Eu paro o carro e desço rapidamente, abro a porta pra Katniss mas ao invés de tomar a direção de casa eu sigo a direção oposta.
– Ei, onde você vai? – ela pergunta parada me olhando.
– Contar por Haymitch – eu falo como se fosse óbvio, ela balança a cabeça reprovando.
– Não acho que ele esteja esperando ansioso pra saber – ela fala tentando me fazer desistir.
– Mas eu estou ansioso pra contar! Na verdade por mim eu gritava aqui mesmo – eu falo abrindo os braços no meio do caminho, ela vem até a mim me reprovando.
– Eu não duvido disso – ela fala e abaixa meus braços, me olha nos olhos e mesmo contrariada ela respira fundo e aceita – Tudo bem, vamos logo – eu sorrio grandemente e a beijo, nós continuamos na direção da casa dele e entramos sem bater antes, ele está nos fundos cuidando dos gansos.
– Hey, vão ficar olhando ou será que podem fazer alguma coisa útil? – ele pergunta assim que nos vê parados na porta observando enquanto ele tenta colocar dois dos gansos dentro do cercado, mas sem ter muito sucesso já que os bichos estão fugindo, batendo as asas e ele mal consegue chegar perto deles.
– Mas você já está indo tão bem – Katniss fala com ironia enquanto se encosta na parede e o observa, ele finge uma risada.
– E você ainda serve pra alguma coisa ou essa daí já te dominou? – ele pergunta me olhando com ironia, mas hoje nem todas as suas ironias juntas conseguirão abalar meu humor, por isso eu vou até ele e tento segurar um dos gansos, acabo tendo mais trabalho do que pensei que teria, Katniss se senta no degrau da porta e ri de nós dois enquanto ele reclama comigo me dizendo que sou eu quem está espantando os bichos, até que depois do que pareceram muitos minutos eu consigo segurar um dos gansos e o coloco dentro do cercado, eu já estou quase sem ar mas volto para ajudar ele a pegar o ultimo, mas já não aguento mais esperar pra dar a noticia que eu vim falar.
– Nós chegamos agora do Hospital – eu falo enquanto tentamos cercar o ultimo bicho, ele nem ao menos me olha, continua concentrado – Katniss teve uma consulta – eu completo e ele levanta o olhar pra mim.
– Foi o que eu pensei – ele fala sem entender onde quero chegar.
– Nós já sabemos o sexo do bebê – eu anuncio e ele me ignora e então consegue segurar o bicho pelo pescoço e o leva até a cerca.
– É uma menina – eu anuncio e então o bicho se solta e volta a correr pelo espaço do quintal.
– Menina? – ele pergunta surpreso.
– É, uma menina! Acredita nisso? Eu vou ser pai de uma menina – eu repito cheio de orgulho e completamente feliz, ele apenas me olha ainda parado no lugar, a sombra de um sorriso aparece no seu rosto mas logo ele fica sério, ainda assim alguma coisa no seu olhar mudou, eu não sei dizer o que é mas estava lá, e se tratando dele isso pode ser qualquer coisa, e então como se tivesse sido despertado ele volta a captura do ganso e dessa vez ele o pega rapidamente e o coloca com os outros.
– Espero que tenha enchido o tanque do carro, por que da ultima vez você deixou vazio – ele fala passando pela Katniss rapidamente e entrando em casa, eu continuo parado no meio do quintal olhando pra Katniss tentando entender o que aconteceu.
– Eu disse que ele não ia se importar – ela fala se levantando e eu me aproximo dela – Podemos ir agora? – ela pergunta com a sobrancelha erguida, mas eu nego com a cabeça, eu vi os olhos dele, o modo como ele parou assim que eu disse e aquilo não tem nada a ver com indiferença, pelo contrário.
– Ele se importa – eu afirmo – E é isso que irrita ele – eu completo e mesmo sem parecer acreditar muito ela entra comigo atrás dele, ele está com uma garrafa de água e um copo na mão.
– Então você não quer dizer mais nada? – eu pergunto e ele enche o copo com a água.
– Dizer o que? – ele pergunta dando de ombros.
– Sei lá! Meus parabéns! Fico feliz! Adorei a notícia de ser uma menina... – eu sugiro e ele bebe um gole antes de falar.
– Meus parabéns! Você parece muito feliz e eu não vejo diferença nenhuma em ser uma menina, ela ainda vai chorar, fazer barulho e se sujar como todas as outras crianças – ele fala tentando não se importar.
– Mentira – eu afirmo encarando ele que levanta os olhos pra mim surpreso – É mentira Haymitch eu vi os seus olhos quase brilharem quando eu disse - eu falo e ele vira as costas negando.
– Também viu o sol que está lá fora? - ele pergunta tentando me ignorar.
– Qual é Haymitch, nós dois sabemos que o sol não tem nada a ver com isso - eu insisto e ele se vira irritado.
– Você não tem que trabalhar, cuidar da sua esposa grávida, se trancar num porão ou qualquer outra coisa que seja longe daqui? - ele fala passando e se esbarrando em mim, Katniss me olha e com certeza agora ela também está curiosa sobre a reação dele.
– O que foi isso? - ela pergunta indo atrás dele - Por que isso tudo? - ela insiste.
– Por que eu tenho mais o que fazer do que olhar pra cara de vocês - ele fala ainda irritado.
– Então isso não tem nada a ver com a notícia da bebê ser uma menina? - eu pergunto e ele força uma risada.
– E o que te faz achar que eu me importo com isso? - ele pergunta me encarando.
– Bom, os quinze anos que eu te conheço serviram pra alguma coisa! Eu vi seu olhar e não importa o que você inventar ou o quanto você negue eu sei que você gostou e ... Você se importa - eu afirmo e ele solta outra risada.
– Eu não to nem aí! - ele fala e então entra no corredor nos deixando sozinhos na sala, eu olho pra Katniss esperando pra saber a opinião dela.
– Ok! Isso foi estranho! - ela afirma me olhando meio curiosa - Com certeza tem mais alguma coisa aí - ela confessa e eu concordo.
– Eu sei! - eu afirmo e nós saímos da casa dele.
– E o que você vai fazer? - ela pergunta enquanto entramos na nossa casa, eu dou de ombros.
– Ele nunca vai admitir e nem contar nada - eu falo enquanto entro na cozinha.
– Talvez - ela fala parada na porta da cozinha me olhando.
– Talvez? - eu repito com ironia - Nós estamos falando do Haymitch, ele nunca vai falar - eu concluo e ela concorda - Tá com fome? - eu pergunto levantando a travessa com o pão e o queijo, ela confirma e eu preparo os sanduíches enquanto ela me observa encostada na pia, eu empurro o prato com o sanduíche e encho um copo de leite pra ela, nos sentamos e começamos a comer.
– Eu acho que eu sei como descobrir - ela fala me interrompendo enquanto eu falava, eu paro confuso olhando pra ela - Sobre o Haymitch... - ela explica quando percebe minha confusão.
– Você não prestou atenção em nada que eu falei né? - eu pergunto mesmo que já saiba a resposta.
– Só tem um jeito de fazer ele falar - ela completa seu raciocínio me ignorando.
– Tortura? - eu sugiro forçando uma voz misteriosa, então ela se levanta vai até a pia abre o armário e depois de remexer ela pega uma garrafa fechada de aguardente, a preferida dele, ela levanta a garrafa e me olha com um sorriso vitorioso.
– Você quer deixar ele bêbado até ele falar? - eu pergunto sem acreditar muito, ela coloca a garrafa na minha frente em cima da mesa.
– É melhor que a tortura - ela fala dando de ombros.
– Eu não sei... Ele vai ficar uma fera - eu falo já imaginando a reação dele se descobrir que foi alguma espécie de plano
– Ele nem precisa saber! Fala sério, quantas vezes ele nem se lembra como foi dormir - ela fala e eu penso alguns segundos.
– Eu não acho que isso seja certo - eu tento fazê-la mudar de ideia.
– Você viu como ele ficou, vai me dizer que você não tá nem um pouquinho curioso? - ela pergunta me olhando quase implorando.
– Eu vou pensar - eu falo depois de respirar fundo, eu me levanto e guardo a garrafa no armário de novo - Eu vou pra padaria! - eu aviso e ela também se levanta.
