Eu Gosto Desse Abraço [HIATUS] escrita por Yas


Capítulo 8
The Triwizard Tournament And The Weird Dreams


Notas iniciais do capítulo

PRIMEIRO DE TUDO OBG À SAYJULIA MEU AMORZINHO PELA RECOMENDAÇÃO EU PULEI DE FELICIDADE, não é pra tanto, vou maneirar.
Obg à linda JuhdoMalfoy por comentar, obg viu.
Entao acho que é isso, espero mata vcs de feels, hehehe, adeus



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The Triwizard Tournament And The Weird Dreams

Passamos pelos portões, ladeados por estátuas de javalis alados, e as carruagens subiram o imponente caminho oscilando perigosamente sob uma chuva que parecia estar virando tromba d'água. Quando me curvei, já podia enxergar Hogwarts nitidamente, suas numerosas janelas borradas e iluminadas por trás da cortina de chuva. Os relâmpagos riscaram o céu no momento em que a carruagem parou diante das enormes portas de entrada de carvalho, a que se chegava por um lance de degraus de pedra. As pessoas que tinham tomado as carruagens anteriores já subiam correndo os degraus para entrar no castelo; eu, Harry, Rony, Hermione e Neville saltamos da carruagem e correram na mesma direção que eles, só erguemos a cabeça quando já estávamos seguros, no cavernoso saguão de entrada iluminado por archotes, com sua magnífica escadaria de mármore.

— Caracoles — exclamou Rony, sacudindo a cabeça e espalhando água para todos os lados —, se isso continuar assim, o lago vai transbordar. Estou todo molhado!

Um grande balão vermelho e cheio de água caíra do teto na cabeça de Rony e estourara. Encharcado e resmungando, Rony cambaleou para o lado e esbarrou em Harry na hora em que uma segunda bomba de água caiu errando Hermione por um triz, ele estourou aos pés de Harry, espirrando água gelada por cima dos tênis e das meias do garoto. Eu conseguira me esconder atrás do culpado para não levar um balão na cabeça. As pessoas em volta soltaram gritinhos e começaram a se empurrar procurando sair da linha de tiro. Eu consegui olhar para o alto e vi, flutuando seis metros acima, Pirraça, o poltergeist, um homenzinho de chapéu em forma de sino e gravata borboleta cor de laranja, o rosto largo e malicioso contorcendo-se de concentração para tornar a fazer mira.

— E aí, Pirraça, teve um bom verão? — perguntei sorrindo para ele.

Pirraça era meu parceiro em certos crimes que eu preferia não incluir Fred e Jorge. E com isso eu quero dizer vingança e essas coisas com pessoas, cof cof, Angelina Puta Johnson, cof cof. Mas prefiro não comentar isso com os outros, eu e Pirraça temos uma aliança: eu não deduro ele, ele não me dedura quando fazemos merda.

— E como, Jamie. Mas não é a mesma coisa aprontar sem as suas ordens específicas pra certas pessoas. — disse ele apontando discretamente com a cabeça para Angelina no canto que estava encharcada como todos, mas estranhamente estava um pouco mais molhada do que os outros. — E eu coloquei umas forças extras de água nela. — sussurrou ele e eu ri alto.

— PIRRAÇA! — berrou uma voz zangada. — Pirraça, desça já aqui, AGORA!

A Professora Minerva McGonagall, subdiretora da escola e diretora da Grifinória, saiu correndo do Salão Principal, a professora escorregou no chão molhado e agarrou Hermione pelo pescoço para evitar cair.

— Ai... Desculpe, Srta. Granger...

— Tudo bem, professora! — ofegou Hermione, massageando a garganta.

— Pirraça, desça aqui AGORA! — bradou ela, ajeitando o chapéu cônico e olhando feio pelos óculos de aros quadrados. Eu tive que colocar a mão em frente à boca pra não deixar uma gargalhada escandalosa escapar.

— Não tô fazendo nada! — gargalhou Pirraça, disparando uma bomba de água contra várias garotas do quinto ano, que gritaram e mergulharam no Salão Principal. — Já molharam as calças, foi? Que inconvenientes! Ihhhhhhhhhh! — E mirou mais uma bomba em um grupo de alunos do segundo ano que tinha acabado de chegar.

Então eu tive que rir da cena.

— Vou chamar o diretor! — ameaçou a Professora Minerva. — Estou lhe avisando, Pirraça...

Pirraça estirou a língua, jogou a última de suas bombas de água para o alto e disparou pela escada de mármore acima, gargalhando feito um louco.

— Bom, vamos andando, então! — disse a professora em tom eficiente para os alunos molhados. — Para o Salão Principal, vamos!

Hermione agarrou-se em meu braço e nós duas tentamos entrar no salão sem escorregar e cair no chão com Rony e Harry ao nosso lado, escorregando sem parar.

O Salão Principal tinha o aspecto esplêndido de sempre, decorado para a festa de abertura do ano letivo. As quatro mesas de Hogwarts estavam cheias de alunos que conversavam animadíssimos sobre um assunto que eu não dou a mínima. No fundo do salão, os professores e outros funcionários sentavam-se a uma quinta mesa, de frente para os estudantes.

Estava muito mais quente ali.

Passei com Harry, Rony e Hermione pela mesa dos alunos da Sonserina, Corvinal e Lufa-Lufa, e nos sentamos na mesa da Grifinória no extremo do salão, ao lado de Nick Quase Sem Cabeça, o fantasma de nossa Casa. Branco-pérola e semitransparente, Nick estava vestido esta noite com o gibão de sempre e uma gola de rufos particularmente grande, que servia o duplo propósito de parecer bem festiva e garantir que sua cabeça não balançasse demais no pescoço parcialmente decepado.

