Time To Let Go escrita por ChaniMoon


Capítulo 7
Não Sou a Bonequinha de Porcelana de Vocês


Notas iniciais do capítulo

Heey povo! Fui assistir F&F 7 no cinema essa semana... saí chorando de tão incrível que é. Assistam, sério! Me deu inspiração pra postar outro cap :)

Boa Leitura!



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Lin ainda olhava para os pais boquiaberta. Ela havia até perdido a voz por conta do susto. O lugar ficou silencioso. Todos estavam surpresos com o que Lin havia dito, e tão boquiabertos quanto ela. Han viu o quanto assustada Lin havia ficado e foi até ela. Mas Lin, já se recuperando do susto, desceu as escadas em direção aos pais antes que Han chegasse perto dela.

–O que fazem aqui? - Perguntou Lin.

Lin não obteve resposta. Tudo o que ela conseguiu foi uma bofetada na cara, do próprio pai.

–Menina irresponsável! Você acha esse tipo de comportamento adequado para uma moça de respeito?! - Perguntou o pai de Lin, olhando a filha com fúria.

–Como foi que você chegou a esse ponto, Lin? - A mãe de Lin finalmente disse algo. - Nós a criamos todos esses anos para você jogar tudo isso na lama, vivendo essa vida vulgar de corredora de rachas!

–Vocês dois nunca me perguntaram o que eu queria! - Lin rebateu. - Sempre planejaram a minha vida de acordo com o que vocês aprovam, e não com o que eu goste!

–E é disso que você gosta? Ficar neste ambiente inadequado, cercado de marginais e mulheres vulgares, se comportando de maneira indecente?! - Perguntou o pai de Lin. - Filha minha não vai se comportar assim!

Han já tinha visto demais e precisava fazer alguma coisa. Não iria deixar Lin ser tratada daquele jeito, nem por seus pais. Ele desceu as escadas e foi até eles. Lin o olhou com um olhar de "Por favor, não faça nada que faça o meu pai te matar!".

–Está tudo bem, Lin. Deixe eu cuidar disso. - Ele sussurrou para ela, voltando a atenção para os pais. - Sr. Takahashi, Sra. Takahashi.

Os pais da garota o olharam como se o conhecessem e não gostassem nada dele. Porém, eles tinham um motivo para isso.

–Ah, Lin, por favor, não me diga que você traiu Hideki com... um bandido! - Disse a mãe de Lin.

–Mãe, primeiro: eu não traí ninguém porque eu e o cabeça de lula do Hideki nunca tivemos um relacionamento. Segundo: Han não é um bandido! - Lin praticamente cuspiu as palavras.

Quem dera eu não fosse, pensou Han. Essa frase de Lin o deixou nervoso, pois ele ainda não havia contado para ela que ele era contrabandista.

A essa altura, Sean, Twinkie, Earl, Reiko e todo o resto já haviam saído dali. Como o clima ficou tenso, Han, antes de descer as escadas, deu um sinal para que Twinkie tirasse o pessoal dali.

–Ah, já era previsível você não saber disso. Fizemos bem em contratar um detetive particular que nos ajudou a te achar e ainda puxou a ficha do seu namorado contrabandista de graça! - o pai de Lin jogou uma papelada na filha, que a agarrou e leu.

Ali tinham todas as informações sobre Han. E eram todas mesmo. Toda a outra parte da vida dele estava escrita no papel: os contrabandos, a Yakuza, tudo. Os olhos de Lin se encheram de lágrimas. Mas ela não estava triste por Han ter outra vida. Estava triste por ele não ter contado a ela.

–Lin... não é o que parece. - Disse Han, tentando amenizar o estrago.

Ela não disse nada. Apenas abaixou a cabeça e deixou que a primeira e última lágrima caísse.

Han se odiou no mesmo minuto. Como ele foi estúpido em não ter contado a ela antes. E agora, ela soube da pior forma possível. Ele realmente estava preocupado. Não queria perder sua Lin. Sua? Exatamente: s-u-a. Agora a ficha caiu.