– Eu vou com você - ela avisa mas já não é uma surpresa, ela tem ido lá com mais frequência já que agora ela não pode mais ficar andando pela floresta como ela costumava passar o tempo, nós saímos de casa novamente e dessa vez seguindo o caminho para a padaria, o horário do almoço já terminou e eles devem estar trabalhando.
– Eu sei que você vai querer contar... Mas, por favor, sem nenhum escândalo - ela pede quando estamos alguns passos de lá.
– Eu não faço escândalos - eu falo fingindo espanto.
– Você entendeu! Só... Se controla! - ela pede e eu sorrio, beijo seus lábios demorado antes de abrir a porta, nós entramos e logo vamos em direção ao balcão, ainda não tem nenhum cliente.
– Patrão.. - Benny fala enquanto passamos pelo balcão, eu paro na porta da cozinha verificando se todos estão aqui e estão.
– É uma menina! - eu anuncio em alto e bom som, eles param o que estão fazendo e comemoram, Benny vem até a mim me abraçando e quase tirando meus pés do chão, todos se aproximam dando os parabéns pra mim e pra Katniss, passando a mão na sua barriga, algo que ela ainda não se sente confortável mas tenta não se apavorar, depois que todos comemoram, nos cumprimentam e dão suas opiniões de nomes nós entramos no escritório.
– Super discreto - ela fala com ironia assim que eu fecho a porta.
– Só tinha a gente! Só os amigos - eu falo dando de ombros e me aproximando dela, minhas mãos na sua cintura e meu olhar na sua barriga - Eu mal posso esperar pra olhar pra ela - eu falo com ansiedade e ela sorri - Ela vai ser tão linda quanto você - eu falo com o rosto próximo demais do dela que revira os olhos discordando do que eu disse.
– Ela tem que ser parecida com você - ela fala e eu sorrio então junto nossas bocas, o beijo avança, mas antes que ele se torne mais intenso ela afasta o rosto.
– Tá sentindo? - ela pergunta alerta, eu a olho confuso e ela inspira lentamente - Esse cheiro - ela fala fechando os olhos e então abre os olhos com um sorriso - Isso é pão com nozes - ela fala e dessa vez sou quem sorrio - Eu preciso de um desses - ela afirma e antes que eu fale alguma coisa ela já abriu a porta e foi pra cozinha, eu rio antes de ir atrás dela, quando saio do escritório ela já está ao lado do Philip que acaba de tirar o tabuleiro do forno, eu a observo enquanto ela pega um dos pães e corta, mesmo com a fumaça ainda saindo ela não se importa e depois de assoprar algumas vezes ela morde o pão, ela fecha os olhos apreciando cada pedaço, quase posso ouvir ela suspirar, um sorriso surge no meu rosto enquanto eu a vejo assim.
– Peeta - a voz ao meu lado e a mão passando na frente do meu rosto que me despertam, eu me viro e vejo Rory me olhando rindo - O telefone - ele avisa e eu ouço o toque do telefone, lanço um último olhar pra Katniss que continua devorando o pão enquanto fala alguma coisa com Philip, eu vou atender o telefone e era do Distrito Seis, a padaria também está indo muito bem por lá, parece que realmente foi uma ótima ideia a parceria, eu acabo ficando no telefone por um bom tempo já que tivemos que resolver algumas coisas, quando saio de lá a padaria já está lotada e Katniss está na cozinha com uma cara não muito boa.
– Que cara é essa? - eu pergunto e ela faz uma careta pior ainda.
– Ela comeu dois pães daquele - Marie conta rindo.
– Dois? - eu me surpreendo, por que o pão não é pequeno.
– Eu sei, eu sei! Péssima ideia - ela fala mas eu apenas sorrio.
– Pelo menos assim você come - eu falo e ela me olha com reprovação, passa por mim e entra no escritório, eu vou atrás dela, entro e ela está sentada na minha cadeira.
– Você quer ir embora? - eu pergunto já que ela realmente parece mal, mas ela nega com a cabeça.
– A padaria tá cheia... Eu não vou sair arrastada no meio deles - ela fala detestando a ideia.
– Você tá tão mal pra sair arrastada? - eu pergunto preocupado.
– Não! - ela afirma com toda certeza - Mas você vai achar que sim, eu vou dizer que não e mesmo assim você vai querer que eu saia escoltada - ela completa e sorri, eu me aproximo dela, me encosto na mesa e a observo.
– Vamos! - eu me decido e me levanto esticando a mão pra ela que continua sentada.
– Não... Eu to bem! De verdade - ela garante - Eu só comi demais... Como se isso fosse alguma novidade - ela completa e eu não posso negar isso, ultimamente eu já não tenho mais a preocupação de ela não ter comido por que essa se tornou sua principal atividade - Agora para de me olhar com essa cara e vai trabalhar um pouco vai - ela fala fazendo sinal com as mãos para que eu saia.
– Por um minuto eu achei que fosse o Haymitch - eu implico com ela que me olha com as sobrancelhas erguidas, mas antes que ela reclame eu me aproximo dela e a beijo, a princípio ela tenta resistir mas isso leva apenas alguns segundos e logo ela corresponde igualmente. Eu saio do escritório e a deixo revendo alguns dos papéis que agora também ficam na padaria já que ela tem vindo bastante pra cá, eu não quero ela sozinha em casa e acho que nem ela já que aceitou rapidamente quando eu sugeri isso. Eu ajudo Marie a terminar um bolo que ela estava confeitando, depois fico um pouco no atendimento e acabo confirmando que as pessoas realmente estão ansiosas e curiosas com a "suposição" de Katniss estar grávida, embora a barriga já possa ser vista, ela ainda disfarça com a roupa e nós ainda não confirmamos nada para as outras pessoas, mas eu tive que sair do atendimento já que praticamente todos me perguntavam se era verdade e eu tinha que me controlar pra não confirmar e comemorar que é uma menina, por isso eu fico pela cozinha até a hora que fechamos, nós saímos de lá com a tarde caindo. Quando chegamos em casa Katniss vai direto para o chuveiro e eu ainda levo alguns papéis pra assinar e faço isso enquanto ela está no banho.
– Amanhã tem a Distribuição - ela me lembra enquanto eu termino de juntar os papéis.
– Você vai? - eu pergunto e ela para me encarando.
– Eu achei que nós já tínhamos resolvido isso? - ela devolve pronta pra reiniciarmos essa conversa.
– Eu só perguntei - eu falo levantando as mãos como quem perdeu, ela suaviza o olhar, eu me levanto e me aproximo dela, junto nossos lábios e a beijo lentamente.
– Vai tomar um banho! Você tá cheirando a pão - ela fala rindo, eu dou mais um beijo rápido nela e então vou pro banheiro, quando saio de lá, coloco minha calça de moletom e uma camisa, ela não está no quarto e eu desço atrás dela, a encontro na cozinha, olhando a panelas.
– Não tem nada - ela fala quando me percebe na porta, eu solto uma risada e me aproximo.
– Acho que eu posso resolver - eu falo e ela sorri satisfeita, eu olho na dispensa verificando o que da pra fazer.
– Acho que você vai ter que voltar a caçar, só tem legumes - eu falo brincando e ela ri - Sopa? - eu pergunto e ela faz uma cara meio tem graça e dá de ombros - Creme de abóbora? - eu pergunto e ela parece mais satisfeita, eu começo a preparar e ela se senta me observando.
– Você vai falar com o Haymitch? - ela pergunta depois de um tempo.
– Quando você diz falar, você quer dizer arrancar alguma coisa dele? - eu pergunto olhando pra ela que ri dando de ombros.
– Seria bom! - ela fala fingindo desinteresse.
– Ainda to pensando nisso - eu falo e volto a terminar de preparar o tal creme, quando fica pronto ela coloca a mesa com dois pratos e dois copos, então ele aparece, entra na cozinha e para na frente da mesa.
– Não sabe mais fazer conta não queridinha? - ele pergunta olhando para os pratos.
– Eu não sabia se você vinha! - ela fala dando de ombros mas vai pegar outro prato e copo, ela coloca na frente dele que faz uma cara de satisfeito, então da a volta na mesa e chega no fogão.
– Vocês já foram melhores - ele fala enquanto se serve.
