Lembranças escrita por Natalia Beckett


Capítulo 75
The past


Notas iniciais do capítulo

Florzinhas e cravinhos! Tudo bem?
Eu tive um atraso de três dias para postar (já que costumo postar nos finais de semana) porque eu estou meio louca nessa semana de prova, mas enfim... Espero que não tenham ficado muito chateados. Aqui está o capítulo que trás as respostas que tanto ficaram pendentes no capítulo anterior.

ADVERTÊNCIAS

Sofrência em mode on!
Tem música no meio do capítulo.
E boa leitura lindinhas e lindinhos! ;)



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07h05min

– Alô? – Atendo em transe de sonolência.

– Garota! Eu não acredito nisso! Eu quero ouvir da sua boca e agora! Tá falando sério que você vai vir pra o 12° distrito?

– Lanie, são 7 horas da manhã de um sábado, Lanie!

– Garota me responde agora! Eu ainda estou telefonando, era para eu estar batendo na sua porta. Anda Kate!

– Vou! Vou sim. – Digo desanimada.

– E você diz com essa animação toda? – Ela pergunta debochada. – Você vai vir pro mesmo distrito que eu trabalho e você me vem com esse tom de voz?

– Lanie, você me acordou sabia? Eu ia te contar hoje quando acordasse. E como você ficou sabendo disso? Que eu saiba isso é informação pra peixe grande.

– Tá me chamando de sardinha? Kate! Eu tenho meus conhecimentos...

– Você? Você tem é um milhão de namorados.

– E você faz muito mal em vestir a carapuça de encalhada.

– Agora que você já sabe, posso ao menos tentar voltar a dormir? Algo que acho pouco provável, mas você poderia me deixar tomar banho e tomar um café.

– Café? De jeito nenhum! Só banho. Agora anda! Fica logo pronta que eu passo ai em 15 minutos. Eu levo os brioches. Faz o café!

– Lanie!

– A gente nunca mais conversou e nem conheço seu apartamento arrumado. Só o vi vazio. Então sem chororô. Beijo amiga. Chego já.

Arrumado? Ela não viu é nada... Droga, eu não consigo voltar a dormir mesmo... Em menos de 10 minutos estou tomada banho e esperando a Lanie com o café saindo da cafeteira. A campainha toca e eu não preciso adivinhar, pelo barulho das sacolas.

– Oi Lanie!

– Ah! Essa carinha está me informando que tem novidades! – Ela diz me abraçando.

– Carinha de quê?

– De ressaca... Onde você foi ontem amiga? – Reviro os olhos. – Nem vem tentar enganar.

– O Royce fez uma despedida no bar que o pessoal da Academia costuma frequentar.

– Uh! Jura?!

– Sim.

– Amiga! E aí? Rolou alguma coisa?

– Como assim? – Digo tentando não ficar vermelha e entregar o jogo.

– Como assim o quê? Garota, eu não nasci ontem, nem você. Você tem uma quedinha por ele sim! E aí? – Ela ainda parece uma criança.

– Elemebeijouaquinaporta. – Digo rápido como quem quer se livrar de um problema o mais rápido possível.

– ELE O QUÊ?! ELE TE BEIJOU AQUI NA PORTA?

– É. – Digo baixando a cabeça e enchendo a caneca com café.

– Ah! Eu sabia que isso uma hora ia acontecer! Alguém ouviu minhas preces!

– Lanie!

– Estou pressentindo que você vai desencalhar.

– Lanie, não!

– Amiga, ele também é da polícia. É perfeito!

– Não!

– Kate?

– Não! Não é não!

– Qual foi?

– Eu não consigo Lanie. Não dá. Tudo bem, eu tenho uma paixonite pelo Royce, mas eu não quero isso pra mim agora. Eu não consigo.

– Me diga que é por motivo principal do caso da sua mãe...

– Também... – Digo oscilando.

– Ah, não! Kate! Amiga, esquece ele.

– Eu não consigo Lanie.

– Eu já te arrumei tantos encontros. Não é possível que você vá viver nesse fantasma para sempre. Segue sua vida garota. Esquece o passado. Passado ficou para trás.

