Amor de Maroto escrita por Helena Prett


Capítulo 2
Capítulo 2




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Capítulo 2


–Não acho que ele seja o melhor de todos da Corvinal. Ele é meio lerdo, sabe - os dois riram, ao Anna descrever Bruno Smith, um garoto que vinha flertando com ela já havia uma semana.


Eles estavam andando pelos corredores de Hogwarts, indo para o campo de quadribol, que era um lugar mais calmo.

–Lerdo? - ele riu mais um pouco - Parece até que você está falando do Aluado... Não entendi até agora por que ele não está namorando a Carolzinha ainda.


–Deixa ele, Sirius! Cada um tem seu tempo. O Remo E a Carol são muito tímidos. Isso ainda vai demorar muito pra se desenvolver.


–Isso pra mim é frescura - ele disse colocando o braço em volta da cintura de Anna - Menina fresca comigo não tem vez.


–Sério? E o que você diz sobre a Nicole Webber? Ela não era fresca?


–Mas ela era diferente.

–Diferente como? - ela se desvencilhou do braço dele e o encarou. Já estavam bem pertinho do campo.


–Ah, ela beijava muito bem. Isso é uma grande exceção nas meninas da Lufa-Lufa - os dois riram e Sirius recolocou se braço na cintura dela.

–Então quer dizer que as meninas da Lufa-Lufa não beijam bem? Interessante... E as da Corvinal? A... Como é mesmo o nome da mais recente de lá?


–Victoria? - ao ele dizer isso, ela assentiu - Bem, ela era... razoável. Nada demais, mas também não era a pior de todas.


–E as meninas da Grifinória? Você gosta do beijo delas, né? Quase que você só fica com grifinórias - eles chegaram no campo e se sentaram em uma arquibancada, dando mais tempo para ele pensar.


–90% delas beijam muito bem. Uma que eu fiquei essa semana foi a Sara Nunes. Ela é muito boa nisso. Hm... - ele pensou por um instante - Alice também beija bem. Alexandra, Amanda, Amélia... Essas também são boas.


–Que vício! Nunca pensei que você gostasse tanto de meninas que começam com A - ela observou ao ele nomeara as meninas.


–Você também é uma delas. Acho que a melhor de todas – isso a fez prestar mais atenção. Apenas o olhou, para ver se ele não estava rindo. - Desde aquele dia, aqui mesmo no campo de quadribol, eu não me esqueci do seu beijo - ele agora olhava para o horizonte - Você foi a única que conseguiu me envolver assim.


Anna não sabia o que respondia. Estava muito chocada com a declaração do amigo. Sirius não era de falar assim. Nunca havia dito uma vez sequer que uma menina o havia envolvido.


Ele se virou para ela e começou a se aproximar, não tão devagar como Remo, pois sabia que se demorasse demais Anna iria voltar a si. Ela ainda estava muito surpresa para fazer algo brusco. Eles já estavam quase se encostando. Ela fechou os olhos. Seus lábios se tocaram e então Sirius a puxou mais para perto pela cintura. Como o maroto havia sentido falta dela.

Seu beijo, no começo, era doce e calmo, mas ia se intensificando conforme o tempo passava. Agora Anna tinha uma das mãos em sua nuca e outra em seus cabelos. Ele tinha um braço a envolvendo pela cintura e uma mão em sua coxa. Parecia que haviam sido feitos para fazer aquilo, era uma coisa tão perfeita que parecia que não ia acabar mais. Logo, sem perceber, eles se beijavam como se não houvesse amanhã, com pressa e vontade. Ela acariciava sua nuca, seus cabelos e suas costas.


Algumas vezes eles pararam para respirar, mas logo depois voltavam a uma nova seção de amassos, que começava por selinhos e caricias e terminava em beijos longos e intensos. Em uma dessas pausas, Sirius aproveitou para perguntar algo que já o estava incomodando havia algum tempo.


–Prett, eu - ele a deu mais um selinho - queria saber se você quer... ir comigo à Hogsmeade esse fim de semana - ele falou e a encarou, esperando sua resposta.


