens com uniformes pretos e máscaras aparecem e batem para que eu pare mas eu contínuo me debatendo.
– Chega - a voz forte ecoa por toda sala e eu tendo encontrar essa voz que infelizmente eu conhecia bem - Não é assim que tratamos um amigo que já não vemos a tanto tempo - a suavidade na sua voz me desperta ainda mais.
– Seu desgraçado! Você ta morto - eu falo entre os dentes e ele ri - Me tira daqui Snow - eu exijo gritando.
– Não grite meu jovem - ele fala com a mesma calma e se aproxima de mim - Nós ainda temos assuntos pendentes - ele fala parando na minha frente entre os dois homens.
– Eu não tenho nada com você - eu falo e tento me soltar, em vão.
– Eu te dei uma missão Peeta, uma missão simples! Na verdade, um favor! Te entreguei a assassina da sua família. Era tão simples! Você só tinha que matá-la! Mas ao invés disso o que você fez? - ele pergunta mas não é o tipo se pergunta que se quer uma resposta - Você ignorou isso! Você se deixou seduzir por aquela..
– Cala essa boca! Não fala dela - eu falo em tom ameaçador mas vindo de alguém amarrado não tem o efeito que eu gostaria.
– Eu achei que pudéssemos ser amigos mas você tornou isso impossível - ele fala e assume uma postura dura e fria - Sua fraqueza em cumprir o que tinha de ser feito me custou muito! E agora a sua escolha vai custar muito pra você - ele avisa e da um passo pra trás - Soltem ele - ele ordena e sem discussões os homens se aproximam e me livram daqueles algumas de ferro, no momento que me soltam eu avanço em cima do Snow mas sou segurado - Eu o aconselho a guardar sua energia meu jovem - ele fala e libera um sorriso sombrio - Vamos - ele sinaliza e sai na frente enquanto sou arrastado, os corredores são sujos e pouco iluminados.
– O que você vai fazer? Vai me trancar aqui de novo? Vai me torturar? - eu grito as perguntas enquanto me arrastando e me socam - Você pode fazer o que quiser! Você perdeu Snow! Você perdeu! - eu falo com raiva então ele para a frente de uma porta e me olha com uma calma enervante.
– Eu não teria tanta certeza - ele fala e abre a porta, me deixando ser jogado la dentro, eu caio no chão mas outras mãos me ajudam.
– Katss - eu me assusto mas me levanto e a abraço forte, passando minha mão pelo seu rosto, procurando por algo ruim mas ela esta bem, e isso me assusta ainda mais - O que eles fizeram? - eu pergunto e ela já ia me responder quando sou separado dela, eu me debato ainda mais e ela é amarrada naquela mesma cadeira que eu tanto conheço, amordaçada - Não - eu me desespero mas sou segurado, Snow se aproxima segurando uma caixa e para na minha frente, ele espera eu parar de me debater e então abre a caixa revelando uma arma, ele percebe meu olhar confuso e se apressa em explicar.
– Estou te dando agora a chance de consertar as coisas! É bem simples - ele fala e se afasta pra que eu veja Katniss.
– Eu não vou fazer isso! Você vai ter que me matar - eu aviso com ódio.
– Imaginei que dissesse isso! - ele falou rindo e fez sinal pra algo atrás de mim, ouvi a porta abrindo mas nao ia me virar pra ver o que era, só que o olhar e o grito da Katniss mesmo que abafado me fizeram quebrar essa decisão, e eu vi Pérola e Pyter sendo arrastados para dentro da sala, e dessa vez o meu desespero foi mais forte que as mãos que me seguravam e eu consegui me soltar, mas antes que eu os alcançasse eles foram jogados contra parede, eu corri até eles e os abracei forte, eles choravam desesperadamente, estavam algemados e sujos.
– Solta eles! - eu exigi mas outros homens apareceram e nos separaram e por mais que eu tentasse eles eram muitos e mais fortes, Pérola chorava e gritava e Pyter também, tentar alcança-los parecia impossível.
– Você pode acabar com isso! E pegar seus filhos - ele me avisou e eu o olhei, então ele esticou a caixa novamente - Você sabe o que fazer - ele disse e sinalizou que me soltassem, eu fiquei parado, olhando a caixa, ele fez outro sinal e o grito de Pérola alcançou cada nervo do meu corpo, tentei ver ela mas não era possível, mais gritos seguiram, intercalando entre ela e Pyter, eu não suportava aquilo, não conseguia ouvir a dor e desespero neles, então num movimento rápido eu puxei a arma, dei dois passos a frente e os olhos cinzas que me encaravam aprovaram minha decisão, eu estiquei a mão e atirei.
Acordei sentado na cama com meu coração disparado e um grito abafado na garganta, eu soava e tremia.
– Peeta - Katniss me chamou assustada e só então eu vi onde estava, eu olhei pro lado e Perola e Pyter ainda dormiam tranquilos, eu ignorei isso e passei a mão por eles pra me certificar, beijei eles por que precisava sentir eles ali - Peeta, calma! Você vai acordar eles! Foi um pesadelo - ela me garantia mas eu só queria abraçar eles, então a alcancei abraçando ela forte e mesmo sem entender ela me abraçava de volta - Ta tudo bem - ela garantia e eu só a abraçava - Peeta, você ta me assustando! Calma - ela pediu mais uma vez mas por mais que eu não quisesse preocupa-la era impossível fingir que nada aconteceu, por mais que seja um pesadelo e que Snow esteja morto e que eu esteja vendo eles ali em segurança ainda assim o horror de perder eles ou de eu mesmo fazer mal a ela, tudo isso é aterrorizante, mas quando olhei pra Katniss ela realmente parecia assustada.