– Foi o que deu pra fazer! - eu falo e ele já está se servindo, nós também nos servimos e vamos pra sala, sentamos pelo sofá e Haymitch na poltrona, começamos a comer enquanto Katniss o relembra que terão a distribuição amanhã e ele já se prepara pra ter que encontrar a Dona Cleyse, nós terminamos de comer e Katniss vai levar os pratos, eu estranho ela ter se oferecido e vou atrás dela, quando entro na cozinha ela está tirando a garrafa do "esconderijo".
– Eu sabia que você não ia desistir - eu falo e ela se vira pra mim.
– Eu preciso saber... - ela fala querendo justificar, eu me aproximo dela e pego a garrafa da sua mão.
– Eu também! Mas isso? - eu falo e levanto a garrafa no nosso meio - É jogar sujo! - eu afirmo.
– Como se ele nunca tivesse jogado sujo com a gente - ela fala dando de ombros.
– Isso já foi! - eu aviso e ela desvia o olhar do meu - Eu também tô curioso mas você sabe que isso é errado, a gente mesmo tá pedindo pra ele parar e você quer entregar isso na mão dele? - eu falo tentando convencê-la e depois de respirar fundo ela volta a me olhar, parece envergonhada mas tem algo a mais no seu olhar, ela passa os dedos pelo meu rosto.
– Eu odeio quando você tem razão - ela fala e eu sorrio e beijo sua testa - Eu sou horrível! - ela fala sem me olhar nos olhos, eu encosto minha testa na dela deixando nossos olhares se encontrarem.
– Nem um pouco! - eu afirmo e junto nossos lábios.
– Essa fica comigo - a garrafa é puxada da minha mão e o beijo para, Haymitch a segura e a examina, Katniss me olha surpresa.
– Devolve - eu peço tentando pegar, ele abre a garrafa e tira um gole.
– O que vocês iam fazer com isso? - ele pergunta olhando pra garrafa e depois pra nós dois.
– Peeta estava guardando pra comemorar - ela fala dando de ombros.
– Então vamos comemorar - ele fala, pega um copo enche e me entrega, então sai da cozinha e volta pra sala.
– Ele ia beber de qualquer jeito - ela fala me olhando se desculpando.
– E eu vou ter que beber também? - eu pergunto levantando o copo, ela dá de ombros, então eu viro o copo rapidamente, ela me olha surpresa - Eu quero lembrar que eu sou contra - eu aviso mas ela sorri - E ... Você faz o café amanhã por que eu devo precisar da manhã pra me recuperar - eu completo e ela sorri ainda mais então me beija, nós voltamos pra sala, ele está na poltrona bebendo na própria garrafa, nós nos sentamos e enquanto enrolamos, conversando sobre todas os assuntos que lembramos a garrafa vai esvaziando e mesmo insistindo em encher meu copo a cada vez que eu o esvazio ainda assim é ele quem bebe mais.
– Então Haymitch... O que você achou....sabe, do bebê ser menina? - ela pergunta quando ele já começa a falar demais, ele para a garrafa que já ia colocar na boca novamente e a olha confuso.
– O quê que tem? - ele fala sem entender a volta a beber a garrafa que agora só tem menos da metade.
– Você gostou ou não? - ela explica e ele da de ombros, ela me olha como que pedindo ajuda mas eu apenas dou de ombros assim como ele fez e me encosto no sofá, ela me olha mais uma vez querendo que eu a ajude mas percebe que eu não vou falar nada então volta a olhar pra ele.
– Você ficou estranho quando o Peeta contou. Por que? - ela desiste das indiretas e faz a pergunta o mais clara possível, ele a olha examinando o que ela falou, mas fica em silêncio, apenas volta a beber, depois de alguns minutos em silêncio ela parece se conformar que não irá conseguir nada e também se encosta no sofá colocando os pés pra cima.
– Cindy Kelson - ele fala quebrando o silêncio, Katniss me olha confusa.
– Um nome pra bebê? - eu pergunto também confuso, ele ri e nega com a cabeça, alguns minutos de silêncio se iniciam antes dele quebrar de novo.
– Ela também queria uma menina! - ele fala e mesmo com a bebida já querendo me confundir eu me forço a me sentar e prestar atenção, Katniss também está olhando atentamente pra ele.
– Quem era ela? - ela pergunta depois que ele para de falar e apenas olha a garrafa, ele sorri quando ela pergunta.
– Ela era linda! Nós estudávamos juntos e todos os garotos eram apaixonados por ela – ele fala com um sorriso triste e um olhar perdido - Nós íamos nos casar! - ele confessa e Katniss arregala os olhos me olhando, ele nunca conta nada sobre sua vida antes disso tudo - Ela sempre dizia que queria uma menina - ele completa com um sorriso triste – Nós íamos nos casar assim que ela fizesse dezoito anos – ele acrescenta e com certeza Katniss deve estar prendendo a respiração por que eu mal consigo ver ela se mover, seus olhos estão arregalados e atentos a cada palavra dele - Mas ela morreu! - ele fala com o sorriso desaparecendo – Em um misterioso acidente – ele fala tentando ser irônico mas até isso falha, por que sua voz sai rouca e baixa demais, então ele se levanta coloca a garrafa na mesa do meio e para na frente dela - Essa é a história – ele fala e nós ficamos em silêncio, não era isso que eu esperava e tenho certeza que Katniss também não - Satisfeita? – ele pergunta encarando ela – Era isso que você queria saber não era? – ela apenas o encara – Essa é a grande história! – ele fala de braços abertos rindo de uma maneira insana.
– Eu... eu não sabia... – ela fala gaguejando e com a voz baixa.
– Agora você sabe – ele fala sério e sai andando, ela me olha e posso ver as lagrimas nos seus olhos, então antes que qualquer um de nós fale algo ele volta o caminho e pega a garrafa de cima da mesa – Isso vai comigo! Acho que eu mereço – ele fala com ironia e leva a garrafa, a porta bate forte quebrando o silencio que ficou na casa, Katniss passa a mão pelo rosto e apoia os braços nos joelhos, eu passo as mãos no seu cabelo, eu sei que não era esse tipo de história que ela imaginou escutar.
– Eu sou uma idiota – ela murmura com a mão ainda no rosto.
– Não tinha como você saber – eu falo tentando consolá-la, ela levanta a cabeça rápido e me encara.
– Não Peeta! Eu to errada, você estava certo! Era isso que você tinha que falar! É isso que qualquer outra pessoa falaria, ia jogar na minha cara o quanto eu sou idiota e cruel e que eu deveria ter te escutado e deixado essa história de lado, agora por minha culpa ele vai teve que remexer essa história! Será que você não entende? – ela fala irritada com lagrimas rolando pelo rosto.
– E isso vai mudar alguma coisa? – eu pergunto sério e ela me olha surpresa – Vai? – eu repito e ela esfrega as mãos no rosto – Se você tá errada e eu estava certo, nada disso importa! Nada vai mudar o que ele disse ou o que aconteceu! Você pode perder tempo se culpando por ter tocado no assunto ou você apenas achar um jeito de se desculpar e fazer isso passar – eu falo e ela continua me olhando com atenção – Não foi culpa sua ela ter morrido, ou ele não ter se casado ou não ter tido uma filha, e nada pode mudar isso! Mas acho que você ainda consegue fazer alguma coisa boa por ele – eu falo e ela ainda parece culpada, então me abraça forte e apoia a cabeça no meu ombro, minhas mãos acariciam suas costas e ela fica assim por alguns minutos, quando ela levanta o rosto seus olhos estão ligeiramente vermelhos, eu beijo sua testa e nós nos levantamos e subimos direto pro quarto, ela se encosta na cama quase sentada, com alguns travesseiros nas costas, eu fico ao seu lado e passo minha mão na sua barriga, sinto seu corpo tenso.
– Oi – eu falo com o rosto encostado na sua barriga – Papai tá aqui – eu falo com a voz baixa e então eu sinto. Minha mão que estava apoiada na sua barriga sente o tremor e depois como se fosse um chute, minha mão treme novamente e eu me sento rapidamente sorrindo – Oh meu Deus, você sentiu isso? – eu pergunto animado ficando de joelhos na cama com as duas mãos na barriga dela, seus olhos estão com a mesma expressão surpresa do seu rosto – De novo! – eu repito rindo – Ela tá chutando – eu falo como se ela não tivesse percebido, mas enquanto eu estou rindo e animado ela parece assustada e com medo – Sente... – eu falo e pego na mão dela colocando-a sobre a sua barriga, mas assim que ela a toca ela repuxa a mão.
