Amor de Maroto escrita por Helena Prett


Capítulo 22
Guardanapo


Notas iniciais do capítulo

eu sei que demorei um pouquinho pra postar, mas ai está o tão esperado capítulo 22!

boa leitura!

Atualização: Seguinte, eu estou pensando em escrever uma continuação para a fanfic Amor de Maroto e queria saber se vocês apoiariam a ideia. Eu sinto muita falta da dinâmica de publicar os capítulos e responder comentários de leitores, portanto acabei pensando nessa como a única maneira de suprir minhas necessidades de escritora. O meu principal problema é que escrever uma fic não é um processo da noite para o dia, ele requer muito tempo e paciência, então a minha real pergunta é se vocês teriam curiosidade de ler se eu elaborasse uma continuação. Se o caso for que não exista essa vontade, nem me darei o trabalho de me preocupar. Comentem o que vocês acham!



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Capítulo 22 - Guardanapo

A menina abriu os olhos lentamente. A luz branca quase não era perceptível no abajur no canto do cômodo. Piscou algumas vezes para se acostumar com a escuridão, observando o local de um lado para o outro. Duas camas estavam vazias, com os lençóis arrumados, sem nenhum amassado. A janela ao seu lado estava escura, indicando que era noite ou madrugada. Tirando a iluminação fraca vinda do abajur, a luz da lua entrava pela janela, permitindo que ela tivesse uma noção do espaço. No canto do quarto, ela pôde ver a luz da lua sendo refletida por algo dourado. Estreitou os olhos para enxergar melhor, identificando um corpo deitado em uma quarta cama. Suas feições não lhe eram estranhas. Quando a identificou, entrou em desespero. Algumas máquinas estavam ligadas à ela, contando com um aparelho de respiração. Pôde, então, descobrir onde estava. No hospital. Notou que também estava envolta por fios. Queria se desvencilhar deles, mas eram muitos.

A porta se abriu e uma curandeira entrou. Ela era alta e loira. A menina fez de tudo para perguntar o que ela se sua amiga estavam fazendo ali e o que tinha ocorrido com a mesma. Porém, quando abriu a boca, nada saiu. Sua voz não funcionava. Tentou mais duas vezes, sem sucesso. A curandeira notou a agitação dela, indo ao seu encontro. A menina não parava de gesticular, respirar ofegantemente e tremer. A profissional então a tentou acalmar, não conseguindo muita coisa. Por esse motivo, colocou algum líquido no soro conectado às veias da menina.

Seus músculos começaram a relaxar, seus ossos pareciam ser feitos de gelatina, suas pálpebras pareciam ter chumbo em cima delas. Então ela cedeu, deixando que seu corpo fosse tomado pela escuridão.

——

— Ordem da quê? - Sirius indagou. Tiago revirou os olhos. Já era a terceira vez que explicava toda a história e a única coisa que o amigo tinha a capacidade de perguntar era sobre o diabo do nome. O maroto suspirou, repetindo pela enésima vez. - Fênix? Espera, mas não era Ordem?

— Almofadinhas, Ordem da Fênix! Qual é a dificuldade? - Remo questionou.

Tiago e Lily tinham acabado de voltar do escritório do Professor Dumbledore, que os explicara a situação atual do mundo da magia. Os ataques tinham tardado a acontecer em Hogwarts, mas, como os diretores temiam, aquele dia chegou. A Ordem da Fênix era um grupo que ia contra Voldemort e o diretor perguntou se o casal queria participar do mesmo, convidando também seus amigos indiretamente.

— Precisamos agir! - Lily protestou. - Anna e Carol quase morreram. Eu quase morri. Os próximos seriam vocês. Nós todos somos traidores de sangue!

Tiago se estremeceu ao ouvir a última expressão. O maroto entendia a revolta da namorada, porém sabia porque ela tinha falado aquelas palavras: a ruiva queria enfatizar que o motivo por eles serem aquilo era ela, que era nascida trouxa.

— Eu não acredito em pureza de sangue. - Tiago disse. - E você não tem nada a ver com isso. Indo contra ele nos torna traidores de sangue instantaneamente. Isso não é sobre o seu sangue. - explicou.

— Claro que é, Potter! - ela estava se sentindo culpada. - Se não fosse por mim, elas estariam aqui com a gente. Se não fosse por mim, ninguém estaria passando por isso e…

— Lílian! - Remo exclamou, a repreendendo. - Nunca mais ouse falar isso. A culpa não é sua, é minha.

— Vamos parar de ficar nesse negócio de assumir a culpa, pois isso não é culpa de ninguém. - Sirius falou em alto e bom som. - Os Comensais da Morte são babacas, fim de papo. - declarou.

Antes que alguém pudesse discordar, ouviram batidas na porta. Lily estremeceu de medo, se esquivando, procurando por sua varinha. Seu coração acelerou com o medo. Tiago a acolheu em um abraço, fazendo com que ficasse calma. Depois dos ataques, ela tinha ficado mais alerta, sempre procurando por coisas suspeitas.

Remo foi quem abriu a porta, revelando uma figura de uma senhora elegante e com cabelos grisalhos. Minerva Mcgonagall estava parada na frente da porta com postura exemplar. Seus cabelos brancos estavam, como sempre, em um coque com grampos, deixando todos os fios presos.

— Professora Mcgonagall, alguma coisa aconteceu?

Todos no quarto ficaram com medo da resposta.

— Preciso que os cinco me acompanhem, por favor. - a vice pediu, se virando de costas. Alguns segundos depois, os amigos se direcionaram para a saída da ala masculina, descendo à escada em espiral. Logo, a senhora parou, passos ao lado da entrada da escada. Eles se encontravam na Sala Comunal da Grifinória.

Antes que qualquer um pudesse perguntar algo, uma menina foi avistada. Lily correu para sua direção imediatamente, abraçando-a fortemente. Tiago foi logo depois, seguido por Pedro e Remo.

— Nunca mais faça isso. - Remo disse, a abraçando. - Você quase me matou.

A loira riu, retribuindo o abraço e o beijando em seguida.

— Ei, eu amo você. - Carol disse, com as mãos no rosto do namorado.

— Eu também te amo. - o maroto disse, a dando um selinho.

