O garoto da Casa ao lado escrita por MihChan


Capítulo 28
Hora de dizer adeus


Notas iniciais do capítulo

~Yo
Nossa! Dessa vez eu voltei rápido, certo? Eu to muito feliz! Tenho prazer de lhes informar, caros leitores, que esse será o penúltimo capítulo da fic. Sim! Isso mesmo. ~chora~ Eu não pensei que essa fic teria tantos capítulos. Eu pretendia fazer até uns 15 no máximo, mas olha só! Eu não iria postá-lo agora, mas não aguentei. Estão vendo como eu amo vocês? u-u E eu já tenho o último capítulo pronto, então o próximo também não irá demorar >< Agradeço as leitoras que comentaram o capítulo anterior (*3*)/~



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– Estou fazendo o certo? – murmurei encarando a parede do meu quarto, deitada na cama.

Estou me encontrando com Tomoya mais vezes agora... Não temos nada além da amizade. Ele disse que esperaria até que eu pudesse gostar dele... O que eu não tenho certeza se consigo.

Me pergunto se tudo que está acontecendo tem algum propósito. Meu pai custumava dizer, que tudo na vida tem um sentido. Mas... que sentido tem essa minha vida?

– Baka... – puxei o cobertor até cobrir a cabeça.

~*~

Estava sentada no sofá da sala abraçada aos joelhos e encarando o teto, enquanto meus avós estavam de pé me encarando. Disseram que precisavam ter uma conversa séria comigo. Que eu me lembre, não me meti em nenhuma encrenca...

– Querida, você sabe que só queremos o melhor pra você... – minha avó começou com um semblante preocupado.

– Hai! – sorri.

– E que fazemos de tudo para seu próprio bem, certo? – ela perguntou com a mesma expressão.

– Hum... – estava começando a estranhar aquela conversa.

– Por isso nós queremos que... – meu avô ia dizer alguma coisa mas minha avó praticamente voou nele e o impediu.

– Não podemos falar de uma vez! – ela sussurrou o repreendendo.

– Tem alguma coisa... – coloquei os pés no chão e encarei-os – que eu preciso saber?

Vovó pareceu suar um pouco enquanto meu avô estava com cara de quem fez coisa errada. Direcionei meu olhar da Aika para o Shin, e do Shin para a Aika. Os dois se encararam e sorriram sem graça me fitando novamente.

– Não é nada, minha querida! – a voz dela falhou por um instante.

– Hai, hai! – meu avô concordou me puxando do sofá e empurrando em direção a escada – Agora é melhor você ir se arrumar para a escola antes que acabe chegando atrasada.

– Okay. – concordei meio confusa.

Ainda era cedo e foram eles mesmo que me fizeram sair do meu quarto para ter uma conversa, e essa acabou nem acontecendo. Que estranho! Não sei por quê, mas isso me lembrou que minha avô estava estranha assim a um tempo atrás também.

– Ela não vai ficar feliz com o que vamos contar, então tenha mais cuidado! – ouvi minha avó repreender meu avô mais uma vez antes de subir as escadas completamente.

Eu... não vou gostar? O que será que eles estão tramando?

Resolvi ignorar aquilo por enquanto. Me arrumei na velocidade de uma tartaruga dando ré –isso mesmo! Você não leu errado!-, desci e meus avós estavam a mesa. Me encaram e sorriram.

– Ohayo! – sorri.

Me sentei e tomamos o café em silêncio até que eu me lembrei do início da manhã, e o cortei.

– O que estão escondendo de mim? – perguntei encarando a xícara em minha mão.

Eles se entreolharam sem entender muito bem e minha avó por um momento pareceu ficar tensa.

– Nada querida! Apenas quero que saiba que vai ficar tudo bem. – meu avô sorriu.

– O que vai ficar bem? – murmurei apertando a xícara.

Nada vai ficar bem! Minha vida é uma verdadeira montanha russa. Sempre que eu estiver no topo, cairei. E quanto mais auto eu estiver, mas dor me causará o impacto da queda. Filosofia perfeita de vida... –sinta minha ironia-

– Tudo! – minha avó piscou sorrindo.

Terminei meu café em silêncio, mas não tinha desistido de saber o que estava acontecendo. Segui o caminho para a escola, mas como a vida é legal demais comigo, eu esqueci completamente do horário e trombei em alguém assim que saí e caí sentada no chão. Nakamura Haru.