– Eu já to sentindo! Está dentro de mim lembra? – ela fala na defensiva e sua voz parece abalada.
– É, eu sei! Isso não é... incrível? – eu pergunto sem conseguir parar de sorrir, a emoção de sentir minha filha se mexendo não pode ser controlada.
– Não! Isso é... assustador – ela me corrige e se endireita na cama, passando as mãos no cabelo – Ela tá dentro de mim Peeta! Dentro...de...mim – ela fala claramente assustada – Eu...eu... – ela procura as palavras mas não parece encontrar, seus olhos encontram o meu e ela não precisa mas dizer nada.
– E eu to do seu lado... Sempre – eu afirmo e a lagrima escorre pelo rosto dela mas ela passa a mão rapidamente – Você tem alguma dúvida disso? – eu pergunto e ela nega com a cabeça tentando segurar as lagrimas – Que bom! Por que eu não vou embora... Nunca! – eu falo com a voz firme e sincera, eu beijo sua testa e ela envolve os braços em volta do meu pescoço, eu espero até que ela se acalme e então ela me libera.
– Eu te amo! – eu falo com nossos rostos frente a frente – Vocês duas – eu falo e coloco a mão sobre sua barriga, ela parece prender a respiração mas não me afasta, eu beijo seus lábios rapidamente – Já ta tarde – eu falo já que a bebida e o cansaço estão começando a querer me vencer, ela concorda e tira os travesseiros de trás das costas, eu escorrego meu corpo ao lado do seu, apago a luz do abajur e ela se encosta em mim, sua cabeça no meu ombro e sua barriga pra cima já que ela não consegue mais dormir de outra maneira, meus olhos começam a pesar e sentindo o calor dela colado no meu corpo eu acabo dormindo. Eu acordo no outro dia com a minha cabeça explodindo.
– Não sei como ele aguenta isso – eu resmungo e escuto sua risada ao meu lado.
– Boa tarde – ela fala rindo quando eu me viro pra ela.
– Que horas são? – eu pergunto e olho pra janela, o sol já está bem avançado.
– Quase meio dia – ela fala e eu me surpreendo, olho suas roupas e ela já está arrumada.
– Você saiu?
– Hoje tem a Distribuição esqueceu? – ela relembra e eu me sento na cama ainda sentindo os efeitos de ontem, minha cabeça parece maior e uma dor latejante parece que não irá me abandonar hoje.
– Tem que acordar o Haymitch – eu aviso falando baixo para que a dor não aumente.
– Já acordei, acabamos de almoçar e ele está arrumado – ela fala e eu faço uma cara de espanto – Eu acordei mais cedo por que precisava falar com ele... sobre ontem – ela fala com o olhar meio triste.
– E aí?
– Ele tá bem! – ela afirma mas sem estar muito animada – Ou pelo menos vai ficar bem – ela fala dando de ombros.
– Eu tenho certeza que sim – eu falo forçando um sorriso mas a dor na minha cabeça me relembra que dia eu terei, eu me deito de novo e tampo o rosto com meu braço.
– Greasy deixou o almoço! Ainda está quente – ela avisa mas eu continuo na mesma posição.
– Minha cabeça está explodindo – eu reclamo e ela ri, sinto quando ela se levanta da cama mas logo ela está ao meu lado, sua mão passa no meu braço e o afasta do meu rosto, eu continuo de olhos fechados.
– Toma! – ela fala e eu abro os olhos, ela está de pé ao lado da cama segurando uma xícara que ainda está com a fumaça saindo – Vai melhorar – ela explica e eu me sento na cama pego a xícara da sua mão, um liquido esverdeado e com um péssimo cheiro está na minha frente.
– Tem certeza que eu vou melhorar tomando isso? – eu pergunto com ironia e olhando pra ela que ri.
– Ao menos é isso que Greasy acredita – ela fala dando de ombros.
– Isso não é algum tipo de vingança por aquela vez não, é? – eu pergunto me lembrando e ela sorri misteriosa.
– Bom, você só vai saber se tomar – ela fala e se afasta sorrindo, mas eu seguro sua mão e ela para me olhando - Bebe! – ela fala levando minha mão com a xícara até a boca, eu faço uma careta, mas bebo, o gosto é ainda pior do que o cheiro ou a aparência mas eu bebo tudo de uma vez só, então me levanto ainda segurando sua mão - Você ainda parece bem! – ela fala com ironia, eu finjo uma risada e ela ri de verdade – Eu tenho que ir – ela avisa e me beija rapidamente, mas eu a seguro pela cintura e aumento o beijo, ela sorri mas corresponde, minha língua invade sua boca e eu aumento o beijo, mas ela se afasta – Eu tenho mesmo que ir – ela fala sorrindo.
– E se eu ainda estiver me sentindo mal? – eu pergunto exagerando na cara de dor e ela ri.
– Eu tenho certeza que você supera – ela fala com ironia sorri e eu a solto – Te vejo a noite – ela fala já que em dias de Distribuição ela passa o dia pelo Distrito e eu pela padaria.
– Não esquece de descansar um pouco... e nem de se alimentar – eu falo e ela para na porta do quarto me olhando.
– Eu? Esquecer de comer? Como se ela deixasse – ela fala apontando pra barriga e eu sorrio vou até ela e beijo sua barriga.
– Obrigada por cuidar da mamãe – eu sussurro e beijo novamente, quando olho pra Katniss vejo que ela ainda está tentando lidar com essa situação mas parece um pouco menos assustada que ontem, o que já é um bom sinal, ela se afasta e eu a vejo descendo a escada e saindo de casa, eu entro no banheiro e tomo um banho frio me arrumo, desço e o cheiro da comida faz meu estomago se revirar, pelo horário o pessoal deve estar ainda no horário de almoço, por isso eu não tenho tanta pressa de sair, eu vou até o escritório e revejo alguns papéis que eu tinha separado, depois de revisa-los quando acabo guardo o restante na gaveta de novo e saio de casa indo direto pra padaria. Tudo acontece sem nenhum novidade, apenas o trabalho intenso, porém fluindo bem como nos outros dias, a tarde cai e nós encerramos o dia, quando eu chego em casa Katniss e Haymitch estão discutindo sobre quem deveria ter assinado alguma coisa, em algum momento, sobre algum doador, eles mal me olham e continuam a discussão, eu passo por eles e subo as escadas deixando que eles se entendam e quando desço eles já estão na cozinha, Greasy também deixou o jantar pronto e eles já estão impacientes pra comer.
– Nós temos coisas mais importantes pra pensar – Haymitch anuncia e eu espero ele completar – Próximo mês! Viagem pra Capital! – ele anuncia e recebe toda nossa atenção - Vocês tem que preparar o discurso e se prepararem pra toda atenção que vocês terão – ele alerta e Katniss me olha já nervosa, eu coloco minha mão sobre a sua e ela aperta a minha – As pessoas daqui já estão ansiosas e nervosas, mas isso não será nada comparado a Capital, ou a um país inteiro – ele fala e eu tenho que concordar com ele, por isso nós passamos algumas horas falando sobre isso, por mais que Katniss odeie admitir geralmente os conselhos dele são bons e nos ajudam bastante por isso eu ouço com atenção o que ele diz, depois que ele se vai Katniss parece ainda mais ansiosa que antes, ela fala pouco e logo vai se deitar, eu também me deito ao seu lado, mas acordo no meio da madrugada com pesadelos, já havia alguns dias que eles não apareciam mas nessa noite eles voltaram apenas pra me lembrar que eles nunca se vão por completo, Katniss parecia mais ansiosa que eu mas apenas de pensar que ela pode acabar ficando mal de novo eu já me sinto em alerta e por isso os pesadelos devem ter aparecido, eu deixo Katniss dormindo na cama e entro no quarto ao lado que nós já separamos para o bebê mas ainda estávamos esperando pra saber o sexo, agora que sabemos eu já posso começar a trabalhar nele, já havia falado com a Grace e ela ficou super animada, agora só precisamos colocar a mão na massa, eu já tenho alguns planos e esboços na minha cabeça e não vejo a hora de vê-los na parede, enchendo esse quarto de cor, fico ainda mais ansioso ao pensar que em alguns meses esse quarto já não estará mais vazio, as vezes eu tenho medo de descobrir que tudo é apenas um sonho e acordar naquela casa escura e silenciosa de novo, apenas de pensar nisso eu sinto uma estranha sensação de vazio, eu saio do quarto e volto pro nosso quarto, Katniss continua dormindo tranquilamente, meus dedos passam pelo seu cabelo e eu a observo e mesmo com as sombras do nosso passado ainda surgindo e com esses pensamentos que as vezes tentam me dominar ainda assim eu posso dizer que eu sou feliz e serei ainda mais quando tiver minha filha nos meus braços, eu me deito ao seu lado passo meu braço pelo seu corpo e me aconchego nela, aos poucos o sono aparece e eu durmo.