Sirius ia ser o próximo a falar com a melhor amiga, mas sua atenção foi tomada por uma voz. Aquela voz, apesar de no momento rouca, sempre fora melodiosa e o cativara desde o 4º ano, quando beijara sua boca pela primeira vez no campo de quadribol.

— Ei, Black! - o chamou, com voz fraca. - Não vai me falar oi, não?

O maroto se virou, encarando quem estava esperando pro longos e dolorosos dias.

— Nunca mais faça isso. Nunca mais tente me proteger. Nunca mais, Prett.

— Fiquei sabendo que você não tinha comido. De início, duvidei, mas agora posso ver que você realmente emagreceu.

O maroto riu, a beijando em seguida. O beijo era tão intenso que chegava a doer, mas era necessário. Sirius quase a perdera. Aquilo nunca poderia acontecer.

— Isso definitivamente não foi reservado, nem muito discreto da sua parte, Prett. - Sirius disse ao se separarem de um beijo. Eles ainda se encontravam na Sala Comunal, que estava cheia. Grifinórios iam e vinham, se perguntando quem era aquele casal.

— Quem se importa? - Anna respondeu, o beijando de novo. Não se incomodava com seu entorno, não ligava para os rumores sobre a (não tão) nova namorada de Sirius Black. A única coisa que ela ligava naquele momento era poder estar novamente com seu namorado e seus amigos, de quem fora separada involuntariamente. - Eu senti. - o maroto ficou com cara de dúvida, sem entendê-la. - Quando você me tocou no hospital, eu senti o seu toque na minha mão. Eu ouvi sua voz. Foi só você me tocar, que eu comecei a sentir e ouvir, mas meu corpo não respondia aos comandos. Só acordei completamente no meio da madrugada da noite em que a Carol chegou. Eu sabia que tinha outra paciente no quarto, mas nenhum curandeiro mencionou o nome dela. Apenas descobri quando a luz da lua refletiu no relicário que Remo deu pra ela, que tinha sido deixado no criado mudo pra não se enrolar nos tubos de oxigênio, além de o fato dela ter cabelos quase dourados. - alegou a morena. - Eu entrei em desespero. Queria muito levantar, mas tinham muitos tubos conectados a mim e eu senti uma dor insuportável quando tentei sentar. Por sorte, uma curandeira entrou no quarto pra trocar a minha bolsa de soro e me viu acordada. Aí você já pode imaginar que passei por inúmeros exames até poder perguntar sobre Carol. E também porque eu só consegui voltar a falar algumas horas depois.

— Ouvi meu nome… - uma loira apareceu, junto com seu namorado.

— Eu te avisei! - Sirius exclamou para a melhor amiga.

— Avisou tarde demais! - retrucou Carol, fazendo Remo, que estava ao seu lado, rir.

— Almofadinhas, você tem que ser mais rápido da próxima vez. - Remo disse.

Próxima vez? - a loira indagou. - Só se for você o envenenado! - os sete riram. - Posso te garantir que não é nem um pouco agradável. - o casal deu um selinho. - Bem, eu já vou subir. Até mais! - Carol disse, indo para os dormitórios com seu namorado.

Logo depois, Tiago e Lily decidiram que iam comer algo na cozinha, saindo pelo retrato da Mulher Gorda. Pedro foi perambular pelo castelo, não dando satisfação sobre isso à ninguém. Restaram apenas Sirius e Anna, que continuaram a conversar naquele exato local.

— Black. - Anna o chama no meio de um abraço. - Tem como você me apertar menos? - pediu gentilmente, se contorcendo de dor.

— Oh, perdão! - ele desculpou-se ao ver a expressão sofrida da namorada, afrouxando os braços em seguida, mas não a soltou. - Você deve estar cansada. - presumiu, já que ela tinha os olhos fechados.

— Uhumm… Mas aqui está tão bom…

— Venha, eu acompanho você até seu dormitório. - se voluntariou, dando alguns passos.

Anna o seguiu, porém demorou para chegar até ele, mesmo Sirius estando a apenas dois metros de distância dela.

— Você consegue andar? - o maroto questionou, ao ver a dificuldade do menina.

— Óbvio que consigo! - Anna respondeu imediatamente, endireitando a postura, não querendo parecer frágil e fraca. Ela andou mais rápido, sentindo muita dor a cada passo.

— Sem essa. - Sirius disse ao ver o sofrimento de Anna. Ele a pegou no colo, mesmo com alguns protestos da parte dela, que acabou cedendo ao ver que não tinha outra opção. - Olha só que romântico, Anninha! - ela, mesmo de cara emburrada, riu.

— Sirius, é sério, me põe no chão. Eu sou pesada demais.

— Foi uma piada? Você é mais leve que uma pena, Prett. - retrucou o maroto, a girando.

— Black! Pare com isso! - a menina protestou, se agarrando a ele o mais fortemente possível, com um medo enorme de cair.

Sirius riu e subiu as escadas, entrando na Ala Feminina. Anna foi depositada em sua cama com cuidado, fazendo-a rir.

— Que foi? - o maroto perguntou, não entendendo a graça.

— Desde quando você é tão delicado e cuidadoso? Alguma coisa aconteceu enquanto eu não estava aqui pra você estar tão diferente? - a morena indagou, tentando detectar alguma possível mentira. Para seu azar, seu namorado sabia mentir bem o suficiente para enganá-la temporariamente.

— Eu sempre fui assim! - se gabou. Lily o tinha aconselhado a ser cada vez mais dócil com Anna. Fazia parte do plano.

Anna pensou em retrucar, mas preferiu deixar do jeito que estava.

A barba de Sirius estava por fazer talvez por uns dois ou três dias, a morena estimou. Embora achasse que aquilo o deixava extremamente sexy, preferiu não comentar. O maroto com certeza ia se aproveitar do elogio.

— Bem, acho melhor deixar minha princesa descansar.

— Princesa? - indagou a menina surpresa.

— É, princesa. - o maroto respondeu, como se fosse óbvio. - Você é linda como uma, esperta como uma, perfeita como uma. Então, é, princesa. - concluiu a frase.

