Ben chegou ao camping e se dirigiu apressado ao local do acampamento, sua cabeça queria pensar que Anita estava bem, mas ele viu um medo enorme se instalar dentro de si mesmo.

– Não acredito nisso onde eu vou encontrar a Anita nessa imensidão toda, e só com a luz da lua ainda. – Ben reclamava tenso enquanto caminhava.

Anita acordou se dando por conta que havia adormecido ali, seu corpo podia não estar cansado fisicamente, mas sua mente estava exausta, já era comum ela se sentir assim, quando ela se ergueu para levantar tomou um susto enorme com o que viu a sua frente, o que a fez gelar dos pés a cabeça em segundos.

– Ah não Anita, eu ainda to dormindo me diz que sim, meu deus. – Anita falava apavorada referindo a uma cobra cascavel a uma distancia muito pequena dela.

– Ai pronto virei jantar de cobra, e agora, como eu vou sair daqui sem ela me picar, falei tanto que queria morrer que to achando que deus ouviu minhas preces, só pode. – Ela dizia para si mesma não sabendo o que fazer.

Ben continuava andando quando de repente ouviu um grito desesperado o que fez com que ele reconhecesse a voz de Anita.

– Anita. – Ele falou seguindo em direção da voz da garota.

– Ai Anita ainda bem que eu te achei você esta bem, porque que você gritou – Ben disse nem percebendo a cobra perto da garota.

– Depende de muita coisa, eu nem sei até quando vou estar bem. – Ela respondeu apontando com a cabeça de leve para a cobra muito perto dela.

– Caramba calma, se você levantar dai ela vai atacar. – Ben falou receoso diante de tal situação.

– Ótimo me diz alguma coisa que eu não saiba, você acha que eu estou fazendo o que parada aqui ainda, com ela ai, flertando com uma cobra. – Anita ironizou com medo.

– Eu vou tentar espantar ela, só que você não pode sair correndo dai. – Ele afirmou.

– Como, se você tentar, fazer ela sair, ela vai vir mais para perto de mim. – Anita disse não achando saída alguma.

– Eu não sei bem como, mas fica calma. – Ele pediu a ela.

– Se você quer mesmo me ajudar faz isso logo, por favor, tira esse bicho daqui. – Anita pediu deixando uma lágrima de medo cair.

– Eu vou enxotar ela pro outro lado com esse graveto aqui, e você levanta correndo assim que eu mandar e sai para o outro lado, certo. – Ben propôs a ela.

– Tá, esta bom. – Anita afirmou apenas apavorada, mas que saída ela tinha.

– Vem. – Ben disse a ela vendo que ele havia conseguido que a cobra fosse para o outro lado.

– Ai essa foi por pouco. – Anita disse, seguido de um abraço apertado em Ben.

– Já passou, foi só um susto. – Ele respondeu correspondendo ao abraço, percebendo que a garota estava tremula.

– Ai se medo matasse, eu já tinha ido juro. – Anita falou frágil diante do que houve.

Anita realmente não se deu por conta do que estava acontecendo, ela ali desprotegida nos braços de Ben, quando o susto inicial passou ela caiu em si e se afastou rapidamente.

– É , é, eu, obrigada pela ajuda. – Ela disse confusa.

– Não foi nada o importante é que você esta bem agora. – Ben respondeu vendo que a trégua entre os dois tinha durado só o tempo do abraço apenas.

– Mas como você veio parar aqui. – Anita, o questionou confusa.

– O Serguei foi me procurar, eu vim de táxi. – Ben explicou.

– Droga o Serguei não aguenta mesmo. – Anita afirmou desapontada por o amigo ter falado com Ben.

– Ele estava preocupado com você, só quis ajudar e com razão se eu não tivesse chegado você estava encrencada a essa altura. – Ben disse a ela.

– Olha aqui, eu não pedi pra você aparecer, então não fica me cobrando tá legal. – Anita disse sem muita paciência.