– Parece tão fácil fazer isso quando você diz.

– Deveria ser.

– Queria ter o poder de desprendimento que você tem.

– E eu queria me apegar a alguém como você se apega. Põe café pra mim. – Encho outra caneca com café para Lanie, a gente bebe e come os brioches e croissants trazidos pela minha amiga.

– Sabe, ele é um cara legal e tal. Eu sei disso, mas tem algo em mim que não me desarma totalmente. Eu não entendo. Parece um carma.

– Presta atenção... Você que está se pondo nesse carma.

– Lanie... Sabe? No fundo eu queria nunca me lembrar dele. Nunca! Porém tem coisas que sempre me fazem lembrar. Lembrar como tudo começou... De tudo que a gente viveu e de como isso terminou de maneira tão brutal.

– Vocês juntos levaram tudo muito a ferro e fogo. Não tinha como resolver aquela situação com tanta raiva como a que vocês sentiram diante daquilo.

– Pode ser... Mas eu não quero ficar falando desse passado com o Richard Castle, o escritor best-seller... – Falei em deboche.

– Nem pode falar muito. Você lê todos os livros dele.

– Tá Lanie! Ele realmente sabe escrever.

– Então pra quê esse tom de deboche?

– Ai Lanie. Esquece ok? Muda de assunto...

– Você lá no 12° vai ser esse croissant de maçã todo dia!

– Eu vou ser detetive Lanie! Não miss plus size.

– Ha ha ha! Muito engraçada você. Você é magra de ruim. Já cansei de dizer isso.

– Você pelo visto não sabe nem um pouquinho do meu dia a dia né?

– Só sei que ser policial e usar das grosserias que aqueles idiotas usam comigo para conseguir informações mais rapidamente sobre a autopsia é o que eles fazem de melhor.

– Tá me chamando de grossa também?

– Assim... Grossa, grossa... Não. Mas às vezes você pisa na bola com a sua amiga né?

– Mas você gosta de um drama.

– Eu gosto mesmo é de croissant de maçã. – Juntas caímos na gargalhada. Ainda passamos um tempo conversando, mas logo Lanie partiu para o plantão dela.

Lanie realmente está certa sobre a arrumação. Já faz duas semanas e ainda não terminei de tirar tudo das caixas. Acho que vou aproveitar meu dia de folga hoje para arrumar isso aqui. Lanie disse que não há nada que uma arrumação não dê jeito no espaço desse apartamento.

Na pausa para almoço, decido pedir uma entrega de comida chinesa. Ligo para papai nesse intervalo. Ele me deseja boa sorte na nova jornada e que eu aguarde a visita dele no final do mês. Sabe, foi uma luta muito grande. Foram quase 2 anos para que meu pai definitivamente se reerguesse e largasse para sempre a bebida. Hoje ele está de férias Foram tempos muito difíceis em que as memórias ainda me doem. Traumas que não irei esquecer, mas que hoje me fazem carregar esse relógio no pulso como orgulho por tudo que eu consegui realizar com a vida do meu pai. Ele foi a vida que pude salvar. A primeira vida que salvei depois da mais importante que me escapou. Sei que eu era apenas uma menina de 19 anos e jamais poderia salvar a minha mãe do que aconteceu, mas hoje posso sonhar em levar a justiça para as famílias que passam pelo que a minha passa. Resolver os assassinatos e dar a família das vítimas o sentimento de justiça ao capturar o verdadeiro culpado por ceifar a vida de alguém. Queria ter a capacidade de evitar que o crime acontecesse, mas premeditar isso é impossível, portanto optei a escolha de duas coisas que me favorecem; levar a justiça e estar no mesmo distrito responsável pelo caso da minha mãe. Essas duas vertentes me ajudarão a encontrar a paz interior. Sei que não é a profissão mais fácil de escolher, mas depois do meu estágio de 6 meses em Kiev na Ucrânia, percebi que o direito não iria, nem na melhor das hipóteses, trazer para mim ou para a sociedade as respostas que eu necessitava.

