Addictive Love escrita por ervilha


Capítulo 5
Um pai que morreu


Notas iniciais do capítulo

D= Nossa, ninguém lê...?



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            - Rafa…

            - Sim, meu amor? – Engraçado, Rafaela só me tratava bem quando eu tinha sete anos.

            - Gabrielle não virá mais mesmo? – Estava deitada na cama, era já a 16ª noite que eu não dormia direito. – Pedi para mamãe me levar no Céu anteontem, mas ela não levou. Deve ser longe, não é?

            Ela riu e esfregou sua mão no meu cabelo.

            - Não seja bobinha… se você quer ir para o Céu agora, vai parar no Inferno. Só quem vive direito e faz tudo certinho que depois, na altura certa, vai para o Céu. Se você quiser ir agora para o Céu, e se ficar fazendo tudo errado, vai parar no Inferno.

            - O que é o Inferno?

            - É muito ruim para falar para meninas da sua idade. Mas tem monstros que comem seu nariz. – Rafaela cutucou meu nariz.

            Eu me escondi debaixo dos lençóis. Ela riu de novo. Seu riso era confortante.

            - Mas… e se a Gabrielle foi para o Inferno? Ela costumava arrancar o cabelo de minhas Barbies.

            - Mas ela não brincava com você todos os dias?

            - Sim!

            - Então, ela foi para o Céu, pode ter certeza! – Ela se levantou e desligou minha luz. – Boa noite.

            Ela foi até a porta. Olhou para trás, viu que eu estava aconchegada e pronta para dormir.

            - E o Guilherme?

            - Hã? – Ela voltou atrás.

            - Ele vai para o Inferno ou para o Céu?

            - Pergunte para ele. – Ela foi embora.

 

            Cheguei a casa. Rafaela fora me pegar na escola. Queria muito perguntar para meu irmão onde ele ia. Ouvi a televisão na sala, estava tocando música. Além da Gabrielle, só ele gostava de ver MTV.

            - Guilherme… - Cheguei de fininho. – Você vai para o Inferno ou para o Céu?

            Ele não respondeu.

            - Janaína, Guilherme está ocupado agora… venha falar com ele outra hora. – Minha mãe aparecera por trás e me levava até fora da sala. – Querida, ele e seu pai discutiram há pouco. Seu irmão está se comportando mal nas aulas e seu pai odeia isso. Não venha falar com Guilherme ou ele pode tratar você mal.

            Ouvi passos fortes descendo as escadas, era meu pai.

            - Como correu a escola, Janaína?

            - Bem, só que…

            - O quê? – Ele estava interessado, eu estava com medo.

            - Eu quebrei um vidro, estava jogando e – Ele me deu um tapa.

            Guilherme ouviu e desligou o televisor. Minha mãe estava horrorizada: com a força de meu pai, eu caíra no chão e minha boca estava sangrando.

            - Jana! – Meu irmão gritou, enquanto se ajoelhava perto de mim e, com delicadeza, pegava na minha cabeça e botava no seu colo. – Você viu o que fez, seu animal?!

            Meu pai, sem pensar duas vezes, chutou a cara de meu irmão, e ele ficou deitado no chão, meio inconsciente.

            - Querido, se acalme! Seus filhos não têm culpa que você esteja sofrendo com o aborto da Gabrielle e com seu câncer! – Minha mãe se jogava no chão de joelhos e botava sua cabeça encostada no chão.

            Ainda mais chateado por minha mãe ter falado de tudo que era segredo naquela casa, pisou as costas de minha mãe. Ela gritou, alertando Rafaela, que estava no quarto. Ela desceu as escadas rapidamente, mas meu pai já havia fugido. Tentou ligar para proteção de família e tudo mais de associações, mas minha mãe proibia ela de denunciar nosso pai, que não era pai de Rafaela.

            Depois dessa vez, meu pai voltou batendo na minha mãe, a mim e no Guilherme. Nunca ousou tocar na Rafaela, porque ela era bem forte e seria capaz de denunciar ele.

            Meu pai começou então gastando toda grana de minha mãe no álcool, e sempre chegava a casa com vontade de nos bater. Guilherme tentava todo dia convencer minha mãe a pedir divórcio, mas ela se recusava.

 

            - Janaína, preciso de sua ajuda. – Guilherme me sussurrava, enquanto estávamos trancados no quarto.

            - O que você quer?

            - Eu queria ir no Inferno, para te falar como é lá. Você não estava curiosa?

            - Mas… você volta?

            - Talvez.

            - O que você quer que eu faça?

            - Eu vou fugir de casa. Nossa mãe nunca mais se divorcia, e eu estou farto daquele bisonte que não sai daqui nunca… fica me batendo todos os dias.

            - Mas eu também quero fugir com você!

            - Certo, então. Vamos fazer assim: vamos pedir para o pai nos levar no circo. Daí, a meio do caminho, nós abrimos as portas e saltamos. Claro que saltamos na hora que o carro estiver andando devagar.

            - Mas assim você não vai no Inferno!

            - Vou sim. Prometo.

            Idiota suicida.

 

            - Certo, está tudo correndo como planeado! – Ele me sussurrava, enquanto estávamos dentro do carro de nosso pai, indo no circo. – Agora a seguir, ele vai entrar na praça, e aí a gente salta!

            De repente, nosso pai grita e começa tremendo. Passados poucos segundos, o carro estava descontrolado. Começámos gritando, a velocidade parecia não diminuir nunca, já que ele tinha morrido com o pé lá no acelerador. Chegámos na praça. Abri minha porta e saltei.

            - Janaína!!

            Caí na estrada, fiquei com o joelho machucado, chorei. Veio uma senhora me ajudar.

            Um segundo.

            Dois segundos.

            O carro embateu em um prédio e explodiu.

            - Ai, minha nossa Senhora! – Um espanto geral na rua.

            Os policiais e a equipe forense tentaram achar os corpos, só que, no meio da explosão, só tinha sangue, não se conseguia achar nada.

            Guilherme morreu.

 

 


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