– Gomen... – falei e a pessoa estendeu a mão pra mim. Segurei-a para levantar – Ariga... – e então percebi que era o Haru e dei alguns passos pra trás soltando sua mão.

– O que foi? – ele riu – Parece até que viu um fantasma. – virou as costas e seguiu caminhando.

– Eh? – fiquei o encarando.

Ele... agiu normalmente? O que aconteceu? Ele por algum acaso foi abduzido ou ganhou uma outra personalidade? Esse menino tá cada vez pior! Que eu me lembre, Haru estava frio e nada simpático... Agora está dando uma de palhaço?

– ! – por impulso saí correndo e puxei sua camisa por trás o fazendo parar. Ele me olhou surpreso, mas logo sorriu infantilmente.

– Por acaso está perdida? – disse zombeteiro dando tapinhas na minha cabeça. Eu sou pequena e não idiota!

Ignorei o comentário dele, mas continuei segurando sua camisa. Desviei o olhar procurando coragem para perguntar o que viria a seguir. Por algum motivo, eu queria que sua resposta fosse positiva e que ele me contasse a verdade. Eu tinha certeza que aquele não era o Haru que eu amava... amo...

– Por acaso... Você foi ao templo... ontem? – as palavras falharam e percebi-o estremecer um pouco. Era ele!

– Claro que não! Por que a pergunta? Tinha lição de casa ontem e eu precisava fazer. – agitou as mãos.

– Li... ção?

Tempo para cair a ficha de que eu não fiz uma lição que valia ponto, para a professora Sophia e que ela iria me matar sem dó nem piedade.

– Ahhhhhh! – saí correndo em direção a escola. Talvez se eu chegasse cedo, conseguiria fazer na sala de aula antes de ela chegar.

Haru negou... Não era ele mesmo? Ou apenas não quis confessar? Ele me magoou muito, mas eu... Eu definitivamente não quero magoá-lo! Acabei não confirmando e agora estou mais confusa ~suspiro~

Passei pelos corredores na velocidade da luz e entrei na sala. Só estavam Mao e Yue, por serem presidente e representante, e alguns outros alunos que tem notas excelentes. Nerds... E eu com certeza não me encaixo nesse grupo.

Me sentei sem falar com ninguém e abri meu caderno. Tremi ao perceber que tinha esquecido justo o caderno de biologia. Hora de chorar, se desesperar e correr para as montanhas!

– Aconteceu alguma coisa? – Mao se aproximou sorrindo e pareceu ficar um pouco assustada.

– C-claro que n-não! – minha aura não deve estar muito boa...

Tivemos aula de inglês e aula de literatura. (Nota da autora: As vezes eu esqueço que a história se passa no Japão, então me desculpem pelas minhas viagens de vez em quando >).

Haru chegou na terceira aula apenas, o que me fez ficar curiosa para saber o que ele tinha feito durante todo o resto do tempo. Ou talvez eu esteja preocupada...

– Ohayo! – Haru disse sorrindo para o sensei.

– Não interrompa minha aula, seu idiota! – Tanaka-sensei fingiu se importar com uma aula que ele nem estava dando de verdade.

Para onde vai a mensalidade que meus avós pagam aqui, mesmo?

Ele se dirigiu ao seu lugar, atrás de mim e se sentou, abaixando a cabeça e começando a roncar.

– Como... Como ele consegue pegar no sono tão rápido? – Luka perguntou incrédula.

– Acorde, seu vagabundo! – Natsume ralhou se aproximando.

E assim começou mais uma muvuca na minha classe. E eu ainda não sei como vou me explicar para professora Sophia, que para meu azar, estará aqui na próxima aula. Eu. Estou. Ferrada! ~chora~

O sinal soou indicando intervalo.

– Vamos, Mi-chan? – Sakura sorriu gentilmente.

– Hã... Eu preciso terminar isso aqui. Podem ir. – sorri.

– Não vai comer nada? – Natsume perguntou.

– Não se preocupem. Depois eu compro alguma coisa na cantina.

Com isso, elas saíram da sala. Provavelmente iriam comer em algum outro lugar da escola. Incrivelmente, todos os alunos resolveram sair da sala hoje também.

