Jogo de sedução escrita por Karollin


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

♥ Oi, oi gente! Escrevi essa fic com todo meu amor e carinho, espero que gostem!

♥ Evitarei os clichês.

♥ Boa leitura!



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O jogo da sedução é uma aposta de risco, ganha quem aposta o seu corpo e perde quem aposta seu coração.

A música estava alta e o lugar quase totalmente escuro.

Desire era a boate masculina mais famosa de New York. Ocupando metade de um quarteirão, ela oferecia bebidas e pratos exóticos, diversão gratuita – já que eram os frequentadores que optavam por colocar notas em nossas peças de roupa – e por isso estava sempre cheia com pessoas das mais variadas idades. Entretanto, como toda casa de shows noturna, ninguém com menos de vinte e um anos podia entrar.

Os lasers luminosos e multicoloridos moviam-se aleatoriamente pelo palco. Para muitos, quem trabalhava nesse local eram somente prostitutas, o que não era verdade. A grande maioria das mulheres que trabalhavam aqui não ia para a cama com os clientes, só uma pequena minoria que escolhia ganhar um dinheiro extra e levava os homens para os quartos localizados na parte de trás do local. Eu fazia parte do grupo das que nem em um milhão de anos aceitaria um dinheiro vindo daquela forma. Sou somente uma dançarina cuja função é entreter o público masculino, nada mais.

Meu sapato possuía no mínimo quinze centímetros e o salto era bastante fino. Para as iniciantes no ramo era quase impossível ficar dançando com aquele calçado durante seus turnos, mas para mim que já estava aqui há quase dois anos, era fácil. Com o tempo nos acostumamos. Meu short jeans quase não podia ser chamado assim, já que mais parecia uma calcinha com bolsos, e eu estava com várias notas na cintura. Tampando meus seios de tamanho médio, havia um top estilo biquíni de cor branca, que, na luz ultravioleta, parecia ficar neon, valorizando e realçando meu busto.

Os homens, que ficavam praticamente babando em cima de mim, garantiam o pagamento da minha faculdade de arquitetura sem nem tomar consciência disso. Vim de uma família bem pobre que só teve dinheiro para pagar baratas aulas de dança, mesmo meu pai achando que isso não me daria um bom futuro. À medida que fui crescendo, comecei a trabalhar em vários lugares diferentes, mas quando passei na City University of New York (CUNY) no curso que eu queria, os salários daqueles empregos não foram suficientes para pagar a mensalidade. Então, juntei o útil ao agradável ao escolher ser dançarina naquela boate masculina.

As pessoas do sexo masculino sempre perdem a razão diante de uma mulher bonita e graças a isso eu conseguia muitas gorjetas generosas, fazendo com que eu fosse capaz de pagar a faculdade e ainda sobrava dinheiro. Meu olhar se fixou em um jovem de não mais que vinte dois anos, de cabelo castanho escuro e possuidor de penetrantes e cristalinos olhos azuis. Seus músculos bem definidos estavam evidentes graças à blusa preta um pouco apertada que ele usava. Ele bebia seu terceiro ou quarto copo de whisky sempre olhando diretamente para mim. Quase todas as noites ele estava ali observando-me. Logan Howell era seu nome. Ele estuda na mesma faculdade que eu, porém fazia curso de direito e, desde o dia que eu o vi no refeitório, havia sentido uma grande atração por ele – como praticamente todas as mulheres de dentro e fora da CUNY. Ele fazia jus à fama dos populares, a cada semana havia uma garota diferente em sua cama. Com minha aparência normal ele nunca olharia para mim, mas ali, naquela boate comigo em cima do palco, eu já não era eu mesma e me sentia confiante ao conseguir estar sob seu olhar durante praticamente toda a madrugada.

Eu rebolava ao som da música – S&M da Rihanna – e arrancava bastantes assobios e elogios do público masculino, gerando mais notas em minha cintura. O suor escorria por meu corpo e minha cabeça começava a coçar graças à peruca longa e vermelha que estava usando. Se alguém da faculdade me visse assim estaria perdida! De manhã eu era completamente dedicada aos estudos, nem mesmo me arrumava para ir às aulas, mas à noite eu me libertava das correntes e podia transmitir tudo o que eu sentia por meio da dança, sem medo de que me julgassem. Afinal, eu já era taxada de prostituta só por estar ali, então não estava receosa de me comportar de um modo ousado.

– Lira! – chamou-me Lauren quando a música acabou.

