– Anita. – Chamou Ben logo depois de despertar.

– Hum que foi? – Perguntou ela sonolenta, mal abrindo os olhos.

– Você tá acordada. – Respondeu o garoto, a beijando no rosto.

– Não. – Afirmou, remexendo no travesseiro. – O que leva você ser um gênio, porque tá falando comigo. – Disse em meio a uma risada.

– Ah então já que é assim. – Retrucou ele, chegando mais para perto dela na cama. – Só me resta te acordar de verdade. – Falou rindo, fazendo cócegas na barriga dela.

– Ah não, para. – Reclamou Anita, afastando as mãos dele. – Não vale se aproveitar de alguém que esta só meio consciente. – Alegou ela, entre risadas.

– Ah entendi. – Disse Ben, achando graça dos resmungos da namorada.

– E quem disse que eu não estou falando sério. – Respondeu ela, virando-se para ele.

– Dormiu bem? – Questionou ele com um sorriso.

– Ai até demais, aliás, se eu tivesse dormido melhor acho que teria acordado no céu. – Disse Anita com alegria. – Só que lá não estaria tão bom, não teria você. – Ela declarou, eles trocaram sorriso e um beijo intenso.

– Que horas são? - Perguntou. – A gente perdeu a noção de tudo pelo jeito. – Afirmou a garota, ao perceber o sol alto, notando a luz que invadia o quarto.

– Já tá passando das oito. – Esclareceu Ben. – Mais também com toda certeza do mundo, não ver o tempo passar de forma absurda, não é algo que eu consiga evitar, quando a gente esta junto. – Ele disse recebendo um beijo de Anita em seguida.

– É, o que soa tremendamente injusto com a gente. – Sorriu ela. – Fazia muito tempo que nós não tirávamos um tempo pra gente, aliás, isso em determinadas circunstâncias, parecia algo que jamais aconteceria de novo. – Justificou a garota.

– E eu juro que toda vez que eu pensava nessa hipótese, parecia que o mundo iria parar pra sempre, o que só fazia a minha saudade de você ser cada vez maior. – Contrapôs ele, fazendo um carinho no rosto dela.

– Eu também senti muito a tua falta, mesmo jamais confessando isso pra ninguém. – Entregou ela. – Sei lá era mais cômodo, dizer pro mundo que eu não tava nem aí pro te u namoro com a Sofia. – Admitiu. – Por isso que eu sei, que não importa o que aja daqui pra frente, a única coisa que eu não quero é me afastar de você. – Afirmou a garota. Eles se uniram em um beijo logo depois.

– Você no fundo escondeu mais da metade de tudo que passou na tua cabeça esse tempo todo, com tudo que houve. – Ben previu.

– É eu acho que eu passei a lidar com as coisas de um jeito mais duro sim, era mais fácil me revoltar, semear raiva pra todos os lados, do que deixar todo mundo percebendo que eu tava não só perdida, eu tava mesmo na pior. – Confidenciou ela não escondendo. - Me parece que eu tinha ouvido um celular fazendo barulho. – Comentou ela, ao lembrar-se, ajeitando o travesseiro e se escorando a cabeceira da cama.

– Acho que era o teu. – Ben respondeu.

– Hum deixa eu ver. – Falou Anita procurando o telefone. – Cinco ligações perdidas da Julia, Ben que esquisito. – Afirmou ela intrigada.

– Ué de repente ela queria saber se tá tudo certo. – Disse ele. – Você acha que descobriram a gente. – Especulou o garoto um pouco apreensivo.

– Não, eu acho é que tá acontecendo algo com ela, isso sim. – Anita justificou, retornando a ligação. – Olha aí, chama e nada. - O que será que tá havendo. – Anita se questionou, vendo a chamada cair na caixa postal.

– Anita, meu amor, hoje é sábado, você esqueceu isso, não tem aula, ela deve tá dormindo. – Ben pensou.

– A Julia dormindo até tarde, impossível. – Anita disse desacreditando na justificativa do amado. – Tá acontecendo alguma coisa, quando a gente se falou lá na Barra, ela tava estranha, dispersa, não sei. – Afirmou desconfiada. – Ai telefone maldito, isso é hora pra terminar a bateria. – Resmungou ela contrariada. – Me dá teu celular, vou ligar pro Serguei agora. – Pediu ela.

– Toma. – Pronunciou ele a alcançando. – Anita mais o que seria, você não acha que tá se preocupando demais com a Julia, baseado em uma suposição, existe milhares de hipóteses pra ela ter te ligado tanto. – Alegou Ben.

– Ih o Hernandez te ligou também. – Falou Anita ao visualizar a chamada registrada no telefone.