— Para quem? — perguntei mau-humorada, torcendo meu cabelo encharcado pela chuva.

E então alguém me abraçou por trás, eu soltaria um berro se não tivesse reconhecido aquele perfume.

— Zeus do Olimpo, você quer me matar do coração, Fred? — Exclamei respirando fundo depois do susto que a criatura me deu.

— Acredite, essa não era a intenção — sussurrou ele no meu ouvido com uma voz rouca que me deu arrepios. O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO COMIGO, FRED WEASLEY?

Engoli em seco, ele me apertou mais uma vez no abraço, me deu um beijo na bochecha e se sentou ao meu lado.

— Deus sabe que eu estou fazendo um bom trabalho como Cupido, não é, Deus? — Falou Jorge surgindo do nada, falando para o teto com as mão erguidas como se estivesse recebendo um espírito no corpo. Logo em seguida, pulou em no lugar do meu outro lado vago.

Acordei de um transe chamado perfume de Fred Weasley e sacudi a cabeça.

— Cala a boca, Jorge — resmunguei fechando os olhos com força e os abrindo rapidamente. O abestado riu, sério, eu vou quebrar a cara dele com essa maldita história de cupido.

Mudei minha atenção para Harry, Rony e Hermione. Harry estava conversando com um garotinho irritante do segundo ano, Colin Creevey, o assunto era o irmão de Colin que irá ser selecionado hoje. Honestamente, nunca tive paciência com esse pivete sempre enchendo o saco de Harry, agora dois deles... O apocalipse se aproxima.

— Ele está realmente excitado! — dizia Colin, praticamente dando pulos na cadeira. — Espero que ele fique na Grifinória! Cruze os dedos, hein, Harry?

— Hum... Claro — disse Harry. E tornou a se virar para mim, Hermione, Rony e Nick Quase Sem Cabeça. — Irmãos e irmãs geralmente vão para a mesma Casa, não é? Estava pensando nos Weasley, todos os sete alunos da Grifinória.

— Ah, não, não necessariamente, sabe — falei, pensando somente agora no assunto. — A gêmea de Parvati Patil está em Corvinal e elas são idênticas, a gente podia até pensar que fossem ficar juntas, não é mesmo?

Olhei para a mesa dos professores. Parecia haver mais lugares vazios do que habitualmente. Hagrid, é claro, ainda estava lutando para atravessar o lago com os alunos do primeiro ano, a Professora McGonagall provavelmente estava supervisionando a secagem do piso do saguão de entrada, mas havia ainda outra cadeira desocupada. Mas, espera. Onde está...

— Onde é que está o novo professor de Defesa contra as Artes das Trevas? — perguntou Hermione, que também estava olhando para os professores.

Nós nunca tivemos um professor de DCAT que durasse mais de três trimestres, o que realmente era incrível. Todos os professores foram lixos, exceto o Professor Lupin ele fora o nosso melhor professor, com toda a certeza. Corri meu olhar pela mesa dos professores. Não. Decididamente não haviam caras novas.

— Quem sabe não conseguiram ninguém! — sugeriu Hermione, parecendo ansiosa.

— Duvido muito disso, Mione — disse franzindo a testa.

Examinei os ocupantes da mesa com mais atenção. O minúsculo Professor Flitwick, professor de Feitiços, estava sentado em uma alta pilha de almofadas ao lado da Professora Sprout, a mestra de Herbologia, usando um chapéu enviesado sobre os cabelos grisalhos e esvoaçantes. Conversava com a Professora Sinistra, do Departamento de Astronomia. Do outro lado de Sinistra estava o mestre de Poções, de rosto macilento, nariz de gancho e cabelos oleosos, Snape a pessoa de quem eu menos gostava em Hogwarts. Pra falar a verdade, ele até que era simpático comigo (RARIDADE, COISA ESTRANHA), mas eu não suportava o jeito como ele menosprezava a inteligência de Mione e odiava Harry.

Do outro lado de Snape, havia um lugar vago, que eu achei que devia ser o da Professora McGonagall. Ao lado, e bem no centro da mesa, sentava-se o Professor Dumbledore, o diretor, seus cabelos e barbas prateados e ondulantes brilhando à luz das velas, suas magníficas vestes verde-escuras bordadas com luas e estrelas.

Dumbledore tinha as pontas dos dedos longos e finos e ele apoiava nelas o queixo, contemplando o teto através de oclinhos de meia-lua, como se estivesse perdido em pensamentos.

— Ah, anda logo — gemeu Rony, ao lado de Harry. — Eu seria capaz de devorar um hipogrifo.

— Meu Deus, Rony, relaxe. A comida já irá ser servida, não precisa devorar animais para isso. — falei revirando os olhos. — Embora eu ainda não tenha descartado a possibilidade de ele ser o animal — sussurrei para Hermione, que riu.

As palavras mal tinham saído de minha boca e as portas do Salão Principal se abriram e fez-se silêncio. A Professora Minerva encabeçava uma longa fila de alunos do primeiro ano até o centro do salão. Se eu achava que estava molhada antes, meu estado nem se comparava ao desses garotos. Eles pareciam ter feito a travessia do lago a nado em lugar de fazê-la de barco. Todos estavam tomados por tremores, em que se misturavam o frio e o nervosismo, ao passarem pela mesa dos professores e pararem em fila diante do resto da escola — todos exceto o menorzinho, um menino com cabelos castanho-baços, que vinha embrulhado em um agasalho que eu reconheci ser o que Hagrid costuma usar.