–Foi o que pensei. - Disse o pai de Lin, pegando o celular e discando um número. - Hideki? Sim, nós a achamos. Está certo. Venha e a leve pra casa.

Assim que o Sr. Takahashi desligou o celular, Lin levantou a cabeça. Seus olhos ainda estavam marejados.

–Vamos, Lin. Vamos esperar Hideki lá fora. - A Sra. Takahashi a chamou.

–Você realmente acha que eu vou voltar pra casa? Realmente acha que eu vou me casar com Hideki e ser a esposa perfeita? - Perguntou Lin. - Está errada.

–Não entendi. - Respondeu a Sra. Takahashi. - Você prefere viver ao lado de um criminoso? É isso?

–Prefiro, mil vezes! É muito melhor do que viver sendo a filhinha mimada e sem graça, quase uma bonequinha de porcelana, de vocês dois. - Rebateu Lin.

–Agora chega! - O Sr. Takahashi agarrou Lin pelo braço e tentou a arrastar para a rua. - Você não vai insultar o nome desta família, sua vadiazinha!

Han não suportou ver aquilo. Foi até os dois, empurrou o pai de Lin e a trouxe para perto de si, pondo o braço ao redor dela.

–Nunca mais encoste nela! - Exclamou Han. Lin sentiu-se protegida por Han e retribuiu o abraço.

–Não se meta nisso, Seoul-Oh! - Rebateu o pai de Lin. - Devolva a minha filha, ou vai se meter em problemas maiores do que a Yakuza!

Lin sabia que seu pai não estava brincando. Por isso, resolveu tomar uma atitude, antes que as coisas piorassem. Soltou-se dos braços de Han e deu um passo em direção aos pais.

–Pai, por favor, me deixe em paz! Eu sou feliz aqui, não perceberam? E também já sou crescida. Posso cuidar de mim mesma! – Disse Lin. – Por favor! Eu não consigo mais viver desse jeito!

Nesse momento, um barulho de passos chama a atenção dos quatro na garagem. Um homem japonês, poucos anos mais novo do que Han adentrou o local, usando um terno e um sobretudo que não estavam combinando direito. Ele também tinha uma estranha cabeça, que era grande demais para o corpo. Era Hideki, o cabeça de lula, pretendente a noivo de Lin.

–Onde ela está? – Perguntou o homem.

Assim que ele avistou Lin, pôs um sorriso um tanto assustador no rosto. Seu sorriso lembrava personagens como o Coringa, de Batman e Jeff The Killer.

–Aí está você! Minha doce Lin! - Disse o homem.

–Sua uma ova! Nunca serei sua, seu cabeça de lula! – Rebateu Lin.

–Lin, isso é jeito de tratar o seu noivo?! – A Sra. Takahashi perguntou, com uma expressão séria.

–Ele não é meu noivo, mãe! Não vou me casar com ele! – Respondeu Lin, voltando-se para Han. – Eu juro que não vou.

Foi nessa hora que Han explodiu por dentro. Embora não tenha demonstrado, ele estava com muita vontade de esganar o cabeça de lula, pretendente a noivo de Lin. Jamais deixaria que ela fosse infeliz ao lado de alguém visivelmente desprezível quanto aquele homem. Han foi até Lin e pôs seu braço na frente dela, a forçando a ir para trás.

–Só passando por cima de mim. – Disse Han, já encarando Hideki com um olhar torto.

Hideki deu uma gargalhada assustadora e exagerada.

–Acha mesmo que vai tirá-la de mim? – Perguntou Hideki, zombando de Han. – Acha que ela vai preferir você ao invés de mim?

–Ele não acha nada, ele sabe que eu o prefiro mil vezes! – Respondeu Lin, pegando a mão de Han. – Pelo menos ele me faz feliz. Não é como você que só fala de si mesmo, seu egocêntrico babaca!

