E se um reencontro o destino preparasse... escrita por Eubha


Capítulo 258
Capítulo 258:




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– Gente melhor jantar do mundo, quem diria tia Lu, se superando na cozinha. – Giovana elogiava empolgada, depois do jantar em família.

– Realmente Luciana, até eu me surpreendi quando você disse que iria cozinhar, nem eu achei que seria um banquete. – Vera disse terminando de arrumar a cozinha ainda pega de surpresa pelo jantar feito pela irmã.

– Hahaha, aí tia as duas nem te chamaram de má cozinheira. – Anita aderiu à conversa risonha, quando acompanhava o papo do sofá de casa.

– Só um pouco assim não é. – Ben acabou rindo também, enquanto olhava TV, abraçado a Anita.

– Mano vocês sabem, que isso é injustiça né, péssima eu nunca fui, acontece uns desastres de vez em quando, admito. – Luciana justificava animada enquanto ajeitava a mesa. – Mais hoje eu estava inspirada mesmo, podem elogiar, porque to merecendo. – gesticulou ela exibida.

– Tá certo, é merecedora mesmo. – Vera riu da irmã vindo sentar na sala. – Então Ronaldo, que tal nós falarmos agora. – pressiona Vera se acomodando ao lado do marido.

– Não seria melhor amanhã. – sugeriu Ronaldo, encarando de leve os filhos, que pareciam mais distraídos um com o outro.

– Eu não vejo porque adiar. – Vera tornou a insistir, Anita e Ben ao perceberem a falação estranha entre os dois, se olharam intrigados.

– Gente esperem aí, é com a gente isso. – Anita quebra o disse me disse dos dois ao perguntar.

– É que o Ronaldo e eu, nós queremos fazer um pedido a vocês. – Vera tenta explicar com calma.

– É bom, vocês... – Ben murmurou confuso e ao mesmo tempo apreensivo. – Façam né, é o único jeito da gente entender, eu acho. – o garoto alegou, mesmo pensando consigo que poderia não ser uma boa ideia.

– Então é que... – ele os fitou entre um suspiro, antes de se explicar. – Nós conversamos, como a Vera já havia dito, a gente queria que vocês voltassem pra essa casa aqui, que também é de vocês, não tem cabimento não é, os dois por aí, longe de nós, se aqui vocês tem uma família. – Ronaldo comunica receoso.

– Voltar pra cá, é isso. – Anita confronta, um pouco confusa com o pedido não esperado.

– É Anita, eu sei que de alguma forma não direta, vocês dois saíram daqui pelo mesmo motivo não é. – Vera confirma amigável.

– Eu não sei se isso é uma boa ideia. – diz Ben sem saber o que responder.

– É ih nem eu, olha não é o fato de vocês estarem dispostos a aceitarem nós dois como um casal, que vai mudar alguma coisa, vocês irão continuar sendo vocês e eu e o Ben... - Anita partilha do mesmo pensamento que o namorado, mas interrompe seu esclarecimento ao encarar os rostos dos pais, parecendo um pouco decepcionados com a reclusa deles. – Nós vamos continuar agindo da mesma forma. – Anita acaba afirmando.

– E a gente já entendeu isso Anita, mas é uma forma também de mim e da Vera pedir desculpas aos dois, por todo mal entendido que já aconteceu até aqui, voltem pra cá, por mais que vocês até neguem essa casa será sempre o lugar de vocês. – alegou Ronaldo procurando ser insistente.

– Hãmm, a gente pode pensar. – Anita respondeu ainda confusa, solicitando apoio de Ben com o olhar.

– Claro. – Vera concorda mesmo um tanto contrariada, por mais que nada tivesse sido fácil até ali, torceu para que filha e enteado aceitassem de imediato, o pedido feito por ela e o marido.

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– Príncipe, será que a gente volta pra cá, não sei se isso é boa ideia. – Anita opina entrando com Ben, ao quarto que era também de Giovana e Sofia.