– Ta tudo bem! - eu tentei falar o maus seguro possível mas era obvio que eu não estava bem, antes que ela ficasse mais nervosa eu a liberei e sai da cama - Eu vou tomar um banho - eu avisei e sem olhar pra ela entrei e fechei a porta do banheiro, parei na frente da pia, minhas mãos apertando as beiradas com força tentando aliciar essa tensão, eu me encaro no espelho e tento me convencer de que era um pesadelo - Não era real - eu digo como se escutar aquilo me fizesse ficar mais calmo, mas não faz.
– Peeta! - Katniss me chama batendo na porta e tentando abrir ela - Peeta! Abre essa porta.
– Ta tudo bem - eu falo enquanto abro a torneira para que faca barulho.
– Peeta, abre essa porta AGORA - ela exige e eu sei que ela não vai desistir, então abro a porta e só de vê-la de novo eu me sinto mais calmo e eu não consigo resistir o impulso de abraçá-la.
– Eu te amo! Eu te amo! Eu te amo - eu repito varias vezes enquanto a abraço e afundo meu rosto nos seus cabelos.
– Ei! Eu to aqui - ela fala parando o rosto de frente pro meu, e eu faço a única coisa que realmente vai me dar essa certeza e me acalmar, eu a beijo, com desespero, nossas línguas se misturam rapidamente e eu intensifico o beijo a cada segundo, como se quisesse me fundir a ela e naquele momento era tudo que eu precisava, ela correspondeu do mesmo jeito, suas mãos pelo meu cabelo e pelo meu ombro, com um impulso eu a tirei do chão, ela encaixou as pernas na minha cintura e eu a encostei na parede como apoio, minha boca só se separou da sua para descer pelo seu pescoço, ela passa os braços pelo meu pescoço e seus dedos se entrelaçam no meu cabelo.
– Mamãe! Papai - a voz do Pyter nos alcança, e eu paro, ainda segurando ela contra mim, suas pernas na minha volta, ficamos esperando que ele desistisse mas ele chama novamente.
– Ele vai levantar - ela avisa e mesmo contrariado eu a solto, colocando ela em pé no chão, seu olhar é tão frustrado quanto o meu mas nós temos obrigações maiores, a voz nos lembra disso mais uma vez - Eu vou ver ele - ela fala mas ainda continua parada na minha frente, e por mais que eu quisesse continuar, eu recuo um passo pra que ela saia, antes ela passa os dedos pelo meu rosto - Você ta bem mesmo? - ela pergunta e um olhar preocupado surge.
– Eu vou ficar - eu forço um sorriso e beijo a testa dela, ela acena concordando e sai do banheiro, eu encosto minha testa na parede fria apoio as mãos fechadas ao lado da minha cabeça, meu desespero do pesadelo foi substituído pelo desejo que meu corpo tem pelo dela e eu sei que agora será ainda mais difícil dormir, então eu me livro da minha calça e entro no box, abro o chuveiro na água gelada e deixo ela cair no meu corpo tentando apagar todo esse calor que sempre aparece quando eu estou com ela, quando meu corpo se acalma eu saio e volto pro quarto, Katniss esta meio sentada e meio deitada com um Pyter adormecido nos seus braços, ela ainda esta acordada e seu olhar me acompanha ate a gaveta onde eu puxo uma camiseta, eu visto ainda sentindo seus olhos em mim e ela não tenta disfarçar, eu me aproximo dela e beijo sua testa.
– Você devia dormir - eu falo e ela me olha curiosa.
– Você também - ela revida e eu forço um sorriso, com tudo que aconteceu, o susto da Pérola, o pesadelo, nós dois no banheiro, é muita coisa pra uma noite só e dormir não me parece possível.
– Eu vou! Daqui a pouco! - eu falo e me afasto da cama.
– Onde você vai? - ela pergunta baixo para não acordar eles.
– No ateliê - eu falo e seu olhar suaviza, ela concorda e eu saio depois de repetir pra ela dormir, eu entro no ateliê e passo os olhos e os dedos pelas telas espalhadas, agora não só os meus quadros mas uma mistura de dedos e árvores e corações feitos por Pérola e alguns rabiscos do Pyter também, eu puxo o banco me sento no meio e olho para aqueles desenhos que mesmo ainda tortos pra mim são os mais lindos do mundo, geralmente pintar me acalmava mas agora eu percebo que apenas de olhar para aqueles desenhos de lembrar como nos divertimos fazendo eles, de como Katniss reclama vendo nossas roupas sujas de tinta ou nossos cabelos, apenas isso consegue afastar esses sentimentos ruins e essa sensação de medo e culpa que tentava se instalar em mim, depois que eu me acalmo, começo a rasbicar uma tela, não vejo a hora passar, o sono não chega e eu apenas contínuo pintando, ate que a primeira luz da manhã invade o quarto, só então percebo que passei a noite ali, eu esfrego as mãos no rosto e me espreguiço.
– Você não dormiu - a voz constatou enquanto me observava da porta, eu olho pra janela e volto a olhar pra ela.
– Acho que eu me distrai - eu falo dando de ombros, por que realmente é verdade, não ha muitas explicações, ela caminha entrando no quarto e para logo atrás de mim.
– Oh meu Deus! Peeta. Isso é.... Lindo - ela fala parecendo realmente encantada, seus dedos já iam tocar a tela quando eu segurei sua mão.
– Ta fresco - eu alertei, e beijei sua mão, ela recuo e a apoiou no meu ombro - Gostou? - eu pergunto me virando pra olhar sua reação e ela não desvia os olhos da tela, que carrega os únicos motivos que eu ainda estou aqui, que eu ainda quero continuar, e tudo que eu mais tenho medo de perder. Os olhos de Katniss estão centralizados, cinzentos e profundos, do lado direito os pequenos olhos azuis brilhantes que sempre parecem estar tramando alguma coisa se destacam, do lado esquerdo mais olhos cinzentos, dessa vez brilhantes, doces e carinhosos que fazem qualquer coração bater mais rápido.