O casaco era tão grande que o garoto parecia coberto por um toldo escuro e peludo.

Seu rosto miúdo aparecia por cima da gola, quase dolorosamente excitado. Quando ele se alinhou com os colegas aterrorizados, viu que Colin Creevey o olhava, ergueu os polegares e falou:

— Caí no lago! — Parecia decididamente encantado com o ocorrido.

— Só podia ser o Creevey mais Júnior ainda — murmurei colocando o cotovelo na mesa e apoiando meu rosto na mão.

A Professora Minerva agora colocava um banquinho de três pernas diante dos novos alunos e, em cima, um chapéu de bruxo, extremamente velho, sujo e remendado.

Os garotos arregalaram os olhos. E todo o resto da escola também.

Por um instante, fez-se silêncio. Em seguida um rasgo junto à aba se escancarou como uma boca, e o chapéu começou a cantar:

Há mil anos ou pouco mais,

Eu era recém-feito,

Viviam quatro bruxos de fama,

Cujos nomes todos ainda conhecem:

O valente Gryffindor das charnecas,

O bonito Ravenclaw das ravinas,

O meigo Hufflepuff das planícies,

O astuto Slytherin dos brejais.

Compartiam um desejo, um sonho,

Uma esperança, um plano ousado

De juntos, educar jovens bruxos.

Assim começou a Escola de Hogwarts.

Cada um desses quatro fundadores

Formou sua própria casa, pois cada um

Valorizava várias virtudes

Nos jovens que pretendiam formar.

Para Gryffindor os valentes eram

Prezados acima de todo o resto;

Para Ravenclaw os mais inteligentes

Seriam sempre os superiores;

Para Hufflepuff os aplicados eram

Os merecedores de admissão;

E Slytherin, mais sedento de poder,

Amava aqueles de grande ambição.

Enquanto vivos eles separaram

Do conjunto os seus favoritos

Mas como selecionar os melhores,

Quando um dia tivessem partido?

Foi Gryffindor que encontrou a solução

Tirando-me da própria cabeça

Depois me dotaram de cérebro

Para que por eles eu pudesse escolher!

Coloque-me entre suas orelhas, Até hoje ainda não me enganei.

Darei uma olhada em sua cabeça

E direi qual a casa do seu coração!


Os aplausos ecoaram pelo Salão Principal quando o Chapéu Seletor terminou.

— Não foi essa a música que ele cantou quando fomos selecionados — disse Harry, fazendo coro aos aplausos gerais.

— Cada ano ele canta uma diferente — disse Rony. — Deve ser uma vida bem chata, não é, a de um chapéu? Vai ver ele passa o ano compondo a nova canção.

— Ele tem mais talento compondo músicas do que a maioria dos famosos — comentei dando de ombros.

A Professora Minerva desenrolou um grande pergaminho e assim começou a Seleção.

Os alunos que acabavam na Sonserina eram vaiados por Fred e Jorge, e eu dava uma cotovelada neles.

— Branstone, Eleanora!

— Lufa-Lufa!

— Cauldwell, Owen!

— Lufa-Lufa!

— Creevey, Dênis!

O miudinho Dênis Creevey adiantou-se com passos incertos, tropeçando no casaco de Hagrid, que nesta hora entrou discretamente no salão por uma porta atrás da mesa dos professores. Umas duas vezes mais alto do que um homem normal e pelo menos três vezes mais largo, Hagrid, com seus cabelos e barbas negros, longos, desgrenhados e embaraçados, parecia um tanto assustador — uma impressão enganosa, porque eu sabia que o Hagrid possuía uma natureza muito bondosa. Ele deu uma piscadela para mim, Harry, Rony e Hermione, ao se sentar à ponta da mesa dos professores e viu Denis Creevey experimentar o Chapéu Seletor.

O rasgo junto à aba se escancarou...

— Grifinória!— gritou o chapéu.

— Ah, merda — resmunguei massageando as têmporas, já me preparando para o que ia acontecer. Fred e Jorge riram da minha desgraça.

Hagrid aplaudiu com os demais alunos da Casa, quando Denis Creevey, abrindo um sorriso de lado a lado do rosto, tirou o chapéu, recolocou-o no banquinho e correu para se juntar ao irmão.

— Colin, eu caí na água! — disse ele com a voz aguda, atirando-se no assento de uma cadeira vazia. — Foi genial! E uma coisa na água me agarrou e me empurrou de volta pro barco!

— Legal! — disse Colin, no mesmo tom excitado. — Provavelmente foi a lula gigante, Dênis!

— Uau! — exclamou Dênis, como se ninguém, nem no sonho mais delirante, pudesse esperar coisa melhor do que ser atirado em um lago revolto e profundo e ser empurrado de volta por um gigantesco monstro marinho.

— Dênis! Dênis! Está vendo aquele garoto lá? Aquele de cabelos pretos e óculos? Está vendo ele? Sabe quem é, Dênis?

Harry virou o rosto rapidamente para o outro lado, e eu comecei a rir pois sabia que Colin queria mostrar Harry como um bicho de zoológico exótico para Dênis. A seleção prosseguiu, garotos e garotas expressando no rosto variados graus de medo se adiantavam, um a um, até o banquinho de três pernas, e a fila foi diminuindo à medida que a Professora Minerva ultrapassava a letra "L".