– Ah de repente, ai não sei. – Ben se vê em dúvida assim como ela. – Mais volta você vai, eu to bem lá no Omar. – sugere ele.

– Sei, e porque eu é que tenho que ceder agora. – Anita reclama desgostosa da opinião dada por ele.

– Não sei Anita, porque você sempre morou com eles, já eu sempre fui meio largado mesmo, não vou desandar agora a falar mal da minha mãe, mas as coisas lá nos Estados Unidos sempre foram menos unidas do que são aqui. – ele tenta esclarecer.

– Só que eu também gosto de morar com a Bernadete se é isso que você quer saber tá. – Anita falou fazendo birra, sentando de braços cruzados em sua cama. – E da próxima vez que você quiser me criticar, usa algo menos ofensivo do que mimada e protegida pelos pais, a incapaz que não consegue largar da barra da saia da mãe nunca, bom saber que é isso que você pensa de mim. – Anita retruca se ofendendo.

– Ai Anita, dá pra parar de distorcer o que eu falo. – Ben esfrega a própria testa impaciente.

– Eu. – a garota o encara irônica, evitando a contrariar ele apenas desvia o olhar.

– Vamos fazer um pacto. – ele propõe sentando bem perto dela.

– Se não for de sangue, quem sabe, não estou a fim de ficar espetando meu dedo não. – ela zoa não muito afim de escutar, já sabendo que ele ainda tentaria a convencer mudar de ideia.

– Para de maluquice, maluca né. – Ben ri da amada por um instante. - E depois ainda tem gente que acha que pode me acusar de te desvirtuar. – Ben debocha.

– Ah realmente, principalmente o Antônio. – ela fala travessa, pendurando os braços em volta do pescoço dele, querendo encerrar o assunto. - Ele sempre me dizia que eu era uma pessoa tão boa e inocente antes de você aparecer, que foi você me levar pra aquele acampamento que... – Destruiu minha vida, tão perfeita. – zoou ela com sarcasmo.

– Para, Anita para, se tá fazendo. – ele alegou se desvencilhando dela. – Tá fazendo de propósito não é, só pra eu não falar o que eu queria. – o rapaz argumenta, evitando rir.

– O que, ai tá bom, acho que depois de tudo que eu ouvi nos últimos dias, só rindo mesmo porque é um absurdo maior do que o outro. – diz a menina achando graça. Eram tantos absurdos, que atingiram em cheio a vida dos dois, que só rindo um pouco, para não enlouquecer, tamanha podia ser a indignação.

– É digamos que realidade, não é o forte de algumas pessoas a nossa volta, principalmente do cretino do Antônio. – Ben ruboriza a olhando insatisfeito.

– Hei para, eu não falei pra te chatear, tava brincando. – ela tentou amenizar a tensão que viu se estampar na face de Ben. – Não acho que a vida estava melhor antes de você aparecer, ao contrário, eu era só metade feliz, antes quando eu achava que eu tava sozinha, eu ficava triste, me isolava, batia um desanimo, já hoje quando isso aconteceu corro pra você. – a garota confidenciou alegre, muitas coisas atingiram sua vida desde que conhecera Ben, muitos sentimentos foram vividos, mas arrependimento de estar ao lado do rapaz nunca seria um deles. – Você sabe que eu não acredito em nada disso né, por favor, se tem uma coisa que nunca nos faltou, e a nenhum dos dois é consciência sob nossos atos então. – Anita garante arrancando um sorriso leve dele. - Só o doido do Antônio, machista e ridículo, que acha que qualquer garota que namora um cara, e é feliz com ele sem levar em conta todas as convenções de um mundo moralista e mentiroso, onde todo mundo fingi ter uma vida perfeita e sem errar nunca. – ela critica brincalhona.

– Eu não vou brigar com você não. – exclamou ele a beijando para desfazer qualquer mal entendido.

– Mais fala, o que você iria dizer. – pede Anita sorridente, enlaçando sua mão a dele.

– Eu volto pra cá, mais só se você também voltar. – o garoto propôs empolgado.