– Eu amei! - ela afirmou e me olhou nos olhos, seus dedos passando pelo meu rosto - Mas faltou um - ela fala com os dedos contornando minha sobrancelha, então ela se inclinou e me beijou, um beijo lento e demorado.
– Una ótima maneira de começar o dia - eu falo com um sorriso e ela também sorri.
– Você nao vai pra padaria. Vai? - ela pergunta erguendo a sobrancelha - Você passou a noite inteira acordado Peeta - ela briga antes que eu responda.
– Não! Nao vou! Mas hoje é o tal dia da profissão - eu lembro e pela sua cara posso ver que ela nao aprova, mas ela concorda.
– Depois você vem pra casa - ela fala quase como uma ordem.
– Sim senhora - eu falo e me levanto, beijo ela rapidamente - Vou fazer o café - eu aviso e saio enquanto ela vai acordar Pérola.
Saímos de casa deixando Haymitch e Katniss terminando o café da manha, Pyter ainda estava dormindo e eu torci para que eles não se matassem ate ele acordar, Pérola estava animada com a expectativa de me ter na escola e era impossível nao ficar feliz vendo ela daquele jeito, nós chegamos e então dessa vez eu entro na escola com ela, os outros pais me olham como se eu fosse de mentira, eu deixo Pérola com as outras crianças e me aproximo do grupo de pais.
– Peeta - Gale abre espaço e é o primeiro a me cumprimentar, os outros logo o seguem, ficamos por ali entre conversas fiadas.
– Nervoso? - Gale pergunta quando me percebe calado.
– Ta mais pra sono - eu falo sorrindo.
– Achei que os padeiros acordassem cedo - ele fala também sorrindo.
– É que hoje a noite foi longa - eu falo e pelo olhar dele deve ter entendido outra coisa, eu solto uma risada pela sua reação - Apareceu um grilo no quarto deles - eu explico e ele parece menos sem graça e ri, mas antes que ele falasse algo a professora aparece, sorrindo simpática e me olhando de uma forma meio exagerada.
– Que bom que vocês vieram - ela agradece de forma geral - Vamos? - ela nos conduz para dentro da escola, ha algumas instruções, sobre o tempo de fala, os pontos que ela quer passar, então depois de vários minutos estamos na sala de aula, Perola esta sentada entre Hazel e Ian e seu sorriso aumenta quando ela me vê, ela acena com as mãos agitada como se eu não a tivesse visto, eu aceno de volta, então eu e os outros cinco pais nos posicionam os lado a lado e pela ordem fazemos o que foi pedido,damos uma leve ideia do nosso trabalho, entre nós tem um comerciante, um sapateiro, o joalheiro, um mineiro, Gale, que já foi mineiro mas agora trabalha na parte de segurança e guarda do Distrito, e eu, o padeiro. Todos falam respeitando o tempo certo e as crianças estão animadas, fazendo perguntas e mal conseguindo ficar sentadas quando o pai de uma delas falava, foi um momento bom, me senti alguém especial por que a maneira que Pérola me olhava ali na frente nenhuma multidão enlouquecida da Capital jamais conseguiria fazer igual. Quando terminou fomos dispensados e as crianças também, mas antes ainda teriam alguns minutos com a professora, então nós fomos levados a um espaço onde um café havia sido preparado, a mesa estava cheia porém nada comparado as mesas da Capital ainda assim me senti melhor ali, a professora apareceu para agradecer e disse que as crianças já seriam dispensadas apenas a diretora estava falando com elas.
– Peeta, será que eu posso falar com você ? - ela perguntou enquanto eu estava com alguns pais, eu concordei e apenas me afastei uns passos - Na verdade eu queria te mostrar algo - ela falou e tocou meu braço para que eu a seguisse, eu hesitei e ela percebeu - São alguns desenhos da Pérola - ela esclareceu sorrindo e eu também sorri orgulhoso, então eu a segui para uma sala no mesmo corredor, vários desenhos estavam pendurados em cordas pela sala como se fossem roupas secando, ela andou ate a terceira fileira quase no meio da sala e apontou para algumas folhas - Eu disse que ela tinha talento - ela fala e eu paro olhando com atenção, é nítida a diferença dos desenhos dela para todos os restantes da sala, mesmo não sendo perfeitos os riscos e contornos dela são bem mais firmes e específicos que os restantes, meus dedos passam pelo papel que já esta seco e eu me distraio com um, onde ela tentou refazer um desenho meu, o sol nascendo entre as montanhas, e mesmo com algumas imperfeições eu considero aquele muito melhor que o meu, por que era dela, da minha filha que assim como eu amava pintar, estava tão distraído que não senti a diferença no ambiente só quando os dedos passaram pelo meu rosto que eu me assustei, ela não recuou mas eu sim, embora as cadeiras atrás de mim me fizeram parar.
– Bem... Obrigado! Foi...bem legal você me mostrar - eu falei querendo sair dali, ela sorriu mas agora não era mais aquele sorriso simpático de professora legal, era algo perigoso e quando ela avançou um passo eu soube que tinha me metido em uma encrenca, me afastei pro lado mas infelizmente não o lado da porta.
– Pérola tem muita sorte de ter um pai assim! Tão empenhado, talentoso e... bonito - ela falou e seus olhos escorregaram pelo meu corpo - O tempo te fez bem - ela concluiu com um sorriso malicioso e eu não quis mais esperar pra ver onde isso ia dar, eu avancei na direção dela pra poder alcançar a porta, as mãos a frente do meu corpo na altura dos ombros dela pra que ela não se aproximasse.