–É claro que eu quero! - Anna respondeu e pensou um pouco - Sirius... Você se lembra do que nós combinamos da última vez quando ficamos?


–Mas nós só vamos como amigos, - disse sorrindo - melhores amigos - ele corrigiu - sem nenhum compromisso de imediato. Lembro-me muito bem desse acordo - dito isso, começou uma nova seção de beijos.


Depois de muito tempo se beijando, viram que já estava tarde então começaram a voltar para a torre da Grifinória. Andavam abraçados, como se não quisessem se separar. Ao chegar na frente do retrato, deram mais um longo beijo, mas dessa vez ele era mais calmo e aconchegante. Entraram na Sala Comunal, deram alguns selinhos, se despediram e subiram para seus dormitórios.


–--


–Lily, você vai para Hogsmeade com o Guilherme Williams? - Carol perguntou à amiga, logo que entrou no dormitório.


–Sim, por quê? - ela disse, ainda olhando para seus livros.


–Quando que ele te convidou?


–Hoje de manhã, antes da aula de transfiguração - Lily respondeu, como se isso não importasse. Então olhou para a amiga. - Mas qual é o problema? Por que essa cara de surpresa?


–Ah, nada. É só que você não tinha me dito, ai na hora que soube fiquei surpresa por você não ter me contado antes. Só isso - ela já estava voltando à sua expressão normal.

–Eu só não te contei antes, porque eu precisava prestar atenção nas aulas do dia. Eu tinha até esquecido disso - Lily disse - O Remo te convidou? - ela perguntou, continuando calma.


–Siiiiiiim! Estou tão feliz! Adorei quando ele me chamou para ir com ele! - ela estava tão entusiasmada que até esqueceu porque estava surpresa - Ele foi tão fofo, Lil, você tinha que ter visto! Eu deveria ter guardado pra te mostrar!


–Guardado o que, Carolzinha?

–O Remo me chamou para ir com ele por um bilhetinho na aula de transfiguração. Eu devia ter guardado aquele pedaço de pergaminho! Fiquei tão feliz na hora que me esqueci... - ela disse, ainda com um sorriso estampada em seu rosto.


–Bilhetinho? Mas... - Lily começou a pensar - o Tiago também me chamou por bilhetinho... Será que eles... Combinaram?


–O Tiago também te convidou por bilhetinho? Que fofo! - ela disse, como se Lily também achasse isso - Você não tinha dito que ele tinha te chamado. Quando ele te convidou? - disse, ainda pensando em Remo.


–Tinha dito, sim. Ele me convidou, pelo menos, cinco vezes nessa semana. Eu disse pra vocês no café da manhã. Ele também me convidou hoje, na aula da professora Minerva.

–Nem me lembro de ouvir você falar sobre isso... - ela disse pensativa.


–Não se lembra porque estava prestando atenção no Remo. Eu vi o jeito que você olhava pra ele. Não só hoje, já faz um tempinho.


–Como assim o jeito que eu olhava pra ele? Não olhava de jeito nenhum. Eu o olho como sempre, ué! - Carol começou a corar.


–Que linda, Carolzinha! Você está apaixonada! Sempre pensei que levaria muito mais tempo.

–O que levaria mais tempo?

–Pra você se entender com o Remo.

–Como assim, Lil? Me entender com o Remo? - agora Carol estava realmente perdida.

–Eu já percebi que o ele te olha de um jeito diferente já faz alguns meses. Até comentei com ele uma vez que estávamos fazendo a ronda, mas ele negou, todo corado. Por isso eu conclui que ele estava afim de você. Ele acabou percebendo um dia que eu sabia, então me pediu segredo, porque ainda não tinha certeza do que sentia. Mas esse mês eu percebi que você tem andado tão avoada, e quando olha pra ele, parece até que vai precisar de um balde d'água pra voltar à sua cor natural, de tão vermelha que fica - quanto mais Lily falava, mais feliz ficava pela sua amiga.

–Mas ele só me convidou para ir junto com ele. Não aconteceu mais nada.


–Vocês não estão namorando? Como assim?! Não acredito que ele teve coragem pra te convidar, mas não teve pra te pedir! - ela estava incrédula.