— É só que… você nunca me chamou assim. - estranhou a menina. De fato, Sirius nunca tinha chamado a namorada de nada a não ser de Anna, Anninha ou Prett. Estava à procura de novos apelidos e “princesa” pareceu funcionar bem para ele no momento. - Eu gostei. - admitiu, tentando disfarçar um sorriso no canto da boca.

— Te chamar pelo seu nome já estava ficando cansativo. Bom, eu vou te deixar descansar, assim amanhã posso começar a te encher. Talvez eu volte para dar uma checada em você. - a morena revirou os olhos. - Boa noite. - ele deu um beijo na testa da namorada.

— Boa noite, prin. - Anna desejou quando ele começou a se afastar.

— Prin? - dessa vez, Sirius que ficou um tanto confuso.

— Toda princesa tem seu príncipe.

——

— Você acha que vão ficar bem? - Lily perguntou ao seu namorado. - Estou preocupada com elas.

— Os marotos sabem como cuidar de meninas, pode ter certeza disso. - se gabou, fazendo a ruiva revirar os olhos.

— Aliás, para onde estamos indo exatamente? Esse não é o caminho para a cozinha, pelo que eu me lembre.

— Você vai ver em um segundo. - prometeu Tiago, a deixando curiosa.

O maroto a levou para uma parte do jardim a qual ela nunca tinha ido. O local era cheio de cerejeiras, cujas flores estavam florescendo, pintando seus galhos e o gramado de rosa claro. O cheiro que vinha delas era inconfundivelmente maravilhoso. Algumas velas pairavam no ar, ato feito com magia, com certeza. Era possível avistar ao longe uma toalha grande que tinha uma cesta em cima. O mais estranho era que, envolta da toalha, tinha uma camada branca. Ao se aproximarem, Lily pôde identificar que a camada branca era feita de lírios brancos, suas flores preferidas.

— Tiago… - ela o chamou, já indo perguntar o que aquilo significava, mas o menino foi mais rápido, lhe cortando assim que ouviu seu nome.

— Feliz aniversário de namoro! - o maroto desejou-a.

— Ah meu Merlin… - a ruiva fechou os olhos, comprimindo os lábios. - Tiago, desculpa! - Lily começou a chorar. Odiava se olvidar de coisas importantes e de magoar as pessoas, principalmente seu namorado. - Eu esqueci totalmente. Com a proximidade das provas, as meninas internadas, os ataques… Desculpa.

— Ei, ei… - sua voz era apreensiva e calma. - Eu entendo. Não precisa chorar. Ei. - ele a chamou novamente. - Olha pra mim, Lírio. - pediu suavemente. Ela o fez, secando algumas lágrimas. - Não te culpo por ter esquecido. É só que não costumávamos comemorar aniversário de namoro. Com o breve término, eu aprendi muita coisa. Principalmente que eu deveria dar mais valor aos poucos momentos que eu tenho com você.

— Não tenta melhorar a situação! - ela o repreendeu. - Eu deveria ter lembrado que hoje é dia dezesseis e… - a partir daquele momento, Lily não foi mais capaz de ouvir sua própria voz, pois a mesma cessara.

Tiago a beijou assim que viu que a namorada ia começar a chorar novamente. Não queria que ela ficasse triste. Não a culpava por ter esquecido. Se ele não estivesse fazendo contagem regressiva por vinte dias, também teria.

— Você não me deixou terminar de falar! - a ruiva reclamou, sorrindo.

— Não quero que você fique triste logo agora. Quero que você fique contente porque eu não preparei apenas um piquenique pra você. - Lily franziu o cenho, imaginando o que mais ele poderia ter feito. Aquilo já era demais. O local, as velas, os lírios, seu namorado… Tudo que estava a sua volta já a deixava extremamente feliz.

Tiago tirou de dentro da cesta um pedaço de pergaminho e a entregou. A menina desdobrou o papel, estranhando ao ver que tinha algo escrito em tinta. Ao ler, reconheceu o poema logo de cara; era o poema que ele a tinha mandado fragmentado como admirador secreto. Agora, ela o tinha completo e escrito por ele.

— Eu amo tanto você. - Lily se declarou, o olhando apaixonadamente.

— Sabe, Lílian, a recíproca é verdadeira.

A ruiva sorriu. Ela uma vez o dissera a mesma coisa no vestiário do campo de quadribol.

Então ela se lembrou de todos os momentos que eles passaram juntos. As brigas, os beijos roubados, o baile, o natal… Aquelas cenas iam se repassando como flashes em suas mente.

Não teve mais dúvida. Ela era dele. Completamente. Cada centímetro de seu corpo vibrava para que a distância entre eles cessasse. Por isso, Lily colou seu corpo no dele, o beijando intensamente. Fazia tempo que eles não se beijavam daquela maneira, tão profunda e urgentemente. Seus ansiosos lábios se puxavam de modo agradável, porém prontamente, saciando seus desejos.

— Ei, Lily - ele a chamou, interrompendo um dos selinhos. - eu queria te fazer um convite.

— Diga.

— Depois das provas finais, a Grifinória vai jogar contra Sonserina. - Lily se desanimou um pouco. Pensou que ele ia falar algo romântico, amoroso… mas quadribol? - Eu não terminei ainda, calma. - pediu ao ver o desinteresse da namorada. - Eu peço do fundo do meu coração que você vá e esteja na primeira fila. É muito importante para mim que você vá. Eu ficaria imensamente contente.

— Se significa tanto assim pra você, eu vou. Mas só porque é você. - aceitou.

— Promete? - insistiu. - Por favor!

— Prometo. - o garantiu, um tanto sem vontade. - Sei que é meio chato falar isso agora, mas podemos voltar a nos beijar?

——

— Sirius? - Anna indaga, ao vê-lo retornar ao seu dormitório. - Eu sei que eu não estou lá no melhor estado possível, mas eu consigo me trocar sozinha… acho.

— Tem uma gravata na maçaneta a porta do meu quarto que eu não sei se é de Pontas ou Aluado. De qualquer maneira, não posso entrar lá, então resolvi vir cuidar de você, que me parece estar tendo algumas dificuldades. - apontou, ao ver que ela tentava tirar sua camisa. - Ajuda? - ofereceu.

A morena aceitou. Sirius foi até seu encontro, desabotoando-a para a namorada. Seu antes perfeito abdome agora estava repleto de faixas e curativos sujos de sangue. O maroto deitou a namorada na cama mais próxima ao ver sua expressão de dor.

