As Long As You're There escrita por iheartkatyp


Capítulo 1
Instant Empathy.




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-Quero que você jante comigo hoje. –Disse Cadu, empurrando Clara pelo quadril enquanto os dois escovavam os dentes. Ela fitou-o, desconfiada. Sabia que aquele pedido até um pouco romântico era apenas o jeito que ele tinha de pedir para que ela provasse uma de suas receitas novas. Cadu sempre fora o tipo de cara caseiro e aquilo atraia Clara, mas, de uns tempos pra cá, ela só desejava que ele pudesse abrir a boca para falar sobre algo diferente de comida. Encontrou naquele panfleto a coisa perfeita para que os dois saíssem um pouco daquela rotina chata e monótona em que haviam entrado depois que Ivan nasceu.
-Cadu, quando você diz isso eu só consigo ouvir "quero que você prove uma receita nova minha". E hoje temos aquela exposição que eu falei, todo mundo vai. Vai ser chiquérrimo.
Clara olhou para o relógio, eles iriam se atrasar novamente. Ivan tinha de estar no colégio em 10 minutos.
-Ivan, tá pronto, filho? A gente vai se atrasar!
Ela deu um beijo na bochecha do marido, agarrou a bolsa de couro e saiu porta á fora. Ivan era um menino de ouro. Educado, bem-humorado, e não trocava o tempo que passava com a família por nada no mundo. Clara sabia disso, e sabia também que ele não havia herdado nada daquilo do pai. Carlos Eduardo, ah, Carlos Eduardo! Clara se irritava com ele um terço do tempo que os dois passavam juntos, mas sabia que não encontraria outro marido como ele em outro lugar. A rotina a incomodava, mas nada que programas diferentes não resolvessem. Clara deu um beijo no filho e o deixou na escola, sabendo, de algum jeito, que aquele seria um bom dia.
Ela foi á casa de Helena, sua irmã mais velha e acabou passando toda a tarde lá. Quando as irmãs se juntavam, não havia nada que as separassem. Tagarelavam o dia inteiro, como se não fossem se ver nunca mais. E isso também inclui dona Chica, a mãe das duas filhas educadas e bem sucedidas. Aquela era uma família de dar orgulho. Nenhum divórcio, nenhuma separação. Só uma coisa assombrava o passado daquela família, mas Clara preferia não se envolver nas rivalidades entre sua mãe e sua tia, Selma. Ela respeitava sua tia e nunca nem tocou no assunto com sua mãe.
-Cadu só sabe falar de comida. –Reclamou ela, emburrada. Chica a envolveu mais em seu abraço, e Helena, no fundo, a entendeu.
-Depois de um tempo acho que o casamento acaba entrando em uma rotina e isso é tão chato! O Virgílio é um ótimo marido, mas passa o tempo todo no ateliê. O cadu também não é ruim, e você se casou cedo, não aproveitou nada da vida.
-Não ligo de ter me casado cedo, só gostaria que as coisas do dia-a-dia fossem um pouco diferentes. Vocês vão mesmo hoje, na exposição, né?
-Eu não posso, mas a mamãe vai. -Respondeu Helena.
-Presença confirmada. -Dona Chica riu.
-Então tá, eu tenho que ir, já tá na hora de pegar o Ivan no colégio.
E Clara foi, pegou o filho no colégio e voltou para casa. Iria deixá-lo com Juliana, sua tia, pois crianças não eram permitidas na exposição. Parece que a especialidade da fotógrafa eram mulheres nuas. Clara sempre gostara de fotografia, e volte meia procurava sobre a tal Marina, que é conhecida também pelas fotos de Londres. Ao que sabia, ela morava lá. Clara queria estar bonita para a noite, e começou a produzir-se logo depois de deixar Ivan com sua tia. Ela sorriu ao ver o macacão azul, que nunca havia usado. Ela o vestiu e se olhou no espelho. Incrivelmente, sentiu-se bonita. Ela escolheu um terno claro para Cadu e separou-o em cima da cama. Ele chegou em pouco tempo, e gostou da escolha da mulher.
-Achei que combinaria com o meu azul. -Ela saiu do banheiro.
-Uau. -Soltou Cadu. -Você está maravilhosa.
Clara sorriu, era um milagre quando Cadu a elogiava sem ela precisar dizer que gostou da comida dele.
Os dois saíram apressados, faltavam 20 minutos para o início da exposição. Clara estava radiante, sempre gostara muito de fotografia e aquela fotógrafa sempre a chamara atenção. Cadu estava elegante e fazia tempo que Clara não o via daquele jeito. Os dois entraram de mãos dadas no evento, e Clara olhou para as fotos penduradas por todas as partes, boquiaberta. Ela não tinha ideia de como era ver toda aquela arte diante de seus olhos. Clara sorriu, e observou a entrada triunfal de Marina. Era difícil conter o sorriso. Ela não imagina alguém tão... Jovem e tão... Bonita. Marina era totalmente o oposto do que Clara havia imaginado. Seus olhos curiosos passearam pelo corpo da fotógrafa, que logo percebeu os olhares da dona de casa. Marina sorriu enquanto olhava pra ela, e agarrou o braço magro de Vanessa, sua assistente. Clara observou um pouco mais Marina, e depois sua atenção se virou para a elegância da festa. Os vestidos, anéis, penteados e também os inúmeros fotógrafos que cercavam Marina.