–Ah, Lil, ele é meio lento, você sabe! Vai que ficou com vergonha.

–Pode até ser... Cada um tem seu tempo. Mas você está afim dele, né?

–Eu não tenho cert...

–Carol, seu rosto está todo vermelho! É claro que está afim dele! - Lily disse, sem nem deixar a amiga responder direito.

–Acho que você tem razão... Já faz um tempo que o que eu sinto pelo Remo vem mudando... - ao dizer isso, ela deu um sorriso discreto.


Nesse momento, Anna abriu a porta do dormitório. Ela ainda estava respirando ofegantemente.

–Onde você estava, Anninha? - Carol perguntou, mas logo começou a olhá-la por inteiro. - Que boca roxa é essa?

–Anna, onde você estava? - Lily perguntou.

–Eu estava no campo de quadribol. - ela disse, como se fosse só aquilo.

–Por que você está respirando acelerado? Vai me dizer que estava jogando quadribol?

–Eu não! Sou péssima nisso - ela disse, tentando controlar a respiração.

–Ela estava com o Sirius! - Carol começou a falar, ao se lembrar de alguns fatos - Você me deixou lá com o Remo na Sala Comunal, e saiu com o Sirius!


–Deu em alguma coisa? - ela perguntou, curiosa.

–O quê?

–Você e o Remo, ué! O que mais poderia ser? Eu saí com o Sirius e fiz o Pedro sair de lá pra vocês dois ficarem mais a vontade.

–Como assim? Você fez isso de propósito? - Carol começou a entender.

–Na verdade, eu já tinha planos para sair com o Sirius, mas eu aproveitei isso pra juntar vocês dois. E, pela sua cara, não deu certo... Tenho que planejar melhor da próxima vez... Anna disse, pensando em algum plano.


–Mas você estava no Campo de Quadribol com o Sirius fazendo o quê?

–Ah, hoje de manhã ele me chamou pra sair e eu aceitei. Nós acabamos ficando. Só isso. Nada demais, Lil. Ele me convidou para ir com ele à Hogsmeade, como par, mas, ao mesmo tempo, como melhor amiga. Nós continuamos amigos, é isso que importa. Nós ficamos... por ficar, só isso - ela respondeu, como se fosse normal.

–Mas quem deu a ideia?


–O Sirius, óbvio! - Carol achou respondeu por sua amiga.

–Na verdade... - ela começou a explicar - aconteceu naturalmente, o beijo. Mas depois nós combinamos que continuaríamos amigos. Mais ou menos isso... Mas, Carol, não aconteceu nada? Tipo, nada mesmo? Nem um selinho? - Anna desviou o assunto - Ele já te convidou para ir para Hogsmeade com ele?

–Já, hoje cedo. - Carol disse, se referindo à Hogsmeade - Não nos beijamos, nem teve selinho... Nós íamos nos beijar, mas ai o par da Lily apareceu perguntando do paradeiro dela, então acabamos nos assustando quando ele chegou e eu subi logo que soube que ela ia com ele para Hogsmeade.


–Não acredito que o Tiago atrapalhou vocês! Tenho que ter uma conversa com ele - Anna disse, brava.

–Eu não vou com o Tiago - Lily disse, tentando ser o mais paciente possível - Vou com Guilherme Williams. Ele é um cara legal e decente, ao contrário do Potter - ela pronunciou a última palavra como se fosse alguém horrível.

–Mas, Lil, ele gosta de você? Esse tal de Guilherme. Ou só quer beijar você? - Anna perguntou.


–Não sei, eu já tinha falado com ele várias vezes. Ele é legal.

–A pergunta foi diferente. Ele gosta de você?

–Ah... - Lily pensou - Não sei.

–Quando que ele te convidou?

–Hoje, antes da aula de transfiguração.

–Mas você não estava com Tiago nesse horário? - Anna parecia confusa.

–Sim, mas ele encontrou uma menina, ai eu fui embora - Lily suspirou, pensou um pouco e então contou sobre o que realmente acontecera antes da aula. Após terminar disse - Mas, não sei por que fiquei com raiva da menina. Eu simplesmente fiquei com raiva dela, mesmo antes de ela falar do meu cabelo...