– Hum tá, mas melhor nós pensarmos melhor, só acho. – ponderou Anita querendo ter cautela para decidir. Realmente não sabia o que fazer com relação ao pedido dos pais.

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– Ah até que, que não foi mal tocar lá mais é que... – Giovana entrava conversando animadamente com Clara, enquanto discursava sobre seu último show com a Giobanda. – Ah não to crendo. – a ruivinha parou na entrada do quarto, atônita, quando se deparou com uma cena inusitada, envolvendo Anita e seu irmão mais velho.

– Gente eles pegaram no sono, e agora a gente acorda. – ser perguntou Clara, ao se ver confuso sobre o que fazer, enquanto também fitava Anita e Ben, dormindo abraçados na cama.

– Se a Vera ver isso, iria ser tipo ... - “eu mato vocês”. – sussurra Giovana preocupada.

– Ai Gio, não reclama vai, eles estão tão bonitinhos. – Clara afirma, deslumbrada com toda paz que parecia pairar sob os dois.

– Ih que é Clara, já não bastou pegar um dos meus irmãos, você vai querer o outro, só te digo esse já tem dona não é, como você mesma está vendo. – cutucou Giovana impaciente.

– Ai Giovana, sem ciúminho. – a cantora alega, se estressando com a ruivinha.

– Aff só você. – a roqueira reclama com a amiga. – Oh casalzinho acorda aí, que eu preciso dormir não é, e vocês tão meio que me atrapalhando. – Giovana impôs os cutucando.

– Nossa Gio, isso é jeito de acordar alguém. – Anita se desperta e reclama dos cutucões nada gentis da irmã postiça.

– É tanta gentiliza que eu nem acredito. – Ben também reclamou, saindo de perto da namorada e ficando sentado a cama.

– Olha só podem parar os dois, se vocês querem dormir juntinhos, ao menos façam isso na garagem, lá vocês estarão sozinhos que tal. – sugeriu uma Giovana debochada.

– Não pensa bobagem, não o pentelha. – Ben pede, autoritário, lançando um olhar a irmã.

– Que bom que eu só penso, não sou como vocês que fazem. – Giovana dispara, carrancuda, fitando firme os dois.

– Giovana!! - grita Anita pasma com a acusação recebida. – Isso aqui é um pesadelo não é, eu ainda estou dormindo. – Anita se ergue sem acreditar no que ouvia.

– Relaxa Anita, ela é assim, você melhor do que ninguém conhece a peça. – Clara tenta amenizar a face sem graça da garota, enquanto Giovana e Ben riem em sonoras gargalhadas.

– Boa noite maninha, e oh sem implicância não é, por favor, to precisando. – Ben afirma se aproximando e deixando um beijo na bochecha da mais nova.

– Boa noite. – Anita desejou indo até a porta com ele e lhe dano um abraço.

– Boa noite. – disse Ben retribuindo com um sorriso. – Boa noite Clara. – se despediu ele ao recordar-se da menina.

– Então meninas, bom ver vocês duas aqui juntas. - Anita olhou astuta para as duas, logo depois que se virou.

– Hãm. - Giovana fez cara de quem não havia entendido absolutamente nada.

– Não nada de mais, isso só me lembrou que eu tenho que ter uma conversa com as duas e algum tempo, mas aconteceu tanta coisa, que eu até havia esquecido. - ela as tranquilizou fechando a porta devagar.

– Ai mais o que aconteceu. - Clara olhou para Giovana que não conseguia disfarçar sua aflição.

– Bom isso vocês podem me dizer melhor. - Anita faz gesto de sentar, convidando as duas também. - Gente eu não quero brigar com ninguém tá, só quero entender. - ela afirmou com calma em sua voz. - Aquela história que o Vitor discutiu, com o Guilherme no colégio, por causa de você Clara, aliás, das duas, porque pelo que eu entendi foi um encontro de casais não é Giovana. - revelou encarando as duas garotas séria.