-Pare de olhar para a moça, ela está acompanhada. –Soltou Vanessa, deixando Marina emburrada.
Marina desfez o bico e voltou a sorrir para a moça que tanto lhe encantou. Ela desceu as escadas enquanto todos a observavam. Os passos a levaram diretamente para a moça de cabelos cumpridos e franjinha infantil. Ela olhava para o teto, observava as fotos de maneira tão natural e sutil que Marina não conseguia tirar os olhos da moça. O celular de Cadu tocou, e Clara deu um tapa no ombro do marido por não tê-lo desligado. Ele se afastou dela, comentando algo sobre uma receita de doce e Clara ficou totalmente envergonhada ao perceber que Marina ainda a fitava. Ela ruborizou, e escondeu o rosto para que a fotógrafa não percebesse o corado de suas bochechas.
-Quero conhece-la. –Comentou Marina.
-Isso não posso fazer por você. –Disse Vanessa, em poucas palavras e se afastou da chefe. Marina riu sozinha. Ela e Vanessa já tiveram algo, mas aquilo nunca voltaria. Porém era engraçado vê-la com ciúmes toda vez que Marina se interessa por alguém. Ela se aproximou da moça que tanto queria conhecer, com um sorriso largo no rosto. As duas trocaram olhares enquanto a distância entre elas diminuía cada vez mais. O sorriso de Clara se alargou quando Marina parou em frente á ela.
-Quem é você? –Perguntou Marina, sem desfazer o sorriso.
-Como? Quem sou eu, como? –Perguntou Clara, confusa e envergonhada com os olhares sem vergonha da fotógrafa.
-É porque eu tô te vendo pela primeira vez, assim, de perto... Mas eu já te vi em alguma revista, algum programa de TV, Jornal...?
-Não, você deve tá me confundindo com alguém porque eu nunca fui fotografada. Quer dizer, a não ser nas festas de família lá em casa, mas... Não.
-Bom, mas agora você vai ter que me dizer o seu nome, o que você faz e onde foi que você encontrou tanta beleza.
-Nossa, eu não esperava essa entrevista toda mas... Vamos lá. Oi, meu nome é Clara. –Ela estendeu a mão, e Marina a cumprimentou.
-Marina.
-Eu não faço, quer dizer, nada de muito especial, eu sou uma mulher comum, uma dona de casa né... Mas, principalmente, muito apreciadora do seu trabalho.
-Obrigada. Mas... E a beleza, onde você encontrou? –Marina riu, vendo as bochechas de Clara ficarem rosadas.
-Ai, não... –Clara riu. –Não, em lugar nenhum... Nem... Me acho bonita. Mas se eu disser que você sim é linda, linda... Vai parecer que eu quero devolver o elogio, mas não é não, é sincero, tá?
-Vamos combinar que as duas são bonitas e aí a gente... Sai pra passear nossa beleza pelo salão. Gostei de você, vou te apresentar á alguns amigos meus. –Marina entrelaçou o braço no braço de Clara, e fitou o rapaz com quem a moça havia chegado de mãos dadas. –Mas... E ele?
-Ah, meu marido. Cadu. Mas deixa ele aí, ele não sai desse telefone.
-Tudo bem, então vamos nós duas. Vou te mostrar uma coisa. –Ela falou, perto demais do ouvido de Clara, que se arrepiou. –Você gosta de fotografia?
-Adoro, amo fotografia.
-Você ama fotografia, então... Olha só, essa moça. –Marina parou ainda de braço dado com Clara em frente á uma fotografia enorme, pendurada em um painel dourado. A foto mostrava uma moça. Por mais que a foto estivesse em preto e branco, Clara percebia que os olhos e os cabelos finos da moça eram claros. Os cabelos lhe escondiam os seios, mas o resto de seu corpo estava completamente nu. Ela estava sob uma cadeira, apoiando o rosto em seu próprio joelho. –Se você soubesse a história dela... A foto até faria mais sentido, sabe? –Clara suspirou.
-Sou muito fã do seu trabalho.
-Você gosta? Que bom! Vou dar uma festa depois daqui, e você está totalmente convidada, viu?
-Ah, eu tô de carona, vim com a minha mãe... Tenho que falar com ela.
-Não precisa, você vai comigo. –Ela agarrou novamente o braço da moça, e as duas saíram juntas pelo salão. –Sabe o segredo de todas essas fotos? –Perguntou Marina. –A luz.
-Mas, que eu saiba, luz não tira foto. –Marina gargalhou.
-Mas é sério! Olha... –Ela tocou o rosto de Clara, virando-o para a luz que iluminava todo o salão. A luz se materializou sobre o rosto de Clara, favorecendo o a pele clara e os olhos escuros da moça. Marina sorriu. –Ah, se eu estivesse com a minha câmera agora...
-Deus me livre! Morro de vergonha de câmera, não sei se conseguiria posar pra fotos como essa algum dia. –Ela observou as fotos penduradas. Todas, mulheres nuas. Clara via a paixão pela fotografia transbordar nos olhos de Marina enquanto ela observava as fotos das quais Clara se referia. Marina percebeu os olhares de Clara passeando por seu vestido branco e, quando a fitou, soube. Era ela. Ela havia a encontrado.


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Notas finais do capítulo

A fic é totalmente baseada nos fatos que acontecem realmente na novela. Algumas falas são retiradas de lá, outras não. Então, por favor, não cobrem cenas que aconteceram lá por aqui, pois algumas coisas serão totalmente alteradas no desenvolver da fic. Espero que vocês gostem!