–Isso se chama ciúmes! - Carol falou, alegremente - Lily!!! Não acredito que você está afim do Tiago!


–Eu não estou afim do Potter! - Lily disse, ficando muito vermelha - Sem chance alguma! Nunca vou gostar daquele idiota, insensível, ogro do Potter! Nunca mesmo! - ela já estava exaltada.

–Sei... - Anna disse, dando uma risadinha - Imagina se estivesse...

–Pois é, né... - Carol concordou - Ah, vou dormir, já estou cansada.

–Também. Boa noite. - Anna disse.

–Boa noite - Carol respondeu alegremente.

–Noite - Lily disse, ainda emburrada pelo fato das amigas acharem que ela estava GOSTANDO do Potter. Ele era um insensível, idiota, babaca, pegador, estúpido, cara de pau, bonito... Ok, ela tinha que admitir que ele era bem bonito. Mas continuava sendo o ser mais ignorante que se pode encontrar no mundo.


–--


–Você não disse que ia convidar a Lily para ir à Hogsmeade?


–Ah, Aluado, eu convidei, várias vezes, pra falar a verdade, mas ela fez questão de recusar cada um desses pedidos... - Tiago estava deitado em sua cama, pensando no assunto desde de o começo do dia. Remo havia acabado de chegar ao quarto, após conversar com Guilherme Williams.

–Quantas vezes?

–No mínimo, umas 6... - ele respondeu, ainda pensativo - mas essa sua amiga é bem complicada, ela nunca aceitou nenhum convite meu! - disse, indignado.

–Eu só digo pra você que ela já tem um par... - ele começou a falar - E não é você.

–Como assim?! - agora sentado, Tiago começou a ficar bravo - Quem foi o idiota que a roubou de mim?

–Pra começo, ela nunca foi sua pra alguém roubar. E o nome dele é Guilherme. Você o conhece.

–Aquele... Vou falar com ele. Não acredito que ele conseguiu em uma pergunta, uma coisa que eu não consegui em anos. E com muitas perguntas - Tiago estava enciumado e bravo - Eu sou bem melhor que o Williams. Por que ela não sai comigo?

–Talvez porque você fique com qualquer menina que apareça na sua frente... - Remo murmurou baixinho, mas mesmo assim Tiago pôde ouvir. Pedro, que pareceu acordar naquele momento, concordou com ele.


–Eu não fico com qualquer menina que apareça na minha frente.


–Então, por que você ficou com a Laura? Ela não apareceu na sua frente... ontem? Foi ontem ou anteontem? - ele disse, incerto da data.

–Ah, mas a Laura foi diferente... - ele começou a dizer, se deitando novamente, mas Remo o cortou

–Diferente em que, Tiago?

–Tá, ok, ela não foi diferente das outras. Mas também não foi igual. Eu fiquei com ela antes do jantar, normalmente eu fico com as meninas depois do jantar - ele disse, como se fizesse muita diferença.

–Grande coisa... Antes ou depois o esquema é sempre o mesmo. Não teria como você e o Almofadinhas tomarem jeito não?


–Como assim tomar jeito?

–Gostar só de uma, e não de todas.


–Mas eu só gosto de uma, de uma ruivinha, e sinto atracão pelas outras. Entende? Gostar e sentir atracão são coisas bem diferentes, Aluado - ele falou, tentando dizer alguma coisa com sentido.

–Eu concordo plenamente, meu caro amigo Pontas - Sirius acabara de chegar ao dormitório e ouvira o último comentário de Tiago - Quando você sente atracão pela menina, normalmente, vocês só ficam uma vez, já quando fica mais vezes é porque está gostando dela. Mas isso é na maioria das vezes, sempre existem exceções.


–E quem seriam essas exceções? Se é que elas existem... - Remo perguntou.


–E você ficou com quem hoje? Foi com aquela menina da Lufa-Lufa que queria te beijar semana passada? - Tiago perguntou, ainda deitado.

–Lufa-lufa? Não era da Corvinal? - Pedro comentou, parecendo confuso.

–A da Corvinal foi no fim de semana, e a outra foi no começo da semana passada - Sirius respondeu - E, não, nenhuma das duas.

