Lembranças escrita por Natalia Beckett


Capítulo 71
Memories


Notas iniciais do capítulo

Florzinhas! Tudo bem?

Tem umas florzinhas lá no grupo do face que estão no limite do sofrimento e esse capítulo emergencial vai pra elas, ok? kkkkkkkkk

Bom, para salvar o coraçãozinho dessas florzinhas eu posto esse capítulo e não vai dar tempo de responder o comentário do capítulo anterior.
Fico devendo a resposta para as demais florzinhas nas respostas desse capítulo.
Porém fiquem tranquilas que eu li todas ok? E fiquei muito feliz em ler cada um dos comentários.

ATENÇÃO!
O CAPÍTULO DE HOJE ESTÁ EM "LINK" COM O PRIMEIRO. AS COISAS SÃO FEITAS PARA SE ENCAIXAR...

O capítulo hoje, por ser emergencial, tá curtinho, mas não menos interessante.
Portanto, boa leitura. ;)



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– Kate...

– Hum...

– A gente precisa levantar...

– Ainda tá cedo, Lanie...

– Kate, vai dar meio-dia...

– Hã?! – Digo sacudindo-me da cama. – Meio-dia?

– Quer café? – Lanie diz sentada ao colchão, com cabelos desalinhados e cara sonolenta.

– Espera... – Digo procurando meu celular... – Papai não me ligou. – Constato.

– Liga pra ele, ué! – Lanie diz dando de ombro. Eu penso por um instante...

– Melhor não. Se ele não me ligou deve ser por estar muito ocupado. Mesmo que seja por motivo de bebida...

– Ah girl, relaxa! Não deve ser por bebida... Hoje é segunda-feira, lembra?

– Ah! Verdade...

– Quer tomar banho antes do café?

– Não precisa, não quero incomodar.

– Ah! Para de ser palhaça! – Ela diz se levantando. – Vem! – Ela me carrega até a suíte.

– Lanie!

– Toalhas no móvel, no lado direito. Tem shampoo e sabonete ali dentro do box. Eu vou arrumar as coisas por aqui...

– Certo. – Digo entrando tímida no banheiro.

– Mas não demora nesse banho! – Ela ordena. Eu a olho com um olhar indagador. – Estou morta de fome e não vou tomar café sozinha! – Solto uma risada.

– Tudo bem. Saio em alguns minutos. – Respondo revirando os olhos.

Banho rápido e renovador. Eu estava precisando. Lanie entrou logo depois de mim e me deixou penteando o cabelo em seu quarto. Um filme de tudo que aconteceu ontem passava em minha cabeça. O Rick ainda me ama. Eu sinto um aperto em meu peito. Só de pensar nele perto de mim meu coração acelera. Eu sempre vou amar o Rick. Só de saber que ele ainda me ama e me espera... Céus! Eu não consigo conviver com isso! Não consigo conviver com a ideia de que, quem eu amo também me ama, e eu estou tentando mantê-lo longe de mim. Não posso mais fazer isso. Sinto uma vontade imensa de tentar. De ir atrás do Rick e deixar nossos corpos se encontrarem e não lutar mais contra... Mas eu não posso fazer isso... Ele... Ele... Oh, céus! Eu me lembro daqueles olhos, do toque de suas mãos em mim, dos seus lábios... Nosso amor. Isso não pode ser justo!

– Que olhar perdido dona Kate! – Lanie me aborda. Eu olho para ela. – Vamos lá?

– Vamos. – Digo me levantando após sorrir minimamente.

Na cozinha, enquanto eu mexo na máquina de café, Lanie assa torradas e ovos com bacon. Ajudo-a colocando pratos e canecas sobre o balcão da cozinha. Tomamos café tranquilamente e Lanie contava sobre os beijos maravilhosos que ela deu em carinhas ontem e que ela não pretende levar ninguém a sério no momento. Ela não quer se magoar de novo. Eu a compreendo.

Depois do café, convenci Lanie a me deixar lavar a louça e esse foi o momento exato do meu celular tocar. Lanie sorriu e disse que isso era um sinal de que eu não tinha que lavar a louça. O visor acusava o nome do meu pai.

– Oi pai.

– Oi querida. Tudo bem por aí?

– Sim. Ainda estou aqui na casa da Lanie... Você já saiu de casa?