Ao ouvir isso, Han sorriu de canto e segurou a mão de Lin um pouco mais forte. Geralmente, Han não era de demonstrar sentimentos. Mas este era um caso especial. Ver Lin em um estado frágil era novidade para ele, pois após tanto tempo a comparando com Gisele, se deu conta de que só viu a falecida namorada em uma situação frágil uma única vez. A última vez em que ele a viu.

Porém, isso não vinha ao caso agora. Ele precisava salvar Lin daquelas pessoas horríveis. Ele se perguntava: como uma garota tão incrível saiu de uma família rígida como essa?

–Vai se arrepender de me tratar assim, eu estou avisando! – Exclamou Hideki, mudando sua postura completamente com Lin.

Ele avançou nela, para tentar arrastá-la para fora novamente, mas Han foi mais rápido e acabou acertando um soco na cara de Hideki, o lançando no chão. Lin e seus pais arregalaram os olhos e ficaram boquiabertos com a cena. Após um choque de susto, Lin começou a rir da situação.

–Eu esperei três anos pra ver isso! – Dizia Lin, enquanto gargalhava. – Han, você é o melhor!

Han sorriu de volta para ela. Enquanto isso, Hideki tentava se levantar, com a mão no rosto. Os pais da garota estavam indignados.

–Como é, Hideki? Vai deixar isso ficar assim? Revide! – Ordenou o Sr. Takahashi.

–Estou tentando, sogro! Mas esse soco... acabou de destruir o meu lindo rosto! – Disse Hideki, massageando o rosto no lugar onde Han o havia socado.

–É um egocêntrico mesmo! Vocês tem certeza que querem que eu me case com esse narcisista, frangote e imbecil? – Ironizou Lin. – E além disso... a cabeça de lula dele está maior.

–Mas que vergonha... – Disse a Sra. Takahashi, cobrindo o rosto com uma das mãos.

–Nem consegue defender a própria honra, muito menos a da noiva! – Disse o Sr. Takahashi. – Se soubéssemos que você era tão medroso, não o teríamos escolhido para se casar com nossa filha! Vá embora, antes que eu também resolva te dar um soco!

Hideki se levantou completamente e saiu, choramingando com o rosto machucado.

–Eu avisei... – Disse Lin. – Com vocês ele é o macho alfa da casa, agora comigo, é Narciso em pessoa.

–Quieta, Lin! – Exclamou seu pai. – Só porque Hideki se mostrou inadequado, não quer dizer que a deixaremos ficar nos braços de Seoul-Oh. Não, você virá pra casa e iremos achar um noivo adequado.

–Vocês realmente não entendem, não é? – Perguntou Lin, num sussurro.

Vendo que os pais dela não iriam desistir tão fácil, Han tomou a palavra novamente.

–Sr. Takahashi, eu posso não ser o modelo de pessoa que vocês querem para a sua filha. Posso ter cometido alguns erros, mas de uma coisa eu tenho certeza. – Ele olhou para Lin novamente. – Sua filha é muito importante para mim. Eu nunca deixarei nada de ruim acontecer com ela.

Lin quis beijá-lo com toda a paixão, ali mesmo, naquele momento. Mas se conteve, por não ser algo muito apropriado para fazer na frente dos pais. Mas era só fazê-los irem embora.

–Será mesmo? Será que nossa filha seria feliz aqui? – Perguntou a Sra. Takashi.

–Não diga besteiras, mulher! Lin caiu na lábia de um marginal, não caia você também! – Retrucou o Sr. Takahashi.

A Sra. Takahashi ignorou o marido e se voltou para a filha. Ela estava prestes a fazer uma coisa que imaginava que nunca iria fazer.

–Lin, você realmente quer isso? Será feliz assim? – Ela perguntou.

–Eu quero mais do que tudo. Preciso arriscar, mãe. E se não der certo, bem, paciência, essa é a vida. – Respondeu Lin. – Eu só quero ser livre.