Mais tempos difíceis vieram, se tornar uma oficial não foi nem de perto algo fácil. Papai ficou por muitas vezes preocupado e demonstrando comportamento agressivo enquanto eu o deixava nem sempre em situações boas para ir ao treinamento. Problemas que tomavam minha mente me deixavam fora do rumo e nesse momento o Royce foi o amigo que mais eu necessitava para me manter no eixo. Mergulhei no caso da minha mãe de uma forma inimaginável. Cheguei a passar três noites sem dormir. Mesmo tendo acesso a boa parte do inquérito policial, há peças essenciais desse quebra-cabeça faltando. Algumas informações que seriam cruciais para que eu chegasse mais perto do culpado. Já analisei todos os documentos deixados pela mamãe antes da morte. Absolutamente todos os documentos. Inclusive já recorri a todos de plena confiança para tentar decifrar o código que ela criou para escrever em sua agenda. É impossível saber o que realmente ela foi fazer naquele beco, como ela foi parar lá. Logo de cara, nesse princípio, as informações faltam. O ciclo não se fecha.

Mas eu necessito mudar de assunto, preciso focar na arrumação do apartamento hoje. Tudo já está praticamente no lugar, falta apenas arrumar a prateleira de livros. Acho que nem vai dar todos lá, mas tenho que tentar. Espreguiço o corpo no sofá, respiro fundo, ganho forças e levanto rumo a última caixa. Aos poucos vou organizando um por um. Já perto de terminar encontro os livros do Castle. Desde o primeiro até o último lançado. Algo arrepia minha pele, quero acreditar que seja apenas a corrente de ar. Um por um, vou organizando os livros dele na prateleira, mas o arrepio bate mais uma vez e assim eu derrubo o terceiro livro que eu havia pegado do escritor. Na parte da dedicatória a inesquecível palavra que sempre nos interligava: “Always”.

– Não! Não, não e não! Eu não posso mais pensar nele, não posso mais viver nisso. O livro que caiu está aberto no chão. De dentro sai uma folha meio amarelada, os traços da letra que está escrita na folha são conhecidos. Rick.

Flashback on

5 anos atrás...

– Bom dia amor. – Aquele suave e conhecido bom dia. O roçar suave da barba por fazer do Rick passando no meu rosto. Parte da luz do dia a se esforçar por passar entre as cortinas da janela. E o velho e conhecido cheiro de café. Eu sorri.

– Uhn... Bom dia meu amor. – Trocamos um selinho matinal e ele me sorrir.

– Trouxe seu café. – Ele diz sentando-se ao meu lado e pegando a caneca que estava apoiada no criado mudo.

– Eu fico mal acostumada desse jeito. Café na cama todo dia? – Perguntei sorridente.

– Você já provou não saber mexer na cafeteira daqui de casa. E aliás, ninguém faz um café...

–... Como o seu. Eu sei amor... E realmente não faz, nem mesmo eu. – Falei agarrando a caneca e sorvendo o liquido.

– Sabe que hoje nós teremos um dia diferente não é? – Ele pergunta enquanto me observa tomar o café preparado por ele.

– Diferente? – Digo pausando a atividade.

– Sim. Solstício de verão! – Ele diz animado. – Iremos dar uma bela volta pela cidade e iremos começar pelos lugares que íamos quando no tempo da escola, onde a gente tentava fugir do calor no final das aulas.

– Você quer ter um dia de lembranças? – Perguntei em tom de susto.

– Sim! Não achou legal? – Ele pergunta preocupado. Eu sorrio amplamente em sua direção.

– Claro que achei. Só não esperava isso de você hoje. – Descansei a caneca de café de volta no criado mudo e me aproximei do Rick. – Algo... Romântico para hoje...

– Mas hoje é um dia especial. – Ele diz como se fosse muito óbvio. Faço um cara de dúvida e arqueio a sobrancelha. – Você não sabe? Ok, eu vou deixar você adivinhar...

– Rick, você sabe que não gosto de tentar adivinhar seus planos. – Digo com um ar de sonolência e pego de volta a xícara de café.