— Ah, anda logo — gemeu Rony, massageando o estômago.

— Ora, Rony, a seleção é muito mais importante do que a comida — disse Nick Quase Sem Cabeça, na hora em que "Madley, Laura!" tornava-se aluna da Lufa-Lufa.

— Claro que é, se a pessoa já está morta — retrucou Rony.

— Espero que os selecionados para a Grifinória este ano estejam à altura do time — disse o fantasma, aplaudindo, quando "McDonald, Natália!" reuniu-se à mesa deles. — Não queremos interromper a nossa maré de vitórias, não é mesmo?

Grifinória tinha ganhado o Campeonato Inter-casas nos três últimos anos.

— Pritchard, Grão!

— Sonserina!

— Quirke, Orla!

— Corvinal!

E, finalmente, com "Whirby, Kevin!" (Lufa-Lufa.") encerrou-se a seleção. A Professora Minerva apanhou o chapéu e o banquinho e levou-os embora.

— Já não era sem tempo — exclamou Rony, apanhando os talheres e olhando esperançoso para seu prato de ouro.

O Professor Dumbledore se levantara. Sorria para os estudantes, os braços abertos num gesto de boas-vindas.

— Só tenho duas palavras para lhes dizer — começou ele, sua voz grave ecoando pelo salão. — Bom apetite!

— Apoiado! Apoiado — berramos eu, Rony e Harry juntos enquanto as travessas vazias se enchiam magicamente diante dos nossos olhos. Nick Quase Sem Cabeça ficou observando tristemente Harry, Rony e Hermione e eu enchermos os pratos.

— Aaah, agora sim! — disse Rony, com a boca cheia de purê de batatas.

— Vocês têm sorte de que haja uma festa esta noite, sabem — disse Nick Quase Sem Cabeça. — Hoje cedo tivemos problemas na cozinha.

— Por quê? O que aconteceu? — perguntou Harry com a boca cheia de carne.

— Pirraça, é claro — disse Nick sacudindo a cabeça, que se desequilibrou perigosamente. O fantasma puxou mais para cima um rufo da gola. — A história de sempre, sabem. Ele queria vir à festa, bom, isto está fora de questão, vocês sabem como ele é, absolutamente selvagem, não pode ver um prato de comida sem querer atirá-lo longe. Reunimos um conselho de fantasmas, frei Gorducho foi a favor de dar uma chance a Pirraça, mas muito prudentemente, na minha opinião, o barão Sangrento fez pé firme.

O barão Sangrento era o fantasma da Sonserina, um espectro extremamente magro e silencioso, coberto de manchas de sangue prateado. Era a única pessoa de Hogwarts que conseguia realmente controlar Pirraça. E eu, é claro.

— É, achamos que Pirraça estava invocado com alguma coisa — disse Rony sombriamente. — Então, que foi que ele aprontou na cozinha?

— Ah, o de sempre — respondeu Nick Quase Sem Cabeça, sacudindo os ombros —, causou prejuízos e confusão. Tachos e panelas por toda parte. Sopa para todo lado. Deixou os elfos domésticos loucos de terror...

— Pirraça parece mais descontrolado do que o normal. É claro que deixaria os elfos assustados. Os pobrezinhos trabalham tanto para fazer a comida... — falei pensando em todas as vezes em que eu já fora lá com Fred e Jorge e sentira pena de como os elfos trabalhavam.

Blém.

Hermione derrubara sua taça de vinho. O suco de abóbora escorreu pela mesa, manchando de laranja mais de um metro de linho branco, mas nem se importou.

— Tem elfos domésticos aqui? — perguntou, encarando Nick Quase Sem Cabeça e a mim com uma expressão de horror. — Aqui em Hogwarts?

— Mas é claro que tem. Achei que você já sabia — falei surpresa.

— O maior número que existe em uma habitação na Grã-Bretanha, acho. Mais de cem. — falou Nick.

— Eu nunca vi nenhum! — exclamou Hermione.

— Então eles estão fazendo um bom trabalho, no final das contas — disse pegando um pedaço de peru.

— E eles raramente deixam a cozinha durante o dia, não é? Saem à noite para fazer limpeza... Abastecer as lareiras e coisas assim... Quero dizer, não é esperado que fiquem à vista. Essa é a marca de um bom elfo doméstico, não é, que não se saiba que ele existe. — disse Nick.

Hermione ficou olhando de mim para Nick.

— Mas eles recebem salário? — perguntou ela. — Têm férias, não têm? Licença médica, aposentadoria e todo o resto?

Nick Quase Sem Cabeça deu gargalhadas tão gostosas que sua gola de tufos escorregou, e a cabeça despencou para o lado e ficou balançando nos poucos centímetros de pele e músculo fantasmais que ainda a ligavam ao pescoço.

— Licença para tratamento médico e aposentadoria? — repetiu ele, puxando a cabeça de volta aos ombros e prendendo-a mais uma vez com a gola. — Elfos domésticos não querem licenças nem aposentadorias.

— Mas não é como se eu não insistisse, sabe. As várias vezes que entro na cozinha, falo para Dobby tentar convencer os outros elfos a serem como ele. Obviamente que nunca dá certo, quero dizer, vocês viram Winky, mas sempre vale a pena tentar. — eu esclareci, tentando ao máximo mostrar à Mione que não tem jeito de fazer com que elfos mudem de ideia.