– Ai meu deus, como você ficou sabendo disso, a Raissa tinha prometido que não ia falar pra ninguém. - Giovana se ergueu já apavorada.

– E ela cumpriu, mas antes contou pra mim e o pro Ben. - disse Anita defendendo a mulher.

– O Ben também tá sabendo, ai é o fim Clara. - Giovana constatou exasperada, fitando de relance a amiga, era um sinal concreto que viria problema para cima das duas, julgou a ruiva.

– Quase isso. - Anita quase riu do jeito das duas meninas. - Gente eu só queria saber o que deu em vocês. - pergunta Anita.

– O que deu no Vitor, não é Anita, é um grosso mesmo. - Clara reclama ainda ressentida com o ex-namorado.

– Pelo que eu entendi foi ciúmes do Gui. - contrapôs Anita, sem querer julgar ninguém.

– Aiii! - Até aí, a Anita tem razão. - ponderou Giovana, mesmo não querendo defender o irmão.

– É só que o teu irmão terminou comigo antes, não é Giovana. - Clara ralha com a amiga.

– É ok. - a roqueira não negou. - Mais você tava esquecendo direto dele, e já tava meio enciumada por conta do Guilherme. - discursou a menina. - E bom o Vitor pode ser legal, mas também quando não gosta de alguma coisa explode, aí sai patada pra todo lado. - afirma ela, para o desgosto da amiga que a fita contrariada.

– Ah mais isso também não é novidade, deve ser algo que está no DNA dessa família então. - apoia Anita.

– E claro você não tá falando do Ben. - alfineta Giovana.

– Ah não, nunca, jamais... – nega Anita que aquilo seria uma indireta ao namorado. - Mais olha gente, eu sou pior pessoa nesse caso pra criticar vocês, mais não faz mais vocês, luau no meio do mata, noite, sem ninguém por perto pode ser perigoso, e bom você Giovana tem um ótimo exemplo disso dentro de casa... – ela procura ser cordial. - No caso eu... - a garota pede.

– É foi meio imprudente mesmo. - Giovana confessou. - Mais não aconteceu nada de mais Anita, eu juro. – a roqueira trata de afirmar.

– Não, eu sei, eu acredito, não to cobrando nada. - garantiu Anita amigável. – Só que as vezes na vida, e isso infelizmente não é discurso de pai e mãe careta, seria melhor se fosse mesmo. – ela diz, fitando as duas garotas que apenas ouviam a tudo silenciosas. – Mais na vida, muitas vezes basta um segundo, um único, pra tudo mudar. – encerrar com leve sorriso.

– E eu não sei, podia ter me ferrado naquela história com aquele cara o tal do Beto Bruno, ai gente não gosto nem de pensar nisso, morro de vergonha pela mancada que eu dei. – Clara afirma entendendo em parte do que Anita falava.

– Isso Clarinha, tecnicamente mundo não é feito só de pessoa boas né, seria muito bom se fosse. – reforça Anita. – E não que esse terror que você passou tenha absolutamente nada a ver ou ligação, com o que eu vivi por conta do Antônio, daquele vídeo, são coisas totalmente excludentes, mas são duas situações que fazem a gente ficar meio ligada não é. – contrapõe ela.

– Que tá cheio de mau caráter por aí, isso não dá pra negar mesmo. – Giovana se manifesta.

– E não que, o Junior ou o Gui, tenham alguma semelhança, com qualquer um dos dois, porque a gente sabe que eles não têm. – concorda Anita. – Só que é isso né, eu também achava que tava segura com o Ben, naquele acampamento, porque eu tinha certeza que ele não iria me expor a nenhum perigo, do mesmo jeito que você achou que tava conversando com alguém legal pela internet Clara. Afirmou ela, recebendo um simples aceno da garota em concordância. – Mais é isso, às vezes a gente pode estar em um dia de azar, coincidência, ou sei lá o que se pode levar em conta pra justificar, quando algo meio ruim nos acontece, por isso que não custa ter um pouquinho que seja de cautela as vezes, o bosque ainda é um lugar calmo, tranquilo, mas ainda faz parte de um bairro, que está dentro e uma cidade enorme, onde tudo acontece, então melhor não se meter numa coisa dessas sem avisar a ninguém né, e também não to querendo pagar de responsável, que tudo sabe, e ser tomada como exemplo pra nada, e talvez eu nem sirva, mas é melhor alguém nos falar algo antes, do que depois apontar o dedo na nossa cara e dizer que tinha certeza, mas não quis se meter, porque depois que já deu errado, isso é a última coisa que alguém precisa. – finaliza ela, contemplando o silêncio por poucos segundos.