– Ah, vamos lá! Só três tentativas... Eu te dou pistas... – Ele pede com olhos de cachorrinho pidão.

– Não tenho a opção de dizer não né? – Digo com o rosto por trás do café. Ele balança a cabeça negativamente me informando que minha única resposta é dizer sim ao jogo do adivinha. – Ok! – Digo e bebo o último gole de café. Ponho a xícara de maneira firme na mesinha e o encaro. – Pode começar com as dicas.

– Você sabe o que acontece no verão?

– Calor, banhos de piscinas, muitos drinks e eu de férias aqui em Nova York com você.

– Chegou perto... Você aqui na minha cama por 3 noites seguidas. Esse verão tá em recorde... Mas, eu ainda darei outra dica. Há quantos verões essa cena de você aqui de manhã na minha cama tem se repetido?

– Rick! Também não precisa desse drama. Só não fico mais por aqui porque meu pai não gosta da ideia. Eu venho pra cá quando ele vai pra cabana. Não é minha culpa.

– Tudo bem, tudo bem, mas responda a pergunta... Você tá perto...

– Desde que a gente voltou, esse é o segundo verão.

– Exato. Bingo!

– Bingo?

– Kate, hoje eu quero comemorar com você, nesse inicio de verão, todos os dias que a gente tem passado juntos e felizes. E por todos os verões que ainda teremos, quero fazer de hoje um dia especial. – Meus olhos brilharam. Algo me diz que ele está armando algo bem superior a isso, mas prefiro tirar da minha mente qualquer tipo de expectativa que possa me causar frustações pra depois.

– Eu te amo, sabia? – Pendurei meu corpo sobre o dele me apoiando com os braços em seus ombros. O beijei delicadamente e ele apoiou meu corpo apertando minha cintura.

– Eu sabia... Sabia por que eu amo você também. – Ele sorri entre nossa troca de beijos doces que logo querem pegar o caminho para se tornarem desesperados.

– Uhn... – Digo me afastando do beijo. – Acho melhor eu ir pro banho...

– Uhn... – Ele ignora minha fala e me puxa mais uma vez pro seus braços.

– Rick...

– Oi...

– Me deixa ir tomar banho? – Digo com tom autoritariamente doce.

– Eu vou com você... – Ele diz beijando meu pescoço. Eu solto um suspiro.

– Ai não seria banho. – Ele aperta meu corpo contra o dele.

– Precisa tanto de banho assim? – Ele diz rindo e mordiscando meu queixo.

– Rick! – Digo me afastando. – Eu vou tomar banho e você trate de tomar também. – Levanto-me de impulso e corro ao banheiro. Fecho a porta e grito de lá. – Vai tomar banho agora ouviu?!

– Sim senhora fugitiva! – Ele responde em deboche.

Saio do banho e em pouco tempo me arrumo. Ouço barulho na cozinha e vou até lá. Encontro Rick arrumando a bagunça da janta de ontem.

– Você ainda não entrou no banho? Rick... – Digo indignada.

– Eu estava terminando aqui. Já terminei. – Ele gira guardando o último copo. – Vou pegar minha roupa e te encontro em breve. – Ele dá um selinho rápido e vai cuidar de se arrumar.

Decido matar o tempo na sala. Pego o livro recém-comprado e começo a concluir o segundo capítulo que Rick não me deixou terminar ontem. Mal me sento e alguém toca a campainha. Vou até a porta e avisto uma mulher de cabelos longos e ruivos. Ela está com uma bebê que parece ter por volta de 1 ano.

– Sim? Em que posso ajudar? – Pergunto sem entender. Penso que ela só pode ter batido na porta errada.

– Oi querida! Quem é você? – Ela parece ser bem invasiva e com toques de loucura. Ela está conseguindo me deixar irritada.

– Olha, foi você quem bateu na minha porta, portanto eu sou quem pergunto quem é você? Tem certeza que bateu na porta certa? – Pergunto tentando me livrar logo daquela mulher, mas ela simplesmente gargalha sobre o que disse. Eu a olho com um olhar de indagação.