Hermione olhou para o prato de comida em que mal tocara, juntou os talheres e afastou-o.

— Ora, vamos, Mione — disse Rony, cuspindo, sem querer, fragmentos de pudim de carne em Harry. — Opa... Desculpe, Harry... — E engoliu. — Você não vai arranjar licenças para eles deixando de comer!

— Trabalho escravo — disse a garota, respirando com força pelo nariz. — Foi isso que preparou este jantar. Trabalho escravo.

E recusou-se a continuar comendo.

— Você vai continuar comendo, Jamie? Pensei que não apoiava o trabalho escravo dos elfos — questionou Hermione para mim, erguendo uma sombrancelha.

— E não apoio — falei antes de engolir outro pedaço do pudim de carne. — Mas depois de passar três anos tentando convencer os elfos à serem livres ou terem um salário, você pensa que passar fome não vale tanto a pena assim.

— É assim que se fala! — exclamou Rony, erguendo a mão para mim, e eu bati nela.

A chuva ainda batucava com força nas janelas altas e escuras. Mais uma trovoada sacudiu as vidraças e o céu tempestuoso relampejou, iluminando os pratos de ouro quando os restos do primeiro prato desapareceram e foram substituídos instantaneamente por sobremesas.

— Torta de caramelo, Mione! — exclamou Rony, abanando intencionalmente o cheiro da sobremesa para os lados da amiga. — Pudim de groselhas, olha! Bolo de chocolate recheado!

Mas Hermione lhe lançou um olhar tão parecido com o que a Professora Minerva costumava dar que o garoto desistiu.

— Espera. Recheado? Passa pra cá! — falei estendendo as mãos para Rony.

Quando as sobremesas também tinham sido destruídas, e as últimas migalhas desaparecidas dos pratos, deixando-os limpos e brilhantes, Alvo Dumbledore tornou a se levantar. O burburinho das conversas que enchiam o salão cessou quase imediatamente, de modo que somente se ouviam o uivo do vento e o batuque da chuva.

— Então! — exclamou Dumbledore, sorrindo para todos. — Agora que já comemos e molhamos também a garganta ("Hum!", fez Hermione), preciso mais uma vez pedir sua atenção, para alguns avisos. O Sr. Filch, o zelador, me pediu para avisá-los de que a lista dos objetos proibidos no interior do castelo este ano cresceu, passando a incluir ioiôs berrantes, Frisbees dentados e Bumerangues de repetição. A lista inteira tem uns quatrocentos e trinta e sete itens, creio eu, e pode ser examinada na sala do Sr. Filch, se alguém quiser lê-la.

Os cantos da boca de Dumbledore tremeram ligeiramente. Ele continuou:

— Como sempre, eu gostaria de lembrar a todos que a floresta que faz parte da nossa propriedade é proibida a todos os alunos, e o povoado de Hogsmeade, àqueles que ainda não chegaram à terceira série.

— Tenho ainda o doloroso dever de informar que este ano não realizaremos a Copa de Quadribol entre as casas.

— Quê? — exclamou Harry. Ele olhou para Fred e Jorge, os dois também estavam igualmente espantados.

Xingaram Dumbledore em silêncio, aparentemente espantados demais para falar. Comecei a estapear a cabeça deles.

— Parem de criancice, Jesus, é agora que ele fala da coisa que vocês tanto queriam saber! — exclamei e eles pararam de resmungar e murmurar xingamentos, repentinamente interessados. "Repentinamente", sei.

Dumbledore continuou:

— Isto se deve a um evento que começará em outubro e irá prosseguir durante todo o ano letivo, mobilizando muita energia e muito tempo dos professores, mas eu tenho certeza de que vocês irão apreciá-lo imensamente. Tenho o grande prazer de anunciar que este ano em Hogwarts...

Mas neste momento, ouviu-se uma trovoada ensurdecedora e as portas do Salão Principal se escancararam.

Apareceu um homem parado à porta, apoiado em um longo cajado e coberto por uma capa de viagem preta. Todas as cabeças no Salão Principal se viraram para o estranho, repentinamente iluminado por um relâmpago que cortou o teto. Ele baixou o capuz, sacudiu uma longa juba de cabelos grisalhos ainda escuros e começou a caminhar em direção à mesa dos professores.

Uma trovoada perpassou no teto e mostrou o rosto cicatrizado do homem. Cada centímetro da pele do estranho parecia ter cicatrizes. A boca lembrava um rasgo diagonal e faltava um bom pedaço do nariz. Mas eram os seus olhos que o tornavam assustador.

Um deles era miúdo, escuro e penetrante. O outro era grande, redondo como uma moeda e azul elétrico vivo. O olho azul se movia continuamente sem piscar, e revirava para cima, para baixo, e de um lado para o outro, independentemente do olho normal, depois virava de trás para diante, apontando para o interior da cabeça do homem, de modo que só o que as pessoas viam era o branco da córnea.

— É Olho-Tonto Moody — sussurrei para os gêmeos, Harry, Rony e Hermione. Que arregalaram os olhos.

Depois de apertar a mão de Dumbledore e tomar seu lugar na mesa dos professores, Moody puxou um prato de salsichas para si, levou-o ao que restara do nariz e cheirou-o. Tirou então uma faquinha do bolso, espetou a salsicha e começou a comer.

Seu olho normal fixava as salsichas, mas o olho azul continuava a dar voltas na órbita registrando o salão e os estudantes.