–Quem foi a vítima dessa vez? Alguma menina mais nova? - Remo perguntou, ele estava um pouco irritado pela idiotice de seus amigos e não estava raciocinando direito.


–Pra falar a verdade, caro Aluado, não, ela não é mais nova. Ela é da nossa idade.

–Nós a conhecemos? - Pedro perguntou, curioso.


–Sim... Pra falar a verdade, a conhecem muito bem - Sirius estava achando graça em todo aquele mistério.


–Quem era? - Tiago perguntou.

–Anna.

–Que Anna? - Tiago perguntou, nem se tocando de quem era. Como Remo ainda não tinha parado para raciocinar, Tiago que começou a fazer as perguntas - Qual é o sobrenome o dela?

–Prett - ele disse, como se fosse óbvio.

–Espera aí, a Anna?! - Tiago agora estava sentado e incrédulo.


–A Anna amiga da Lily? - Pedro também não conseguia assimilar os fatos direito.

–Coitada... Deve estar chorando agora que percebeu que você não vale nada... - Remo também não acreditava.

–Qual é o problema? Ela é minha amiga. - Sirius disse, se defendendo - E, além disso, nós vamos à Hogsmeade juntos. Como melhores amigos.

–Amigos que se beijam? - Tiago perguntou, pensativo - Bem que eu podia sugerir isso para Lily...

–Espera, vocês já não tinham ficado uma vez? - Remo parecia ter acordado de um transe.

–Algumas vezes. Mas ficávamos só por ficar, como hoje. Nunca chegamos a namorar.

Vocês nunca fizeram isso? - Sirius estava perplexo - É a coisa mais normal do mundo. Falando nisso, Pontas, a quantas andam seus planos com a Lily?

–Eles não estão andando... Não sei por que... Eu quero muito ficar com ela, mas, não sei como, ela sempre resiste. Isso está começando a me irritar - ele respondeu.

–Tente ser romântico!


–Tente roubar um beijo!

Remo e Sirius falaram ao mesmo tempo, e Remo fez cara feia para Sirius.

–Eu gostei da ideia do... - Tiago começou a falar - Almofadinhas. Por que não? É bem mais fácil do que ser romântico.

–Mais fácil. Mas terá mais consequências depois...

–Que nada, Aluado! Deixa de ser pessimista - Sirius disse, depois se voltou para Tiago - Veja bem, meu caro amigo Pontas, o plano é o seguinte.

Após isso, Remo foi dormir, sem aprovar a atitude dos amigos, enquanto Tiago e Pedro ouviam o plano de Sirius.



–--


O café da manhã havia passado rápido para Lily. Ela havia descido sozinha, pois não quis acordar as outras. Ainda era muito cedo quando ela acordara (6:10) e, como não conseguia voltar a dormir, desceu para o Salão Principal.

O Salão estava vazio, mas a comida já havia sido servida. Lily ainda pensava no que as amigas haviam dito. Ela não podia estar gostando do Potter. Ele era tão insuportável e ignorante! Como todas as meninas conseguiam gostar dele?

Quando percebeu que estava pensando demais em uma causa perdida, se levantou e voltou para a Sala Comunal da Grifinória. Chegando lá, viu que ela estava vazia, a não ser por um garoto de costas, sentado na poltrona, olhando para a janela. Quando chegou mais perto, o menino virou, e uma expressão de tristeza se tornou um sorriso.


–Bom dia, Lily! Como vai?

–Bom dia, Remo! - ela também ficou feliz ao ver o amigo - Por que você está acordado a essa hora?

–Acordei já faz algum tempo e não consegui mais dormir.

–Mas por que você estava com uma expressão de tristeza quando virou?

–Ah, eu estava só pensando... - Remo disse, fazendo seu sorriso desaparecer - A lua cheia é daqui a quatro dias. Eu odeio isso! Não tenho consciência de nada. Posso machucar as pessoas sem saber. Posso... - ele sempre ficava um pouco chateado em relação a isso.

