O Cubo escrita por Inara


Capítulo 1
Black Heart


Notas iniciais do capítulo

Estou voltando à ativa trazendo uma história nova *-* E daqui uns dias vou recomeçar a postar Queen Of The Spirits, que eu apaguei do Nyah porque eu achei que tava uma bosta e ninguém mais acompanhava, e sei lá, fiquei deprimida, me desculpem ç.ç' Eu sou emo às vezes. -qq
É isso, fiquem com o primeiro capítulo de "O Cubo". E não esqueçam de avaliar ;)



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Eu sou apenas um garoto normal da cidade de Phoenix. Moro em uma casa grande, com mordomos e criadas dispostos a me oferecer tudo que for necessário, minha mãe trabalha numa grande empresa de cosméticos e meu pai, advogado, é o melhor da região. Faço o tipo de garoto “nerd”, desprezado pelos populares, admirado pelo grêmio do colégio, campeão de xadrez cinco vezes consecutivas, péssimo na maioria dos esportes e, meu maior desafio até então era o cubo mágico que minha avó me dera de presente. Ah! Isso sim me deixa com os nervos à flor da pele. Eu sei que sou capaz de montá-lo, já havia montado vários iguais a esse antes, mas... Por que esse é diferente?

Foi então que despertei dos meus pensamentos. Um som irritante e agudo ecoava pelos meus ouvidos: minha mãe havia deixado cair um prato no chão e estava causando um verdadeiro escândalo, já que era a sua peça de louça mais cara.

- Não acredito nisso! – gritava – Lá se foram cem mil dólares, pelo ralo! Estou desacreditada! Abane-me, Cássia, por favor! E você, Isaac, traga-me água com uma pitada de sal! Minha pressão está despencando!

A empregada, Cássia, pegou um leque de tecido finíssimo, o abriu e começou a balançar para abanar minha mãe. Isaac, desastrado, preparava a água salgada com as mãos trêmulas, e isso quase fez com que o copo contivesse um pouco do oceano, de tanto sal que havia.

Eu achava até mesmo engraçado ver tal situação. Já meu pai, administrador da economia da casa, estava quase tão tenso quanto minha mãe. Para evitar que as coisas sobrassem para mim, levantei da cadeira, empurrando-a para trás, pus a mochila em meu ombro esquerdo e dei as costas à cozinha.

- Tchau mãe! Tchau pai! Vou a pé hoje!

- Até mais, Thiago! Divirta-se! Estude! Cuidado! – disse Linda, minha mãe.

- Boa sorte, filhão. – meu pai, Edgar, foi mais seco.

Saí de casa, desci a ladeira pela calçada, atravessei a rua. Andava distraído com o objeto cúbico em minhas mãos, girava, girava e girava, e não conseguia nem sequer dois lados completos. O máximo que eu obtinha era um lado, o azul, sempre o azul. Desastrado como Isaac, acabei esbarrando sem querer em algo que fez meus óculos serem lançados direto ao chão, e o cubo, por sua vez, deslizou pela calçada também, enquanto eu cambaleava para trás tentando restabelecer meu equilíbrio.

- Olha por onde anda, babaca! Esses seus óculos velhos não servem para nada?

Para minha sorte (isso foi absolutamente sarcástico, para quem não entendeu) eu havia me chocado contra as costas de Erick, um dos garotos populares, e um garoto que me detesta, e que adora me fazer de alvo principal no jogo de queimada, nas aulas de educação física. Ele estava ali, apenas esperando o ônibus passar. E eu infelizmente teria que esperar junto com ele. Peguei meus óculos, limpei as lentes com a camisa, e quando finalmente os pendurei novamente no meu nariz e voltei a enxergar, vi que o cubo estava sob domínio de Erick.

- Você realmente não tem uma vida. É só isso que sabe fazer? Jogar xadrez, brincar com essa tralha e estudar? – ele soltou o ar pela boca com força, revirou os olhos com pleno nojo e gargalhou com vontade – Você é patético, Peãozinho.