— Gostaria de apresentar o nosso novo professor de Defesa contra as Artes das Trevas — disse Dumbledore, animado, em meio ao silêncio. — Professor Moody.

Era normal os novos membros do corpo docente serem recebidos com aplausos, mas nem os colegas nem os estudantes bateram palmas, exceto Dumbledore e Hagrid. Os dois juntaram as mãos e bateram palmas, mas o som ecoou tristemente no silêncio e eles bem depressa pararam. Todos pareciam demasiado hipnotizados pela aparência grotesca de Moody para ter qualquer reação exceto encarar o homem.

— É ele mesmo! — exclamou Jorge baixinho.

— Eu disse. Achou que eu estava mentindo, panaca? — perguntei batendo em seu ombro.

Moody parecia totalmente indiferente à recepção quase fria que tivera. Ignorando a jarra de suco de abóbora à sua frente, o homem tornou a enfiar a mão no interior da capa, puxou um frasco de bolso e bebeu um longo gole. Quando levantou o braço para beber, sua capa se elevou alguns centímetros do chão e eu vi, por baixo da mesa, um bom pedaço de uma perna de pau, que terminava em um pé com garras. Eu já vira no Ministério mas parecia muito mais aterrorizante com aquele temporal.

Dumbledore pigarreou outra vez.

— Agora que ele fala sobre o negócio! — exclamei um pouco mais animada, e isso pareceu contagiar os meninos também.

— Como eu ia dizendo — recomeçou ele, sorrindo para o mar de alunos à sua frente, todos ainda mirando Olho-Tonto Moody, paralisados —, teremos a honra de sediar um evento muito excitante nos próximos meses, um evento que não é realizado há um século. Tenho o enorme prazer de informar que, este ano, realizaremos um Torneio Tribruxo em Hogwarts.

— O senhor está BRINCANDO! — exclamou Fred em voz alta.

— Eu mereço — falei rindo de modo que todos puderam ouvir.

A tensão que invadira o salão desde a chegada de Moody repentinamente se desfez. Quase todos riram e Dumbledore deu risadinhas de prazer.

— Não estou brincando, Sr. Weasley — disse ele —, embora, agora que o senhor menciona, ouvi uma excelente piada durante o verão sobre um trasgo, uma bruxa má e um Leprechaun que entram num bar...

A Professora Minerva pigarreou alto.

— Hum... Mas talvez não seja hora... Não... Onde é mesmo que eu estava? Ah, sim, no Torneio Tribruxo... Bom, alguns de vocês talvez não saibam o que é esse torneio, de modo que espero que aqueles que já sabem me perdoem por dar uma breve explicação, e deixem sua atenção vagar livremente.

— O Torneio Tribruxo foi criado há uns setecentos anos, como uma competição amistosa entre as três maiores escolas européias de bruxaria — Hogwarts, Beauxbatons e Durmstrang. Um campeão foi eleito para representar cada escola e os três campeões competiram em três tarefas mágicas. As escolas se revezaram para sediar o torneio a cada cinco anos, e todos concordaram que era uma excelente maneira de estabelecer laços entre os jovens bruxos e bruxas de diferentes nacionalidades, até que a taxa de mortalidade se tornou tão alta que o torneio foi interrompido.

— Taxa de mortalidade? — sussurrou Hermione, parecendo assustada.

— Pois é. Diversos morreram. Não exatamente a coisa mais legal de se acontecer. — sussurrei de volta.

— Durante séculos houve várias tentativas de reiniciar o torneio — continuou Dumbledore —, nenhuma das quais foi bem-sucedida. No entanto, os nossos Departamentos de Cooperação Internacional em Magia e de Jogos e Esportes Mágicos decidiram que já era hora de fazer uma nova tentativa. Trabalhamos muito durante o verão para garantir que, desta vez, nenhum campeão seja exposto a um perigo mortal.

— Os diretores de Beauxbatons e Durmstrang chegarão com a lista final dos competidores de suas escolas em outubro e a seleção dos três campeões será realizada no Dia das Bruxas. Um juiz imparcial decidirá que alunos terão mérito para disputar a Taça Tribruxo, a glória de sua escola e o prêmio individual de mil galeões.

— Estou nessa! — sibilou Fred para todos próximos. Engoli em seco. Era isso o que eu temia.

— Não está em nada, seu merda. Fica quieto e deixa ele terminar — retruquei nervosa.

Aparentemente ele não era o único que estava se vendo como campeão de Hogwarts. Em cada mesa eu vi gente olhando arrebatada para Dumbledore ou então cochichando ardentemente com os vizinhos. Mas, então, Dumbledore recomeçou a falar, e o salão se aquietou.

— Ansiosos como eu sei que estarão para ganhar a Taça para Hogwarts — disse ele —, os diretores das escolas participantes, bem como o Ministério da Magia, concordaram em impor este ano uma restrição à idade dos contendores. Somente os alunos que forem maiores, isto é, tiverem mais de dezessete anos, terão permissão de apresentar seus nomes à seleção. Isto — Dumbledore elevou ligeiramente a voz, pois várias pessoas haviam protestado indignadas ao ouvir suas palavras, e os gêmeos, de repente, pareciam furiosos. Suspirei aliviada. Mas a tensão logo voltou ao me lembrar que Ced já tinha idade para participar. Olhei para a mesa da Lufa-Lufa e encontrei meu irmão conversando, animado, com seus colegas de Casa. — é uma medida que julgamos necessária, pois as tarefas do torneio continuarão a ser difíceis e perigosas, por mais precauções que tomemos, e é muito pouco provável que os alunos abaixo da sexta e sétima séries sejam capazes de dar conta delas. Cuidarei pessoalmente para que nenhum aluno menor de idade engane o nosso juiz imparcial e seja escolhido campeão de Hogwarts. — Seus olhos azul-claros cintilaram ao perpassar os rostos rebelados de Fred e Jorge. — Portanto peço que não percam tempo apresentando suas candidaturas se ainda não tiverem completado dezessete anos.