– Eu tenho que ir - eu falo sério e quase a empurrando, mas ela se impôs no caminho e eu precisaria empurrar ela com mais força - É sério! Eu tenho mesmo que ir – ela se manteve no lugar - Sai da frente - eu falo começando a perder a paciência, ela voltou a sorrir e quando eu ia falar, ela passou o braço em volta do meu pescoço e me beijou, eu recuei tão rápido que acabei quase caindo sobre uma cadeira, ainda assim ela juntou a boca na minha outra vez, sua língua querendo invadir minha boca, mas dessa vez eu já não tinha paciência e a empurrei, ela também acabou esbarrando em algumas cadeiras.
– Você é maluca? - eu pergunto já de pé.
– Eu sei que você quer! Você está aqui não esta? - ela falou como se eu tivesse planejado isso.
– O quê? Você disse que ia me mostrar os desenhos - eu falo e ela ri.
– Ah Peeta... desenhos? Como se você nunca tivesse visto os desenhos dela - ela fala com ironia e tenta se aproximar, dessa vez eu também me aproximo dela, seguro seus pulsos com força.
– NUNCA mais... Encosta em mim! - o mesmo ódio que tinha na minha voz eu apertava o seu braço, e então seu sorriso irônico começou a se desfazer enquanto ela tentava se soltar.
– Você ta me machucando - sua voz era nervosa e ela contorcia o pulso pra se livrar do meu aperto mas eu mantive.
– Eu sou casado! Muito bem casado! Se você encostar um dedo em mim de novo vai se arrepender! - eu falei e então a soltei, ela esfregou os pulsos.
– Você merece mais do que ela - ela falou quando eu já estava alcançando a porta, eu parei e me virei pra ela - E você sabe disso!
– Eu tenho nojo de você - eu conclui.
– De mim? - ela revidou melhorando sua postura - Você percebeu Peeta,mas quis estar aqui! Você quis! - ela falou e eu me virei de novo, saindo da sala e batendo a porta, eu segui o corredor e encontrei as crianças chegando ate onde estávamos antes, Pérola correu na minha direção e pulou no meu colo.
– A gente já podemos ir - ela falou com aquela animação, eu tentei forçar um sorriso mas não consegui, meu sangue ainda fervia.
– Vamos! - foi tudo que consegui dizer, não me despedi de ninguém apenas peguei ela e sai daquele lugar o mais rápido possível, durante o caminho pra casa enquanto Pérola falava orgulhosa de como foi legal eu ir lá, minha cabeça não parava de rodar, e a frase daquela mulher dizendo que eu procurei por aquilo, que eu sabia e mesmo assim fui até la, aquilo estava me matando, por que por mais que na hora eu tenha achado absurdo agora não sei o que pensar, é claro que eu jamais trairia Katniss, eu a amo com cada pedaço do meu corpo, da minha alma, mas é verdade que ela mesma tinha me alertado, e eu deveria ter prestado atenção, e agora eu me ceguei diante de algo que agora parece tão claro, ela tocando meu braço,o abraço, o jeito que ela ficou me olhando quando estávamos com os outros pais e o convite para ir em outro lugar, eu deveria ter percebido. Deveria.
– Paaaaaai - Perola me chamou puxando tinha camisa e me distraindo – Olha o que eu peguei pra mamãe – ela me mostrou um florzinha rosa e eu forcei um sorriso.
– Ela vai gostar – eu falei sem na verdade ter prestado muita atenção, já estávamos perto da Aldeia e ela correu até em casa, quando consegui chegar em casa ela já estava lá dentro e eu pude ouvir sua voz animada.
– Deve ter sido realmente bom – Katniss constatou enquanto Pérola falava rápido e agitada sobre como eu fui lá na frente e falei e ela mostrou pra todo mundo o pai dela, ela ria animada e pela primeira vez eu não conseguia sorrir vendo ela assim, minha cabeça ainda estava nas palavras daquela mulher.
– Tá tudo bem? – Katniss perguntou quando percebeu que eu ainda estava mudo e parado no mesmo lugar, eu concordei com a cabeça e forcei um sorriso – Eu to adiantando o almoço! Mas você devia deitar um pouco! Você não dormiu e...ta com uma cara horrível – ela falou implicando comigo e Pérola riu, eu novamente apenas forcei um sorriso, eu não podia continuar ali, olhando pra ela com essas coisas ainda na minha cabeça.
– Eu vou pra padaria – eu avisei puxando as chaves de cima da mesa, Katniss me encarou curiosa.
– Peeta, você prometeu que ia descansar! Você não dormiu nada essa noite – ela falou reprovando minha ideia, mas eu não podia mesmo, precisava sair dali, respirar, pensar.
– Eu sei! Eu descanso a noite! Eu prometo – eu falei e antes que ela retrucasse eu me virei pra sair da cozinha, já estava alcançando a porta quando ela me segurou.
– Aconteceu alguma coisa? – seu olhar preocupado só conseguia me deixar pior ainda.