Algo realmente inesperado estava acontecendo. Lin seria finalmente livre para ser feliz, sem a intromissão dos pais em suas escolhas?

–Tudo bem, então. Arrisque. Viva, seja livre. – Disse a mãe de Lin. – Só quero ver você feliz. Mesmo que não seja como eu e seu pai planejamos.

–Está delirando, mulher! – Resmungou o pai de Lin.

–Chega! Deixe a menina viver e vamos embora! – Rebateu a mãe de Lin.

Lin estranhou a repentina mudança de opinião de sua mãe. Há cinco minutos queria que a filha fosse pra casa, e agora estava dando liberdade de escolha para ela? O que será que teria se passado na cabeça de sua mãe?

A Sra. Takahashi saiu da garagem, sendo seguida pelo marido. Entrando no carro, ele a perguntou o porquê dela ter deixado Lin livre. E ela respondeu.

–Deixei nossa filha ir porque eu era igualzinha na idade dela. Eu queria viver, arriscar, e meus pais nunca me ouviam. Lembra-se de como eles eram contra o nosso noivado? Até ameaçaram me deserdar! Mas eu quis arriscar mais do que tudo. E deu certo, porque hoje eu sou muito feliz. E quero o mesmo para a nossa filha. – Disse a Sra. Takahashi.

–Mesmo se a felicidade dela for ao lado de um criminoso? – Perguntou o Sr. Takahashi.

–Aquele rapaz não parece ser má pessoa. Eu acredito que ele pode fazer Lin feliz. – A esposa respondeu.

Seu marido não disse mais nada. E assim, os dois foram embora, de volta para Nagoya.

Na garagem, assim que os pais saíram, Lin abraçou Han com todas as forças, liberando algumas lágrimas. Han retribuiu o abraço.

–Finalmente posso ser feliz! – Disse Lin, com um sorriso no rosto.

–Lin... sobre aquilo o que você descobriu sobre mim... eu preciso te contar... – Lin cortou Han.

–Não precisa se explicar. Você deve ter seus motivos, e eu entendo. – Ela disse.

–Exatamente. Mas mesmo assim, eu queria que você soubesse. – Disse Han.

Os dois subiram a escada e se sentaram em um dos sofás. O lugar ainda estava um pouco bagunçado por causa da “festinha” que estava acontecendo há pouco. Han começou a falar sobre sua outra vida. O motivo de ter se tornado um contrabandista, e como se envolveu com a Yakuza. Lin prestava atenção em cada palavra. Ela não o julgaria por ser um contrabandista. Depois de tudo o que ele fez por ela, seria quase um crime fazer isso. E também porque todo mundo já cometeu seus erros na vida.

Conversaram até ficarem extremamente cansados. Decidiram ir dormir. Era cedo, as marias-gasolinas ainda nem tinham voltado. Mas o estresse e a preocupação que ambos sofreram nesse dia, fizeram com que eles ficassem cansados mais rápido. Porém, esse dia não foi só de tristezas. Também teve seus momentos felizes, como o momento nas montanhas, onde se beijaram pela primeira vez. Seria um dia que ficaria marcado.

Han acompanhou Lin até o quarto e a beijou uma última vez naquele dia.

–Tem certeza de que não quer dormir no meu quarto hoje? – Perguntou Han, brincando.

–Han... mas o que é isso?! – Respondeu Lin, se fingindo de surpresa. – Está meio cedo pra isso, não acha?

–Tudo bem, então. Você é que sabe. – Ele disse, rindo. – Até amanhã.

–Até amanhã. – Ela respondeu, entrando no quarto.

Os dois dormiram rápido. Afinal, depois desse dia difícil, estavam muito ansiosos para o outro dia chegar.


Continua


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Eu não sei se eu expulsei os pais da Lin do melhor jeito possível... mas eu vou ser sincera, até eu já tava me irritando com eles. Mas fiquem bem relax, a batata do Han ainda não assou completamente.

Kisses :3