— Curativo? - a menina assentiu. - Onde estão os remédios, Prin? - Anna apontou para a cabeceira de sua cama, do outro lado do cômodo.

Cuidadosamente, Black retirou as faixas do entorno da cintura da morena, as descartando. Esterilizou o local com um algodão embebedado de água oxigenada, tentando ser o mais delicado possível ao passa-lo pela pele perto do corte.

— Ah! Ah! - Anna se segurou ao máximo para manter o corpo estático, que resistia contra a dor. Sirius pingou no corte diversos líquidos com inúmeros propósitos: antídoto para veneno, esterilizar, cicatrizar… A cada gota, Anna gemia ou se esquivava.

O maroto então cortou um pedaço de gaze para cobrir o corte. Após enrola-la com o material e prendê-lo firmemente, foi à procura de um remédio para dor. Não suportava vê-la daquela maneira, comprimindo os olhos e a boca, se segurando para não expressar seu sofrimento.

— Beba. - Sirius lhe deu um cálice com um remédio diluído em um pouco de água, agora roxa. A grifinória obedeceu, se sentindo um pouco melhor já no momento que ingeriu todo líquido.

— Desde quando você sabe fazer tudo isso, Prin? - sua voz melodiosa estava sonolenta enquanto tentava colocar uma regata.

— Não leve para o lado pervertido, mas é melhor você ficar só de sutiã, para não abafar muito o machucado. - apontou, botando fundamento na cabeça da namorada.

— Você não sabia fazer isso quando se machucou naquela briga no baile. - recordou.

— Na verdade, - o maroto pigarreou. - eu sabia. Porém, preferia muito mais que você cuidasse de mim, pensando que eu dependia de você, do que eu mesmo me virasse. - admitiu.

— Ah, você me deixou fraca demais para que eu pudesse te dar um soco. Que droga, Black! - resmungou, rindo.

Ele a colocou em sua cama, ajeitando seu travesseiro.

— Você vai ficar aqui? - Anna indagou.

— Se você quiser, eu fico. - o maroto respondeu, a cobrindo com o lençol. A morena deixou um braço de fora, a permitindo que ficasse de mãos dadas com o namorado. - E não vou mais embora.

——

O maroto lhe deu mais um longo e intenso beijo, puxando-a o máximo que podia pelos lábios. Ele ainda a puxava também pela cintura, variando de vez em quando com a lateral de seu fino corpo. Ela tinha suas mãos acariciando seus macios cabelos cor de areia, que cheiravam a shampoo. Era raro de acontecer, mas o maroto desceu sua mão para a coxa da namorada, indo um tanto além. Ela não reclamou, apenas aproveitou o momento de líbido, que era incomum.

— Odeio falar isso, mas eu preciso ir, Remo. - a loira se afastou lentamente, se levantando da cama. Nem se preocupou em cobrir o corpo. Ela não tinha mais problemas com ele desde que começara a namorar. O relacionamento com Remo a dava mais segurança em vários aspectos, um deles era seu corpo.

O maroto apenas apreciou sua figura nua, protestando um pouco ao ter que vê-la ir embora depois de terem… bem, depois de terem matado a saudade.

— Não adianta fazer essa carinha. Você sabe que os meninos precisam dormir quando chegarem e eu preciso ver se Anna não teve nenhum problema.

— Mas, meu amor, você deveria se preocupar consigo mesma também, não acha? - perguntou-a, enquanto a mesma colocava seu sutiã. - Carol, você acabou de voltar do hospital. Não adianta ficar preocupada com Anna se você não se recuperou por completo ainda. - se preocupou.

— Remo, olha só o que acabamos de fazer. - ela apontou para a cama. - Você sabe que eu não teria feito se não estivesse bem. Estou perfeitamente recuperada. - o menino a encarou mais seriamente. - Eu prometo! - garantiu-o, dando-lhe um selinho. - Boa noite.

— Espere! - pediu, ao se lembrar de um detalhe. - Você quer ir ao baile comigo? - Remo indagou, a encarando apaixonadamente.

— Com quem mais eu iria? - Carol questionou, sorrindo abertamente.

——

PDV Lily:

Não sabia como ou quando, mas as coisas definitivamente tinham ficado muito intensas.

Tenho até vergonha de admitir o que eu fiz. O que eu permiti que ele fizesse comigo. Não, não vergonha. A palavra certa era medo. Medo de ter feito algo errado ou de que alguém nos tenha visto. Mas, ao mesmo tempo, quando me recordo do que aconteceu, uma pequena corrente elétrica desce pela minha espinha, me fazendo reviver tudo de modo magnífico.

Seus ferozes lábios me beijavam de forma tão intensa e quente, que era capaz de eu ter elevado minha temperatura corporal a tal nível que uma máquina trouxa entraria em pane. Ele segura firmemente minha cintura, me fazendo querer puxá-lo mais ainda para mim. Meus esforços para conter-me foram todos em vão, tanto que no próximo segundo eu já estava por cima dele. Ainda estávamos em cima da toalha de piquenique nos jardins, o que deixava a cena ainda mais pervertida. Tiago reverteu a situação, me prendendo com seu corpo. Eu sabia o que aquilo significava, então tentei me soltar o mais rápido possível, porém demorei demais. No momento seguinte, meu namorado já estava fazendo cócegas em minha barriga. Tentei me desvencilhar, mas uma sensação maravilhosa percorreu meu corpo, que parecia ter vários raios de eletricidade passando por ele a uma alta velocidade. Tiago chupou minha clavícula, subindo com a boca para a lateral de meu pescoço, que não foi esquecida.

Às vezes tinha medo de ser pega lá com ele, me esquecendo que estávamos na Sala Precisa e não mais os jardins. Eu e Tiago resolvemos ir para a Sala para termos mais privacidade. Ele transformou o local no jardim, nos colocando em cima da toalha de piquenique, deitados abaixo de inúmeras constelações e estrelas.

Meu maroto me beijava com tanta intensidade que perdia o fôlego, mas não paramos nem um minuto sequer de nos beijar, aproveitando o momento sozinhos. Das últimas vezes que começamos amassos mais ousados, fomos interrompidos ou por mim mesma ou por Remo, que teimava em aparecer em momentos inoportunos.