– Finalmente paz! – falei começando a cópia.

Peguei o caderno de Yue e iria copiar todas as questões que a sensei havia passado, novamente em meu caderno. Estava prestes a começar a escrever, mas tinha alguém roncando atrás de mim.

– Ei! Tem como roncar mais baixo? – perguntei sem olhar pra trás.

– Eu não estou dormindo, lerda! – respondeu e eu me assustei. Não achava que ele fosse responder alguma coisa. Ele não estava dormindo?!

– Então o que é isso? – sussurrei dessa vez – Eu estou tentando me concentrar aqui, sabia? – olhei-o de canto.

– É que eu estou com fome. – respondeu.

Então isso é o ronco da sua barriga? ~gota~

Ouvi ele mexer em alguma coisa. Pareceu abrir a mochila e mexer dentro dela. Depois senti alguma coisa bater de leve em minha cabeça. Me virei e dei de cara com o caderno de capa preta escrito bem grande “BIOLOGIA”

– Meu caderno! – abracei-o e chorei de alegria.

– Estava comigo. – Haru disse indiferente e enfiando bolinhos dentro da boca – Esqueceu que levou suas anotações pra mim?

Oh! É mesmo! Naquele dia, que aconteceu aquilo. Fiquei emburrada e virei-me para frente abrindo caderno e procurando a folha onde tinha o rascunho das perguntas.

– Agora não vou ter que responder nada~ - cantarolei para mim mesma.

Eu já tinha feito aquela lição. Estava tudo respondido. Ou quase tudo. Eu definitivamente não sou boa em nada ~melancolia~

– Claro que vai precisar! – o garoto atrás de mim exclamou parecendo indignado – Está tudo errado. – completou.

– Eh? – me virei para trás incrédula e ele acenou positivamente com a cabeça – Só pode ser mentira! – exclamei tentando me convencer.

– Deixa eu te explicar. – ele pareceu impaciente e meio ríspido. Suspirei pesadamente.

Virei-me para trás novamente e Haru me explicou e, realmente eu tinha feito tudo errado! Sabia. Estava fácil demais pra ser verdade. Sabe quando você faz uma coisa e acha que aquilo vai ser a solução para paz mundial, e quando vai ver depois: solução para a Paz mundial = coxinha. Pois é!

Enquanto Haru me explicava, me perdi em meus pensamentos o encarando. Nossos olhares se encontraram e ele sorriu gentilmente me fazendo corar.

– Haru... – chamei-o olhando para minhas mãos apoiadas nas pernas – O que está acontecendo?

– Hã? – ele riu – Eu estou te explicando. Sua lerdeza piorou? – brincou.

– Não estou falando sobre isso, baka! – alterei o tom de voz e o encarei – Você está mesmo certo sobre o que está fazendo? – perguntei e ele pareceu se surpreender.

– Como assim? – perguntou.

– Gomen ne. – sorri amarelo – Nat-chan me contou o que aconteceu na casa do Otani-kun... – falei e ele suspirou sorrindo de canto.

– Gomen. – disse e se levantou indo em direção a porta da sala.

O segui com meus olhos. À quem estou querendo enganar? Tudo que eu estou fazendo é uma total perda de tempo e uma incrível bobagem!

~*~

A Sophia-sensei chegou na sala de aula radiante. Como se tivesse visto passarinho verde, ou o diretor tivesse lhe dado um aumento, ou quem sabe finalmente tivesse se casado com o tal namorado.

– Ora, ora! – Natsume riu – Está de bom-humor hoje, hu? – provocou-a.

– Gomen nasai, mas hoje você não vai conseguir me tirar do sério! – falou superior e uma certa azulada rosnou em resposta.

Entregamos a lição e ela passou o resto da aula cintilando. No final, fiquei com 96 pontos. 96 pontos! 96! Acho que com isso eu já passo de ano.

Quando a aula acabou, Saito, o professor de japonês e mais alguma matéria que não me recordo no momento, entrou e nós mandou fazer uma redação com o tema de não-sei-o-que e para casa ele pediu kanjis*.

Depois disso, tivemos artes e fomos liberados. Tomoya estava me esperando em frente ao portão de saída. Ele não havia me notado, então resolvi assustá-lo.

– Bú! – falei monstruosamente.

– Eu já te vi aí! – disse calmamente e sem me encarar.