Depois da minha terceira vitória no campeonato de xadrez, passei a ser chamado ofensivamente de “Peãozinho”, que é aparentemente (para os que desconhecem o jogo) a peça mais inútil do tabuleiro.

- Pode me devolver isso? – pedi.

- Me dê um bom motivo pra fazer isso.

- Eu não tenho um. – baixei o olhar.

Erick bateu o cubo mágico contra o meu peito e me empurrou para trás. Caí sentado no chão, com o brinquedo em meu colo. Ele riu.

- Segura aí.

Ele é insuportável, e está no meu pé há quatro anos. Como alguém consegue ser tão idiota assim? Ele não tem escrúpulo nenhum. Pelo menos ele devolveu o presente da minha avó. Estou apenas observando ele rir como um porco antes de ser abatido. Erick nem mesmo tem bons motivos pra me odiar, eu nunca o tratei mal. Acho que ele só queria ascensão social, e escolheu o quatro-olhos aqui como vítima. Ótimo, adoro sofrer bullying.

O ônibus se aproximou. Ele gesticulou com os dedos longos, e o motorista freou. A porta se abriu, e nós dois embarcamos, ele na frente, e eu logo em seguida. Erick seguiu até o último banco do ônibus e sentou-se lá, entre os outros populares que não gostam muito de mim, e eu me sentei num banco solitário próximo da janela. Alguns pontos depois, uma garota subiu pelos degraus do veículo; tinha cabelos longos, algumas sardas nas bochechas, uma pinta negra exatamente ao lado do nariz, lábios rosados e pele clara. Meu queixo tombou para baixo quando a vi, não pude evitar. Parecia inteligente, emanava confiança, e também um perfume maravilhoso. Sentou-se próximo a uma janela também, só que mais atrás, perto dos últimos bancos.

Que ótimo, mais uma garota bonita que faz parte do grupo dos imbecis, e mais uma que vai me desprezar como se eu fosse algum tipo de alienígena esquisitão. Eu nem sou tão feio assim... Pelo menos minha mãe diz que não. Tenho cento e setenta centímetros de altura, sou magro, uso óculos, cabelo curto e desordenado na cabeça, pele clara, uso roupas normais, tipo calça jeans e blusa, um tênis meio gasto pelo tempo, e um relógio de bolso prateado que era do meu avô. Ele morreu quando eu tinha dez anos, minha avó guardou o relógio e me deu quando completei quinze, de acordo com ela uma idade em que eu já teria responsabilidade para cuidar da peça. Meus olhos são castanhos e, bem, eu uso aparelho nos dentes. Claro que antes isso me tornava horrível, porque meus dentes eram horríveis, mas já estou próximo de retirá-lo, então, agora eles estão ordenados e branquinhos. Não vejo por que sou tão ignorado pelas pessoas “legais”, embora não faça a menor diferença pra mim.

Chegamos ao colégio, finalmente. Desci do ônibus, caminhei, passando direto pelos portões da mansão escolar, até subir os degraus da entrada e me direcionar ao meu armário, que ficava ao lado do bebedouro central. Enquanto revirava meu material, pegava meus livros e me preparava para a primeira aula, vi Perseu se aproximando. Um jovem de cabelos médios e loiros, olhos castanho-escuro, pele pouco bronzeada, porém mais escura que a minha (qualquer pele é mais escura que a minha, se duvidar, até a pele de uma pessoa albina), também usava óculos e fazia parte do grêmio, era um pouco mais baixo que eu e, bem, precisava urgentemente de uma balinha de menta.

- E aí, cara?

- E aí... Perseu... Ahn... Como ‘cê tá?

- Bem, obrigado. Aula de química agora, e a sua?

- História.

- Quer trocar?

- Não. – ri, tentando miseravelmente me afastar a cada fala do diálogo, já que o cheiro de fossa alcançava até os mais distantes vales. – Bem, vou andando, antes que eu esteja atrasado.

