Levantei da minha cama e fui em direção ao meu banheiro, olhei meu reflexo no espelho e desejei não ter feito isso, meu rosto estava com a marca da costura do travesseiro cortando minha bochecha de cima a baixo. Tomei meu banho e me vesti com uma roupa informal, uma simples jeans, camiseta de manga comprida preta uma casaco bege e uma echarpe vermelha que infelizmente Abe acabou me viciando em usa-las, Abe tinha me dado folga devido ao contrato que eu consegui fechar com um negociador búlgaro, e eu consegui convencer que ele nos pagasse mais do que o justo por vontade própria, ainda me lembro do orgulho de Abe quando falei para ele.

Sabia que você é igual a mim, o negócio está no seu sangue, no nosso sangue, estou tão orgulhoso, deveria ter te trago para a Turquia há muito tempo, você é igualzinha a mim kiz.

Ri me lembrando daquela conversa, foi muito bom ser finalmente reconhecida por alguma coisa que eu fiz. Desci para tomar café, algo que eu tinha aprendido a gostar depois que cheguei na Turquia, sempre repudiei essa bebida mas agora acho muito bom.

Quando cheguei na cozinha meu pai já estava na mesa lendo jornal, ele me deu mais um de seus característicos sorrisos.

- Kiz, não consegue acordar cedo não é mesmo, devo começar a acordar mais tarde assim poderemos tomar café juntos.

Enquanto ele falava eu já comia metade das delicias que estavam na mesa, Abe tinha uma cozinheira, Ayla é seu nome, eu me apeguei tanto a ela, ela é uma mãe que eu não tive.

-Filha tenho uma notícia para te dar. – Parei até mesmo de comer, o homem sorridente que estava agora mesmo na minha frente e quem eu via era o Ibrahim Mazur, o negociante mafioso. – Temos que viajar.

Olhei para ele como quem não entende um problema obvio, algo que eu realmente não entendia. - Certo, mas por que toda essa hesitação em me falar para onde vamos viajar, qual é o problema velhote?

- Nós estamos indo para a corte Rose.

Eu travei, simplesmente travei, todas as lembranças que eu deixei no fundo do meu peito por três anos, três longos anos, voltaram com tudo na minha mente, Lissa me trocando por Dimitri, escolhendo ele como seu guardião ao invés de mim, Cristian se afastando como se nunca tivéssemos sido amigos, e Dimitri, Dimitri o homem que me abandonou, mesmo depois de tudo que eu fiz por ele, de todas as leis que eu quebrei para trazer ele de volta.

Olhei para meu pai que me observava com intensidade, provavelmente tentando entender o que se passava em minha mente.

- Baba, tenho que ficar, não posso abandonar nossos negócios daqui, acabei de fechar um contrato.

-Eu sei Kiz, e estamos indo para a corte por isso mesmo, um de nossos clientes se mudou para lá e ainda não terminamos os contratos, fora que uma mudança de ambiente é sempre bom, fazem quase três anos que você não vê seus amigos, não acha que está mais do que na hora de revê-los, não falo da princesinha mimada ou do brutamontes russo, mas sim daquele garoto o Eddie e também de Adrian, embora eu não goste muito dele.

Meu pai estava certo eu tinha que ir, nem que fosse para rever meus amigos.

Olhei para ele com o olhar mafioso que aprendi a fazer observando-o.

-Certo eu vou.

-Ótimo, arrume suas malas vamos sair as 14 horas.

Passei o resto do dia (bem noite para os humanos) arrumando minhas malas e imaginando como seria voltar para a corte depois de tanto tempo.

Quando era 11 horas entrei no chuveiro e deixei que a agua caísse no meu corpo calmamente, esta é mais uma das coisas que eu aprendi na Turquia, aproveitar as pequenas coisas da vida. Antes eu sempre andava correndo de um lado para o outro, nunca parava em lugar algum por muito tempo, mas agora eu posso aproveitar tudo de bom que a vida tem a me oferecer.

Sai do meu banho enrolada numa toalha quando vejo um Moroi muito sexy deitado na minha cama me observando atentamente, Kemal Conta.

-Olá gata, se soubesse que ia ter essa recepção teria vindo mais cedo- sorri e me lembrei que iria para a corte, deixando-o aqui.

-Deveria ter vindo mesmo, assim teríamos tempo de aproveitar, Abe vai me levar para a corte- Falei me sentando em seu colo e lhe dando um beijo.

Ele olhou para mim sorrindo – Você acha que eu não sei? Eu vou com você, acha que vou deixar os idiotas da corte perto da minha Rose muito sexy? - gargalhei feliz, feliz como não estive desde que soube que teria que ir para a corte.

-Por isso que eu te amo- falei olhando no fundo de seus olhos. Ele olhou para mim fez cara de falsa chateação.

-Só por isso? Achei que minha incrível beleza contaria alguns pontos a mais.

Beijei ele como se nunca mais pudesse fazer isso de novo, suas mãos subiam por minhas pernas me deixando totalmente arrepiada, suas mãos estavam desfazendo o laço da tolha quando Abe grita.

-Não temos tempo para isso vamos logo! - Rolo para o outro lado da cama totalmente frustrada enquanto Kemal somente ria de mim.

- Vamos se vista, quando chegarmos a corte vamos ter muito tempo para isso, prometo te deixar totalmente satisfeita.

Vesti uma roupa que eu já tinha deixado separada, uma jeans preta, uma camisa branca de mangas compridas, um casaco bege que bate nos joelhos, uma bota de cano baixo preta, meu amuleto de proteção dado por minha mãe que eu nunca tiro, brincos e uma pulseira de rubi (coisa de Abe ele disse que eu sou uma Mazur e a pedra de nossa família é o Rubi então eu devo mostrar isso a todos) e finalmente uma echarpe dourada que também é culpa de Abe que me viciou nessas coisas.

- Nossa se seu pai não estivesse te apressando eu teria o maior prazer de te tirar dessas roupas e ficar o dia inteiro neste quarto- Taquei uma almofada que estava perto de mim nele.

- Não me faça desejar mais ainda ficar aqui- falei enquanto terminava de me maquiar, essa é mais uma coisa nova que eu aprendi na Turquia agora eu sei me maquiar. - E vamos me ajude a descer essas malas.

Quando descemos meu pai nos olhou surpreso como se não esperasse que fossemos aparecer.

- Nossa, achei que não iam sair daquele quanto nunca mais.

Levamos as malas até o carro e de lá fomos direto ao aeroporto onde se encontrava o jatinho de Abe.

Assim que entrei fiquei tensa, não esperava voltar para a corte, pelo menos não tão cedo, não tenho certeza se estou pronta para reencontrar velhos amigos, e outras pessoas.

Kemal olhou para mim provavelmente entendendo o que eu sentia e me abraçou, logo adormeci em seus braços.