– ~choro~

Talvez eu não tenha falado tão monstruosamente assim...

Ficamos conversando um pouco até o porteiro nos mandar ir para casa dizendo: “O horário de aula terminou. Vão namorar em outro lugar.” Mas nós nem estávamos namorando, porteiro hentai!

Tomoya me acompanhou até a esquina novamente e nos despedimos ali com sorrisos e acenos. Andei em passos curtos e lentos até a minha casa. Quando cheguei e fui abrir o portão, senti uma coisa macia e peluda roçando na minha perna e me abaixei para acariciar o gatinho, que ao contrário do que eu pensei, não deve me odiar tanto assim.

– Amarelinho? – a porta da casa ao lado abriu-se bruscamente e um Haru sonolento apareceu. Agora você só vive dormindo, é donzela?

Peguei o neko-chan no colo e caminhei até Haru, entregando o gato e afagando sua pequenina cabeça antes de sair. Percebi Haru me seguir com seu olhar e o encarei enquanto caminhava, o que foi uma péssima ideia, porque eu tropecei no meu próprio pé e caí de cara no chão.

– Prrff! – segurou a risada por algum tempo, logo depois caindo na gargalhada.

– Isso não tem graça! – choraminguei me levantando.

– Seu nariz está sangrando. – Haru mudou seu semblante subitamente, jogou o pobre gatinho longe e andou em passos firmes até mim.

– Eh?! – passei a mãos no nariz – Isso acontecia as vezes quando eu era pequena.

– Você ainda é pequena! – ele fez uma piada mas disse sério, colocando uma de suas mãos em baixo do meu queixo e o levantando para examinar meu nariz.

Tenho certeza que corei. Meu rosto ficou quente e Haru ficou envergonhado e se afastou tentando não demonstrar.

– Não quebrou e nem nada do tipo. Estaria doendo muito mais, com certeza. Apenas lave e tudo ficará bem. – disse sem me encarar e... Ele está corado?

– A-arigatou. – gaguejei fazendo uma reverência e me dirigi cambaleando até o portão da minha casa.

–--H---

Mesmo depois de ter se passado quase duas semanas, minha avó continua estranha e algumas coisas andam sumindo misteriosamente. Hoje é sábado e eu me encontrarei com Tomoya-kun. Continuamos na mesma de amigos. Eu já disse para ele me esquecer e dar uma chance a outra garota, mas ele sempre ri como se a “piada” fosse hilária. Essa é a atualização dos últimos dias.

Tomei banho e coloquei uma saia de pregas, preta e uma blusa de manga longa, rosa. Peguei uma pequena bolça e desci encontrando algumas caixas com coisas que deveriam estar no armário. Apesar de que essas taças não são usadas com frequência... Talvez minha avó queira guardá-las para dar espeço no armário.

– Oh! – minha avó exclamou vindo da cozinha e se assustando a me ver – Você está em casa? Pensei que tivesse saído. – ela sorriu envergonhada e empurrou as duas caixas com os pés sorrateiramente.

– O que está fazendo? – sorri travessa enquanto tentava ver dentro das caixas.

– Betsu ni!* - sorriu superior logo depois fazendo uma cara emburrada.

Sorri de volta e segui caminho para um shopping do centro comercial. O qual eu já tinha ido algumas vezes com Sakura, Yumi e Natsume, meus avós e com... Haru.

Cheguei atrasada por ter ficado batendo papo com a minha avó e ter reparado em cada formiga no caminho até aqui. Pra falar a verdade, eu não queria chegar.

Acenei para Tomoya enquanto corria e o mesmo acenou de volta sorrindo. Parei ofegante a sua frente e me apoiei nos joelhos tentando voltar a respiração ao normal.

– Gomen... nasai... – falei com dificuldade.

– Eto... Não tem problema! – ele pareceu envergonhado.

Começamos a andar por entre as vária pessoas no corredor do imenso prédio que era o shopping. Brincávamos com algumas roupas estranha das vitrines e nos imaginávamos como modelos... Só que modelos estranhos com poses esquisitas.

Apesar de estar sorrindo, eu não estava me divertindo realmente. Sempre voltava a pensar naquilo. Tinha uma coisa me intrigando. Eu tinha uma coisa importante pra falar e teria que ser hoje e agora!