Quando acordo o sol ainda está começando a aparecer, Katniss ainda está dormindo, eu me levanto devagar e vou pro banheiro, escovo os dentes e lavo meu rosto, volto ao quarto e paro na janela olhando o sol lentamente se levantando, a imagem me faz parar e esquecer o resto, depois da noite que eu tive com os pesadelos, essa é uma boa maneira de começar o dia, Katniss dormindo tranquila e o sol nascendo trazendo essa cor, meus olhos simplesmente não conseguem desviar do céu.
– O dia deve está lindo – a voz baixa e ainda rouca me desperta, eu me viro e a vejo ainda deitada passando a mão pelo rosto e se espreguiçando.
– E está – eu afirmo e ela se arrasta se sentando na cama – Mas não tanto quanto você – eu completo e me aproximo da cama, ela revira os olhos negando com a cabeça, eu me inclino sobre ela e paro meu rosto próximo demais do seu, nossas respirações se misturam e então um sorriso aparece nos meus lábios e no dela também, deixando nossos lábios se encostarem, ela sorri e então nos beijamos, o beijo é lento e demorado, eu apoio meu corpo com o joelho na frente dela e avanço o beijo.
– Tô com fome! – ela fala quando o beijo para.
– Muito romântico ... – eu falo com ironia implicando com ela que ri.
– A culpa não é minha – ela fala dando de ombros – Não tenho culpa se a sua filha é uma esfomeada – ela fala pela primeira vez sem nenhum tipo de desconforto com a frase, pelo contrario um sorriso está no seu rosto e um maior ainda aparece no meu.
– ‘’Nossa’’ filha – eu conserto enfatizando a palavra nossa e então junto nossos lábios de novo, o beijo aumenta mas quando seu estomago faz um barulho eu me afasto rindo.
– Eu avisei – ela fala também rindo.
– Ei, o papai já vai ok? – eu falo com o rosto próximo da sua barriga e a acariciando, então assim como ontem ela chuta, eu solto uma risada animada – Acho que ela reconhece minha voz – eu falo olhando pra Katniss.
– Ah com certeza – ela fala com ironia sem acreditar e me beija rapidamente – Agora vai – ela fala me empurrando pra sair da cama.
– Tudo bem! – eu falo já de pé com as mãos pra cima mostrando que perdi, ela ri e quando eu saio do quarto ela já está se levantando também, eu me ajeito logo pela cozinha, preparando tudo para o café reforçado que agora faz parte de todas as manhãs, pães, panquecas, ovos, frutas, vitaminas, bolo, tudo que eu consigo preparar e arrumo na mesa, quando estou terminando ela aparece na cozinha.
– Parece bom! – ela fala olhando a mesa arrumada e já pegando um pedaço da panqueca, ela arregala os olhos de maneira empolgada – Isso tá perfeito – ela exagera e se senta já puxando o prato e começando a comer, eu rio e também me sento junto com ela que mal para de comer enquanto me olha animada.
– Acho melhor você ir com calma – eu aviso mas confesso que me sinto satisfeito em ver ela comendo desse jeito, com tanta vontade.
– Eu não deveria comer assim – ela fala depois de acabar com as panquecas e com os ovos, eu rio e ela me olha reprovando – Eu to gorda! – ela fala olhando pra si mesma.
– Não, não está! – eu nego com um sorriso e não digo isso para anima-la mas sim por que realmente é verdade, claro que ela engordou por causa da gravidez mas parece que apenas sua barriga que cresceu por que ela ainda parece a mesma de sempre, eu me levanto da cadeira me inclinando pra ela – Você...está...perfeita – eu falo entre o intervalo de beijos que eu coloco nos seus lábios, ela sorri e no ultimo beijo eu o aumento e ela corresponde – Eu tenho que ir pra padaria – eu aviso e ela concorda.
– Você vem almoçar? – ela pergunta me olhando ainda com nossos rostos próximos.
– Venho! – eu concordo, e saio de casa deixando ela ainda na cozinha, então logo vou pra padaria, sou o primeiro a chegar mas os outros não demoram muito e logo estamos a todo vapor, eu passo a maior parte do tempo no escritório ao telefone enquanto faço os pedidos e entro em contato com o Distrito Seis pra saber como estão as coisas, felizmente tudo vai bem, assim como a manhã que passa rapidamente, eu vou pra casa no horário do almoço, passo no Haymitch antes suspeitando que Katniss esteja por lá e acerto mas quando a vejo meu sorriso se transforma em preocupação ela está deitada no sofá, o que é completamente fora do comum, por isso eu logo me aproximo dela, passo minhas mãos pelo seu cabelo e ela abre os olhos parecendo sonolenta.
– O que aconteceu? Você tá bem? – eu pergunto me abaixando ao seu lado, enquanto tenta se sentar mas eu a mantenho deitada.
– Eu to bem, só estava um pouco enjoada – ela afirma e eu passo minha mão pelos seu rosto e a observo com atenção – É sério, eu to bem! – ela fala e passa os dedos pelo meu rosto e dessa vez ela se senta e eu permito.
– Ela veio me ajudar na cozinha, mas acho que o cheiro a enjoou – Greasy entra pela sala enquanto limpa as mãos no avental.
– Por que vocês não me ligaram? – eu perguntei encarando elas duas, Greasy pareceu envergonhada mas Katniss revira os olhos reprovando a ideia.
– Por que eu estou bem – ela responde como se fosse obvio.
– Relaxa garotão, essa daí é dura na queda – Haymitch fala enquanto entra pelas portas do fundo, eu volto minha atenção a Katniss que parece pálida.
– Você tá pálida – eu falo e ela me olha irritada.
– Por que você sempre tem que falar isso? Eu...não...to....pálida - ela fala irritada pausando a cada palavra.
– Não foi isso que eu quis dizer, é só que... você parece cansada – eu tento me explicar.
– Deve ser por que ela passou metade da manhã vomitando – Haymitch fala enquanto vai pra cozinha olhando as panelas.
– A médica disse que é normal lembra? – ela logo fala enquanto eu a encaro – Eu só quero ir pra casa – ela fala e se levanta, eu me levanto junto com ela.
– Talvez seja melhor a gente passar no Hospital – eu sugiro e ela solta o ar como se estivesse pronta a iniciar uma discussão, então ela relaxa e me olha.
– Tudo bem! – ela fala e até Haymitch para – Se você quer ir pro Hospital, ok! Eu vou pra casa – ela conclui e passa por mim, consigo ouvir a risada do Haymitch e mesmo que Greasy tente disfarçar também vi um sorriso no seu rosto, Katniss continua o caminho e sai da casa dele.
– Ela só precisa descansar um pouco! – Greasy fala enquanto eu jogo a cabeça pra trás cansado e preocupado, eu a olho e ela sorri – Ela só está grávida, isso é normal – ela completa e eu forço um sorriso.
– Obrigado – eu falo e me viro pra ir atrás dela.
– Você deveria almoçar – ela fala mas eu agradeço de novo e saio na direção de casa, a única coisa que eu preciso é ter certeza absoluta que Katniss está bem, eu entro em casa e não a encontro na sala nem na cozinha, por isso subo as escadas com passos rápidos, a cama está vazia mas a porta do banheiro está fechada, eu me aproximo e bato na porta.
– Katss? – eu chamo depois de forçar a maçaneta, leva alguns segundos de silencio então a porta se abre.
– Você precisa relaxar sabia – ela fala enquanto sai do banheiro, eu continuo parado na porta e ela para de frente pra mim – Eu to bem, quantas vezes eu tenho que repetir?
– Eu me preocupo com você, é tão errado assim? – eu pergunto enquanto coloco uma mecha de seu cabeço atrás da orelha, ela sorri e passa os dedos por alguns fios do meu cabelo também.
