Amy estava indecisa, não sabia qual vestido escolher: o rosa ou o branco. O vestido seria usado na festa que sua avó Grace estava organizando. Ela estava um pouco feliz pois, teria a maior parte de sua grande família reunida na mansão em Boston. Um dia daria para fingir que sua grande família era unida e que se preocupava com o bem estar uns dos outros. Pelo menos Grace sabia que o que viesse de Amy e Dan seria sincero. De Fiske também. E quem sabe talvez de Beatrice.

Após vinte minutos, Amy escolheu o vestido branco.

— Até que enfim, Amy! — disse o irmão, Dan. — Já estava dormindo.

Amy riu diante do tédio de seu irmão. Ela era indecisa as vezes, mas nada demais. Afinal, ela o fizera esperar somente quarenta e cinco minutos para escolher e comprar o vestido.

— Você diz isso porque os homens não tem tanta opção de roupa quanto as mulheres.

— Tá que seja. Vamos embora logo.

— Cade a tia Beatrice?

— Ela disse que ia ao banheiro. Olha ela la.

Tia Beatrice se juntou a eles, e apos uma rápida conversa sobre o vestido, eles foram embora para casa. Grace daria uma festa dali ha uma semana. Haveria tantos convidados que só de pensar, Amy já ficava com dor de barriga. Ela nunca ficava a vontade com tanta gente. Ao contrario de Dan, ela era bem reservada. Para esquecer um pouco da festa, Amy foi fazer algo que ela amava: ler. Pegou o livro Após a Tempestade e embarcou na leitura.

Algum tempo depois, Amy sentiu o estomago roncar. Já estava na hora do jantar. O cheiro da sopa de frango invadia todo o andar de cima da casa.

— Já ia te chamar para jantar. — disse a tia Beatrice. — A Grace está lá em cima descansando. Terá um longo dia amanhã.

A sopa estava tão boa, ou talvez porque Amy estava com tanta fome, que ela a devorou rapidamente. Após repetir o prato, Amy foi se aprontar para dormir. Eram por volta das oito horas da noite, mas ela estava exausta, e adormeceu rápido. Esperava que os dias seguintes fossem tão bons para ela quanto seriam para Grace.

* * *

Dan acordou na manhã da festa animado. Foi tomar café da manhã e se deparou com Grace tomando chá na cozinha.

— Bom dia Grace!

— Bom dia Dan. — Grace abraçou o neto. — É melhor tomar café logo. Vamos ter um dia cheio hoje. Seus primos Holt devem chegar a qualquer momento. Eles se ofereceram para ajudar a decorar o salão de festas.

Dan assentiu. Ele não entendia o porquê de Grace dar aquela festa, e convidar seus primos distantes. Eles não se davam bem. Só estão atrás do seu dinheiro. Dan pensou. Os Holt eram de dar medo. Seus corpos grandalhões malhados faziam qualquer um tremer. As gêmeas tinham sua idade mas eram muito maiores e mais fortes que ele. Elas o pegavam no colo como se ele tivesse três anos. O irmão delas, Hamilton, até que era um cara legal, mas dava medo tanto quanto seu pai. Grace interrompeu seus pensamentos.

— Quero que você trate os Holt muito bem. Sei que a Madison e a Reagan o irritam mas não ligue pra elas. Aliás, quero que você trate todos os seus primos bem, entendido?

Dan assentiu. Nada de brincadeiras, nada de suco com sal ou aranha de plástico. Dan ouviu burburinhos de vozes vindos da sala de estar.

— Os Kabra chegaram. — disse Amy.

— Você quis dizer os Cobra. — Dan respondeu ironicamente. Natalie e Ian entraram na cozinha.

— Oi Natalie. Oi Ian. — Os irmãos falaram ao mesmo tempo.

— Oi primos. — disse Natalie com um sorriso simpático. — Dan eu tenho uma coisa pra te mostrar la fora. O helicóptero de controle remoto mais legal que você já viu. Eles saíram juntos para o jardim.

— Ei Amy também tenho um presente pra você. — Ian entregou uma caixa embrulhada num papel rosa. — Tenho certeza que você vai gostar. Você tem lido ultimamente?

Os Kabra presenteando alguém? Aquilo era muito estranho. — Estou lendo Após a Tempestade da Karen White. Você já leu?

— Nunca ouvi falar. Eu tenho vida social Amy.

Ela sentiu suas bochechas corarem. Por um minuto ela esquecera como seu primo era insuportável. Sua beleza e inteligência pareciam as únicas coisas de bom nele.

— Obrigada Ian.

— Agora com licença, eu tenho que tratar de uns assuntos.

Amy entrou no seu quarto e se jogou na sua cama. O que será que Ian deu para ela? Talvez seja uma armadilha. Amy pensou. Talvez tenha um bicho nojento. Ela desembrulhou a caixa e quando abriu havia um livro. Ian lhe dera um livro de presente.

Era um exemplar de A Revolução dos Bichos - George Orwel. Estava na sua lista de próximas leituras. Junto havia um bilhete.

"Já li e sei que você vai gostar, que nem eu. Beijo do seu primo querido." Ian

"Primo Querido"? Parecia piada. Se fosse escolher um "primo querido", Ian não chegaria nem perto do primeiro colocado. Aliás, ela achava que ninguém estaria qualificado ao posto. Ela não sabia qual era dos Kabra, com seus presentes e sorrisos simpáticos, mas não ia cair nessa. Eles eram perigosos e traiçoeiros. Como uma cobra.