–Remo, você não é um monstro - Lily tentou acalmá-lo. - Você não tem culpa. E, além disso, os meninos sempre estão lá, te ajudando. Não se preocupe com isso. Você é um garoto raro. É o melhor amigo que qualquer um pode ter.

–Não é bem assim…


–É sim, Remo. Não se preocupe com isso, você não pode controlar. Se pudesse, tenho certeza que não seria assim - ela disse e abraçou o amigo.

–Obrigado, Lily. Às vezes eu acho que só quem me entende é você.

Eles ficaram abraçados por mais alguns segundos. Quando se separaram, Lily repetiu.

–Você é o melhor amigo que qualquer um pode ter.

Ao ouvir isso, Remo sorriu e lhe perguntou onde estavam as meninas. Ela respondeu que estavam dormindo ainda por conta do horário. Ele parecia meio impaciente, estava toda hora olhando para a escada que levava aos dormitórios.

–Você está esperando alguém? - ela o perguntou, curiosa.

–Não. Mas sim. Não que a pessoa saiba.

–Quem?

–A Carol... Não estou a esperando, estou só esperando que ela desça. Ontem, nem conseguimos conversar direito...

–Me desculpe pelo Guilherme, eu já devia ter combinado o horário com ele na hora que eu aceitei o convite - ela se sentia culpada por ter sido a causa do incômodo.

–Não se preocupe, não atrapalhou em nada - ele disse, tentando mentir de um modo convincente. Mas não conseguiu.


–Eu sei que atrapalhou, Remo. Você é um péssimo mentiroso! - ao dizer isso, os dois riram - Pelo menos você faz a Carol feliz, e é isso o que importa.


–Eu deixo ela feliz? - ele olhou para Lily, esperançoso de ter ouvido certo.

–Sim, mas não fale para ela que eu te contei. Bem que vocês poderiam namorar. Combinam tanto - ela disse, olhando para ele.

–Lily... Eu não posso.


–Por que não?

–Eu sou uma ameaça para ela. Posso machucá-la. Não quero isso.

–Remo, você não é uma ameaça para ninguém. Você não pode pensar assim. Você é uma ótima pessoa, e não um problema. A Carol nem liga pra isso. Ela gosta de você mesmo assim - ela disse para o amigo, sendo sincera.

–Ela gosta de mim? - ele perguntou, curioso.


–Sim. Mas você não pode se deixar abalar por um simples fato. Isso não muda o seu caráter.

–Ela gosta mesmo?

–Claro que sim - ela respondeu, alegremente - Mas se você decepcioná-la, eu acabo com você.

–Não se preocupe. Não vou decepcioná-la de modo algum. Não tenho essa intenção.

–É bom mesmo - Lily disse, seriamente.


–Mas não pretendo nada agora. Ainda estou esperando. Mesmo você dizendo que ela gosta de mim, eu quero, sabe, tirar minhas próprias conclusões.

–Se pra você faz mais sentido, à vontade. Mas não conte nada do que eu te falei pra ela, por favor.

–Ok. Mas então também não fale nada, nenhum comentário.

–Claro - ela concordou - Vou para o dormitório. Elas precisam acordar ou vão se atrasar. Até logo.

–Até.


Quando Lily ia subir as escadas, ela disse.

–Ah, e Remo?

–Sim.

–Não se esqueça que nós fazemos o monitoramento dos corredores hoje à noite.

–Claro, obrigado por me lembrar.

–Por nada.


–--


O dia passou muito rápido naquela sexta. Parecia que todos estavam muito contentes com a ideia da visita à Hogsmeade. Vários estudantes da Grifinória estavam conversando sobre isso na Sala Comunal, todos animados. Várias meninas estavam planejando de fazer compras, já os meninos planejavam ir à Zonko's, comprar mais brinquedos bobos. A sala estava bastante movimentada e nada silenciosa. Além de pessoas conversando, haviam também casais namorando.


–Olá, Lírio! - Tiago apareceu atrás de Lily, sem que ela percebesse, fazendo ela se assustar. Após se recompor, ela olhou para ele.


–Oi - ela respondeu, secamente, virando-se para seu livro novamente.


–Nossa, de mau humor na sexta de noite? Quem te deixou assim?