Lira era meu nome falso. Todas as mulheres que trabalhavam aqui nunca usavam os verdadeiros nomes, já que graças à nossa sociedade machista e preconceituosa éramos vistas somente como prostitutas. Peguei o dinheiro que havia caído no chão, olhando para o relógio satisfeita. 3 horas da madrugada. Meu turno havia acabado. Desci do palco e fui para o camarim.

– Ei Lauren, já está na sua hora, não é? Acho que nesta noite irei ganhar! – brinquei mostrando a ela meu pequeno bolo de notas.

– Nem morta! Desta vez eu ganharei, é melhor você não ter esvaziado as carteiras daqueles desesperados, se não amanhã eu me apresentarei primeiro! Não quero nem saber se você tem aula às oito da manhã, não vou perder duas vezes consecutivas. – exclamou fingindo estar zangada.

Lauren era uma mulata alta de vinte e cinco anos que possuía cabelo negro e encaracolado. Suas coxas grossas estavam quase totalmente expostas graças à minissaia – bem mini mesmo! – e seus seios grandes quase saltavam para fora do top. Nos pés usava um salto brilhante que a tornava ainda mais alta. Seus olhos eram de um estanho verde esmeralda, que juntamente com a pesada maquiagem, deixava sua expressão misteriosa e provocativa.

– Seja uma boa perdedora! – retruquei fazendo-nos rir.

Há pouco menos de um mês, nós duas começamos a apostar quem ganhava mais gorjetas na noite. Além de minha substituta de turno, aquela mulher era minha amiga.

– Saia logo daqui, pirralha! Você tem aula amanhã cedo. – brigou de brincadeira como se fosse minha mãe.

– Ei! Eu já tenho vinte anos, sua velha rabugenta! – retruquei entrando no camarim caindo na risada.

A sala era pequena e bem iluminada, havia várias mulheres conversando, retocando a maquiagem e trocando de roupa. Na parede lateral esquerda tinha vestiários e na direita, vários espelhos grandes e cadeiras. Entrei em uma cabine disponível e vesti minhas roupas normais – calça jeans, uma regata vermelha e sapatilhas pretas. Despedi-me de minhas colegas e saí da boate pelas portas do fundo grata pelo ar ameno da madrugada. Peguei um táxi e fui em direção ao dormitório da faculdade. No início, o diretor sempre me chamava em sua sala por minhas chegadas tardias, mas após explicar a ele minha situação, ele compreendeu e já não reclamava mais. Durante um ano inteiro eu havia conseguido manter meu segredo, só meu melhor amigo Bryan sabia dele.

Paguei o motorista e caminhei rapidamente pelo campus. Entrei em meu quarto – 401 – e joguei minha bolsa de qualquer jeito em cima da mesinha que ficava ao lado de minha cama. O quarto era pequeno, mas muito confortável. Havia uma pilha de livros e projetos arquitetônicos em um canto, um guarda-roupa com algumas gavetas trancadas à chave – que era onde eu guardava minhas roupas para à noite -, um banheiro, uma cama de solteiro desarrumada, uma televisão e vários puffs. Nas paredes cor de creme eu havia pendurado vários quadros com fotografias e de bandas, para dar um toque pessoal ao lugar.

Retirei a peruca ruiva, deixando meu cabelo longo, liso e repicado cair em minhas costas. Por causa do calor e do suor, ele estava amassado e sem brilho. Limpei a pesada maquiagem de meu rosto deixando meus olhos castanhos claros em menos evidência. De tanto esfregar, havia ficado com a pele um pouco avermelhada, já que eu possuía tonalidade clara. Estava tão cansada que tive que escolher entre tomar banho e arrastar minha carcaça semiadormecida até minha cama. Os travesseiros e as cobertas clamavam por minha companhia, então a segunda opção ganhou com uma vantagem assombrosa. Peguei o pijama mais confortável em meu guarda roupa – uma caça de ursinhos e uma blusa grande – e joguei-me em minha cama completamente exausta.

~ ♥ ~

– Você tem cinco minutos para levantar, caso contrário tomará banho na cama mesmo! – exclamou uma voz conhecida.

Abri os olhos deparando-me com Bryan encostado em minha porta. Seu cabelo castanho estava despenteado, seus olhos negros fitavam-me com extremo divertimento e em seus lábios havia um sorriso sacana. Naquela manhã ele estava vestido com uma camisa polo azul clara que delineava seus músculos, uma calça jeans escura e tênis. Seu dom de escolher roupas era invejável, não é a toa que cursava moda.