– Eu também me preocupo com você – ela garante e aproxima o rosto do meu, nossos olhares se encontram e nossas respirações se misturam, então eu quebro nosso espaço e a beijo lentamente, sentindo seus lábios se encaixando ao meu.
– Você devia almoçar – ela fala quando o beijo para.
– Você também!
– Eu não consigo olhar pra comida agora, mas eu prometo que depois eu como alguma coisa – ela fala tentando me convencer a almoçar e eu não posso negar que realmente esteja com fome – Eu te espero aqui – ela fala e me beija rapidamente, então se afasta e vai pra cama, ela se senta com alguns travesseiros nas costas, eu concordo e desço, saio de casa e vou pro Haymitch, entro e Greasy já está na metade do caminho da sala com um pote nas mãos.
– Oh, eu ia levar pra vocês agora mesmo – ela fala me estendo o que trazia nas mãos, eu sorrio e agradeço então ela se vai, eu continuo parado no lugar.
– E então como a garota está? – ele pergunta enquanto está sentado almoçando.
– Bem... – eu falo mas sem estar muito animado disso, ainda não falei com ele sobre a revelação que ele nos fez e embora Katniss tenha falado com ele eu ainda sinto que deveria falar alguma coisa, só não sei o quê.
– Você deveria estar lá do lado dela – ele fala sem me olhar, eu concordo com a cabeça mesmo que ele não esteja me olhando, ele continua comendo e eu saio voltando pra casa, vou pra cozinha, coloco a comida que Greasy tinha me dado em um prato, coloco o suco no copo e subo as escadas, Katniss ainda está sentada com uns papéis na mão, lendo de forma concentrada, ela desvia o olhar dos papéis quando me sento na cama.
– Ah não! Droga Peeta, esse cheiro – ela reclama já se afastando, empurra os travesseiros e os papéis e se levanta, ela vai até a janela e coloca a cabeça mais pra fora respirando e soltando o ar lentamente, eu me levanto da cama e a observo – Não fica parado aí, sai daqui com esse prato! – ela fala fazendo sinal pra que eu não me aproxime – Come lá embaixo, depois você sobe – ela fala sem me olhar, eu concordo e saio do quarto, desço as escadas, olho pro prato de comida na minha mão mas até a vontade de comer passou, eu o guardo, pego um pão recheado que ainda tinha coloco num prato, pego uma maçã e subo as escadas, ela ainda está na frente da janela.
– Tudo bem? - eu pergunto me aproximando, ela se vira pra mim e olha minhas mãos, então me olha com reprovação.
– Maçã? De novo? – ela fala sem acreditar – Depois você diz que eu que não me alimento direito – ela reclama.
– Eu não estou grávido e ... maçã é fruta e fruta é saudável – eu concluo e paro meu corpo encostado no dela, ela ri e pega a maçã da minha mão e dá uma mordida.
– Você não precisava parar de comer, era só comer lá embaixo – ela esclarece me devolvendo a maçã mordida.
– Eu sei, mas eu quero ficar aqui com você – eu falo dando de ombros e mordo a maça também.
– Você não devia voltar pra padaria? – ela pergunta me olhando desconfiada, eu nego sorrindo.
– E por que você acha que eu gosto de ser o patrão? – eu pergunto – Eu decido quando voltar a trabalhar ou quando vou passar o resto do dia com a minha linda esposa grávida – eu falo com nossos rostos próximos demais, ela sorri.
– Isso parece bom – ela conclui e nós nos beijamos, quando o beijo para ela volta ao lugar que estava na cama, eu me sento ao seu lado enquanto termino de comer a maça e o pão recheado, ela pega os papéis de novo e volta a ler, quando eu termino de comer também pego alguns dos papeis que ela já espalhou pela cama e dou uma olhada neles, nós passamos um tempo assim sentados um ao lado do outro enquanto ela me pede ajuda com alguns dos documentos, em geral são os relatos dos gastos e a relação pro próximo mês.
– Não aguento mais isso - ela fala soltando os papéis, eu a olho sorrindo e junto os papéis colocando na cômoda ao nosso lado, ela escorrega o corpo e fica quase deitada, passa as mãos no rosto e parece cansada, eu passo minha mão nos seus cabelos e a puxo para os meus braços ela aceita e apoia a cabeça no meu peito – Eu to com sono – ela fala com a voz meio baixa, eu afundo meu rosto no seu cabelo sentindo seu cheiro, envolvo meus braços nela e depois de se aconchegar em mim ela logo adormece, eu continuo abraçado nela e em algum momento eu acabo dormindo também e quando acordo a tarde já está caindo, eu me levanto devagar com cuidado pra que ela não acorde, desço as escadas e vou pra cozinha, realmente ainda estou morrendo de fome, por isso eu preparo um lanche reforçado, faço sanduiches, vitaminas, também preparo um copo de leite quente e volto pro quarto com a bandeja, vou até a cama e a coloco na ponta da cama enquanto acordo Katniss, eu passo meus dedos pelo seu cabelo, aproximo meu rosto do seu e a chamo baixo, ela se mexe sussurrando alguma coisa mas continua de olhos fechados, eu a chamo mais uma vez então seus olhos se abrem ainda sonolentos.
– Oi – eu falo com um pequeno sorriso enquanto ela esfrega a mão nos olhos.
– Oi – sua voz sai rouca enquanto ela ainda tenta se manter acordada.
– Eu fiz um lanche, você tem que comer alguma coisa – eu falo e ela se senta na cama, eu puxo a bandeja para o nosso meio e ela concorda sem problemas mas antes se levanta e vai pro banheiro, ela volta de lá parecendo realmente despertada, se senta virada pra mim e antes que eu repita ela já está comendo e parece que eu a acordei no momento certo por que ela praticamente devora o sanduiche.
– Você estava mesmo com fome – eu falo e ela ri.
– Estava! Mas eu também estava com sono então – ela fala dando de ombros.
– Então se eu não te acordasse você não ia comer? – eu pergunto e ela me olha enquanto bebe o leite.
– Eu estou comendo não estou? – ela fala erguendo as sobrancelhas, eu decido não discutir com ela e apenas comemos, ainda bem que eu fiz sanduiches extras por que ela comeu dois.
– Da próxima vez não coloca tomate – ela fala depois de terminar com o copo de leite e empurrar a bandeja.
– Da próxima vez tenta um ‘’muito obrigada’’ – eu falo e coloco a bandeja na cômoda, depois me volto de frente pra ela que sorri.
– Muito obrigada – ela fala com certa ironia e eu forço um sorriso satisfeito.
– Ah, eu estava dando uma olhada aqui e você deveria rever essa parte do relatório – eu falo e me inclino sobre ela pra pegar as folhas dos documentos que ela tinha colocado na cômoda ao lado dela, minhas mãos alcançam o papel mas meu corpo está suspenso sobre o seu, então sua mão sobe do meu peito para a minha nuca, e quando meu olhar encontra o seu ela está sorrindo e eu sorrio de volta.
– Sério que você quer rever tudo isso? – ela pergunta aproximando o rosto do meu, eu já posso sentir sua respiração.
– Você tem ideia melhor? – eu pergunto quase sussurrando e deixo que meus lábios se aproximem do dela, ela sorri e os encosta no meu, então assim como eu faço com ela seus lábios descem pelo meu queixo e meu pescoço – Acho que isso foi um sim – eu falo no seu ouvido e a sinto sorrir enquanto meu corpo corresponde ao seu toque, eu solto os papéis e minhas mãos encontram sua nuca, ela para o rosto de frente pro meu e antes que um de nós fale algo eu a beijo intensamente, minha língua invade sua boca a reivindicando pra mim e ela corresponde com a mesma vontade, sua mão se agarra ao meu cabelo e eu a beijo com todo desejo, meus lábios escorregam para o seu pescoço enquanto ela aperta sua mão no meu quadril, o beijo avança a cada segundo, ela tira a minha camisa e a joga para o lado, eu faço o mesmo com a dela, minha mão passa pela sua pele e eu a sinto tão necessitada de mim quanto eu estou dela e quando nossas peles se tocam não há nada que possa nos separar.
– Você devia cortar o cabelo! – ela fala enquanto passa os dedos pelo meu cabelo, eu viro meu rosto pra ela rindo.
– Qual o problema com meu cabelo? – eu pergunto enquanto passo a mão por ele também, ela ri e se endireita, apoiando as costas no meu peito, ela dá de ombros.