– Eu to legal! Só...tenho que ver algumas coisas por lá – eu menti, e eu odiava mentir pra ela, seu olhar se fixou ao meu e mesmo sem parecer convencida ela concordou, liberou meu braço e eu sai, não ouvi o barulho da porta fechar o que me fez pensar que ela ainda estaria ali mas eu não tive coragem de olhar, segui o caminho pra padaria e mal percebi quando cheguei, eu passei direto e fui para o escritório me afundei na cadeira, joguei a cabeça pra trás encarando o teto e tentei organizar minha cabeça. Eu amo a Katniss, e isso não tem a menor duvida, na verdade é uma das minhas maiores realidades, e eu jamais a trairia, eu nem ao menos olho para as outras mulheres por que ela já é tudo que eu preciso, mas eu não consigo tirar esse sentimento de culpa que está crescendo em mim, por que eu deveria ter percebido, deveria ter caído fora, mas não, eu me deixei levar, claro que não foi intencional mas isso não justifica minha falta de atenção, eu jamais havia beijado outra mulher desde que beijei Katniss pela primeira vez e era assim que era o certo, eu sei que não foi eu quem beijou essa mulher mas não me faz me sentir menos sujo e menos digno, minha obrigação como marido era perceber esse tipo de coisa e não me deixar envolver nem ser pego em algo assim.
– Peeta?! – a voz me distraiu, Philip estava na porta me olhando e pedindo permissão pra entrar, eu sinalizei com a mão para que ele entrasse, ele entrou e fechou a porta – É sobre os novos fornecedores – ele falou iniciando o assunto, eu disse pra ele sentar e então ele me colocou a par das coisas, desde que houve a confusão com a entrega nós trocamos de fornecedores, mas acontece que mesmo entregando no prazo certo e o material sendo de boa qualidade, essa nova empresa está cobrando bem mais caro, por isso ele me apresentou uma espécie de planilhas de gastos, eu tentei entender, mas parecia que nada entrava na minha cabeça.
– Tá ótimo! Liga pra eles, se não abaixarem o preço nós mudamos, ou procuramos outra ou ... não sei! Você tá com carta branca pra decidir isso – eu falei fechando a planilha e entregando a ele que me olhou curioso, por que eu sempre faço questão de cuidar dessas coisas mas não hoje.
– Tem certeza? – sua voz descrente só confirmava sua confusão.
– Absoluta!
– Eu não to reclamando, eu posso fazer isso numa boa! Mas... você tá bem? – ele perguntou agora preocupado, eu respirei fundo e depois soltei o ar me afundando na cadeira que se arrastou levemente pra trás.
– Não – eu confessei passando as mãos pelo rosto, ele me fitou ainda mais preocupado.
– Eu posso ajudar?
– Pode! Resolve as coisas com o fornecedor – eu falei e logo me levantei – Eu tenho que sair – eu avisei já saindo do escritório.
– Peeta – a voz provavelmente do Rory tentou me trazer de volta mas eu passei direto.
– Agora não – eu avisei quando ele ameaçou me seguir, sai da padaria, olhei para os dois lado e segui até a Campina, o sol estava ainda no seu melhor desempenho e eu tive que achar uma sombra pra me escorar, acabei sentado em algumas pedras no canto, apoiei a cabeça nos joelhos e fechei os olhos. Eu tentava convencer a mim mesmo que eu não tinha culpa mas ao mesmo tempo não conseguia acreditar que ignorei tantas coisas, eu passei o resto da tarde ali, sentado olhando para o campo que já não estava tão bonito quanto semanas atrás, ainda assim fiquei ali, longe de todos, e só quando o sol se pôs que eu sai e segui pra casa, ainda pior do que estava, quando cheguei em casa Pyter estava saindo correndo da cozinha e logo Pérola estava atrás dele.
– É meu! – ela gritava tentando alcançar ele que ficou do lado opposto da mesinha segurando um biscoito, então quando ela ia alcança-lo ele colocou o biscoito na boca, pronto, estava feito, o choro de Pérola veio acompanhado de uma risada vitoriosa dele, ela batia os pés e as mãos no ar e reclamava, Katniss apareceu com um avental amarrado na cintura.
– Você pode por favor fazer alguma coisa? – ela pediu com certa irritação na voz, Perola já estava aos meus pés chorando e apontando pro Pyter que ria cada vez mais, eu puxei pro meu colo.
– O que houve? – eu perguntei enquanto enxugava suas lagrimas e tentava fazer ela parar de chorar.
– Era o ultimo biscoito, e era meu. Ele já tinha comido – ela explicou voltando a chorar, eu beijei a bochecha molhada de lagrimas e sorri pra ela.
– E se eu fizesse mais biscoitos pra você – eu sugeri e ela me olhou mais animada parando o choro.
– Só pra mim? – ela perguntou sorrindo.
– Você come um a mais que o Pyter! Aí fica igual – eu falo e ela parece desapontada mas concorda – Então vamos – eu falo e a coloco no chão, segurando sua mão e chamo Pyter que segura a outra mão, então entramos na cozinha.
– Eu peço pra você resolver e você traz eles pra cozinha – Katniss reclama assim que nos vê.
– A gente vamos fazer biscoito – Perola explica com seu jeito.
– Se eles ficarem com dor de barriga você fica acordado com eles – ela avisa mas acaba concordando, e ainda nos ajuda a pegar o material e preparar tudo, Pyter espalha farinha pela mesa e acaba sujando o rosto e os cabelos de Pérola que ri e suja os dele de propósito, então o resultado final é uma bandeja de biscoitos e uma cozinha toda suja de farinha, os biscoitos ficam prontos e depois de uma limpeza razoável na mesa conseguimos sentar, eles comem os biscoitos com um copo de leite e é impossível estarem mais satisfeitos, depois enquanto Katniss sobe com eles eu arrumo de verdade a cozinha e me espanto com a quantidade de farinha que ainda tinha pelo chão, e depois que acabo tudo ainda preciso limpar as marcas dos pés deles que estavam até na escada, eu termino e então subo a tempo de ver Pyter como sempre tentando não tomar banho, Katniss tenta convencer e até arrastar ele e eu decido ajudar.
