Jason estava observando o Sol. Brilhava com uma luz forte, quase o cegando. O mar estava agitado, como sempre acontecia quando estava por perto. Poseidon não era lá seu fã número um.

A areia estava quente. Não fazia lógica alguma, em pleno inverno fazer tanto calor, mas sabia que eram as barreiras que protegiam o acampamento. Talvez fizesse sentido.

Haviam 5 dias que Nico sumiu. Jason se sentia cada vez mais inquieto. Não conseguia dormir direito. Sempre que pregava os olhos, vinham sonhos ruins a respeito do que poderia estar acontecendo, ou que já haviam acontecido com Nico. Uma parte dele sabia que o filho de Hades não voltaria. Estava sendo como ele falou que seria na missão, que pareceu ter sido um zilhão de anos atrás: ele iria embora para sempre. Não queria acreditar nessa parte, por mais que parecesse ser a verdade.

Porém, a outra parte de si dizia que Nico voltaria, assim que estivesse pronto. Seus sentidos se aguçavam toda vez que ele dava ouvidos a essa sua parte, como se quisesse enxergar nas sombras, para ver se não havia um semideus pálido, com olhos negros iguais as sombras que o cobriam.

Havia ido até o Acampamento Júpiter e dito a Hazel que Nico sumira. A garota se desesperou, e pediu imediatamente para irem atrás dele, mas Jason explicou que Nico havia ido por conta própria. Mesmo assim, a filha de Plutão tentou usar seus poderes para ver se o localizava, mas não conseguiu. Nico estava em algum lugar distante demais para ela conseguir rastreá-lo.

O filho de Júpiter se sentia sem esperanças após o quinto dia sem ver Nico. Não conseguiu em momento algum saber dos seus sentimentos por ele, mas sabia de uma coisa: precisava acha-lo a todo custo. Não poderia desistir de Nico, não agora que chegou tão longe.

Se levantou e olhou para o horizonte. Deveriam ser o quê? 10 horas da manhã? Antes disso? Não sabia. Só sabia que havia ido cedo a praia. Aquele não era um lugar bom para se pensar, pelo menos pra ele. Só conseguia o deixar mais confuso ainda.

Andou pelos bosques. Os raios solares se infiltravam por entre os galhos das árvores. Nada ali que o fizesse lembrar de Nico com a exatidão precisa para saber que ele estava ali pois sempre que estava por perto, todas as sombras pareciam se aproximar para observa-lo.

Ficou chutando pedras. Muitas pedras. Se lembrou dos jogos de Caça a Bandeira, na época que ficara ali com Leo e Piper. Leo agora estava com Calipso na ilha. Conseguiu se comunicar com o Acampamento e avisar que estava sendo mais dificil sair dali com Calipso do que fora encontra-la, mas não desistiria. Jason sentiu uma enorme vontade de ter os dons de Leo, para poder construir uma máquina que localizaria Nico.

Ele via folhas, insetos, pedras, arbustos e ocasionalmente algum riacho, mas nada de ossos no chão. Nenhum lugar mais frio e escuro. Se sentia mais vazio do que nunca. Até mesmo depois da morte de Piper não havia ficado assim. Pelo menos, sabia o que havia acontecido com ela. Ali, naquele bosque, nunca esteve tão perdido. Não sabia onde Nico estava. Não sabia se ele estava vivo. Não sabia se ele iria voltar. Não sabia absolutamente de nada, só que o beijo que o garoto havia lhe dado antes de partir fazia seus lábios formigarem toda hora que se lembrava, como se anciassem pelo toque outra vez. Para completar, Jason também não sabia o que significava aquilo.

Após andar mais alguns metros, encontrou uma grande pilha de rochas. Ali era o Punho de Zeus, lembrou. O lugar onde as vezes, em dias de Caça a Bandeira, alguns dos semideuses guardavam sua bandeira.

Bem, pensou, Punho de Zeus. Sou um filho de Júpiter, então acho que não vou ser eletrocutado por um raio ou coisa do tipo.

Cuidadosamente, escalou as pedras, e se sentou na ultima do topo. Estava bom ali. Se sentiu mais calmo. Seus pensamentos fluíram com mais facilidade.

Os seus lábios começaram a formigar. Jason se sentiu tentado a sair dali e procurar no chalé 13 de novo. Já havia ido lá hoje algumas vezes, mas sempre encontrava a mesma coisa. Um chalé negro, escuro, e vazio.

Resolveu ficar ali. Pensou no rosto assustado de Nico após lhe beijar.

"-O quê... foi isso?"

Essas quatro últimas palavras eram as mais presentes na mente de Jason. O quê... havia sido aquilo? Pra variar, Jason não sabia. Só sabia que havia gostado mais do que deveria.

Estava tão concentrado no que se passava por sua mente, que quase não percebeu o barulho, ou melhor, chiado. Os pelos de sua nuca se eriçaram, e ele se virou lentamente, já empunhando seu gládio, mas o que viu não era nem de longe algo ruim.

No chão, a alguns metros dali, alguns ossos pulavam do solo e se juntavam, formando um pequeno esqueleto de algum animal.

Jason controlou os vento pra descer. Não conseguiu conter a anciedade, mas conseguiu sair correndo por terra, em direção a construção totalmente negra, para onde sabia que Nico havia retornado.