Desabotoei os três primeiros botões de sua camisa, sem separar nossas bocas, que se beijavam ferozmente. A camisa foi deixada de lado, me permitindo olhar e passar os dedos em seu tórax definido, que a cada dia me atraia mais. O puxei pela lateral de seu corpo, me colando nele. Minha camiseta já tinha desaparecido há algum tempo, fazendo com que nossos abdomes se encostassem. Meu shorts saiu de meu corpo com tanta facilidade que apenas percebi quando senti a mão de Tiago acariciando minha bunda. Pensei em para-lo, mas a sensação estava tão boa que nem me importei.

A mão dele começou na minha bochecha, e foi descendo pela lateral do meu corpo, parando um momento em minha cintura, apertando-a, e depois deslizando pela minha perna, parando na dobra de minha bunda, me fazendo ficar arrepiada. Beijei-o com vontade, passando a mão pelo seu abdômen definido, correndo os dedos pelos seus músculos. Um arrepio percorreu por minha espinha. Não um arrepio frio e fantasmagórico, mas um arrepio quente, entorpecente. Um arrepio bom.

Seus longos dedos passeavam por minhas costas parando em meu sutiã preto rendado. O fecho logo se abriu, permitindo que a peça de roupa fosse deixada de lado junto com o cinto e a calça de meu namorado.

— Lily, eu… - Tiago parecia estar acordando de um transe. - Desculpa. Eu não te chamei aqui para isso. - o maroto gesticulou para os dois. - É melhor pararmos antes que eu diga ou faça algo que te ofenda, como nos outros dias.

— Tiago, estou aqui porque quero. Eu amo você mais do que tudo. Não estou fazendo nada que eu não queria. Se quisesse parar, você não acha que eu o teria feito antes de você tirar meu sutiã? - indaguei.

Não esperei que ele respondesse, apenas voltei a beijá-lo. Passei minhas unhas levemente por seu pescoço, para provocá-lo. Descobri que deu certo quando Tiago girou, me prendendo com seu corpo por cima do meu.

— Ei, eu amo você. - ele se declarou.

— Ei, eu também amo você. - respondi, sabendo o que viria após aquilo, então me entreguei de maneira que nunca tinha feito para homem algum.

——

Carol abriu a porta do dormitório, entrando. Rumou para sua cama sem nem se preocupar com o entorno. Apenas notou que Anna já estava lá minutos depois, quando já tinha tirado os sapatos. Notou também que sua mão pendia para um lado da cama. Ao se aproximar, viu seu melhor amigo, Sirius, dormindo no chão, com a mão largada abaixo da de Anna. A loira supôs que ele estava de mãos dadas com ela antes do casal pegar no sono. Lily não se encontrava lá, provavelmente ainda estava com o namorado.

Ao tirar sua camiseta, ouviu passos no corredor da ala feminina, mas não deu muita importância, continuando o que estava fazendo. A porta do dormitório então se abriu, mas, ao contrário do que a loira pensou, ninguém entrou e a porta foi fechada logo em seguida. Carol achou estranho, ficando alerta. Passos ecoaram no quarto, se aproximando dela.

Antes que pudesse pegar sua varinha, Carol sentiu duas mãos em volta de seu pescoço, bloqueando a passagem de ar. A loira ficou agoniada, se debatendo, tentando acertar seu agressor, sem sucesso. Seu pulmão clamava por oxigênio, queimando com o gás carbônico produzido. Todas suas tentativas de se desvencilhar eram falhas. Sentiu que ia morrer. Não podia. Aquilo não ia acontecer. Soltou um leve grito, mas logo sua boca foi tampada. Seus músculos começaram a ceder. Suas forças se esvaiam lentamente, a fazendo sofrer ainda mais.

Dor. Ela sentia dor. Sua cabeça doía. Ela respirava desesperadamente, fazendo com que o ar entrasse e saísse de seus pulmões com urgência. Seu pescoço também doía onde fora espremido. Carol estava caída no chão do dormitório, tentando se levantar. Sua cabeça tinha batido no chão com força quando fora solta.

Do outro lado do cômodo, Sirius parecia acertar algo invisível com socos. Logo uma capa caiu, revelando um menino com vestes da Sonserina. Carol foi rápida e lançou um feitiço antes que o menino revertesse o jogo.

— Expelliarmus! - exclamou a grifinória. O corpo do sonserino desabou no chão. A loira estava assustada, não entendendo a situação.

— Precisamos falar com a Mcgonagall. Agora. - Black disse. Sua melhor amiga concordou. - Hmm, Carol? Acho que seria uma boa você primeiro colocar uma roupa. - opinou o maroto. A menina então lembrou que, antes que quase morrer asfixiada, estava tirando a roupa para colocar pijamas. Por sorte, ainda tinha no corpo seu sutiã e sua calcinha, amenizando a humilhação.

— A Anna está dormindo ainda?

— Eu a dei um remédio para dor. Acho que ela não vai sentir nossa falta. - opinou. - Nós precisamos falar com a Mcgonagall agora. E levar ele junto. - o maroto apontou para o desacordado sonserino. - Era ele que estava te encarando no Salão Principal aquele dia, não é?

Carol assentiu, saindo do dormitório com Sirius, que estava levitando o sonserino. Antes que saíssem atrás da diretora, o maroto colocou um feitiço de proteção em volta da cama da namorada, apenas para garantir.

Ao chegarem aos aposentos da professora, bateram na porta algumas vezes, esperando pelo retorno. Um minuto depois, a porta foi aberta por uma mulher elegante e grisalha, com seu costumeiro coque no alto da cabeça.

— Sr. Black, Srta. Andrew e Sr…?

— Não sabemos o nome dele. É um sonserino. - Carol explicou.

Mcgonagall, mesmo sem entender muito bem a situação, os convidou para entrar. O maroto e a loira se sentaram em um pequeno sofá que foram indicados, deitando cuidadosamente o sonserino desconhecido no chão. Explicaram a história desde o início até a parte onde Carol sentiu que estava sendo enforcada.