– Querida, você... – Ela respira na tentativa de parar de rir e o bebê parece se incomodar com seu riso. –... Você? Você dona desse apartamento? Só numa outra encarnação...

– Como é que é? Olha aqui, em primeiro lugar eu não sou sua “querida” e em segundo lugar se veio bater nessa porta para ofender quem está dentro, é melhor ir jogar piada em outra vizinhança. – Ela definitivamente está me tirando do sério.

– Calma menina! Você não me disse seu nome, por isso querida. Mas tudo bem, vou começar me apresentando. Meu nome é Meredith e essa é minha princesinha Alexis. E pelo contrário do que está sugerindo eu não bati na porta errada, mas até que poderia pensar nessa hipótese por encontrar mais uma das garotas do Richard, mas com um ar muito mandão. Você me parece legal, é diferente das demais... – A bebê apenas observa o mundo ao redor com incríveis olhos azuis, o pequeno dedinho a ser sugado por sua boca. Algo nessa criança me assombra, mas a sua mãe me horripila.

– Espera, espera, espera... Você disse mais uma das garotas de quem?!

– Do Richard. Aliás, eu vim falar com ele... – Ela simplesmente me ignorou e saiu entrando pelo apartamento. – Cadê o gatinho? GATINHO!

– Olha aqui... É Meredith não é? – Pergunto arredia.

– Acertou! E você...?

– Meredith, o “Richard” tá ocupado agora, volta outra hora. Você quer deixar algum recado? Qualquer coisa eu falo pra ele. – “Se não pode com o inimigo, junte-se a ele”.

– Ah querida... – Faço cara de completa falsidade. – Agradeço sua gentileza, mas é um assunto particular e intrasferível. Ele tá ocupado exatamente com o quê?

– Olha só...

– Meredith?! – Antes que eu arrume alguma desculpa Rick aparece adentrando na sala.

– Gatinho! Trouxe uma novidade pra você... – Ela avança em direção ao Rick como se o já conhecesse há anos. Vejo o olhar de Rick viajar rapidamente em minha direção. Observo o recente pânico e confusão a se formar em sua mente pela sua íris.

– Rick... – Eu sussurro.

– Espera... Meredith... Essa é minha namorada, Katherine. – Eu engulo seco. O ar pesado e amedrontado se instala no ambiente.

– A gente acabou de se conhecer. – A ruiva explana. – Bem que a achei muito dona de si para ser apenas um passatempo seu. Então ela é a famosa Kate Beckett?

– Famosa? – Digo sem pensar.

– Sim, claro! Foram muitas tentativas pra te esquecer... E várias vezes sendo chamada pelo seu nome enquanto eu e Richard...

–OK!!! – Rick interfere e eu queria com toda minha força que essa mulher desaparecesse imediatamente.

– Bom, mas vim até aqui tratar de um assunto mais sério. E já que a Katherine está presente, é até bom ela saber do que se trata. – Meredith fala sorridente.

– Primeiro você vai me dizer o que você tá fazendo aqui Meredith. E em segundo, o que esse bebê faz com você? – Rick fala autoritário. Eu nunca o vi assim.

– Pra quê a pressa gatinho? Todos os assuntos estão em conjunto.

– Meredith, dá pra parar de me chama de gatinho? – Rick fala irritado. Eu estou à beira de um infarto de tanta angustia. – E fale logo o que é que você veio fazer aqui então.

– Ok, vamos lá. Richard, Alexis, sua filha.

– MINHA O QUÊ?!

– Sua filha! Ou melhor, nossa filha. Ela não é linda? Tem seus olhos.

– Essa menina não pode ser minha! De jeito nenhum!

– Isso é brincadeira não é? – Eu falo alto sem intenção. Meu mundo está desabando bem aos meus pés.

– Gente, eu não estou entendo o motivo de tanto horror. Eu e Richard nos divertimos algumas vezes e em uma delas, essa belezura aconteceu. – A mulher demonstra inteira calma. Ela não se importa nem um pouco com o que está fazendo.

– Meredith, você só pode estar louca! Quantos anos tem esse bebê? – Rick está falando aos berros e eu já não sei mais onde estou com os pés.