– Ótimo mais agora, eu vou detonar vocês, numa guerra de travesseiros. – anunciou Giovana correndo até sua cama e ágil jogando um travesseiro contra Anita, que apenas teve tempo de rir.

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Dia seguinte... Já à tarde.

– Ah amiga eu juro que eu queria ter vindo antes te ver, mas não deu. – Julia se desculpava, por não ter dado uma maior atenção a Anita antes, devido a seus afazeres, quando a recém havia chegado ao casarão acompanhada de Monique, que também fez questão de vir.

– Não imagina, nem se preocupa, eu já estou bem melhor, só não fui hoje pra aula porque dona Vera, me obrigou praticamente a ficar em casa, ficou com medo deu passar mal. – ela afirmava nada pacienciosa com o zelo excessivo da mãe. – Ai e isso chega até me dar vertigem, eu não consigo ficar parada principalmente quando eu não quero né. – disse Anita, já nervosa ao se ver sem nada para fazer.

– Que bom mesmo que foi só um susto não é. – Julia sorriu mais aliviada, pela confirmação da menina. – Eu também fiquei mais calma quando o Ben me disse hoje cedo que você já estava melhor. – confirmou ela.

– Ah nem me fala, com muito custo e sem vontade alguma, eu argumentei com ele que fosse pro colégio, ele já ficou aqui ontem não é, e o Ben precisa frequentar as aulas, por causa do vestibular, que eu nem quero nem pensar se a gente não passar né. – respondeu Anita, insegura com o evento que ficava cada vez mais próxima.

– Bom o Serguei não veio, salão cheio, mais te mandou um beijo e esse embrulho aqui. – Julia comunicou tirando da bolsa um pacote e entregando na mão de Anita.

– Ah um livro, agora são dois, com o que a Monique me trouxe, o bom disso é que eu não vou nem precisar pensar muito qual que eu vou ler primeiro não é, porque até amanhã ainda vou ter muito tempo. – Anita falou em tom de brincadeira. – Mais eu amei os dois. – ela garantiu alegre.

– Mais voltando ao assunto do vestibular não fica tensa não. – Julia a aconselhou. – Até porque se você e o Ben ficarem assim tão preocupados, o que vocês irão deixar pra mim e pro resto do pessoal. – zoou a morena.

– Exatas né Julia, porque no resto vou te falar, não sei quem anda mais perdido, eu porque faltei muita aula, naquela época enfim, eu estudei pras provas de recuperação, mais mesmo assim muita coisa passou, Ben né, nesse tempo todo fora do país, ele não tem a menor noção de português, história... – Anita argumentou o porquê de sua preocupação.

– É e... – Pelo que você tá falando também tá preocupada, porque tem medo dos pais de vocês colocarem a culpa no namoro. – Monique percebeu parte da aflição da amiga.

– Acho que seria um motivo, mais eu, não vou me estressar com isso não, ao que tudo indica minha mãe e o Ronaldo se engajaram em instaurar a paz ao seio da família novamente, e eu é que não vou me atrever a estragar o projeto deles, e os conhecendo tocar nesse assunto agora, seria o caminho mais fácil. – afirmou ela dando razão à menina. . – Mais me fala Monique, você tinha dito que conseguiu um estágio. – disse Anita animada, para ouvir o que as duas garotas teriam para lhe contar.