– Já querida, estou no escritório. Você ainda está na casa da Lanie? Kate, não exagere. Está na hora de voltar para casa.

– Eu sei pai, estou indo daqui a pouco.

– Olhe lá! – Ele alerta.

– Pode deixar! – Eu confirmo.

– Certo, só liguei para saber como você está. Não quis ligar de manhã, antes de sair. Achei que você deveria estar dormindo e não queria te acordar.

– Estava sim pai. Obrigada por só ligar agora. – Eu sorri.

– Eu preciso ir. Qualquer coisa me ligue.

– Tudo bem.

– Não demore! Beijos.

– Ok! Beijos.

Desligo o telefone e me dirijo a Lanie que já terminava de lavar a louça.

– Lanie...

– Está vendo?! Já “quase” terminei! – Ela sorri.

– Lanie, eu preciso ir.

– Agora? – Ela me olha indignada.

– Sim.

– Foi seu pai, não foi? Poxa vida!

– Não. Não é isso. Ele apenas disse para que eu não demorasse, mas eu vou por minha causa. Preciso ficar sozinha, pensar sobre o que aconteceu ontem. – Lanie seca as mãos e vem em minha direção.

– Tudo bem, amiga. Se você precisa eu entendo. Só acho uma pena porque vou ter que assistir a temporada de Seinfeld sozinha.

– Seinfeld? – Pergunto rindo da situação.

– Ah, nem me olhe com essa cara! Você assiste Nebula-9!

– Tá bom... Tá legal... – Digo sorrindo e me dirijo ao quarto para pegar as minhas coisas.

– Kate... – Ela me segue até o quarto. – Rick quer seu telefone. Ele não vai parar de me procurar agora que sabe que você voltou e está em contato comigo.

– Lanie, eu preciso pensar. Não posso agir no impulso.

– E o que eu digo? Se ele me procurar, o que devo dizer?

– Diga que ele espere. Que eu já sei sobre o que aconteceu na boate e que preciso de um tempo. Deixe claro que o momento irá chegar, eu irei falar com ele, mas não posso determinar um momento exato. Ele precisa esperar. – Digo com certeza em meu tom de voz.

– Sabe que ele não vai desistir, não é?

– Sei. E por isso não estou dizendo não. Só estou dizendo que preciso de um tempo.

– Não demora. – Lanie avisa.

– Eu vou indo. – Corto o assunto. Caminho até a porta e olho para a Lanie que fica para trás. – Pode abrir a porta?

– Oh! Sim! – Ela se levanta de supetão como quem ficou por alguns segundos imersos em pensamentos.

Sai da Lanie em direção ao parque. Caminhei por algum tempo sob as sombras das árvores. Um banco quase isolado me chama a atenção. Parece um lugar bom para pensar. Alguns pombos estão à procura de um lugar fresco e observar o movimento deles faz a minha mente vaguear. Vejo alguns jovens ocuparem a grama a pouca distância de onde estou. Eles parecem não se incomodar com quem passa e formam uma roda, sentados na grama. Um menino franzino tira um violão da capa e logo a música começa a preencher o ambiente. Eles parecem que tentam concentração, como quem medita. O som da música chega até mim, que estou tão escondida pela sombra das árvores que eles não me observam. Alguns começam a sonorizar o canto. Outros apenas observam em silêncio.

https://www.youtube.com/watch?v=V3i0eOfchxg

O dedilhado suave do violão me faz ir direto para onde eu estava antes. Um filme começa a passar na minha cabeça e eu me permito assistir. Eu lembro exatamente como conheci o Rick, quando o vi pela primeira vez. Como viramos amigos desde aquele dia. Onde tudo começou. Ele não era o tipo de garoto que eu elegia como amigo... Ele me irritava todo o tempo e sempre tentava roubar minha fruta na hora do lanche. Por ironia do destino a professora nos mandou fazer um trabalho, em grupo, que duraram duas semanas. Intermináveis semanas. Rick a princípio se mostrou muito interessado, mas ficou boa parte do tempo ligando para mim para perguntar o que devia fazer. Eu só lembro que depois que apresentamos esse trabalho, nenhum outro passado por professor foi feito longe dele. Ele virou minha sombra e sempre arrumava alguma coisa para me irritar. Nossos pais riam da situação e começaram a tentar amenizar. A mãe do Rick o liberava para que ele fosse até minha casa e meus pais permitiam sua entrada. Lembro-me da minha mãe dizendo “vocês estudam juntos, por qual motivo não seriam amigos?”. E foi justamente em uma dessas visitas que ele descobriu meus quadrinhos e ficou encantando com meus exemplares. Não sei se esse foi o estopim, mas ao descobrir também os hobbies dele, a presença dele na minha vida tornou-se mais suportável.