– 1 ano e 3 meses. Pelos meus cálculos, foi na semana da nossa despedida. Antes de eu ir pra Los Angeles. – O silêncio dos adultos se faz por alguns segundos e de repente vejo um Rick atordoado segurar a cabeça enquanto procura um lugar pra sentar.

– Essa bebê...

– Richard, é só olhar pra carinha dela. E olha, eu estou com pouco tempo ok? Eu só vim aqui apresentar vocês dois e deixa-la. Estou voltando pra Los Angeles. Irei participar de uma gravação de um novo longa na Europa. Não sei quando volto, mas mando notícia. Eu não tenho onde deixar a Alexis e já que você é o pai dela... Oh... Segura. – Ela diz entregando o bebê à um Rick atônito e pálido. Ele pega a criança com em susto para que ela não caia. Eu estou em pânico e uma dor profunda começa a dilacerar minha alma.

– Eu não posso. – É tudo que Rick diz enquanto tem a bebê em seus braços.

– Richard, não é difícil. A bolsinha dela tem tudo que ela precisa. Pelo menos pra essa semana... Bem, foi um prazer te conhecer Katherine. Até a próxima quem sabe?

– Meredith! – Rick esbraveja e a bebê inicia uma sessão de choro.

– Meu voo vai partir dentro de 1 hora. Preciso correr gatinho. A gente se fala. Eu te ligo. – A louca mulher ruiva sai pela mesma porta que entrou a batendo. O barulho faz iniciar um silêncio estarrecedor entre eu e o Rick. A bebê chora sem parecer saber quando parar ou o que fazer. Paro por alguns instantes e como um choque, vou em direção ao quarto, pego minha bolsa e parte das minhas roupas que estavam no armário do Rick. Eu preparo minha mente para atravessar aquela sala e ir embora. Mas ao passar pela sala, um Rick em prantos chama meu nome. Meu olhar cheio de lágrimas encontra o dele.

– Kate... Não, não... Não vá embora. Por favor. Fica aqui comigo. Deixa-me tentar te explicar.

– Não tem o que explicar Rick, já deu pra entender perfeitamente. A resposta mais obvia está ai nos seus braços. – Eu vou virando as costas. Estou atormentada. Não consigo digerir o que está acontecendo.

– Foram só algumas vezes, a gente já falou sobre isso. Eu juro que eu não fiz nada sem pensar. Kate... Eu não sei como isso foi acontecer. Eu não sei se isso é verdade. Essa mulher é uma louca eu acho que esse bebê pode nem ser meu.

– A propósito, o nome da bebê é Alexis. E essa menina tem os seus olhos. – Digo ajustando a bolsa em meu ombro. – Adeus Rick.

– Kate, você não tá me ouvindo... Kate...

– Eu não quero ouvir você! NÃO QUERO! Olha pra você! Olha pra você, Rick! Você simplesmente destruiu tudo que eu via ou poderia ver em você. Você quebrou minha confiança em você e no que a gente acreditava para o futuro. – Eu começo a chorar forte. – Eu não vou ficar aqui assistindo suas burradas e me magoando por ser iludida.

– Kate... Eu te amo, Kate... Eu quero casar com você... Espera... Eu não estou te iludindo... – Ele vem atrás de mim com a menina nos braços que agora parece se calar como quem presta atenção em toda discussão.

– Você me ama Rick? Então me respeita, caramba! RESPEITA-ME SÓ UM POUCO! Você transou com outra pra me esquecer e a engravidou! Você engravidou aquela louca! E você simplesmente acha que tenho que ser cega a tudo isso? Que tenho que passar por cima dos seus erros porque você me ama?

– Kate...

– Acabou Rick. Acabou, tá me ouvindo? Dessa vez não vai ter volta.

– Kate, não é assim. Escuta o que tenho pra dizer. Se não quiser conversar agora, tudo bem, mas me escuta! POR FAVOR!