– Só tá grande – ela fala e apoia a cabeça no meu ombro, eu passo meu nariz e meus lábios pelo caminho da sua orelha e do seu pescoço, ela se esquiva mas posso sentir seu sorriso, ela vira o rosto de frente pro meu e passa os dedos nos fios que caem pela minha testa.
– Então vamos resolver isso – eu falo e ela me olha meio curiosa, eu beijo seus lábios rapidamente então enrolo o lençol na minha cintura e saio da cama.
– Onde você vai? – ela pergunta mas eu não paro pra responder, vou até o banheiro, abro o armário e pego a tesoura, o pente, e volto pro quarto.
– Você pode cuidar disso? – eu pergunto mostrando o pente e a tesoura, ela se senta e nega com a cabeça.
– Não acho que é uma boa ideia – ela fala mas está sorrindo.
– Eu insisto – eu falo e me aproximo, pego minha calça que estava na cama e a coloco, devolvo o lençol pra cama e ela me olha ainda desconfiada, eu puxo uma cadeira e a coloco na frente da janela e me sento – Estou esperando – eu falo e ela balança a cabeça discordando mas está se divertindo com isso – Por favor? – eu peço e ela continua me olhando, mesmo contrariada ela concorda e se levanta pega a minha camisa que estava caída e a veste, por alguns segundos enquanto ela colocava a camisa e ficou nua na minha frente eu tive que me controlar e manter meu foco em outra coisa, ela coloca a camisa e vai até a gaveta, pega e veste uma de suas calças largas de moletom, então ela se aproxima de mim e eu lhe entrego o pente e a escova, ela os segura olhando com atenção.
– Tem certeza? – ela pergunta me dando outra chance, eu sorrio e inclino minha cabeça pra trás e a beijo rapidamente - Vamos lá – ela fala e passa o pente pelo meu cabelo, então ela para vai até o banheiro e volta de lá com um pote com água, ela molha meu cabelo e então passa o pente novamente, em alguns segundos os fios começam a cair pelo chão, seus dedos passam pelo meu cabelo enquanto ela se concentra em sua atividade, depois de alguns minutos ela vai pra minha frente a alguns passos de distancia olhando pra mim com atenção, eu solto uma risada da cara que ela faz e ela me olha curiosa.
– O quê? – ela pergunta ainda me olhando.
– Você parece que sabe o que tá fazendo – eu falo dando de ombros e sorrindo, ela também ri, se aproxima parando o corpo na minha frente, seus dedos passam pelos meus cabelos e a tesoura passa se livrando de mais alguns fios, então ela sorri satisfeita.
– Pronto – ela fala orgulhosa e eu pego a tesoura da sua mão e a coloco no chão ao lado da minha cadeira, ela me olha curiosa, então minhas mãos seguram sua cintura puxando ela pra mais perto de mim - Você não devia ver como ficou? – ela pergunta enquanto eu continuo segurando ela.
– Eu confio em você – eu falo e ela sorri – Além do mais é você quem vai ter que olhar pra minha cara todo dia – eu completo e ela solta uma risada, eu subo minhas mãos pelas suas pernas, cintura e envolvo meu braço nela a puxando pra mim, seus braços envolvem meu pescoço e ela se senta em mim, meus lábios passam pelo dela e escorregam pelo seu queixo e seu pescoço, ela inclina a cabeça me dando mais espaço, seus dedos passam pela minha nuca e se entrelaçam no meu cabelo, eu volto minha boca pra de frente pra sua e nossos olhares se encontram rapidamente e logo em seguida nossas bocas, o beijo é intenso e apaixonado, minha mão sobe a camisa que ela está e a tira jogando ela pelo chão, minhas mãos passam por sua pele e a dela pelas minhas costas, eu volto a beijá-la com ainda mais vontade até que o barulho ao fundo faz ela parar e esquivar o rosto, ela me olha com a sobrancelha erguida, mas eu continuo segurando-a em mim, mais os barulhos voltam.
– Acho que estão batendo na porta – ela fala olhando na direção da porta do quarto.
– Não, acho que não – eu nego mesmo que tenha ouvido e volto a juntar nossas bocas até que o barulho retorna mais forte – Merda – eu reclamo e ela ri.
– Com certeza estão batendo – ela fala rindo e sai do meu colo pegando a blusa que caiu pelo chão, eu me levanto mais puxo a camisa da mão dela, ela me olha rindo mas tenta pegá-la de volta – Me devolve Peeta, estão batendo na porta – ela reclama mas eu coloco a mão pra trás impedindo que ela alcance o que faz seu corpo encostar no meu, eu solto a camisa ela a coloca rapidamente mas eu a seguro pelo quadril de novo. Mais barulho.
– Mais que saco! – eu reclamo olhando na direção da porta.
– Melhor você ir ver o que é – ela fala rindo e me da um beijo rápido parando com o rosto na minha frente parecendo se divertir, eu a volto a beijá-la mais uma vez e ela já estava aceitando e correspondendo ao beijo, seus dedos entrelaçados no meu cabelo.
– Será que vocês podem sair desse quarto – a voz alta faz Katniss se afastar de novo, ela balança a cabeça irritada assim que reconhece a voz e eu sei que isso será muito ruim, mais uma briga entre eles, antes que ela vá brigar com ele eu saio do quarto e vou na direção da escada.
– Qual seu problema Haymitch, você não podia... – eu paro a frase quando olho que ele não está sozinho.
– Desculpa, nós só viemos... fazer uma visita – Gale fala se desculpando parecendo sem graça enquanto Liesel e Haymitch parecem se divertir com isso, eu ainda estou sem camisa e com certeza estou mais irritado do que o normal, Katniss aparece ao meu lado e também parece tão sem graça quanto eu – A gente pode voltar depois – Gale fala quando percebe que nós nos surpreendemos.
– Não, eu... a gente pensou que fosse o Haymitch – eu falo tentando amenizar a situação.
– Mais eu to aqui – ele fala levantando a mão então dá a volta e se joga no sofá.
– Acho que a gente volta amanhã – ele fala olhando pra Liesel que parece está rindo mas concorda.
– Não precisa, a gente já vai descer – Katniss fala e me olha daquele jeito que me diz que eu devo concordar logo com ela.
– Só um minuto – eu peço e volto pro quarto rapidamente.
– Podem se sentar – escuto ela falar enquanto procuro por minha camisa pelo quarto, até que ela entra de novo e eu percebo que a camisa está com ela.
– Minha camisa – eu falo apontando pra ela que parece só se lembrar disso agora, ela vai na direção do banheiro e tira a camisa, eu paro quando a vejo.
– Você não podia fazer isso lá dentro – eu falo apontando o banheiro e ela me reprova com o olhar.
– Veste logo isso – ela fala e joga a camisa em cima de mim, vai até a gaveta e pega um vestido que faz parte do novo guarda roupa dela, de roupas que cabem nela, ela o veste, tira a calça larga que estava, passa o pente no cabelo.
– Anda, vamos – ela me apressa e então nós descemos, Gale e Liesel estão sentados no sofá enquanto Haymitch está espalhado na poltrona com o pé na mesinha.
– Aí estão? Tomaram banho pelo menos? – Haymitch fala rindo e eu tenho que segurar Katniss pela mão pra que ela não pule em cima dele.
– Desculpa, Katniss não estava se sentindo bem hoje e enfim acabou dormindo a tarde toda – eu falo tentando parecer natural.
– Ah eu sei como é, quando eu estava grávida eu dormia todo tempo! – Liesel fala simpática e sorrindo, enquanto se levanta pra cumprimentar Katniss, a pequena Hazel está no seu colo e bate as mãozinhas quando Katniss se aproxima, elas se cumprimentam enquanto eu cumprimento Gale.
– Haymitch nos viu na porta e abriu – Gale explica o que nós já sabíamos.
– Ah claro ele é muito prestativo – Katniss fala depois de olhar para ele.
– De nada queridinha – ele fala com ironia.
– Bem, nós viemos por que já sabemos da novidade, Rory contou que vocês vão ter uma menina – Gale fala e eu esqueço qualquer outra coisa e me lembro da minha filha.
– Você tá linda grávida! Eu engordei tanto que meu rosto ficou redondo mas você não, parece que só sua barriga cresceu - Liesel fala parecendo realmente impressionada.
