E então, uma mão fechada em punho. Uma cara amassada. Minha expressão de espanto. Clint largou um soco na fusa do tarado da lanchonete. Bem ele mereceu. Foi a experiência mais emocionante da minha vida : ver dois homens brigango por mim. Quer dizer, o Gavião brigando por mim, pois o outro ser, com o nariz torto, apenas apanhava. Todos olhavam para nós como se fossemos palhaços no picadeiro.
– Clint! Larga ele! - gritei puxando meu Hércules pelo braço. Com um pouco de dificuldade consegui tirá-lo de cima do sujeito. Barton me olhou com uma expressão confusa, os olhos perdidos. Isso me fez querer abraçá- lo ali mesmo, até quebrar suas costelas.
– Desculpa cara... não sabia que ela tinha namorado... - tentou dizer o homem caído no chão da lanchonete, com a mão no nariz. Nós dois olhamos para baixo em sua direção. Eu não me dei ao trabalho de corrí-lo. A palavra namorados, dançava na minha cabeça.
– Vem, vamos embora. Acho que ele já aprendeu a lição. - disse puxando Clint pela mão até o lado de fora do estabelecimento. Paramos perto de onde estava minha moto.
– Você está bem? - perguntei ao meu salvador, virando para ele.
– Sim... desculpe acho que exagerei.
– Talvez sim. Mas você foi demais! - disse sorrindo. - Ninguém nunca me defendeu daquela maneira antes, Clint Tayson.
– Estou sempre a disposição senhorita. - respondeu Clint com um meio sorriso no rosto.
– Acho que já chega de esbancar pessoas por hoje, agente Barton. - disse também sorrindo. Em um segundo, a atmosfera ao nosso redor mudou completamente.
– Nós ainda podemos caminhar. - sugeri.
– É uma ótima ideia. - respondeu. Não sabia se deveria ou não, mas mesmo assim, segurei a mão de Clint enquanto nossos pés começavam a se movimentar.
– E então? Você é sempre... explosivo assim? - perguntei, minha voz com um traço de humor, fazendo referência ao episódio da lanchonete.
– Nem sempre. Apenas quando desrespeitam belas damas na minha frente. - Nós dois rimos.
Mais a frente crianças brincavam em um playgroud, enquanto seus pais permaneciam sentados, lendo ou apenas observando.
– Você tem irmãos? - perguntei curiosa, Clint tinha cara de ser, aquele irmão mais velho, que toda garota gostaria que sua melhor amiga tivesse. Ele pareceu triste por um segundo, e então respondeu:
– Não. Na verdade eu sou sozinho.
– Me desculpe... eu sinto muito. - falei. Um aperto no coração me fez lembrar da minha mãe e irmã, e o quanto eu queria visitá-las.
– Não se preocupe, eu sobrevivi. - isto me fez pensar que, talvez, por trás daquela máscar de durão, Clint Barton tivesse muitas mais mágoas escondidas. Aqueles lindos grandes olhos verdes, que pareciam pisca-piscas em uma árvore de natal, agora tinham um brilho diferente. Talvez lembranças ruins de um passado triste. Pensei em mudar de assunto, afinal, eu não tinha o direito de fazer Clint reviver coisas de que ele não queria lembrar.
– Aposto que você faz muito sucesso com as mulheres Gavião Arqueiro. - sugeri levantando uma sobrancela na direção de Clint. Ele apenas mostrou-me seus dentes brancos, e de um jeito encantador e sexy, parecia tímido.
– Não faço tanto sucesso assim. Dá pra conseguir o telefone de umas gatinhas e tudo... mas acho que o Thor e Capitão são os queridinhos das garotas.
– Eu prefiro você. - disse sem pensar. Os neurônios do meu cérebro deveriam estar em pane, ou algo do tipo. Fiquei sem graça e corei. Clint diminui o passo parando, me fazendo parar junto.
– Que bom saber que sou o seu preferido, senhorita Cooper... - ele olhava bem nos meus olhos e lentamente colocou uma mecha do meu rebelde cabelo atrás de minha orelha.
– Você está me deixando maluco, Alice. - disse se aproximando de mim. Meu coração batia no peito, mais rápido que uma passista de escola de samba. Meus lábios a centímetros do dele. Eu estava entrando em uma combustão espontânea. E então, ele me beijou.
...

O beijo de Clint era uma delícia. Ele tinha um hálito gostoso e sabor de menta na boca. No começo, o beijo era calmo, terno, até inocente. Depois com o desejo correndo e queimando em nossas veias, passou a ser inteso, urgente. Uma dança de línguas, quem sabe uma lambada. Minhas mãos estavam no pescoço de Clint, uma delas fazia um cafuné em sua nuca. As dele estavam na minha cintura, me puxando para si. Era tão bom poder beijá-lo, quis fazer isso desde quando esbarrei com ele no corredor da Shield. E por uma pequena infinidade de tempo o nosso beijo continuou, no meio da rua e com várias pessoas passando ao nosso lado.
Infelizmente o oxigênio ainda era preciso e tivemos que separar nossas bocas. Permaneci apoiada ao tronco de Clint, recuperando a compostura.
– Você. Beija. Muito. Bem. - disse pausadamente fazendo com que o ar chegasse aos meus pulmões.
– Você acha? - perguntou sorrindo daquele jeito que eu adorava.
– Cla... - mas antes de conseguir responder, Clint me agarrou pela cintura e recomeçamos tudo de novo. Dana-se a compostura!

...

Poderiam ter passado alguns minutos, até segundos. Mas o céu já estava escurecendo, o que não me deixava mentir que eu e meu Gavião passamos o dia todo sentados em um banco de parque conversando. Tudo bem, beijando também. Mas que mal tem isso?
– Acho melhor irmos embora. Já tá ficando tarde.
– Por que tudo que é bom acaba rápido? - Clint parecia um adolescente ao me questionar.
– Não se preocupe... eu não vou embora pra lugar nenhum. Agora, não mais. - disse usando toda minha sinceridade. Eu não queria ir pra qualquer lugar longe de Clint.

Continua...