- Beleza, a gente se esbarra.

- Claro!

Gostaria de saber como ele consegue suportar o próprio bafo. Se ele soprar uma flor acho que ela murcha instantaneamente. Qual é o problema desse cara? A pasta de dente está tão cara assim? Em que níveis se encontram a inflação? Não é possível que ele não perceba que tem algo podre dentro dele. Se duvidarmos, fede tanto que dá pra sentir o sabor da podridão. Tem gosto de ratos e cocô de cavalo. Eca.

Depois do momento agradável (sarcasmo de novo) ao lado de Perseu, que tem esse nome porque sua mãe gosta muito de mitologia grega, me direcionei a sala de aula. Sentei-me na segunda carteira da segunda fileira da esquerda pra direita, como de costume. Ainda com o cubo em mãos, me pus a tentar resolvê-lo novamente. Girava, girava e girava, e tudo que obtinha era o lado azul completo. Já estava ficando profundamente irritado e angustiado.

A aula passou depressa. Não gosto muito de história, minhas áreas são as exatas, então, até que fiquei feliz. Fui correndo para a aula de biologia, e depois, geometria. Um breve intervalo de vinte minutos, que joguei fora tentando montar o cubo mágico, e depois mais duas aulas de álgebra antes do almoço.

O sinal tocou mais uma vez. Todos se levantaram, recolheram seus materiais e aglomeraram o corredor. Direcionei-me ao meu armário, e para meu deleite, aquela jovem que vi no ônibus estava bebendo água no bebedouro ao meu lado. Enrubesci um pouco, não conseguia desviar o olhar dela. De repente, ela ergueu o corpo de novo e se virou para mim. Abri o armário o mais depressa que pude e guardei os livros, tentando evitar contato visual com ela.

- Ei... – sua voz era suave como o desabrochar de uma rosa – Qual é o seu nome?

- Ahn? O meu? É comigo? – eu parecia confuso (e estava).

- Sim, o seu.

- Ah! Eu sou Thiago. E você é...?

- Meu nome é Alicia. Prazer em conhecer. – ela sorriu – Bem, Thiago... Você é bom em aritmética? Eu tenho algumas dificuldades, queria ajuda... Sou nova aqui. Fui transferida semana passada.

- Se sou bom em aritmética? Sou ótimo! E posso lhe ajudar de bom grado. Prefere ficar na biblioteca ou estudar na minha casa?

- Bem... A biblioteca é legal.

- Certo. – corei – Quando começamos?

- Hoje mesmo. Eu tenho o costume de ir almoçar e depois passar um tempo na sala de informática, pra jogar.

- Gosta de jogos?!

- Adoro! E um em especial. Conhece Black Heart?

- Conheço e jogo.

- Eu também! Sou duelista* nível oitenta.

*Nota: Duelista é uma das classes de personagem do jogo.

- Incrível. Adoraria jogar com você um dia desses.

- Só falar quando estiver online que a gente joga.

Ela sorriu pra mim, e eu quase babei pelo sorriso dela. Tão radiante e sincero, meu peito se contraiu um pouco, parecia estar sendo esmagado por um peso de mil newtons.

- Ótimo. Nos encontramos na sala de informática hoje depois do almoço pra uma partida rápida, pode ser? – sugeri.

- Está marcado. - ela fez uma pausa – Ah! Esqueci-me de dizer... Obrigada, Thiago. – sorriu e me deu as costas.

- De nada... Alicia.

Pronunciei o nome dela quase saboreando a palavra. Como poderia uma garota ser bonita e ainda por cima gostar de jogos? É a primeira que conheço neste colégio que parece realmente interessante. Estou verdadeiramente impressionado, e ligeiramente apaixonado.


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Notas finais do capítulo

E aí? Como ficou? Devo prosseguir ou parar antes que se espalhe? e.e'

Um beijo pra quem quiser *-* Valeu! o/



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