– Tomoya-kun! – parei bruscamente e encarei meus pés.

– Hã? – ele parou mais a frente e me olhou, ficando de lado.

– Eu... – apertei a alça da bolça – Eu preciso... – o encarei – Eu preciso comprar algumas coisas! – apontei para uma vitrine e corria até a mesma.

Perdi a coragem. Talvez não agora. Mas será hoje!

Acabei comprando um casaco. Eu nem estava precisando, mas estava na promoção e ainda sobrou bastante da minha mesada. Yeah~

Comemos algumas coisas em uma lanchonete de fast foods e voltamos a caminhar. Agora eu estava mais impaciente e meio alienada. Com certeza ele percebeu.

– Está viajando de novo! – suspirou sorrindo – Ouviu o que eu disse? – deu um passo a frente e se inclinou deixando seu rosto na altura do meu.

– Eh? – desviei o olhar envergonhada.

Ele se afastou envergonhado também e riu enquanto passava uma das mãos na nuca.

Eu cheguei a pensar que poderia não vê-lo no Tomoya-kun mas está se tornando uma tarefa impossível. Cerrei o maxilar segurando o choro. Um choro de frustração! Eu sou uma pessoa horrível.

– Está tudo bem? – Tomoya perguntou preocupado – Se quiser podemos parar um pouco e...

– Está tudo bem. – o interrompi sorrindo – Podemos fazer o caminho de volta agora, por favor? – pedi.

– Ah... Claro. – ele disse cabisbaixo e se forçou a sorrir para mim.

É. Eu não posso mais fingir isso tudo.

Andamos até a esquina da minha casa, num total silêncio. Paramos e ficamos um de frente para o outro sem dizer uma palavra sequer. Desviei meu olhar para baixo e encarei meus pés.

– Entendo... – Tomoya chamou minha atenção enquanto fitava o céu. O encarei – Parece que eu falhei... – riu abafado.

– Eh? – fiquei confusa.

– É ele que você quer, certo? – me olhou sem expressão enquanto colocava as mãos nos bolsos.

– Tomoya-kun, como você...

– Está escrito na sua testa! – me interrompeu e riu.

–... – senti a garganta doer e desviei o olhar parar o lado cerrando os punhos.

Eu sou um total fracasso! A culpa é toda minha.

– Gomen! – gritei fazendo uma reverência – Gomen, gomen, gomen, gomen, gomen! – agora as lágrimas rolavam.

– Daijoubu! – falou calmamente e afagou o topo da minha cabeça com uma das mãos. Como um típico irmão mais velho faria.

Talvez esse seja o problema, desde o começo eu ter te considerado como um irmão mais velho... Desculpe, Tomoya-kun.

– Agora... – segurou em meus ombros e empurrou-me de leve – Não que ro que se faste de mim e nem nada do tipo. - pensou um pouco e sorriu empolgado - Vamos fazer melhor! Eu quero ser seu melhor amigo! E não te perdoarei se me substituir nesse cargo! – piscou.

– H-hai! – falei entre soluços tentando conter as lágrimas enquanto enxugava meu rosto com as costas das mãos.

Tomoya sorriu gentilmente e afagou o topo da minha cabeça delicadamente outra vez. Acenou e deu as costas começando a andar para o lado oposto.

Autora PVO on

Tomoya se fingiu de forte e compreensível na frente de Hiromi, mas foi dar as costas para a garota que suas lágrimas começaram a rolar. O que o surpreendeu muito. Ele quase nunca chorava. Nunca! Mas seu irmão mais novo era realmente sortudo, e ele não iria deixá-lo perder a garota que ele sabia que Haru amava.

– Com certeza! – murmurou engolindo o choro e colocando as mãos nos bolsos.

Hiromi andou até sua casa com uma aura terrível, que fazia as pessoas a olharem assustadas e se afastarem. Entrou e se jogou na cama de qualquer jeito e chorou mais um pouco. Se fosse outra garota em seu lugar, talvez estaria pouco se lixando para tudo que estava acontecendo, mas o problema é que não era outra garota, era a Hiromi.

–--H---

No outro dia, Hiromi se recusou a ir a aula e ligou para a escola avisando que não iria por estar se sentindo muito mal. O que não era totalmente mentira, pois ela não estava se sentindo bem psicologicamente.