– Sério, Lola? Ursinhos? – perguntou rindo da minha calça de pijama.

– Vá à merda, Bryanna. – resmunguei irritada.

Meu humor definitivamente não estava em seus melhores dias. Minhas quatro horas de sono pareceram mais quatro minutos, então eu tinha uma boa desculpa para ficar irritada com tudo sem motivo. Eu não havia errado o nome do meu melhor amigo, até porque isso seria totalmente idiota. Bryan, aquele homem gostoso e totalmente irresistível, era gay. Confesso que quando ele me contou eu comecei a rir achando que era brincadeira, mas após vê-lo se agarrando em uma boate com um cara lindo de morrer eu acreditei. Juro que se minha vida amorosa não melhorar, eu vou para a Sérvia mudar meu sexo. Isso aí, vou virar homem com direito até a um pênis nos meio das pernas! Francamente, só eu que notei que quase todos os homens bonitos estão mudando de lado?

– Lola e seu bom humor matinal. Assim nunca irá encontrar um namorado decente. Até porque quem, em sã consciência, iria querer acordar ao lado de uma velha rabugenta e com essa droga de cabelo? – falou dramatizando.

– Por que sou sua amiga mesmo? – resmunguei lançando um olhar assassino em sua direção.

– Porque você me ama, baby. Agora vá já para o chuveiro antes que eu morra olhando para essa coisa que você chama de cabelo! – ordenou empurrando-me para o banheiro.

Ele não é um amor de pessoa? Sempre levantando nossa autoestima. Quem o vê de longe nem repara que ele é gay, já que ele só se comportava desse jeito comigo. Ele confiava em mim e sabia que eu não iria espalhar seu segredo para toda a universidade do mesmo jeito que ele não faria isso com o meu. Entrei no banheiro e olhei-me no espelho. Eu estava parecendo um zumbi fantasma, se é que isso existia.

– Não estou ouvindo a água cair! – exclamou do outro lado da porta.

– Só um minuto, mamãe. – ironizei abrindo o chuveiro.

A água quente caía em meus músculos cansados e os revigorava. Lavei meus cabelos demoradamente só para irritar Bryan e, depois de limpa e cheirosa, saí do banheiro. Eu estava só de toalha, mas ele já havia me visto assim tantas vezes que nem me importava mais. Além disso, não seria eu a reclamar caso ele quisesse virar heterossexual de uma hora para outra e me agarrar.

Peguei uma calça jeans e uma camiseta vermelha juntamente com uma calcinha e um sutiã e uma sapatilha preta. De acordo com o Bryan eu me vestia como uma freira virgem, mas eu nunca levava em consideração suas opiniões sobre o meu vestuário já que ele usava como base o argumento de ‘‘ você nasceu com essas curvas para usar roupas tão provocantes que nenhum aluno desta faculdade conseguirá manter os olhos longe de você por mais de um minuto. Quem sabe assim você arruma um namorado?’’

Empurrei-o para fora do meu quarto com dificuldade e troquei de roupa. Peguei meus materiais e dei uma ajeitada na minha cara de morta e no meu cabelo. Passei perfume, um brilho labial sabor menta nos lábios e rímel nos cílios. Agora sim eu não parecia um fantasma! Saí de meu quarto encontrando Bryan escorado na parede mexendo no celular e sorrindo bobamente para a tela. Como eu era baixa e meu amigo era praticamente um gigante, não consegui ver o que ele estava fazendo no aparelho. Então, fiz o que qualquer pessoa normal faria em uma situação como aquela: roubei o celular de sua mão e saí correndo daquele homem/prédio furioso. Antes que eu pudesse virar o corredor ele já tinha arrancado o objeto das minhas mãos e sorria vitorioso.

– Seu sem graça! – reclamei.

– Vamos comer logo antes que você chegue atrasada na aula da Witch bith. – falou divertido.

Which Bich era como chamávamos a professora de cálculo avançado, Whiney, e significava bruxa vadia, o que era até um eufemismo. O motivo que me levava a odiá-la com todas as forças era o fato de, ao fazer a chamada, ela me chamar de Dolores. Fala sério, todos os professores, alunos e até mesmo os caras da cantina me chamavam de Lola! Qual é o problema dela? Será que ela morreria de me chamasse de Lola? Como se isso não fosse ruim, quando ela chamava meu nome ninguém da sala sabia quem era.

