Fiquei surpresa ao ver Clint. Ele estava sozinho, sentado em uma mesa do lado oposto de onde eu me encontrava. O que fazer? Será que eu deveria ir falar com ele? Senti meu estômago revirar, e aquele sanduíche já não parecia tão gostoso. Sempre fui muito tímida em relação a homens. Exceto por alguns episódios de repentina coragem que se aposavam do meu corpo. E naquele momento, uma descarga de coragem correu por minhas veias, meu coração bombeava adrenalina. " Eu vou lá", pensei. Então me levantei, com uma extrema dificuldade de deixar meu caminhar natural, meus pés pareciam colados com durepox no chão. Depois de instantes que pareceram anos, consegui chegar até a mesa dele.
– Agente Barton. - cumprimentei - o. - Posso me sentar? - perguntei com medo de levar um " não " na fusa. Ele deu um pequeno sorriso - suspiros.
– Claro, fique a vontade. - repondeu apontando para uma cadeira. Me sentei a sua frente.
– Como foi a reunião? - perguntou- me. Pisquei meus olhos, procurando no cérebro alguma coisa útil para responder.
– Sinceramente? Não sei se me encaixo aqui. - respondi olhando uma mancha de comida na mesa.
– É mesmo? Por que acha isso? - perguntou - me se reconstando na parede. Mas antes que pudesse responder um cara de estatura média, moreno e de cavanhaque sentou - se ao meu lado, me assutando. Não havia reparado em sua chegada.
– Olha só! - disse num tom intusiasmado. - Légolas, quem é a sua amiguinha? - perguntou olhando primeiramente para Clint, depois para mim. Clint parecia não ter gostado nada nada da intromissão do bonitão de olhos castanhos brilhantes.
– Stark, você não tem mais nada pra fazer? - perguntou o agente delícia Barton.
– Ahhh, na verdade não. - respondeu o então " Stark". - Sou Tony Stark princesa, mas pode me chamar apenas de senhor sexy! - disse rindo. Isso me fez rir também, o fulano era engraçado.
– Muito bem senhor sexy, - disse sorrindo - sou Alice Cooper, nova agente da Shield.
– Alice Cooper? O mesmo nome da banda de rock? - perguntou ironizando meu nome. Eu apenas revirei os olhos. Já estava acostuma com as piadinhas sem graça.
– É um enorme prazer em conhecê - la, senhorita Cooper. - disse Tony, levantando e beijando delicadamente minha mão direita. Tony Stark, esse nome...
– Espera... Você não é o ... - falei surpresa.
– Isso mesmo doçura. O Homem de Ferro! - disse todo pomposo. Clint assitia a tudo impaciente e um pouco irado, acho. Tony olhou para Clint, captando o estado de espírito do agente.
– O que foi Gavião Arqueiro, eu só estou puxando um papo com a moça. Não precisa ficar com ciúme. - falou provocando o Gavião... hã? Pelo o que eu sei, Gavião Arqueiro é um dos integrantes dos Vingadores. Olhei para Clint pasma, minha boca entre - aberta de surpresa. Alguns fleches de noticiários, passaram pela minha memória. O atentado a Nova Iorque ... fazia sentido.
– Então você é o Gavião Arqueiro? - perguntei a Clint, fitando - o nos olhos. Olhos azuis em olhos verdes. A essa hora Tony permanecia calado, apenas observando a cena.
– Sim, eu sou o Gavião Arqueiro. - respondeu Clint sustentando o meu olhar em uma intensidade impedosa. Sua voz saiu calma e extremamente exitante. Acho que até corei de leve.
– Nossa que casal mais lindo! - falou o homem de ferro, me dispertando do transe do olhar de Clint. Fiquei sem graça, e virei um tomate de tão vermelha.
– Para com isso Tony, está deixando a Alice sem graça. - era a primeira vez que o agente pronunciava meu nome. Mordi a língua pra não sorrir.
– Mas ela fica tão bonitinha vermelha. Ei boneca, você tem namorado? - perguntou Tony, por incrível que pareça, de um jeito sério. Olhei - o em um misto de perplexidade e constrangimento.
– Nossa!, como você é sutil senhor Stark. - respondi irônica.
– Apenas Tony, boneca. - Clint pareceu - me desconfortável. Ansioso com a resposta? Talvez.
– Não, eu não tenho um namorado, " apenas Tony". - falei e dei uma rápida olhada para Clint. Parecia satisfeito com a resposta.
– Podemos dar um jeito nisso, Alice. - Tony disse sedutoramente, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Fiquei paralisada e espantada.
– Já chega Tony! Tira a mão dela! - gritou Clint, fazendo o grupo de agentes presentes no recinto olhar em nossa direção. Me levantei depressa. Parecia que Clint iria pular em cima de Tony a qualquer momento.
– Por favor calma! Eu já vou embora. - disse nervosa, passando pela cadeira de Tony.
– Ahh mais tão cedo? - reclamou o moreno. Ele parecia alheio ao humor do agente Barton. Clint parecia mais controlado a essa altura.
– É - é - é. - gaguejei - Eu tenho que fazer alguma coisa... pra aquele lado. - falei apontando pra saída. - Até mais Tony. - despedi- me do homem de ferro. Olhei para a imensidão verde dos olhos de Clint. - A gente se esbarra por ai agente Barton. - disse lançando - lhe um pequeno sorriso. Virei - me e disparei pra saída. Fiquei repassando mentalmente tudo o que tinha acabado de acontecer. Clint era o Gavião Arqueiro, combinava com ele. Sorri ao pensar nisso. Ele me intimidava, com seu jeito quieto e taciturno, mas também atraía - me mais ainda. Estava voltando pro meu quarto, quando encontrei Daniel no corredor. Dirigi - lhe um sorriso.
– Oi Daniel! - cumprimentei - o. Daniel era um cara muito bonito. O tipo de qualquer mulher, alto, forte, olhos azuis, cabelo macio... um gato.
– Ei, oi lily! - Sim, em menos de um dia de convivência a figura já havia me colocado um apelido. Não reclamei por que achei bem fofo.
– Quer comer alguma coisa? Estou indo a cantina. - ofereceu - se, mostrando seus dentes brancos.
– Acabei de voltar de lá. - falei, dando de ombros. - Acho que vou descansar um pouco. O dia amanhã vai ser ... intenso. - respondi tentando achar uma palavra adequada.
– Tudo bem, te vejo por aí. - falou me dando uma piscadela ao passar.
Caminhei devagar até meu quarto. Destranquei minha porta e fechei - a por dentro. Atirei - me na cama, e fiquei olhando a foto que tinha ganho de minha mãe, em cima do criado mudo.
– Sinto a falta de vocês... - confessei olhando os rostos de minha irmã e mãe. Me levantei melancolicamente, e tomei um belo banho colocando uma camisola do Bob Esponja. Estava cansada, acordará cedo, então decidi dormir mesmo sendo dia ainda. Mas ao invés de mergulhar na inconciência como de costume, mergulhei em uma imensidão verde.

Continua...