– Pyter! Banho. AGORA – eu falo sério e mesmo sem ter gritado seus olhos se arregalam e ele parou de espernear, e foi sozinho pro banheiro – Pode deixar que eu vou – eu falo quando Katniss já estava indo até lá, então ela recua e eu vou dar o banho nele.
– Por que você não gosta de tomar banho? – eu perguntei enquanto ajudava ele a se ensaboar.
– Por que é chato – ele fala dando de ombros - E eu não gosto de tomar banho – ele esclarece o que pra ele é o ponto mais importante e eu acabo rindo.
– Então você gosta de ficar sujo? – eu pergunto e ele nega – Criança que fica suja não cresce – eu alerto e ele rapidamente para e me olha assustado.
– Não? – sua voz tem a mesma surpresa de seu olhar.
– Não! A sujeira faz ficar pequeno pra sempre – eu invento fazendo uma cara convincente e ele arregala os olhos e começa a se esfregar mais rápido.
– Eu tenho que ficar mais grande! Mais grande que a Péla – ele fala ainda usando o apelido da Pérola embora agora ele saiba falar o nome certo, e então se esfrega desesperadamente, eu sorrio satisfeito e alguns minutos depois ele está saindo do banheiro satisfeito.
– Eu to mais grande? – ele pergunta parando na frente da Pérola com a toalha ainda enrolada na cintura, ela estranha mas antes que ela diga algo errado, eu faço sinal de sim com a cabeça.
– Quase do meu tamanho – ela mente descaradamente mas ele sorri satisfeito.
– LEGAL – ele fala e pula animado, ela ri e eu também acabo rindo, termino de colocar o pijama nele e logo eles estão deitados, prontos pra dormir, não sem antes contar uma história mas dessa vez Pérola pede a Katniss pra contar, ela aceita e se senta no meu lugar de sempre, abre o livro e começa a contar, eu a observo por um tempo mas vendo ela assim, com eles, contando histórias e parecendo bem, eu só me sinto novamente um idiota, por isso eu saio do quarto deles e entro no nosso, vou direto pro banheiro e abro o chuveiro, deixo a água cair no meu corpo querendo me livrar dessa sensação de estar sujo, não sem quanto tempo passo debaixo da água mas só me distraio quando a porta do Box abre, Katniss entra me surpreendendo, por que geralmente ela não faz isso, ela se aproxima do chuveiro.
– Meu Deus Peeta, isso tá queimando – ela reclama recuando rapidamente da água – Desde quando você gosta de ser cozido? – ela pergunta se divertindo, eu forço um riso que sair meio fraco demais, e então troco a temperatura do chuveiro.
– Acho que me distrai – eu falei já verificando se água estava melhor.
– Com o que? – ela perguntou curiosa.
– Com o grilo! Ele apareceu de novo – eu falei a primeira coisa que veio na minha cabeça e ela pareceu desconfiada.
– Eu disse que matei! Só espero que ele não resolva cantar pela madrugada – ela fala e sorri entrando debaixo do chuveiro mas ficando próxima demais de mim, e mesmo que eu queira isso, ainda me sinto estranho nessa situação e acabo recuando tentando ser discreto, eu já ia abrir a porta do Box quando suas mãos passaram pelo meu cabelo – Seu cabelo ainda trem farinha – ela fala rindo, mas o toque dela em mim desperta sensações que são difíceis de serem controladas e eu não posso ceder enquanto me sentir assim, sujo, eu preciso falar com ela, falar a verdade, contar o que aconteceu, só assim eu posso me livrar dessa sensação de culpa, mas como eu posso fazer isso? Como eu posso olhar pra Katniss, minha esposa, a única mulher da minha vida e dizer que outra mulher me beijou, uma mulher que ela já havia me alertado antes? Como eu posso fazer isso? Por mais que eu saiba que esse é o certo e por mais que eu tenha prometido nunca esconder nada dela, ainda assim não é algo fácil de falar, principalmente se eu me colocar no lugar dela, se fosse o inverso com certeza eu não ficaria feliz, na verdade eu iria odiar, mas ficaria sim agradecido por ela ter me falado a verdade e é isso que eu tenho que fazer.
– Peeta, você tá legal mesmo? – ela pergunta me olhando enquanto eu estou parado de frente pra ela.
– Não! A gente precisa conversar – eu falo sério e seu sorriso se fecha revelando algumas rugas de preocupação.
– Fala! O que foi?
– Não, aqui não! Toma banho e depois a gente conversa – eu explico e seu olhar é um misto de confusão, preocupação e curiosidade, eu saio do Box, me enrolo na toalha e vou pegar uma roupa, quando ela sai do banheiro eu já estava com a calça – Você podia ter terminado o banho – eu falo mesmo sabendo que se fosse o contrario eu faria o mesmo, ela está de roupão, o cabelo preso no alto da cabeça, ela cruza os braços e espera eu falar.
– Katss, eu preciso de contar uma coisa que... tá me deixando louco... eu... só não sei como contar – eu revelo procurando as palavras, eu passo as mãos pelo cabelo e respiro fundo.
– Peeta, é só falar! Eu vou tá do seu lado independente do que for – ela fala sinceramente e segura minha mão, ela me olha nos olhos e eu desvio os olhos dela tentando tomar coragem.
– Eu fui um idiota! Eu sei disso e eu admito isso mas eu nunca quis ...nada disso... eu só...só muito burro – eu falo sem ainda dizer o que é.
– Você tá começando a me deixar preocupada – ela fala e então sabendo que esse é o certo, eu a sento na cama e escorrego na sua frente, ficando meio que ajoelhado na frente dela, mas assim eu posso ver seu rosto melhor e tudo que eu tiver que falar por pior que seja tem que ser olhando pra ela, seus olhos estão fixos em mim e eu tomo uma respiração profunda e começo a falar, tudo, desde a apresentação dela naquele dia em que Katniss a viu até o beijo que ela tentou me dar, eu falo tudo e mesmo com o olhar revoltado dela eu começo a me aliviar desse peso.