— As delegações de Beauxbatons e de Durmstrang chegarão em outubro e permanecerão conosco a maior parte deste ano letivo. Sei que estenderão as suas boas maneiras aos nossos visitantes estrangeiros enquanto estiverem conosco, e que darão o seu generoso apoio ao campeão de Hogwarts quando ele for escolhido. E agora já está ficando tarde e sei como é importante estarem acordados e descansados para começar as aulas amanhã de manhã. Hora de dormir! Vamos andando!

Dumbledore tornou a se sentar e virou-se para falar com Olho-Tonto Moody. Ouviu-se um estardalhaço de cadeiras batendo e se arrastando quando os alunos se levantaram para sair como um enxame em direção às portas de entrada do Salão Principal.

— Não podem fazer isso com a gente! — reclamou Jorge. — Vamos fazer dezessete anos em abril, por que não podemos tentar?

— Não vão me impedir de me inscrever — disse Fred, teimoso, também amarrando a cara para a mesa principal. — Os campeões vão fazer todo o tipo de coisa que normalmente nunca podemos fazer. E mil galeões de prêmio!

— Tanto podem quanto vão te impedir, Weasley. Eu me recuso a deixar qualquer um de vocês entrar nessa bosta de Torneio! — exclamei para os dois que finalmente pareceram notar que eu estava ali. Tinha certeza que meu rosto estava vermelho de raiva. — Já não basta ter que saber que meu irmão vai tentar entrar nesse Torneio, agora vocês dois não vão de jeito nenhum.

— Ah, mas Jamie... Nós podemos realmente ganhar isso se entrarmos! Podemos ganhar dinheiro para as Gemialidades Weasley. Você não entende? — disse Fred com um olhar triste.

— Não. Não entendo de maneira alguma, Fred. Não quero ver vocês arriscando suas vidas nesse estúpido Torneio para ganhar alguns galeões estúpidos para fazer essas estúpidas Gemialidades! — falei explodindo com os dois. Eu estou é cansada. Já não basta meu irmão querendo jogar sua vida fora cometendo suicídio no Torneio, agora me aparecem esses dois. — Querem saber? Tia Molly estava certa quando me disse que vocês não deveriam jogar suas vidas fora com esse lixo! E pensar que eu defendi vocês... No que eu estava pensando? Se você realmente quer saber, Fred, eu não entendo porque vocês querem tanto entrar no maldito torneio. É estúpido e pode tirar as vidas de vocês dois. Eu proíbo estritamente que os dois sequer tentem entrar no Torneio. Senão, pode crer que eu vou avisar a Sra. Weasley que vocês estão voltando com essa lojinha imbecil! — e depois de despejar isso tudo nos dois, com Harry, Rony e Hermione assistindo, saí pisando forte para o Salão Comunal.

Eu sei que estou fazendo um grande drama, mas todas as histórias que ouvi sobre o Torneio Tribruxo acabavam em mortes brutais ou inexplicáveis, e me doía o coração só de pensar que uma dessas histórias poderia acontecer com Cedrico, Jorge, ou... Fred.

Eu não aguentaria ver nenhum desses três mortos. Seria demais para mim.

Cheguei na frente do retrato da Mulher Gorda e falei a senha tão rapidamente que ela quase não entendeu.

Subi correndo para o dormitório feminino e me joguei na cama, já sentindo as lágrimas molhando meu rosto. Meu Deus, será que eu estou de TPM pra ficar assim tão emocional? Porque olha...

E sem aviso nenhum, eu caí no sono. Em outro modo de dizer "caí nos braços de Morfeu". E tive um sonho.

— Nós estamos totalmente fudidas! Ouviram? Estamos fudidas! — exclamou uma voz. Era a voz de Hermione.

Logo notei a cena. Eu, Hermione e uma garota de cabelos loiros estávamos paradas na frente de uma capela, no meio de uma cidade que eu não fazia ideia de onde ser.

Eu estava sentada no chão, com as mãos na cabeça, parecendo totalmente confusa. Do nosso lado, havia uma viatura de polícia, e dentro dela tinha um bebê usando óculos escuros.

— Se acalma, Mione! Xingar o mundo não vai ajudar a acharmos ela. — falou a loira com uma voz sonhadora, mas preocupada e transtornada.

— O que nós vamos fazer? Harry vai nos matar. Ah, se vai. Rony também. — falava Hermione balançando a cabeça freneticamente, andando de um lado para o outro. Só agora fui reparar que tanto Hermione quanto eu estávamos com uma aparência muito mais velha. Talvez vinte anos pra cima, e Mione estava, estranhamente, sem um dos dentes na boca.

— Se você quer saber, Mione, toda a família Weasley vai nos matar — falei pela primeira vez desde que entrei naquele estranho sonho, me levantando e limpando a poeira da roupa.

— Ah, nossa, muito obrigada pelas palavras carinhosas, Jamie, ME AJUDARAM BASTANTE! — berrou Hermione na minha cara.