– É arrumei sim, na creche aqui do bairro, Virgílio me ajudou, é só durante a manhã, vou começar amanhã, mais eu to muito nervosa gente, o que parece tão simples pra qualquer pessoa, tá me deixando bem encucada. – Monique confessou sua hesitação.

–Ah gente besteira né, no fundo todo mundo tem uma insegurança por mais boba que seja, essa coisa de normalidade é um estereótipo. – Julia quis encorajá-la.

– A Ju tem razão Monique, pensa positivo. – Anita também reforçou. – Não, agora que você falou em creche eu lembrei, de quando a tia Lu tentou transformar o casarão numa, ai gente socorro eu quase morri quando a Bernadete me contou. – ela não se conteve em não achar graça da tia.

– Tá vendo, falando em anormalidade, a família da Anita é um ótimo exemplo. – brincou Julia para descontrair.

– Oh e como, um bando de gente diferente, cada um querendo uma coisa, aí já viu né. – Anita concordou, enquanto as três riam.

– Tecnicamente, se a gente olhar nas entrelinhas, pode-se encontrar gente se parecendo, eu você e o Ben, por exemplo, acho que se pode afirmar que a gente herdou o mesmo gosto pra tarefas e assuntos que exigem raciocínio e inteligência. – Pedro pronunciou com um sorriso esperto quando entrava. - Mais eu sou mais sábio óbvio tenho duplo DNA. – ele se orgulhou.

– Ah eu devo te agradecer. – Anita confrontou o pequeno, achando graça de seu jeito. – Você é muito fofo sabia, dá vontade até de morder. – ela disse puxando o garotinho para perto de si, e o abraçando.

– Dá pra parar, não é porque sou o mais novo, que tenho que passar vergonha sempre. – Pedro ironizou se acomodando ao lado da irmã.

– Ah me desculpa, não faço mais juro, quer dizer tentarei. – Anita respondeu com um sorriso travesso.

– Entregaram pra você. – Pedro falou dando a irmã o buque com flores que segurava.

– Que isso, quem mandou isso Pedro. – Anita riu, fitando o menino segurando um lindo buque de flores do campo.

– Eu não sei, não violei o cartão que veio junto não. – o caçula disse, dando um sorrio.

– Ah sei, muito obrigado. – Anita agradeceu.

– De quem será. – indagou Julia não segurando a curiosidade.

– Não sei. – Anita sorriu em dúvida. – “Anita estou de volta, e morrendo de saudade das minhas filhinhas, em breve irei vê-las”. – ela leu o bilhete com certa perplexidade. – Ah meu deus. – balbuciou a garota confusa, tensa em pensar o que Caetano poderia querer agora para reaparecer novamente sem mais nem menos.

– Anita que foi. – Julia perguntou ao perceber a face confusa da garota.

– Não nada, é Pedro obrigada tá. – ela agradeceu pela atenção do mais novo.

– Vou dar comida pro Fulano, tchau. – informou o menino, quase correndo para fora.

– Do que a gente tava falando mesmo. – Anita quis dispersar o assunto.

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– Mãe cadê a Anita. – Sofia entrou apressada, escancarando a porta e já questionando Vera que ajeitava uns salgadinhos sob a mesa.

– Está lá em cima, ah não Sofia, vocês não vão brigar não é, porque se for, já aviso ponho as duas de castigo pro resto da vida. – a mãe ameaçou autoritária, olhando para a filha, que fez cara de quem não estava nem aí.

– Ah mãe, sem drama. – Sofia não ligou para a resposta atravessada que deu a mãe e subiu para o quarto com pressa. – Anita, Anita!

– Hãm que foi. – Anita olhou assustada com jeito que a patricinha lhe abordava, segurando uma revista em mãos.

– O papai... – a loira alegou estabanada. - O papai, ele me mandou um bilhete hoje, acho que ela tá no Rio. – Sofia explicou aos sussurros tentando controlar seu jeito afobado.

– Ah é, ele também me mandou um bilhete. – Anita responde sem se empolgar com a notícia. – O que nosso pai quer hein Sofia, será que ele esqueceu que todo mundo aqui pensa que ele tá morto. – proferiu ela chateada.