–Não é da sua conta, Potter. Agora vá embora, que eu não quero falar com você - ela disse, friamente.

–O que foi que eu te fiz dessa vez? Juro que não lembro de ter feito nada - ele disse, tentando fazer graça.


–Vamos, Lily? - Remo havia acabado de entrar na sala, chamando a amiga para o monitoramento dos corredores.

–Como assim 'vamos'? - Tiago perguntou confuso.

–Não é da sua conta, Potter - ela disse ao se levantar.

–Ah, minha ruivinha, não me chama de Potter, não.


–É Evans pra você - dito isso, acompanhou Remo para a reunião dos monitores.


Logo após isso, Sirius entrou pelo retrato com Anna e Carol. Os três estavam rindo, provavelmente, de alguma piada que o garoto havia feito. Ao chegarem perto de Tiago, Anna logo disse

–Que cara é essa?

–O que foi que a Lil te disse? - Carol perguntou, depois da amiga.

–Como você sabe que foi a Lily? - Tiago perguntou

–Você está com cara de apaixonado. E também parece estar confuso. Só podia ser ela - ela respondeu, como se fosse simples. - É fácil. Só é preciso juntar dois com dois.

–Apaixonado? Que horror, Pontas! - Sirius disse, brincando - Eu às vezes até duvido que você seja um maroto...

–Ei! O Remo não é assim, pegador que nem vocês - Carol disse indignada.

–O Aluado é uma exceção... - ele falou, virando-se para a amiga - aliás, uma exceção para quase tudo…


–Tá, da na mesma se ele é ou não pegador, mas o problema agora é o que a Lily te disse - Anna disse olhando para Tiago.

–Nada não.

–Para de mentir! Fala logo.

–Não foi nada, Anninha. Ao contrário dela, você é bem curiosa.

–Desde quando ela não é curiosa?

–Ah, desde... Sempre! - ele tentou mentir, só para despistar a amiga - Aliás, ela também é bem mais comportada que você, que pelo que soube andou se pegando com um cachorro por aí... - ele disse, sorrindo.

–E desde quando isso é da sua conta? Eu fiquei mesmo com o Sirius, mas ele é meu amigo. Fim de história - ela disse, tentando botar razão em suas palavras.

–Fim de história... Sei bem - ele disse, logo depois se virou para o amigo. - Vamos?

–Claro, só vou pegar as coisas no dormitório e já volto - ele respondeu e foi para o dormitório.


–O que vocês dois estão aprontando, Tiago? - Carol perguntou, ao ver um sorriso suspeito estampado no rosto do amigo.

–Nada do interesse das duas - nesse momento, Sirius chegou.

–Estou pronto - ele disse, dessa vez com a capa da invisibilidade dobrada em uma mão, e o Mapa do Maroto em outra. Tiago se levantou e os dois saíram pelo retrato, prontos para realizar seu plano.


–--


–Está decido, então - um monitor da Corvinal disse - as rondas da semana que vem serão intercaladas entre Lufa-Lufa e Sonserina. Reunião terminada.


Todos os monitores estavam reunidos em uma sala, definindo as rondas da semana seguinte. A sala era grande, com vários sofás e poltronas. Parecia uma Sala Comunal um pouco maior e bem mais silenciosa. Logo depois da decisão de Josh Davis, o monitor chefe da Corvinal, todos saíram da sala e foram para suas respectivas Salas Comunais, menos Remo e Lily, que ficaram fazendo a ronda pelos corredores.


Enquanto faziam a ronda, conversavam sobre várias coisas, como aulas, livros, tarefas, acontecimentos da semana e até sobre Hogsmeade.

–Eu chamei a Carol, porque eu sinto que ela é uma pessoa especial. Não vai ser um encontro propriamente dito. Antes de qualquer coisa séria eu quero conhecê-la melhor - Remo estava explicando para Lily algo que ela havia perguntado.

–Ela é realmente uma pessoa especial - ela concordou. - Eu também acho legal vocês se conhecerem bem primeiro, antes de qualquer coisa que envolva namoro. Eu não acho que ela esteja preparada caso algo dê errado e vocês terminem. Então, é sempre bom vocês terem certeza do que querem antes.