Desceu as escadas quando ouviu as portas serem abertas, sinal de que já estava tarde e que sua avó já estava em casa e que se a visse descabelada, com olheiras e de pijama, daria o maior sermão. Coisa que ela não queria ouvir no momento.

Correu para o banheiro e tomou um banho para se despertar. Colocou um short e uma blusa casual e desceu as escadas.

Começou a ouvir vozes desconhecidas. Homem, mulher e crianças. Quando chegou ao fim da escada, se deparou com sua avó fazendo uma apresentação dos cômodos da casa para uma família. Os pais tinham cabelos castanhos escuros e tinham um casal de gêmeos correndo alegremente, igualmente aos pais. Um menino e uma menina.

– Konichiwa.* - os cumprimentei, fazendo os dois gêmeos correrem e se abraçarem as pernas da mãe.

– Konichiwa! – sorriram.

Olhou para Aika que sorriu gentilmente e voltou a mostrar os cômodos da casa. Finalmente reparou que haviam mais caixas empacotadas pelo chão em todo canto da casa. A avó escondera muito bem durante todo esse tempo.

Subiu correndo e foi até o quarto dos avós e abrindo rapidamente a porta. Estava praticamente tudo em caixas. Ela não costumava entrar muito ali, mas como não havia percebido? Veio a voz de Haru a sua cabeça: “Você é lerda!”

– Nos meus pensamentos, não! – Hiromi agitou as mãos no ar inflando as bochechas. Até em sua mente era chamada de lerda pelo grande-baka do Haru?!

Desceu as escadas novamente depois de longos minutos. Ela estava esperando as pessoas estranhas irem embora. Fitou sua avó que se despedia da família que vira mais cedo e que voltava a entrar na casa. Ela parou em frente a Hiromi e a encarou com um sorriso preocupado. A garota mantinha um olhar vago e meio irritado, e não olhava diretamente para a avó. Ela já sabia o que estava acontecendo.

– Desculpe querida, mas seu avô e eu achamos que seria melhor se voltássemos para Tóquio. – Aika começou e a menina a sua frente nada disse – A empresa de seu avô está quase transferindo-se para lá e com certeza lá, dará muito mais certo do que já deu por aqui.

– Quando... – deu uma breve pausa – Quando decidiram?

– Naquela minha viagem. – a avó respondeu, cruzando os braços e os alisando, sorrindo envergonhada.

A garota já suspeitava. Era pura lógica. Ligando os fatos de seus avós terem passado tanto tempo fora, e sua avó ter uma novidade que não contara, ficar estranha, o assunto ser esquecido e enterrado estranhamente, depois vir a tona do nada, pessoas estranhas conhecendo a casa e várias caixas com coisas deles. Estava na cara depois de tudo aquilo. Talvez nem tão na cara, mas mesmo assim...

– Tudo bem. – Hiromi deu um pulo do sofá sorrindo forçadamente – Quando vamos? – perguntou incerta se queria ouvir a resposta.

– Amanhã. – respondeu.

– ... – ficou sem reação por instantes – Eu... vou empacotar as minhas coisas. – sorriu e subiu para seu quarto.

Hiromi já não se importava mais com nada. As coisas aconteceram tão rápido, que nem ela mesma conseguiu acompanhar. Não iria chorar e nem bancar a pobrezinha dessa vez. Iria ser forte. As coisas não seriam um conto de fadas para sempre. Nunca foram.

Começou a colocar algumas coisas em uma mala e a olhar ao redor, pensado em tudo que passara ali. Que em poucas semanas um completo desconhecido, tinha feito sentir emoções que ela nunca sentira. Sentiria falta daquele lugar. Suspirou. Mas talvez fosse melhor assim...


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Notas finais do capítulo

Auala da Hiromi-sensei:
Kanji: alfabeto japonês.
Betsu ni: é uma negação. Aqui foi usado como "não importa".
Konichiwa: Pode ser um "boa tarde" ou somente um "olá".
~*~
O que acharam? Espero que tenham gostado *w* Estou empolgada. Comentem *~* Por favor, o pessoal que nunca aprece nos comentários... Esse é o penúltimo capítulo. Me faça feliz hoje, ou amanhã, ou no dia que você ler isso! Eu juro que não mordo! Sério :3 rs
~Ja ne.



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