– Ah perfeito, além de maluca agora você é mal agradecida. – Ben ironizou.

– Eu já te agradeci, você quer o que, que eu me ajoelhe nos teus pés, pode esquecer. – Anita retrucou.

– Oi o que foi que houve aqui, eu vi você gritar garota. – O dono do camping chegou interrompendo a discussão dos dois.

– Ah oi, nada de mais um acidente da natureza só isso. – Anita afirmou.

– Esta tudo bem então. – Ele perguntou aos dois.

– Sim agora está. – Ben respondeu.

– Bom Anita eu vim de táxi, pedi pra ele me esperar lá na estrada se você quiser voltar comigo. – Ben sugeriu.

– Eu volto sim, estou um pouco sem escolhas hoje. – Anita respondeu.

– E obrigada por tudo, desculpa o mau jeito. – Anita falou se dirigindo ao dono do local.

– Imagina não foi nada e boa sorte pra você nessa tua busca. – Ele disse a garota.

– Busca, que busca. – Ben a questionou.

– Bom até logo, boa noite. – Anita falou ao homem saindo ignorando Ben, definitivamente às vezes o garoto era muito lento.

– Boa noite, Anita espera. – Ben dizia correndo atrás da garota que caminhava apressada.

– Vem cá qual é o teu problema hem, me espera. – Ben pediu a ela a alcançando e puxando Anita pelo braço fazendo com que ela parasse.

– Nenhum só quero ir embora desse lugar, os fantasmas aqui me confundem, e eu já quase virei lanche de cobra, você quer o que. – Anita falou ríspida.

– Não, eu acho que o problema é você ter que parar e me escutar. – Ben jogou na cara da garota.

– Você não é o centro do mundo sabia. – Anita disse em tom de deboche.

– Então me escuta, você veio aqui descobrir quem fez o vídeo então isso significa que você entendeu que não fui eu. – Ele perguntou tentando achar uma esperança para sua relação com a garota.

– É vim, mais esse cara ai consegue ser mais tapado do que eu e você juntos. – Anita disfarçou.

– Então você não descobriu nada. – Ben indagou.

– Não, nada, nenhuma pista. – Anita mentiu, ela não queria Ben por perto por mais que fosse grata por ele tê-la salvado de ser atacada por uma cobra venenosa.

– Parece que esse mistério não tem fim mesmo. – Ben disse desapontado.

– Não, agora vamos não é eu preciso ir pra casa. – Anita respondeu.

– Já que a gente esta aqui será que agora a gente pode conversar, sobre aquele dia. – Ben falou achando que Anita, podia ter baixado a guarda por um momento.

– Que assunto, eu não tenho nada mais pra falar com você, vamos embora, por favor. – Anita disse se fazendo de desentendida e voltando a andar apressada.

– Anita, por favor, você não pode agir assim. – Ben tentou convencê-la a ouvi-lo.

– Eu ajo como eu quiser você não manda em mim, esquece vai. – Anita respondeu continuando andando nem se dando ao trabalho de virar para falar com Ben.

–Boa noite. – Anita disse entrando no táxi.

– Boa noite. – O motorista respondeu.

– Para onde. – Ele perguntou avistando Ben.

– Pro mesmo lugar, por favor. – Ben respondeu se sentando ao lado de Anita.

– Não mesmo o senhor pode me deixar na Barra, por favor. – Anita respondeu.

– Claro deixa ela em casa e depois você vai pro Grajaú. – Ben argumentou.

– Será que a gente pode conversar agora. – Ele falou a ela.

– Eu não tenho nada pra falar com você, por favor, não insisti. – Anita pediu a ele.

– Tá bom você não vai mudar de ideia mesmo. – Ele disse concordando, vendo que ela estava irredutível.

Anita apenas olhou para a rua o caminho inteiro, proferindo um tchau e um muito obrigado quando desceu, apenas para Ben, que ficou confuso com toda a situação ainda mais.