Por Ben:

Eu estava sentado ao sofá da sala ouvindo a Sofia reclamar por ter que contar os tomates pra Vera, pra serem colocados no molho do macarrão e tentando processar tudo o que havia se passado entre mim e a Anita mais cedo, as coisas que ela me disse, no fundo eram todas verdades Anita me fez sofrer desconfiando de mim, e eu me magoei com ela e desisti de nós, e isso hoje, me doía de mais, ficava me perguntando a mim mesmo, o porque deu ter agido assim eu sempre afirmei pra Anita que eu jamais a abandonaria e eu fiz isso e ela tinha todo o direito de me odiar por isso, por mais que fosse muito difícil eu entender isso e compreendê-la.

Nossos caminhos eram incertos, eu me sentia caminhando para um abismo cada vez que eu me sentia mais longe de ter a Anita de volta, a cada palavra de desabafo que ela me pronunciava, a minha cabeça só se perguntava o que eu faria sem ela ao meu lado, me ajudando, me apoiando até nas vezes que eu estava errado, ela não tinha vergonha de me dizer a verdade, ela conseguia sempre me por de volta em meu caminho, caminho o qual eu seguia de mãos dadas com ela, o que não acontecia mais. Minha vida estava virada eu não tinha mais ninguém, era assim que eu me sentia, minha mãe mal, minha vida virada e ao se quer eu tinha alguém de verdade ao meu lado, até o amigo que eu considerava um irmão eu afastei, por causa da Sofia, nossos desentendimentos começaram. Eu pensava em virar tudo de cabeça pra baixo, voltar a lutar pelas coisas que eu queria de verdade mais me sentia incapaz, fraco, sem forças pra fazer isso, quanto mais eu pensava mais decepcionado comigo mesmo eu ficava. Talvez eu estivesse perdendo a Anita, hoje ela me deixou, para ir se explicar com o Martin e nós não conseguimos mais ficar sozinhos para terminar o assunto, ou mesmo nem chegaríamos a lugar nenhum, nós brigávamos quase que sempre, e não era por besteira como acontecia comigo e com a Sofia devido ao jeito fútil dela lidar com as coisas, era porque a mágoa era enorme, sufocava nossos corações por mais que a gente quisesse muito estar junto.

Eu estava perdido em meio à escuridão da minha alma, e ninguém podia me ajudar, por mais que as vezes eu sentisse uma vontade enorme de chutar o mundo e desaparecer, ser uma única vez egoísta e querer pensar só em mim.

Em meio aos gritos de ojeriza da Sofia na cozinha, eu avistei a Anita descendo as escadas, linda e iluminada como ela era antes de tudo virar em nossas vidas, por um momento eu tive inveja do Martin por poder estar com ela, hoje mais cedo ela involuntariamente o escolheu, ao invés de mim, e isso não era nem culpa dela, mas sim minha que me perdi, talvez mais do que ela nessa história toda. Eu tentei me conter mais não consegui deixar de olhar para ela com um sorriso abobalhado, a vontade que eu tive foi ir até ela, dizer que eu a amava e não entregaria a ninguém assim, mais ninguém tem posse sobre ninguém, somos interpretados e fazemos nossas escolhas e ponto, agindo pela emoção ou por a razão de acharmos que estamos certos, mais isso é a vida, é assim que as coisas funcionam.

– Mãe tudo certo ai. – Anita perguntou parando de frente para a Vera.

– Sim. – Eu pude ver ela responder.

– Vai sair. – Vera a questionou.

– Eu vou jantar na casa do Martin, mais eu volto cedo tá. – Anita respondeu, e eu não pude deixar de ver meu coração estremecer diante da confissão dela.

– Ai Anita, quem que te ajudou a se vestir, um mágico, tenho que admitir que esta razoável. – Sofia afirmou, razoável era uma forma dela não admitir, que a Anita estava perfeita de mais.

– Sofia me erra. – Anita disse apenas.

– Você tá muito linda filha. – Vera falou, vendo a garota com um vestido azul um pouco escuro, que tinha uns detalhes em renda por cima, sapatos altos, pretos, cabelos soltos e ondulados, e uma corrente e brincos para ressaltar, porém discretos.

– Eu to normal tá bom, não exagera. – Anita disse a Vera, tentando ser modesta como se adiantasse.

– Você hein Anita, fisgando o milionário, na encolha mais tá. – A Sofia falou soltando os tomates sobre a mesa, eu não entendia a capacidade dela de falar coisas sem sentido, se é que eu poderia afirmar isso.

– Sofia cala boca, começa pra você ver, que eu tiro esse sapato aqui e taco ele contra você. – Anita retrucou olhando para os pés, todos a julgavam como a calma pacifista, até a própria Sofia, mas ninguém melhor do que eu sabia, que o fato dela seguir os valores dela não a impediam de ser explosiva e falar o que pensava, eu acabei rindo da situação.

– Eu vou indo mãe, não vou estragar a minha noite. – Anita falou se virando, eu antes que ela caminhasse até a porta caminhei discretamente sem chamar a atenção da minha mãe, Vera e Sofia e parei ao caminho dela, esperando que nós pudéssemos conversar.

– É Ben, você pode me dar licença. – Ela me falou pedindo, que destrancasse o caminho para a porta.

– Você tá linda sabia. – Eu acabei me atrevendo a dizer.

– Obrigada. – Ela me respondeu apenas.

– Anita sobre aquilo que você falou mais cedo, me desculpa eu sei que você tá certa, eu errei muito com você. – Eu tentei me justificar, esperando muito que ela me perdoasse de verdade, eu precisa abrandar, meu coração.

– Tudo bem, eu tenho descontado tudo em você, e muitas vezes sem nem pensar. – Anita me respondeu, eu não me contive em ficar paralisado prestando atenção em cada movimento dela.

– Eu juro que eu queria muito que você tivesse sendo sincera. – Eu disse a ela tentando disfarçar.

– Eu to sendo, você seria a última pessoa que eu mentiria, ainda mais depois de tudo o que houve. – Ela me falou me olhando nos olhos.

– Ben me da uma ajuda aqui. – Sofia interrompeu meus sorrisos escancarados para a Anita.

– É o Martin, eu vou indo. – Anita disse quando escutou, Martin buzinar com o carro parado em frente a casa.

– Boa noite. – Eu falei, vendo mais uma vez nós dois não conseguirmos terminar nossos desabafos.