— Eu só estava falando a verdade! — exclamei. — Estamos no centro de Las Vegas, com uma porcaria de um bebê no carro, que a Luna chamou de CARLOS! Sinceramente, isso não é nome para se dar a um bebê, Luna. — Então o nome da garota é Luna. Acho que já vi alguém chamada assim aqui em Hogwarts, só não me lembro quem.

— Vamos nos acalmar. Por favor. Temos que ir atrás dessa tal Nicole antes de tudo. Vamos, andem — disse Luna, entrando na viatura e chamando eu e Hermione com a mão.

Quando entramos, a cena logo mudou.

Eu, Luna e Hermione estávamos em uma estrada, Luna estava sentada no chão com um olho roxo, encostada em uma Mercedes, já não tínhamos mais a viatura. Eu estava me apoiando na Mercedes com a mão direita, usava a mão esquerda para cobrir metade do rosto. Mione estava andando lentamente de um lado pro outro perto do carro.

Não sei o que Luna disse, mas assim que falou aquilo, Mione se descontrolou. Eu ficava falando para ela que tudo iria ficar bem.

— FICAR TUDO BEM? EU PERDI UM DENTE. ME CASEI COM UMA PROSTITUTA! — berrava Hermione para mim e para Luna.

— Como você ousa? Ela é uma mulher muito gentil! — exclamou Luna, aparentemente muito cansada para se levantar.

— Isso mesmo. Uma MULHER! Eu não sou lésbica, Luna! — dizia Hermione, brava. — Meu Deus, você é uma idiota do caralho.

— Seu linguajar é ofensivo! — disse Luna.

— Vai se fuder! — berrou Hermione novamente.

— Ei, ei, Mione, xingar a Luna não vai nos ajudar em nada.

— Ah, Jay, eu não sei se você sabe, mas nossa melhor amiga Gina está provavelmente caída numa vala, sendo usada para tráfico humano por viciados em heroína! — exclamou Hermione, ficando vermelha.

E então eu acordei, ofegando. Que sonho mas estranho...

Me sentei na cama, ainda usava as roupas de antes no jantar, Lilá, Parvati e Hermione estavam dormindo calmamente ainda. Será que esse sonho foi um sinal ou coisa do tipo? Nah.. Acho que não mesmo...

Me levantei da cama e fui para o banheiro. Obviamente que tomei um susto ao ver minha aparência no espelho.

— PUTA QUE PARIU EU VIREI UM TRASGO! — gritei colocando a mão na boca logo depois para não acordar as meninas.

Minha cara já denunciava que eu chorei. Meus olhos estavam inchados e vermelhos, meu nariz também estava vermelho. Mas nem me dei o trabalho de limpar ele, só queria voltar a dormir. Porém, eu temia ter outro sonho estranho com uma Mione zangada, Gina aparentemente perdida e uma garota chamada Luna que vai ser minha amiga futuramente.

Decidi descer pro Salão Comunal e tentar esfriar a cabeça.

A princípio o salão estava totalmente deserto, exceto por uma figura sentada próxima a lareira. Eu não sabia quem era, mas assim que me aproximei identifiquei cabelos ruivos e um perfume que já me era bastante familiar. Me sentei na poltrona ao seu lado, cautelosamente, desejando que ele não pudesse ver minha maldita cara de choro.

— Jamie? — ele me chamou, parecendo só agora notar minha presença. Virei minha cabeça em sua direção, dando um sorriso torto. — Meu Deus, você estava chorando? Você nunca chora! — exclamou ele vindo se ajoelhar na frente da minha poltrona, segurando minhas mãos. Só de me lembrar das coisas que podem acontecer com ele e Jorge no Torneio se eles, de fato, entrarem, meus olhos já se encheram de lágrimas de novo.

— É só que... E-eu não quero ver você ou Jorge arriscando suas vidas naquela merda de Torneio, já disse. E eu sinto muito, não queria ter chamado as Gemialidades de loja imbecil, eu só me importo demais com vocês dois — falei gaguejando e soluçando, ele me puxou pra um abraço muito apertado. Coloquei minha cabeça na curva de seu pescoço e continuei a chorar enquanto o Fred afagava meus cabelos.

— Ei, ei, não precisa ficar assim, Jay. Eu sei que você está preocupada conosco, eu sei... Shh... Mas não precisa ficar assim. — dizia ele enquanto eu chorava.

— Como não? Já não basta meu irmão querer se jogar na livre morte, agora vocês dois também... — falei com a voz abafada.

— Honestamente, Jay, eu duvido muito que alguma poção ou feitiço sejá páreo para a proteção de Dumbledore — disse ele rindo baixinho, e eu o acompanhei.

— Ah, desculpa ter chorado e molhado sua camisa — falei me desvencilhando do abraço, limpando as lágrimas e indicando a camisa molhada por conta do meu choro com a cabeça. — Não sei porque estou tão emocional, sei lá, acho que é a TPM — disse e ele riu.

— Tá tudo bem, Jay, sério. Eu ficaria do mesmo jeito se fosse com você — ele disse, limpando algumas lágrimas do meu rosto que insistiam em cair com os polegares. — Acho que já está na hora de irmos dormir. Te vejo amanhã. — deu um beijo na minha testa e antes de subir, me deu outro abraço super apertado.

Sabe aqueles abraços de quebrar as costelas? Então, esse.

Mas eu nem ligo, sabe, porque eu gosto desse abraço.


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Notas finais do capítulo

ADEUS AMIGUINHOS, DEIXEM REVIEWS!!