– Eu sei que eu deveria ter te escutado, eu sei que eu deveria ter entendido no que eu estava me metendo mas... eu não consegui, as coisas só parecem óbvias agora! – eu lamento e ela continua me olhando sem dizer nada – Pelo amor de Deus Katniss, fala alguma coisa, grita, me bate, não sei, qualquer coisa – eu peço e ela então é ela quem respira fundo dessa vez.
– Você gostou do beijo? – ela pergunta séria olhando nos meus olhos.
– O que?Não! Claro que não Katss! Eu... eu amo você – eu explico ajoelhado na frente dela, mas quando minhas mãos iam tocar seu rosto ela me impede.
– Ela é uma mulher bonita – ela considera ainda séria.
– Katniss não! Nem pensa uma coisa dessas! Eu te contei por que nós juramos nunca mais mentir um pro outro, por que eu me sentia sujo escondendo isso de você, mas não desconfia do meu amor por você! Isso... é... por favor, não faz isso – eu peço tentando me controlar usar as palavras que parece correr sempre que eu preciso delas.
– Não é desconfiar do seu amor Peeta! Mas..., você é homem! Ela é uma mulher bonita! Muito mais bonita do que eu jamais fui, e essa semana com tanta coisa acontecendo, e sei que...
– Para! – eu a interrompo, libero minhas mãos da dela e alcanço seu rosto, meus dedos contornando ele – Eu te proíbo de pensar uma coisa dessas – eu aviso sério e olhando no fundo dos seus olhos – Pra mim só existe uma mulher, a mais linda do mundo! Katniss, você é a única, sempre foi! É claro que eu te desejo, claro que eu sinto falta quando não estamos juntos, mas é mais do que isso! Você sabe disso! Você é a única capaz de me fazer me sentir inteiro Katss, você me completa e eu sei que isso nenhuma outra jamais conseguiria fazer! Você me tem! Meu amor, meu coração, meus pensamentos...meu corpo! Eu sou seu Katniss! E você é minha, não existe nenhuma outra opção – eu declaro e agora seus olhos não estão mais irritados nem raivosos, na verdade eles brilham com algo muito mais forte que isso, com o mesmo brilho e chama que os meus devem estar, ela sabe que é verdade e eu sei que ela também senti o mesmo em relação a mim, não existe nada que pode ficar entre nós dois, eu a amo e ela também me ama, então quando ela se inclina e me beija eu sei que fiz a coisa certa em ter contado, não podia esconder nem deixar que nada ficasse entre nós, agora sim eu me sinto digno dela, agora eu posso tê-la como minha novamente, eu correspondo o beijo me levanto do chão avançando sobre ela que se arrasta para subir mais na cama, o beijo é forte e necessitado e eu consigo sentir cada pedaço do meu corpo respondendo e chamando por ela, mas antes, eu pulo da cama e corro até a porta, eu passo a chave e volto pra cama, recomeçando o beijo de onde parou mais ainda mais necessitado, Katniss acaba por cima de mim e quando eu abro o roupão e meus olhos descem pelo seu corpo, eu sinto ainda mais forte essa sensação, ela volta a me beijar, meus dedos soltam seu cabelo e eu os entrelaço ali, então me inclino sobre ela e deixo meus lábios a reconhecerem novamente e ao mesmo tempo que eu conheço cada parte do seu corpo, ainda parece como a primeira vez, os sons abafados que escapam de nossas bocas se misturam ao som dos nossos corpos se tornando um só e não há sensação melhor que essa, não existe lugar melhor para se estar, e só assim eu me sinto inteiro! Eu acordo com Katniss deitada sobre mim, metade do seu corpo nu sobre o meu, seu braço envolvendo meu peito e sua perna entre as minhas, isso me faz sorrir, lembrando da noite de ontem e de como mesmo depois de tantos anos juntos ainda assim nós somos o que o outro precisa, meus dedos passam pelo cabelo dela que estão espalhados em grandes ondas negras sobre meu peito, eu libero seu rosto pra poder observá-la melhor e então sorrio novamente vendo ela tão tranquila, e sem resistir eu inspiro o perfume de seus cabelos, ela se mexe e seu corpo se esfrega ao meu me despertando ainda mais e então ela rola para o lado da cama se espreguiçando, esticando os braços e de olhos fechados, eu sorrio e me inclino sobre ela, quando ela abre os olhos sorri ao me ver.
– Bom dia – eu falo com os lábios encostando no dela, e ela me beija, me fazendo perder o pouco de auto controle que ainda tinha, eu levantei o lençol do nosso meio e nos cobri enquanto eu aprofundava o beijo, nossas peles quentes se encostando e liberando todas aquelas sensações de novo e a verdade é que eu nem ao menos quis resistir por isso logo estávamos juntos novamente.
– Bom dia! – ela falou sorrindo enquanto ela apoiava a cabeça no meu peito de novo – Nossa o sol já está tão alto – ela falou despreocupada e então deu um pulo parando sentada – Peeta que horas são? – ela perguntou e eu me virei pra pegar o relógio.
– Nove meia – eu falei e ela fez uma careta e se jogou deitada na cama de novo.
– Nós perdemos a hora – ela reclamou com a mão no rosto.
– Eu diria que nós ganhamos – eu conserto já me inclinando sobre ela que riu mas me afastou e se esquivou.
– Pode parar – ela falou mas estava sorrindo o que me deixou na duvida então eu a puxei de volta pra cama.
– Mamãe! – a voz e as batidas na porta me fizeram parar.