– Ah não sei, mais eu vou me encontrar com ele no endereço que ele mandou e você também vai. – taxou a loira decidida.

– Ah não sei, nosso pai já aprontou tanto que na boa, acho melhor ele ficar longe mesmo. – falou Anita na defensiva.

– Anita, para poxa, ele é nosso pai, pode ser todo errado, mas ele é nosso pai, e eu to com saudades dele. – Sofia argumentou com um olhar insistente.

– Tá eu vou pensar. – Anita afirmou, sem confirmar.

– Não, você vai. – ela insistiu. – É amanhã, as três da tarde tá, no bilhete que ele me mandou tava escrito, é só você me procurar pra gente ir junto. – disse Sofia, saindo novamente saltitante em total animação pela irmã ter topado.

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– Anita, tá tudo bem. – Vera a viu se aproximar da cozinha parecendo chateada com algo.

– Ahann tá sim, eu é que to pensando numa coisa aqui, mais sem importância. – ela respondeu, procurando não demonstrar que estava mesmo aflita, e pensando em Caetano. – Nossa que lindo mãe, isso é Croissant mesmo. – Anita se deslumbrou com o cheiro e aparência dos quitutes da mãe.

– É, minha primeira fornada, foi uma senhora que solicitou pra um chá. – a mulher disse não conseguindo esconder o orgulho contido.

– Olha, tá parecendo aqueles que a gente vê em alguma Delicatéssen francesa. – Anita afirmou a elogiando, e não podendo deixar de ver o contentamento da mãe com seu trabalho, o que deixou feliz também.

–Exato, e ela se recusou a dar um pra eu experimentar. – Sofia reclama do sofá.

– Filha, eu já expliquei, já está em quantidade certinha, se faltar vou ter que repor, e não posso desagradar cliente, meu amor. – Vera tentou dar uma explicação para a filha mais nova, que a confrontava emburrada.

– Ai tá bom tá, só porque eu estava disposta a abrir uma exceção, porque o que isso deve de engordar. – a loira disse, encerrando o que fazia ao computador.

– Sofia gorda, será que um dia vou viver pra ver essa cena mãe. – Anita sorriu implicante com todo drama da loirinha.

– Acho que nunca Anita, ela que é sempre exagerada. – concorda Vera rindo de toda pirraça das duas filhas. – E o Ben, cadê Anita, pensei ter o visto chegar do trabalho, mas sumiu de novo. – perguntou Vera o paradeiro do enteado.

– Ah é que o Martin tinha convidado ele pra jogar bola com o pessoal da faculdade, aí ele foi, Martin e Ben, qual dos dois mais competitivos ai já viu. – Anita falou informando.

– O que é meio estranho você permitir né Anita. – Sofia aderiu o papo se aproximando.

– Anita deixa isso depois eu arrumo. – intercalou Vera.

– Oi, e eu posso saber por quê. – Anita indagou segurando as formas que juntava para levar, encarando a loira sem entender a indireta.

– Ué Anita, jura que você não se tocou, você deixou o Ben ir jogar futebol com os amigos do Martin da faculdade, o que consequentemente inclui no pacote as amigas Marias chuteiras dele, que devem estarem lá no beira do campo, babando pelos meninos, ai aparece um gatinho novo no pedaço, aí você sabe o que acontece né irmãzinha, lei da física elas caem em cima. – opina a loira, não compreendendo a passividade de Anita.

– Ai Sofia na moral, destila teu venenininho pra outro lado, eu não vou cair não tá, e nem me estressar hoje, ainda mais por isso. – ela respondeu não ligando.

– Tá bom estou indo tchau, já que você pensa assim. – a loira desistiu, voltando para a sala apanhando suas revistas e saindo apressada para o compromisso que havia marcado.

– Filha você não vai dar bola pra tua irmã não é. – Vera procurou amenizar a cara pensativa da filha.