Começamos a nos divertir juntos e ele conseguia de alguma forma me fazer rir. Passávamos horas jogando videogames no final de semana. Eu o odiava na medida em que amava ficar perto dele. Ele provocava, mas sempre trazia doces para me recompensar. Até pensava que ele era sócio de loja de doces. Passamos a conversar sobre tudo enquanto escolhíamos próximas atividades, como qual seria o próximo livro que pegaríamos na biblioteca. Ele nunca se mostrava desinteressado ao que eu tinha para dizer. Passou a defender-me de outros garotos e não queria sentar em outro lugar na sala de aula que não fosse do meu lado. Eu passei a admirá-lo e a ver com outros olhos. Eu queria estar perto dele todo o tempo e não ter ninguém me provocando todo o tempo passou a parecer entediante e chato. Eu queria ficar perto dele. O tempo passava e esse sentimento só crescia. Ele já me entendia pelo olhar e sabia dizer quando eu estava feliz ou triste. Ele sabia exatamente o que fazer a depender do meu humor. Eu estava caindo no mundo da paixão. Eu me apaixonei pelo Rick e eu precisava me declarar.

Um momento de coragem, um rabisco num papel, um recado no estojo e uma notícia avassaladora. Eu disse para ele que gostava dele, mas ele partiu. Ele teve que ir embora da cidade. Eu me vi sem o meu melhor amigo. Eu me vi sozinha. A escola jamais foi a mesma e eu passei a me envolver com amizades que não foram tão proveitosas, porém engraçadas. Madison era minha amiga baladeira e a partir dela eu conheci mundos que minha mãe odiava saber. Na esperança de sentir por alguém o que eu sentia pelo Rick, eu me entreguei a muitas furadas. Perdi minha virgindade com alguém que no final não me deu o devido valor. Tive uns namorados que julguei ser seríssimo, mesmo namorando por só 6 meses. Eu estava cansada e meus pais me deram um ultimato. Eu parei de sair com a Madison, inicie aulas em outras turmas e me aproximei mais da Lanie. Ficamos melhores amigas e o Esposito veio a tiracolo. Por sempre ter sido afim da Lanie, Esposito sempre recorria a mim para conversar sobre o que sentia e assim nossa amizade se criou. Lanie nunca foi uma santa, mas comparada a Madison, a Lanie era uma santa e muito bem querida pelos meus pais.

Estava tudo bem até o momento em que recebi a notícia que o Rick estava de volta. Vi todo meu mundo girar novamente e percebi que era como se eu nunca o tivesse esquecido. Ele ainda mexia comigo só de lembrar. Eu sinto uma lágrima solitária escorrer no meu rosto e as lembranças começam a vir mais rápidas e avassaladoras. Lembro-me do primeiro encontro, dos nossos dias de estudos, dos cupcakes, do seu manuscrito, das nossas discussões, do nosso primeiro beijo, da nossa primeira vez, da sua declaração, do nosso amor.

“You’re all I want, You’re all I need... You’re everything, everything…”

Os jovens reunidos começam a cantar juntos e isso me desperta. Abro meus olhos e os vejo cantado fortemente.

“You’re all I want, You’re all I need... You’re everything, everything…”

Penso em ir ao encontro do abraço da minha mãe, mas ela se foi e por esse motivo eu estou sozinha e chorando nesse banco quase abandonado. Não era isso que ela iria querer de mim. Ela iria querer que eu vivesse, que eu fosse feliz e eu estou fazendo o oposto. Sinto um vento incomum nessa época de verão soprar meus cabelos. Sinto um arrepio e por alguns segundos é como se eu pudesse sentir minha mãe perto de mim. Sinto que isso é um sim. Parece ser coisa da minha cabeça e talvez seja mesmo, mas eu estou certa do que fazer agora.

– Eu vou voltar pro Rick.


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Notas finais do capítulo

É agora, José e Maria?
Será?!
Como a Kate vai abordar o Rick? Será que ela vai atrás dele?

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