– Já vou – ela gritou pegando o roupão e o vestindo enquanto eu colava as calças, então abriu a porta e Perola estava parada ainda com cara de sono.
– O grilo ainda tá lá – ela falou e eu acabei rindo.
– É com você – ela fala e aponta pra que eu vá até lá.
– Eu já posso tomar banho – ela pergunta olhando pra Katniss.
– Nós perdemos a hora! Hoje você não vai pra escola – ela explica e Pérola parece desapontada por não poder ver Hazel e Ian, enquanto Katniss e ela vão fazer a higiene matinal, eu entro no quarto ao lado, Pyter acorda enquanto eu arrasto a cama da Pérola, e quando eu digo que estou caçando o grilo ele logo pula da cama pra me ajudar, e meia hora depois, com os moveis fora do lugar e algumas gavetas abertas finalmente achamos o bicho, mas eu decido não matar, pego um vidro vazio no banheiro e o coloco La dentro.
– Mata – Pyter insiste animado.
– Não precisa matar! Nós vamos soltar ele lá fora que tal? – eu sugiro mas ele não se empolga, mas quando Perola entra no quarto e eu digo o que vou fazer mesmo que tenha gritado quando o viu ela concorda em soltar ele e não matar, e depois de explicar pro Pyter que provavelmente o grilo tinha uma mãe, e um pai ele também concordou alegre em libertar o bichinho, então com eles ainda de pijamas, eu de calças e Katniss que preferiu colocar outra roupa do que sair de roupão, fomo até o quintal e libertamos o bicho perto de uma arvores, eles festejaram dando adeus ao grilo e quando Haymitch apareceu guiado pelos gritos deles eles foram os três cuidar do nansos, Katniss e eu voltamos para casa e enquanto eu preparava o café ela tomava banho e depois quando eles voltaram comemos todos juntos, a tarde eu tive que ir a padaria por que me lembrei do que Philip me disse e agora que já estou mais calmo, bem mais calmo, posso revisar melhor, quando eu chego lá e o chamo ele diz que imaginou que eu fosse repensar por isso preferiu esperar, então ele me mostra tudo de novo e dessa vez prestando atenção vejo que estamos gastando mais, por isso preciso ligar pra eles, depois de uma longa conversa conseguimos manter um acordo bom para os dois lados, saio de La com a tarde caindo e me surpreendo quando chego em casa e Katniss não está, as crianças estão com Haymitch brincando de bola dentro de casa.
– Quais são as regras sobre bola dentro de casa? – eu pergunto e Pérola para na hora, já Pyter e Haymitch ainda chutam.
– Regras são chatas – Haymitch fala dando de ombros.
– É, Chatas – Pyter concorda e ele ri batendo na mão dele.
– E os castigos são feitos pra quem pensa assim – eu alerto e Pyter para a comemoração enquanto Perola ri dele, então a porta abre e Katniss entra carregando uma sacola do mercado – Onde você estava? – eu perguntei e ela levantou a sacola como resposta, então depois brigou com Haymitch por deixar eles brigarem de bola e ele revidou dizendo que ela deveria lhe agradecer e enfim, a rotina estava instalada. O dia seguinte também foi normal, mas na hora de buscar Pérola o caminhão com o material chegou e eu já tinha dispensado todos, eu liguei pro Haymitch e pedi que ele a buscasse pra mim e como era por Pérola ele não reclamou, eu recebi as coisas rapidamente e logo sai, quando estava chegando na Aldeia vi quando eles entravam em casa, eu me apressei e logo entrei também, Haymitch já estava discutindo com Katniss pra variar e Pérola falava sobre a escola enquanto Pyter brincava com seu carrinho no chão da cozinha, até que Pérola anunciou a novidade.
– A minha tia bem mudou – ela falou sem dar muita atenção mas eu sim, eu me atentei e estranhei ainda mais que quando olhei pra Katniss sua expressão não mudou, pelo contrario, ela liberava um pequeno sorriso, e mesmo eu sabendo que ela estava sentindo meu olhar nela ela não me olhava – Ela teve que ir embora, agora a gente tem outra tia, mais legal ainda – ela comemora e eu não desvio o olhar da Katniss, eu aproveito que eles estão distraídos e me aproximo dela no fogão.
– Ela TEVE que ir embora? – eu pergunto olhando pra Katniss, que faz uma cara meio surpresa.
– Que pena – ela fala forçando pra parecer chateada mas aquele sorriso vitorioso não saia de seus lábios.
– Será que você... por acaso... sabe o que aconteceu? – eu pergunto com um sorriso meio curioso.
– Não sei... talvez...quem sabe...por acaso... alguém com grande influência sobre as pessoas e autoridades e que...talvez tenha um marido tão bonito que atrai os olhares e mãos e bocas de professoras tenha ido até a diretora ontem a tarde e exigido a dispensa dela... Claro, apenas talvez! – ela fala sorrindo e eu sorrio ainda mais, então eu passo meus braços pela cintura dela e sem me importar com eles eu a beijo, um beijo de verdade que faz ela rir.
– Minha protetora – eu falo com nossos lábios ainda próximos e ela ri.
– Que essa seja a ultima vez – ela avisa tentando parecer séria mas quando eu a beijo de novo ela sorri, as risadas e gritos de “Eca” que nos fazem separar, mas olhando ela ali ainda nos meus braços, eu sei que ninguém no mundo me faria mais feliz e nada jamais ficará entre nós.


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Notas finais do capítulo

Me empolguei, quase 20 paginas, é eu sei, muito grande mas perdi o original e acabei demorando, achei que vocês mereciam pela espera, acrescentei ainda o pesadelo (que particularmente eu amei, espero que mais alguém goste kkkkk), bem é isso. COMENTEM rs' Beijos