– Não to longe disso. – Anita riu. – Em parte ela tem razão não é, não dá pra negar, mais também eu não posso ficar em cima do Ben, 24 horas por dia, a gente já mora junto, estuda junto, sem falar que iria ser um mico pra ele né, imagina, andar grudado com a namorada. – Anita se explica, desfazendo qualquer percepção. - Então o jeito é se iluminar e não pensar bobagem. – ela percebe, ou realmente cairia nas conclusões de Sofia com rapidez.

– Ai Anita, queria saber de onde vocês tiraram esse jeito ciumento todo. – Vera não hesitou em rir, mesmo dizendo que não se importava, a mãe percebeu que Anita havia se sentido tentada a repensar a situação.

– Ah então quer dizer que você não tem nada a ver com isso, eu e a Sofia somas possessivas, porque sei lá, algo do destino. – Anita ironizou. – Vem cá mãe, me diz, o que você fez quando achou que o Ronaldo tava de caso com a sarada que corria aí na rua hein. – ele alfineta ao ver a deixa.

– Nem me fale daquele episódio, foi algo isolado. - Vera tratou de corrigir.

– Eu tenho ciúmes do Ben sim, satisfeita, ficou feliz, e possivelmente eu já fiz muitas besteira por causa disso, trapalhadas que é melhor você nem saber. – confessa Anita, sem problema algum. - Mais antes de achar que eu devo terminar tudo, sofrer me descabelar, igual você fez daquela vez, eu mato a piriguete traidora, digo no bom sentido. – ela ameaça, mas se retrata ao ver a mãe fazer cara de apavorada.

– É só que tem uns problemas, pessoal lá se divertindo, e essa mania dos meninos de ficarem empolgados, sendo levados um pelo outro, somando a outra mania dos garotos, que acham que da pra casar e se divertir com outras, já viu né. – repele Mariana, que até então só escutava o papo ao lado da mãe.

– Hum, talvez. – Anita a fuzilou por um momento. – Mais nem toda regra pode ser generalizada, e eu confio no Ben. – afirma ela sem nenhuma dúvida. – Agora me responde uma coisa, porque você sempre acha que sabe tudo, e tá sempre querendo estragar alguma coisa na vida dos outros, olha se eu fosse mais cautelosa diria que isso é um trauma psicológico que vem da tua vida, porque não é normal isso, querer ver os outros sempre tomando rasteira, a não ser que seja falta de caráter. – Anita disparou nem se importando. – Mãe eu vou na Barra tá, vou buscar umas roupas, fiquei aqui quase sem nada, to usando as antigas que deixei aqui, a pelo andar da coisa, daqui a pouco desenterro a Pirigótica de novo né, então eu vou buscar as minhas antes que isso aconteça. – brinca Anita, comunicando que iria sair.

– E você também pelo visto detesta ouvir verdade. – Mariana acusou sendo ignorada por Anita.

– Mais você tá bem pra andar sozinha filha. – indaga Vera.

– Claro que to, e depois vou e volto de táxi, evitar pegar ônibus lotado cheio e abafado, tá prometo. – Anita garantiu.

– Então vai, mais volta cedo não é. – recomendou ela.

– Juro. – Anita a beijou se despedindo.

– Marta me desculpe pela Anita, mas ela é assim é fogo, não tem jeito, quando não gosta de uma coisa acaba questionando, mesmo com todo jeito doce, às vezes ela se descontrola. – a mulher pediu devido ao jeito aparentemente grosseiro e sem nenhum cuidado que a filha se dirigiu a outra garota.

– Imagina, pelo que eu vi, minha filha que começou, a Mariana anda mesmo meio perdida, desde que eu me separei do pai dela, largou o colégio este ano, enfim nossos problemas se alastraram. – desabafou a mulher.

– Por isso que te convidei pra ficar aqui, quando você me disse que viria passar um tempo no Rio. – disse Vera querendo lhe passar apoio.

– E eu sou muito grata Vera, juro. – ela respondeu de volta, com um sorriso agradecido.


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