– NÃO TEM MAIS COMO! Eu estou cansada, Rick. Minha vida é uma eterna bagunça e movida a coisas terríveis que acontecem. Eu tinha certeza absoluta que você era a única parte da minha vida onde coisas terríveis não iriam acontecer e olha só você... OLHA PRA GENTE AGORA!

– Kate...

– Esquece... Me esquece...

– Kate, por favor...

– Adeus. – Eu bato a porta e vou embora. Em nenhum momento permito olhar pra trás. Meu mundo acaba de cair mais uma vez e eu não sei se esse vai ser um momento para se levantar mais uma vez ou apenas continuar no chão.

Flashback off

A lembrança me atormentava mesmo depois de tanto tempo. Pego a carta com as letras do Rick. As lembranças se moviam de forma ordenada, como se cada fato passasse por mim como uma linha do tempo. A nossa linha do tempo.

Minhas mãos estão trêmulas e decido sentar-me numa cadeira próxima para dar inicio a tentativa de leitura.

https://www.youtube.com/watch?v=GemKqzILV4w

“Era para ser nosso começo. O começo que sempre planejamos... Como sempre sonhamos e pensamos juntos. Talvez você nunca leia o que irei escrever ou talvez você nunca compreenda o motivo dessa carta. Mas essa era a única forma que eu tinha de explicar.

Você não me deixou argumentar, nem explicar como isso tudo ocorreu. Você novamente ignorou minhas ligações e cometeu o mesmo erro que fez antes de nos unir mais uma vez. Por que fez isso Kate? Por que ignorou a força que me une a você, o amor que não se destrói?

Eu busquei durante os meses que você me afastou de você, te esquecer. Eu tentei de tudo e por mais que pra você pareça inacreditável, a orgia foi minha última opção. Eu estava devastado e nunca fui capaz de contar como me senti enquanto você estava comigo de volta, como tudo aconteceu quando você estava longe.

A ruiva louca era uma moça que me conheceu ainda quando criança, uma vez nos bastidores das peças que mamãe fazia. Filhas de atores, ela resolveu seguir o mesmo caminho. Ao saber pela língua da dona Martha que eu estava solteiro e carente, a mesma não perdeu tempo e me perseguia como um animal. Cansei de procurar respostas de como ela entrava na minha casa sem eu saber. Hoje sei que o dedo da minha mãe estava metido nisso e hoje bem mais que eu ela se arrepende do que permitiu.

Kate, eu não sei se tudo que eu falo deveria ser dito, mas acho que agora não é o momento em que devo me preocupar sobre sua mágoa. Você já se fez compreender ao abandonar minha casa da maneira que abandonou no dia em que eu te pediria em casamento.

Eu tenho um bebê de quase dois anos bem em frente a mim. Eu não tenho a menor ideia do que fazer cada vez que ela chora e não é por fome. Sinto vontade de chorar junto a ela, de pedir socorro para qualquer pessoa mais capaz de criá-la do que eu. Mas ela não tem culpa Kate. Ela não tem a menor culpa pelos erros que nós adultos cometemos. Ela é linda e eu sei que ela gostaria de ver o pai feliz e de conhecer a única mulher que ele ama. De ter na vida dela a presença de uma mulher digna, forte e adorável.

Eu não tenho dimensão da dor que você sentiu ao ver a Alexis nos braços daquela ruiva inconsequente dizendo que veio entregar a filha ao pai dela. O Richard que estava no quarto ao lado, na suíte preparando uma banheira com sais e pétalas de rosa para ter a Kate em meus braços depois que voltássemos do passeio por mais infindáveis noites, mas eu ouvi uma porta se bater mais arredia. Ao chegar à sala vi que não havia nenhuma correspondência ou algo parecido e sim a Meredith com um bebê no colo e chocalhando a mão da menininha num “olá papai”.

Sinto como num filme de terror e bem longe do final. Não ouve tempo para discutir, nem tempo para explicar. Seu olhar me deixou claro que isso não teria volta ou tentativas de concerto. Com ou sem o resultado efetivo de DNA, com ou sem a explicação que aquela louca não tinha nada comigo, com ou sem oportunidades de dizer que era com você que eu iria me casar naquelas férias de verão e não havia mulher ou bebê que me impedisse se você tivesse me deixado.