– Depois eu vejo o que ele quer. – Ben respondeu de volta.

– Serguei oi... - É a Anita, a Ju tá aí, você falou com ela hoje. – Anita indagou o amigo do outro lado da linha. – Não tá, deixa pra lá, é que ela me ligou ontem e eu acho que eu saí e deixei o telefone no quarto, se você ver ela diz pra ela me ligar de novo. – Anita informou desligando em seguida.

– E aí. – Questionou Ben ao perceber certa preocupação no rosto de Anita.

– Aí que o Serguei não viu ela desde ontem, parece que eles foram lá no Embaixada ver um show da Micaela com as meninas, mas ela não deu as caras, deve ter sido quase no mesmo tempo que ela me ligou. – Pensou ela. – Ben será que existe a possibilidade. – Disse ela se calando em seguida.

– Que possibilidade Anita. – Perguntou Ben querendo entender os devaneios da garota.

– Da tia Rita, do pessoal da escola, até da minha mãe, do Ronaldo, estarem enchendo a cabeça do Fred e da Julia, o que tá gerando muita pressão pra ela. – Exclamou Anita receosa. – E esses dias a gente meio afastado das coisas por conta dessa história de viagem. – Justificou.

– Você não acha que você tá colocando gente demais, e diferentes, no mesmo pacote. – Ben interviu. – Meu pai e a Vera, Anita, você não acha que tá fazendo uma tempestade em copo com água, e nada mais. – Especulou ele.

– Será, nós dois somos filhos deles, e quando eles descobriram do nosso namoro, surtaram, viraram dois ditadores, proibiam nós dois até de se olhar dentro daquele casa, me jogaram na Barra, Ben a minha mãe aceitou os desmandos do meu pai, só pra poder afastar a gene, e ela nunca tinha feito isso, e se a gente for parar pra pensar nós somos duas pessoas com gostos iguais, sem nenhuma diferença grandiosa, que compartilham um mundo, só que mesmo assim. – Se explicou ela.

– E a Julia e o Fred, eles são diferentes, com caminhos bem diferentes, e o Fred mora lá em casa, eles iam se meter de qualquer jeito, talvez você não esteja paranoica não. – Ben foi obrigado a perceber fundamentos nos pensamentos da namorada.

– É, e eu vou tirar isso a limpa quando eu voltar, ah vou. – Garantiu Anita, devolvendo o telefone a ele.

– Bom eu vou ligar pro Hernandez, ver o que ele tanto quer. – Comunicou Ben.

– Ah não, faz isso não, não deve ser nada grave. – Anita pediu.

– Porque não Anita. – Perguntou Ben se vendo confuso, soltando o celular sobre o bidê.

– Porque, porque, a não sei Ben, vai ver que o Hernandez desconfiou do teu sumiço repentino, vai que o Antônio, tá sei lá enfiando alguma coisa na cabeça dele, ou o que, vai que aquele doido escuta vocês se falando, o Antônio é louco, não duvido que ele adivinhe pensamento, rastreei telefone, ou sei lá mais o que. – Anita quis se explicar.

– Ahan tá, e você vai passar o resto da vida a mercê do Antônio, Anita você sabe que não vai dar pra gente continuar por muito tempo com isso, uma hora ele vai saber que a gente tá junto de novo, se é que ele já não sabe como você mesmo disse. – Afirmou Ben, se incomodando com as alegações da garota.

– Eu sei, só que não agora né, não aqui. – Anita respondeu, tentando coagi-lo. – Ben o Antônio já atrapalhou uma vez, já tá de bom tamanho, não é, pra que outra. – Disse ela, apoiando a mão na nuca dele. – E depois eu sei que você gosta muito do Hernandez, mas ele é muito tapado quando o assunto é o Antônio. – Anita justificou. – Para vai, você não vai arrumar motivo pra brigar comigo, não é, e não esse que já deu tanta dor de cabeça pra gente, e não agora também. – Falou ela o beijando.

– Ok, eu não vou ligar, mais se ele insistir eu ligo, vai que aconteceu alguma coisa séria, com ele ou com a Tita, porque no caso do Antônio, eu já desisti, se ele sumisse do mapa seria melhor pra todo mundo mesmo. – Ben resolveu atender ao pedido dela. – O que eu não faço por você hein. – Sorriu ele, ajeitando uma mecha do cabelo dela.

– Hum acho que não tem nada, você já faz de tudo mesmo. – Afirmou ela sorrindo travessa, envolvendo os braços em volta do pescoço dele e o puxando para um beijo envolvente, e repleto de alegria.