— Eu estava entrando no quarto quando ouvi ela gritar. - mentiu o maroto. Não podia dizer que estava dormindo lá. - Eu fui checar se Anna e Carol precisavam de alguma coisa.

— O momento que o senhor entrou então foi bem oportuno, senhor Black. - Professora Mcgonagall comentou, se preocupando com o ataque. - Primeiro a senhorita Prett, depois a senhorita Andrew, logo após dois seguidos envolvendo a senhorita Evans e agora mais um envolvendo a senhorita Andrew… - ela ponderou um pouco.

— Dois envolvendo a Lily? - Carol indagou, não entendendo. - Como assim? - ela se virou para o melhor amigo, que encarava o chão. - Sirius…

— Uma tentativa de enforcamento e outra de afogamento. Vocês ainda estavam hospitalizadas. - explicou, ainda cabisbaixo.

— Por que ninguém me contou?! - questionou incrédula.

— Remo provavelmente queria que você se recuperasse primeiro. Não o culpe.

— Alguém já falou para a senhorita sobre a Ordem da Fênix? - Mcgonagall indagou. Como a menina franziu o cenho, a professora prosseguiu. - É um grupo que vai contra os ideais de Você-Sabe-Quem e seus seguidores. Convidamos seus amigos para juntarem-se a nós e agora convido a senhorita também e a senhorita Prett, ausente no momento. Sei que é um tanto urgente, mas é um assunto inevitável e inadiável.

— O que faremos com ele? - Carol desviou um pouco o assunto, ainda atordoada. Com certeza se juntaria a eles, mas realmente precisava colocar as ideias em ordem. - Ele é um sonserino, então cabe ao Professor Slughorn?

Minerva assentiu com a cabeça.

— Vou levá-lo para a Ala Hospitalar para que ele seja monitorado. Sei que o feitiço que usara não é nem um pouco nocivo, porém precisamos evitar que ele passe despercebido. Agradeço à denúncia de vocês. Já podem voltar a seus dormitórios. Tenham uma boa noite. - a vice desejou.

——

Lily acordou na manhã seguinte tentando identificar onde se encontrava. O jardim fictício tinha desaparecido. Eles estavam deitados em uma grande cama de casal, cobertos por um fino e macio lençol de linho. A ruiva corou ao perceber que estava apenas de calcinha, a única peça de roupa que colocou depois do momento de amor que teve com seu namorado. Tiago ainda estava adormecido, envolvendo a cintura dela com um braço.

Antes que ele acordasse, Lily conseguiu se desvencilhar, saindo da cama. A grifinória buscou por suas roupas, que não estavam em nenhum lugar à vista no momento. Ela cobria seus seios, mesmo que ninguém estivesse vendo-a.

— Procurando por isso? - Tiago segurava o sutiã preto rendado da namorada que combinava com sua calcinha rendada escura cavada.

A menina pegou o sutiã de sua mão, com o intuito de colocá-lo no corpo o mais rápido possível, mas foi puxada de volta para a cama.

— Sabe, você fica bem legal sem se cobrir…

— Potter! - enrubescida, ela o deu um soco. - Seu tarado! - o acusou.

Mesmo que ele a tenha provocado, Lily deixou de cobrir os seios com os braços e colocou a peça de roupa íntima de lado, ficando na frente do namorado. Ela se aproximou, colocando suas pernas em volta de sua cintura, o prendendo deitado. Se inclinou, passando as mãos pelo peitoral de Tiago, que toda vez que encostava nela era repreendido, obrigando-se a apenas olhar e sentir as delicadas mãos da ruiva explorarem cada perímetro de seu corpo.

— Não tem graça, Lírio… - reclamou o moreno.

— Eu estou achando bastante divertido. - comentou, antes de beijá-lo.

Como se pode imaginar, os amassos ficaram cada vez mais longos e intensos.

— Sexo matinal, é isso que você quer, senhorita Evans? - os olhos de Tiago a desafiavam entre sussurros e beijos.

— Não tire palavras da minha boca. Você que presumiu isso sozinho. - declarou, puxando seus macios cabelos negros de leve. - Mas eu deixo você presumir o que quiser. - sussurrou em seu ouvido, o atiçando.

O maroto inverteu a situação, ficando por cima dela.

— Agora é minha vez de brincar. - disse, com malícia em sua fala.

Começou pelas coxas, subindo pelo quadril e barriga. Como um bom pervertido, não se esqueceu dos seios, que sempre o fascinaram, passando para seu pescoço, onde se inclinou para beijar. Uma trilha de beijos foi depositada descendo pelo seu frágil corpo, fazendo Lily sentir ondas de calor e desejo, arqueando seu corpo.

— Odeio estragar o momento, mas precisamos ir. - a ruiva disse contragosto. - Eles vão acabar sentindo nossa falta. - apontou.

— E daí? - o maroto questionou, beijando seu pescoço. Com aquele carinho, ficava difícil responder, mas ela conseguiu, mesmo que com muito esforço.

— E se eles desconfiarem? - Lily levantou a hipótese, já se envergonhando precipitadamente.

— Desconfiarem que nós estávamos em um momento íntimo? É isso? - Tiago parara o que estava fazendo para olhar a namorada. - Os marotos não tem problemas com isso e pode apostar que as meninas também não. E pra que voltar? Hoje é sábado, Lírio. Ótimo dia para aproveitar! - exclamou.

De repente, desespero tomou a expressão da ruiva. Levou uma das mãos à boca, arregalando um pouco os olhos.

— Ah meu Merlin… Hoje é sábado! - exclamou, cerrando os olhos violentamente. - Tiago, onde estão as minhas roupas? - indagou urgentemente, já scaneando o local a procura delas.

— Lily, o que aconteceu? - o maroto questionou, não entendendo a preocupação da namorada.

— Os N.I.E.M.’s começam na outra segunda! - continuava boquiaberta. - Onde estão minhas roupas, Potter? - insistiu, revirando o lençol.

— Não vou devolvê-las. - teimou. - Não mesmo. - desafiou a namorada, cruzando os braços no peitoral.

— Tiago! - o repreendeu. Ela estava começando a ficar furiosa. - Onde você colocou-as?

— Não vou falar.

— Por favor! - implorou. - Eu preciso estudar!

— Lily… - o maroto tentou intervir, mas a menina não lhe deu espaço para uma fala.