Um ano se passou e não há como eu te encontrar. Encontrar-te pra dizer que a mãe da Alexis não se faz presente. Que estou com um bebê em minhas mãos e minha mãe em turnê e que eu não sinto a sua falta porque preciso de ajuda, eu sinto a sua falta pra me dizer que consigo e com seu olhar me fazer acreditar que sou capaz. Sinto sua falta em tudo na minha vida. Nunca eu irei conseguir ter na vida algo parecido com o que eu tinha ao seu lado. Nunca!

A mãe da bebê fugiu com um grupo de teatro. Disse que foi par a Califórnia e que não sabe se volta. Eu estou desamparado e foi nesse desespero e despreparo que escrevo essa carta em desabafo. Ela é apenas a 40ª tentativa e agora percebo que é inútil tentar escrever algo perfeito se você não estiver disposta a me perdoar. Não estranhe e nem culpe a Lanie por fazer isso por mim. Ela fez isso por nós. Essa carta está dentro do livro que escrevi e que você mais gostou, de acordo com a Lanie. Eu implorei isso a ela.

Saiba que meu número e meu endereço continuam o mesmo. Eu não me importo de esperar por você, mas, por favor, não me deixe esperar para sempre, isso dói muito. Kate, eu em nenhum momento voltarei atrás sobre meu amor por você. Always é para sempre always. Sei que tudo não pode mais ser exatamente do jeito que planejávamos, mas podemos fazer novos planos. Eu fui errado, a culpa foi minha, mas não foi minha intenção. Nunca seria.

Eu te amo. Ontem, hoje e sempre, eu te amo. Always.”.

A carta estava manchada de gotas de minhas lágrimas. Um filme inteiro passava em minha cabeça com toda nossa história. Meu eterno amor que a vida fez seu trabalho em nos separar.

Eu estava extremamente ferida e magoada. Assim que deixei o apartamento do Rick naquele dia, eu arrumei minhas coisas e voltei pra Stanford. Lá encontrei um projeto que eu havia me inscrito sem intenção de participar, mas vi nele a oportunidade perfeita para me afastar de tudo que havia acontecido comigo durante o verão. Passei um estágio na Ucrânia e foram os meses mais difíceis da minha vida.

Quando voltei a América, meu pai precisava de mim. Não havia mais tempo de pensar apenas na minha vida. Eu decidi tomar a decisão que me faz estar aqui hoje. Minha pequena família, meu pai, tudo que me restava, estava perdendo a vida. Por mais que eu em algumas noites tivesse a vontade incontrolável de pegar o telefone e ligar para o Rick, isso não era possível. Eu tinha uma nova vida agora, eu precisava dar para meu pai e para mim mesma o conforto que tanto nos faltava. Dar para o assassinato da minha mãe, culpados que paguem pelo que cometeram.

Eu não tenho mais como voltar atrás. Minha missão ainda não acabou, pelo contrário, está só começando. O Rick não fez, nem fará parte desse meu mundo arriscado. Estou sozinha nessa e preciso secar essas lágrimas e seguir em frente. O passado sempre irá correr atrás de mim, mas eu sempre vou buscar uma forma de não me deixar ser abatida por ele. Amanhã é um novo dia de uma nova etapa na minha vida.


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Notas finais do capítulo

Amores, esse capítulo irá despertar algumas iras, mas alguém no meio disso tudo vai compreender todo esse passar de anos. ;)
Estamos vendo uma Kate bem determinada, nada diferente do usual, mas uma Kate bem machucada pelo tempo. Rick agora já é um grande escritor de best-sellers. Vemos uma Kate caminhar para se tornar a grande detetive e atual capitã que vemos na série. Porém na fic temos um diferencial entre a série e aqui. Nesse universo alternativo, temos um caskett que se conhecem desde criança e que sempre foram apaixonados um pelo outro.
Estamos nas mãos do destino que atuará sobre os personagens centrais. O momento é de duvidas e anseios no coração de você leitor, mas eu espero que todos vcs acreditem no destino imposto por quem vos escreve.

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