Chegamos ao refeitório e o cheiro maravilhoso de bacon saudou-nos. Bacon no café da manhã, é por isso que eu amo os Estados Unidos! Peguei meu café da manhã nada saudável, mas, como sempre Bryan tinha que ser estraga prazeres. Ele tirou quase tudo gorduroso e calórico do meu prato substituindo-os por frutas. Ótimo! Além de precisar morrer de malhar na academia eu não poderia comer mais o que eu quisesse. Meu personal havia dito ao meu amigo para ficar de olho na minha alimentação, porque estava com medo que eu engordasse, mesmo eu achando quase impossível já que meu metabolismo era rápido.

Sentamos em uma mesa desocupada. Observei tudo a nossa volta e percebi que, como sempre, nada havia mudado. O grupo dos populares estava todo reunido em uma mesa na nossa diagonal, o grupo dos nerds estava isolado no fundo e o grupo dos drogados estava perto de uma das janelas com cigarros suspeitos nos dedos. Quem não tinha grupo sentava-se em qualquer lugar e vivia sem dar atenção àquela divisão ridícula típica de escolas.

Logan, como sempre, estava maravilhoso. Seu cabelo castanho estava um pouco molhado e secava de modo rebelde, deixando-o ainda mais sexy. A camiseta preta juntamente com a blusa xadrez vermelha que ele usava por cima dela realçava seus olhos azuis. O jeans escuro e o tênis deixava-o ainda mais irresistível. Notei uma mulher entrando no refeitório e sentando-se em cima do colo dele com um sorriso satisfeito.

– Uau. Parece que a garota da vez é a Suzanny, você me deve dez pratas! – exclamou Bryan satisfeito.

– Que droga! Ele estava jogando charme para a Thamires, tinha que ter ficado com ela primeiro. – resmunguei nervosa entregando o dinheiro para o moreno.

Nós dois apostávamos quem seria a próxima ‘‘vítima’’ do Logan. Eu havia apostado na Thamires, uma mulher morena de olho verde e um corpo muito bonito, mas parece que a sorte não estava a meu favor. O loiro havia ficado com Suzanny, uma amiga da minha escolhida. Ela era morena com lindas mechas loiras californianas e sua pele era tão bronzeada que seus olhos azuis escuro ficavam estranhos. Seus peitos eram de silicone, não que eu já tenha visto, mas eu me lembro bem dela chegando com um pedaço de faixa aparecendo na gola da camisa.

– Você ainda vai apostar na Thamires? – questionou Bryan me cutucando.

– Não, a melhor amiga dela acabou de ficar com ele, ela não será a próxima, não quero perder mais dez pratas. – afirmei – Com quantas ele ainda não ficou?

– Que estão nesse refeitório? – perguntou e quando eu assenti, ele ficou contando as mulheres – Vinte, contando com as nerds e com você.

– Por que não é mais fácil ele ficar com uma só por pelo menos um mês? – resmunguei.

Ao ver os olhos de meu amigo brilhando percebi que havia desencadeado seu lado feito para apostas. Três, dois, um e...

– Aposto cem pratas que ele não consegue ficar só uma mulher por um mês! – exclamou animado.

– Cem dólares? Você está falando sério? – perguntei abismada.

– É claro que sim! Logan nunca ficaria com uma mulher só durante um mês inteiro, olho só para as mulheres daqui. A maioria já deu o que ele queria e grande parte das que não o pegaram estão só esperando ele chama-las. – explicou convencido.

Um sorriso se abriu em meus lábios. Elas poderiam ficar na palma da mão dele, mas eu sabia de uma que não cederia. Restava somente saber se ela seria capaz de inverter o jogo. Mas é como dizem: quem arrisca não petisca, não é?

– Ah não! Eu conheço esse seu sorriso. O que está planejando? – questionou animado.

– Eu aceito a aposta. E já até sei quem irá me fazer ganhá-la. – afirmei triunfante.

– Você? Olha você é gostosa e tudo o mais, mas não consigo imaginá-la dando o braço a torcer e ficar com o Logan. – respondeu confuso.

– Eu não irei ficar com ele. A Lira é que vai. – respondi.

Notei o olhar dele passar de confusão para empolgação a medida que ele processava o que eu havia dito. Eu já havia contado para ele que o Logan ia quase todos os dias na boate masculina em que eu trabalhava durante meu turno. Seria fácil deixa-lo na palma da minha mão, quer dizer, na mão de Lira.

Dei um sorriso de canto já pensando em que eu usaria meus futuros cem dólares.


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Notas finais do capítulo

♥ Gostaram? Odiaram?

♥ Comentem, por favor! Isso faz com que o próximo saia mais rápido ;3