— Não me venha com “Lily”, “Lírio”, “Lil”… Nenhum apelido vai me convencer. Eu preciso muito estudar mais, ou talvez eu não passe e…

— Lily…

— Tiago, eu preciso passar! Não é apenas o fato de eu ser nascida trouxa! Quer dizer, pode até ser, mas eu realmente estou atrasada nos estudos e…

— Lílian Evans! - Potter aumentou seu tom de voz, colocando suas mãos no quadril da namorada para lhe chamar o máximo de atenção possível. De fato, seu feito deu certo pois a ruiva parou imediatamente ao ouvi-lo. — Qual é o seu problema? - perguntou-a francamente.

— Co-como assim? - ela gaguejou, esperando por uma bronca.

— Lil, por favor, se controle. - pediu. - Não posso perder minha namorada para os livros novamente. Você sabe muito bem que isso não acaba de uma boa maneira. - os dois riram.

A ruiva baixou o olhar, corando. Tiago a abraçou, beijando sua bochecha com um estralo. O casal ficou assim por um tempo, até o maroto começar a beijar seu pescoço lentamente, a fazendo relaxar. Por fim, suas bocas se encontraram, preenchendo o espaço entre eles.

— Tiago… - murmurou em seu ouvido, o que soou mais como um gemido.

Ele a beijou mais intensamente, apertando sua cintura e seu quadril, a puxando para si. Suas fortes mãos de vez em quando exploravam o corpo da namorada, a fazendo ficar entorpecida com as sensações que a invadiam como uma avalanche.

— Diga. - sussurrou o maroto, puxando levemente com os dentes o lóbulo de sua orelha.

— Ah, quem se importa?

Nesse momento, Lily desistiu completamente dos livros, os esquecendo rapidamente quando voltou a beijar o namorado com mais intensidade. Não se importava mais com as provas, com o que os amigos iam achar de sua safadeza, ou o que poderiam falar. Tudo o que queria era seu namorado inteiramente para si.

——

— Hmmm… Carol… Não sei se é um bom momento… - Remo disse entre beijos, enquanto a namorada tirava sua camisa. - Vai que alguém… - houve uma pausa, pois sua boca foi calada por um beijo.

— Alguém o quê, amor? - a loira estava com os primeiros botões de sua camiseta abertos, dando uma vista de seu colo.

— Acabei de esquecer. - declarou, a beijando. - Hmm, lembrei. - Carol suspirou, não tentando esconder o aborrecimento. - Meu amor, não adianta você fazer essa cara. Você acabou de voltar, deveria estar descansando e não… bem, e não fazendo isso! - exclamou o maroto. - Aliás, fazendo isso novamente, pois ontem já tivemos nosso momento. O que aconteceu?

— E qual é o problema de eu ter voltado ontem? Eu estava morrendo de saudades suas! Fiquei muito tempo sem você por perto!

Por mais libido que Remo tivesse, ele a afastou, se sentando propriamente. Não podia ficar transando com a namorada enquanto ela ainda precisava descansar.

— Carol, você não me contou o que aconteceu ontem à noite que vocês tiveram de…

Remo não pôde continuar, pois a porta do dormitório se abriu, dando vista para Sirius, que logo revirou os olhos. Carol estava sentada no colo do namorado, em uma posição nada comportada.

— Até uma meia do lado de fora ajudava, sério! - exclamou, entrando no cômodo do mesmo jeito. - As marcas já saíram? - perguntou à melhor amiga.

— Que marcas? - Remo questionou, fitando a namorada.

Black encarou Carol, esperando por uma explicação por o namorado dela não saber.

— Eu não contei. - a loira admitiu de cabeça baixa.

— Você não contou o quê? - o maroto com cabelos cor de areia parecia confuso.

Sirius então falou o que acontecera na noite anterior e sobre a conversa quer tiveram com Mcgonagall. Não era daquele dia que os ataques estavam acontecendo, mas aquilo deixou Remo surpreso demais para responder em pouco tempo.

— O quê??! - conseguiu falar depois de alguns momentos. - Você é louca em não me contar? Alguma coisa podia ter acontecido!

Carol discutiu com Remo por mais alguns minutos, sempre tentando mostrar-lhe seu ponto de vista. Queria que o maroto entendesse que ela não gostava de deixa-lo daquele jeito, preocupado e nervoso. Isso o fazia mal.

— Ah, Aluado! Deixe a menina em paz! Não é como se essa fosse a primeira vez que ela tenha sido exposta a esse tipo de perigo, você sabe disso. - Sirius soltou, logo percebendo que não deveria ter dito aquilo. Carol não reparou, mas Remo percebeu que o amigo escondia alguma coisa. - Bem, acho melhor eu ir checar o estado de Anna.

— Almofadinhas… - o chamado foi em vão, pois o mesmo já tinha saído do dormitório como um raio de tão depressa. - Você entendeu o que ele disse? - a loira balançou a cabeça negativamente.

Antes que eles pudessem formular hipóteses, Tiago entrou no dormitório segurando Lily, que estava com cara de choque. A ruiva tremia e respirava pesadamente. O maroto a sentou em sua cama, tentando a acalmar. Dizia com uma voz leve que já estava tudo bem e que nada mais ia acontecer.

— Shhh… Agora está tudo bem. Você está comigo. Não vou deixar que nada de ruim aconteça com você. - repetia. Ele fez sinal para que os amigos não falassem nada até que ela parasse de chorar. - Ei, está tudo bem. - acariciou suas mechas ruivas, a acalmando.

— Pontas, o que…

— Severo e seus amiguinhos Comensais da Morte. Simples.

— Não foi ele! - Lily exclamou. - Ele nunca faria isso! Nunca. - parecia que ela estava tentando acreditar em sua própria mentira.

— Lílian, foi o amigo dele. Você viu. Ele está por trás disso, eu tenho certeza. - convicto disse Tiago, que fazia carinho nas costas dela.

— Ele não está por trás disso. Qualquer um está, menos ele. Ele pode ter ou não virado um Comensal, pode andar ou não com esse tipo, mas ele não faria uma coisa dessas. Aquilo foi o Carrow. Apenas ele. - teimava. - Não foi ele. - murmurou para si mesma, se encolhendo.