–Exatamente, e além de que... - Remo começou a falar, mas ouviu passos altos ecoando pelo corredor - Você também ouviu, Lily?

–Sim, estão vindo de lá - ela apontou para o corredor à esquerda, já apunhalando a varinha.

–Eu vou lá e já volto. Você fica aqui - dito isso ele foi andando até o dono dos passos. Logo quando ele se afastou um pouco dela, mais passos ecoaram no corredor, mas dessa vez era o corredor à direita.

–Eu vou para o outro lado, Remo - ela gritou para que o amigo a pudesse ouvir, e foi andando no corredor, olhando para os lados.


Os passos haviam cessado.


–Devia ser alguém fazendo alguma brincadeira sem graça... - ela murmurou para si mesma, e quando ia voltar para onde estava, alguma coisa a puxou para dentro de um armário de vassouras. Ao se livrar das mãos invisíveis, ela olhava de um lado para o outro com a varinha em mão.

–Quem está aí? Apareça ou eu vou...
–Vai o que, Lírio? - Tiago perguntou, tirando a capa. Ele estava na frente da porta, impedindo ela de sair.

–Potter! Como você se atreve? - ela estava realmente brava com ele.

–Olá para você também, meu amor. Como vai? - ele disse, sorrindo.

–Potter, me deixa sair daqui agora!

–Sem chance. E não grita, o Filch pode aparecer aqui perto a qualquer momento - ele falou, analisando o mapa, como se aquilo fosse um jogo para ele. Quando ela desviou um pouco de sua atenção, Tiago tomou sua varinha.


–Me devolve agora! Potter, me devolve a minha varinha!


–Não, vai que você me azara. Além disso, eu sei que, no fundo, você não quer sair daqui - ele estava com uma cara maliciosa.

–Não quero não! Eu quero é distância de você, isso sim!

–Você quer distância de mim? - ele se aproximou dela, a prendendo contra a parede.

–Sim! Me deixa sair!

–Ah, é? Certeza? - nesse momento, ele começou a beijar seu pescoço.

–Abso... Ab... - por que ela estava gaguejando? Não fazia o menor sentido. Era apenas o estúpido do Potter. Ela não podia se entregar para um traste como ele.

Ele foi para seus lábios, que estavam cerrados até aquele momento. Ela tentou resistir, mas no final acabou permitindo que a língua dele entrasse em sua boca. Então começaram a se beijar, calmamente. Conforme o beijo ia se intensificando, mais pra perto Tiago a puxava. Ele ainda estava pressionando ela contra a parede, com um braço envolvendo sua cintura e uma mão em seus cabelos ruivos. Lily estava com uma mão nos cabelos negros do garoto e com a outra em sua nuca. O beijo já estava bem acelerado, quando Lily percebeu o que estava fazendo. Quando retomou sua consciência, ela o empurrou com as duas mãos, pegou sua varinha de volta e saiu do armário. Ao sair de lá, deu de cara com Remo e Sirius, que estava sorrindo, por perceber que o plano tinha dado certo.

–Hã... Lily? - Remo perguntou ao ver a amiga com as vestes amassadas, cabelos bagunçados e a boca vermelha, quase roxa - O que aconteceu?

Ela não sabia o que responder, apenas saiu correndo pelos corredores de Hogwarts.

–O plano deu certo! Não acredito que ele conseguiu - Sirius deu um sorriso bem grande de alegria.

–Que plano? Vocês querem dizer que aquilo foi tudo bolado?
–Sim, meu caro amigo, Aluado.


–Eu não acredito... - ele não conseguia crer que os amigos haviam feito aquilo - Pontas?

Nesse momento, Tiago saiu do armário. Ele também estava com as vestes amassadas, cabelos desgrenhados e boca cor de cereja.

–Deu certo? Ela não te azarou? - Sirius parecia não acreditar.

–Mais ou menos... Só consegui um beijo, não consegui conversar direito com ela - ele estava feliz, mas ao mesmo tempo, decepcionado. Ele realmente queria ter falado com ela. - Vamos para o dormitório, lá eu narro o que aconteceu com detalhes.


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