– Diz isso para as minhas roupas - Katniss fala sorrindo.
– Você precisa me ensinar como manter esse corpo - Liesel fala sorrindo.
– Por quê? Vocês estão planejando ter outra? – eu pergunto olhando pra eles, que se olham e sorriem.
– Talvez - Liesel é quem fala.
– Mas não agora, por quê só essa garotinha aqui já tá dando muito trabalho - ele fala enquanto pega Hazel do coloco de Liesel, a menina gargalha assim que vai para o colo dele, os dedos passando pelo seu rosto enquanto ela pula animada, vendo essa cena dessa vez não é nenhum tipo de inveja, apenas ansiedade por quê em alguns meses serei eu segurando a minha filha.
– Nós viemos pra trazer um presente pela grande notícia - Liesel fala e pega uma sacola grande que estava ao lado do sofá, ela entrega pra Katniss.
– Obrigada, não precisava .... - Katniss fala enquanto abre a sacola, retirando um pacote de dentro e quando abrimos o pacote as peças cor de rosa logo aparecem, um vestido, sapatinho e uma tiara de cabelo, ver esses presentes e saber que é pra minha filha é simplesmente perfeito, e real.
– É lindo! Obrigado - eu falo segurando o pequeno vestido nas minhas mãos - Eu não vejo a hora dela nascer - eu falo com toda a ansiedade.
– É, eu sei como é! - Gale fala sorrindo enquanto beija a bochecha da bebê - Mas se você quer um conselho... Aproveite antes dela nascer, por quê depois sua vida muda completamente - ele fala mas não parece arrependido, pelo contrário ele sorri, e eu sei que independente das mudanças essa é a vida que eu quero pra mim.
Eles ainda ficam por um tempo, talvez uma hora, Haymitch se vai em apenas alguns minutos levando com ele alguma coisa da cozinha, provavelmente um pedaço de bolo que tinha, mas nós conversamos sobre vários assuntos e é engraçado essa cena já que se formos olhar o passado eu nunca me imaginaria sentado na sala da minha casa conversando com Gale, Liesel e Katniss, falando sobre coisas tão comum quanto o aumento de carro no Distrito ou o quanto os bebês choram na madrugada ou ainda a possibilidade de chuva no fim de semana, enfim, mesmo parecendo surreal de certa forma é bom estar assim sem nenhum clima ruim ou desconfiança nem nada disso, apenas dois casais conversando amigavelmente, mas mesmo assim quando eles se vão eu também fico contente.
– Acho que nós fomos interrompidos - eu falo quando volto ao sofá e me aproximo dela que ri e esquiva o rosto do meu.
– Acho que você deveria tomar um banho, por que está cheio de cabelo - ela fala com certa diversão, enquanto passa a mão pela minha camisa, eu finjo uma cara de decepção e ela ri, se levanta e me oferece a mão, eu seguro sua mão me levantando também.
– Tudo bem! Já tá coçando mesmo - eu revelo e ela ri da minha cara, nós subimos as escadas e eu vou direto pro banheiro, ela vem atrás de mim, eu me olho no espelho e passo meus dedos pelo cabelo, virando o rosto pra ver melhor.
– E aí? - ela pergunta curiosa e me encarando pelo espelho.
– Nada mal - eu falo fingindo indiferença e ela ergue a sobrancelhas me olhando, eu solto uma risada e me viro de frente pra ela passando meus braços em volta dela - Ficou muito bom - eu falo sorrindo sincero, então aproximo minha boca da sua e a beijo, ela corresponde e nossas línguas se misturam, ela tira minha blusa e a solta no chão, mas quando minha mão sobe a sua ela me impede, eu paro o beijo e a olho.
– É você quem vai tomar banho - ela fala rindo - Só te ajudei a adiantar - ela completa com um sorriso divertido.
– Você também deveria tomar um; Pode ter caído cabelo em você também - eu falo já me afastando e tirando a minha calça, ela me olha por alguns segundos.
– É, pode ser - ela fala mas já está tirando a camisa, eu sorrio satisfeito, entro no box e ligo o chuveiro na água morna como ela gosta, deixo a água cair em mim e então a porta se abre de novo e ela entra, se aproxima de mim e entra debaixo da água, eu recuo alguns passos e apenas a observo, a maneira como a água passa pelo seu corpo, ela abre os olhos e me vê observando-a.
– Da pra você parar com isso? - ela pede enquanto joga a água em mim, eu me aproximo dela sério, deixo nossos corpos próximos demais, não preciso falar nada apenas deixo nossos olhares falarem por si só, então é ela quem quebra o espaço e me beija, eu junto ela em mim, sentindo sua pele molhada na minha e tudo parece se encaixar.
– Eu to com fome - ela fala enquanto veste a roupa limpa.
– E o que você quer comer? - eu pergunto enquanto término de colocar a calça.
– Macarrão com queijo - ela fala decidida, eu a olho e sorrio.
– Acho que nós já sabemos qual vai ser a comida preferida dela - eu falo e passo a mão na sua barriga, ela insiste em ajudar então nós descemos e entramos na cozinha, começamos o preparo lado a lado, embora não seja complicado, mas quando terminamos ela parece realmente satisfeita em ter ajudado, nós nos servimos e sentamos a mesa.
– Você acha que nós já podemos arrumar o quarto dela? - ela pergunta enquanto come.
– Eu pensei nisso! Eu já falei com a Grace e acho que assim que a gente voltar da viagem podemos começar, eu já tenho algo em mente - eu falo e ela me olha curiosa - É uma surpresa - eu aviso e ela faz uma careta.
– Nós temos que pensar no nome - ela avisa e eu sorrio ao ver ela pensando nessas coisas, como uma mãe preocupada, eu sempre soube que ela seria uma ótima mãe.
– Nós podemos fazer uma lista cada um e depois a gente escolhe - eu sugiro e ela parece aprovar a ideia. Nós terminamos de comer, lavamos os pratos e subimos, entramos no quarto e vamos os dois pro banheiro escovamos os dentes e depois vamos direto pra cama.
Os dias passam rápidos e cada vez mais ela fica ansiosa com a viagem, nós tivemos mais uma consulta e a médica afirmou que tudo está indo perfeitamente bem, Katniss está forte e saudável assim como minha filha, a cada consulta que eu olho para aquele monitor e a vejo ali mesmo que apenas suas sombras e contornos eu já sinto meu peito acelerar e uma emoção cada dia mais forte aparece. Finalmente o dia da viagem chega e nós levantamos cedo, a mala já estava arrumada e nós logo vamos em direção a estação de trem já que a médica proibiu Katniss de pegar o aerodeslizador, segundo ela não seria bom arriscar já que Katniss está com quase sete meses e a altitude pode causar efeitos na gestação, ela mal precisou alertar novamente, eu jamais permitiria nada que pudesse prejudicar Katniss e minha filha, a viagem é longa e cansativa, Katniss passa todo o tempo no quarto deitada, ela sente alguns enjoos durante a viagem, mas o que mais me preocupa não é isso e sim sua instabilidade que sempre aparece nessas datas, mesmo com o passar dos anos ainda é difícil pra ela esses dois dias, principalmente por que ela sempre se lembra da Prim e agora estando grávida seus sentimentos e reações são ainda mais fortes e sensíveis que qualquer outra vez por isso eu me recuso a deixá-la sozinha um único instante sequer, ela quase não fala nada, mas mesmo assim eu fico por perto, não tento puxar muito assunto por que sei que ela gosta de ficar quieta mas não saio do quarto, ficamos assim o dia todo e quando finalmente anunciam que estamos chegando já passa um pouco da hora do almoço, nós já havíamos almoçado no trem um pouco mais cedo, nós nos preparamos pra desembarcar, eu pego a mala e saímos da cabine atrás do Haymitch, nós somos liberados a sair como sempre acontece mas a surpresa nos espera do lado de fora, onde várias câmeras e microfones nos esperam, todos os anos nós vamos até lá e já não era algo tão comentado assim, por isso nós nos surpreendemos ao ver mais de dez câmeras em cima de nós, Katniss agarra a mão na minha e me olha assustada, eu devolvo o olhar mais confiante possível, os flashes das câmeras já nos recebem e assim que pisamos fora da plataforma eu sinto todo o peso do que teremos que enfrentar aqui, ainda assim eu tento passar o maximo de segurança pra ela.