Tiago não a respondeu, apenas a abraçou, fazendo carinho. O maroto explicou aos amigos, que até então estavam confusos, o que havia ocorrido.

Após saírem da Sala Precisa, o casal não deu nem dois passos até avistarem Carrow, que logo apontou a varinha para a ruiva. Lily foi atingida pela maldição cruciatus no instante seguinte, caindo no chão de dor. Não sentia mais nenhum de seus membros propriamente. Seu corpo estava tomado pela sensação excruciante.

Se não fosse por Tiago, a situação teria permanecido daquela maneira até que o sonserino a matasse. O maroto petrificou Carrow, que caiu duro no chão.

— Falamos com Mcgonagall e ela disse que vai achar os outros responsáveis. - Tiago anunciou, chocando Remo e Carol. - Bem, já foram dois. Quantos mais será que estão por trás disso?

— Pontas, vamos pensar em outras coisas, sim? - Remo sugeriu, inclinando a cabeça em direção de Lily, que ainda chorava.

Após muito tempo, os três conseguiram acalmar a ruiva, que acabou dormindo.

— Onde está Almofadinhas? - Tiago indagou ao notar sua ausência.

— Ele foi atrás de Anna. Black estava com um papo estranho hoje, sabe? - Remo iniciou a fala. - Dizendo que não foi a primeira vez que Carol foi exposta ao perigo. Ele não se referia ao envenenamento, disso tenho certeza.

— Não sei do que ele poderia estar falando. - mentiu, mudando de assunto. - Melhor eu levar Lily para o dormitório dela. - e com isso, pegou a namorada no colo, saindo de lá o mais rápido possível.

— Estranho… - comentou Carol. - Bem, eu acho que já vou indo também, antes que… - o resto da frase nunca foi revelado, pois Remo a beijou prontamente, calando-a.

——

Alguns dias se passaram sem que nada muito interessante acontecesse. As provas se aproximavam e os alunos ficavam cada vez mais desesperados atrás da matéria perdida no período. A primavera ia embora, deixando espaço para um verão ensolarado e quente.

Anna já estava quase totalmente recuperada. Não sentia mais tantas dores como antes e conseguia andar sozinha quase que normalmente, sem necessitar que Sirius a carregasse de um lado para o outro. Quer dizer, ela às vezes fingia estar cansada, pois Sirius não parava de insistir em levá-la.

— Eu consigo andar. Você sabe muito bem disso, Black.

— Eu sei que você está tentando parecer forte, Prett. - Sirius a desafiava.

— Prin, é serio! - Anna ria quando o maroto a pegava no colo de surpresa.

Certa noite, os sete se encontraram no Salão Principal para o jantar. Finalmente era sexta. Todos os alunos comemoravam o fim da primeira semana de provas, já se preparando para a próxima e última. Eram seus momentos finais em Hogwarts. Nunca mais voltariam. O sentimento era devastador.

— Se me dão licença, vou me retirar. - Sirius anunciou, piscando para Anna.

Ninguém questionou, pois estavam muito compenetrados em suas conversas. A morena então viu, ao lados e seu prato, um guardanapo dobrado. Típico, pensou ela, abrindo o papel. “Me encontre nos jardins. S.”. Anna riu, se lembrando da última vez que aquilo ocorrera. Se não fosse por aquele primeiro guardanapo, talvez ele nunca a tivesse pedido em namoro. Ela suspirou, se levantando. Disse que ia dormir, pois estava cansada demais, e saiu do cheio e barulhento Salão.

Ao chegar no jardim, não viu ninguém. Não estranhou, se aproximando mais. Dois passos depois, pôde ver um lampião aceso longe de um sabugueiro, porém nenhuma pista do garoto. Ao se acercar, viu que flores foram nascendo no solo, ao redor do lampião. Cravos cor de rosa, as flores prediletas dela. Anna sorriu. Fora exatamente daquela maneira que ele a pedira em namoro. Olhou para o sabugueiro e viu algo diferente no mesmo: velas acesas pairavam no ar ao seu redor. Mais perto pôde perceber que alguns papéis estavam perto das velas, também flutuando. Fotos. Algumas fotos animadas dela e de Sirius estavam voando ao seu redor, a fazendo reviver todos aqueles sentimentos. O baile, o natal, o ano novo, o começo do ano… Tudo estava retratado ali, com apenas fotos animadas. A morena sorria ao se recordar daqueles momentos preciosos que tivera com o namorado. Estava tão compenetrada nas fotos que não notou a presença de Sirius, que estava ao seu lado já há alguns minutos.

— Prin, hoje é algum dia especial que eu esqueci? - Anna indagou, temendo ter se olvidado de uma data comemorativa para os dois.

Sirius apenas negou com a cabeça, indo mais perto dela.

— Você sabe que eu sou louco por você desde que nos beijamos no campo de quadribol pela primeira vez, certo? - ela assentiu. - Lembra quando eu disse que precisava falar sobre um assunto sério na noite que você foi acertada pela adaga? - Anna concordou. - Eu planejei com Lily assim que voltei para o dormitório como ia fazer isso.

Anna permanecia com a expressão confusa em sua face, não entendendo o pretexto daquele encontro.

Sirius então colocou a mão no bolso, tirando do mesmo uma caixinha preta aveludada. O maroto se ajoelhou, sorrindo apaixonadamente para a até então namorada. Seu sorriso irradiava amor, felicidade e beleza, a seduzindo sempre que ocorria.

— Sirius, mas o quê…

— Anna Claire Prett, - iniciou a fala, abrindo a caixinha. Um delicado anel de ouro branco segurava um diamante no meio, que, assim como as estrelas, brilhava belamente. A morena hesitou um pouco, colocando a mão sobre a boca e deixando as lágrimas caírem. Não estava acreditando naquilo. - você aceita se casar comigo?

— E você ainda pergunta? - perguntou apaixonadamente, respondendo-lhe a mesma coisa que quando ele a pedira em namoro.

Depois disso, ele se levantou e se inclinou, beijando-a de um jeito terno e aconchegante. Os dois ainda estavam muito colados, não querendo se separar nunca mais, querendo apenas que essa paixão nunca terminasse, que nunca fosse consumida por completo.


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