POV Katherine.

Hoje eu não tinha ido à aula.

Descobri que não tenho mais alma, o que me deixou muito triste. Saber que o meu corpo era só uma casca vazia me deixou enjoada. Queria morrer. Queria poder correr pra bem longe, mas o mais longe que consegui foi a minha cama. Me perguntei várias vezes por que aquilo estava acontecendo comigo. Eu era uma aliada da justiça. Eu estava apenas lutando para o bem das outras pessoas, então por que essas coisas ruins acontecem comigo? E por que os verdadeiros vilões saem impunes?

A vida é muito injusta.

— Ei, besta. Por quanto tempo vai ficar se lamentando aí? — Alguém disse por pensamento. Era a Sakura.

Levantei-me em um pulo e corri para a janela.

— Vamos caminhar. Tenho algo que quero conversar com você. — Ela disse.

Troquei-me e desci. Acompanhando-a.

Ela tinha uma sacola cheia de maçãs nos braços. Cabelos vermelhos sempre estava com comida quando eu a via.

— Então você está se arrependendo do que fez com o seu corpo? — Disse ela. — Eu acho que estou muito bem com isso. Independentemente disso, eu sou capaz de fazer o quê quero, por causa do poder que obtive. Não há nada para você ficar chateada.

— No seu caso, acho que você só está conseguindo suas sobremesas. — Eu disse.

— Exatamente! Só pense nisso desse jeito! Se você viver só pelo seu bem, você será responsável por tudo que faz. Você não tem razão para estar brava. É muito mais fácil se você pensar assim.

Chegamos a um lugar no meio do parque. Era todo redondo e de vidro, mas alguns deles estavam quebrados. No chão, pedaços de madeira e coisas queimadas. Parecia mais uma construção abandonada.

— Por que você me trouxe aqui? — Perguntei.

— É uma longa história. — Ela me jogou uma maçã. — Está com fome?

Peguei-a no ar e joguei no chão.

Sakura virou, e voou em minha direção. Raivosa.

— Nunca desperdice comida na minha frente. Ou eu vou matar você — Ela disse, pegando na manga da minha roupa.

Pegou a maçã do chão, limpou-a e guardou na sacola.

— Essa costumava ser a igreja do meu pai. Ele era muito gentil e bondoso. Todo dia, ele chorava quando lia o jornal. Estava seriamente angustiado com o estado do mundo. Ele acreditava que uma nova doutrina era necessária para essa nova era. Então, ele começou a pregar coisas que não faziam parte dos ensinamentos usuais. É claro, todo mundo parou de vir à igreja. Ele foi até excomungando do ramo principal da igreja. Ninguém levava as palavras do meu pai a sério. Era de se esperar. Para um forasteiro, parecia até algum tipo de cultura esquisita. Não importa quão óbvia as mensagens que o meu pai tentou transmitir, as pessoas evitavam-no onde quer que ele fosse. Não tínhamos comida ou lugar para ficar. Eu não podia aceitar isso. Ele não tinha feito nada errado. Ele só era diferente, isso é tudo. Se eles levassem apenas cinco minutos para ouvir o que o meu pai tinha para dizer, eles entenderiam que ele não estava errado. Mas, mesmo assim, ninguém ouviu. Era doloroso. Eu não podia perdoá-los. O fato que ninguém ouviria ele seriamente... Eu não pude aceitar. Foi por isso que pedi para Kyuubey realizar o meu desejo. Eu pedi que todos ouvissem as palavras do meu pai. No dia seguinte, as pessoas vieram de todo o lugar até a igreja do meu pai. Os números cresciam tanto que era surpreendente. O dia inteiro eu fazia o meu melhor como Garota Mágica. Não importa quão justo os ensinamentos do meu pai eram... Eles não podiam fazer nada contra bruxas. Foi minha vez de brilhar. Eu trabalhei duro como uma idiota. Com um de nós no palco, e um de nós por trás... Eu me senti como se eu e meu pai estivéssemos salvando o mundo. Mas veja, meu pai descobriu sobre isso. Quando percebeu que as pessoas estavam vindo por causa da magia ao invés da fé, meu pai ficou furioso. Ele chamou a mim, sua própria filha, de bruxa enganadora. Não é engraçado? Eu estava lá fora lutando contra bruxas toda noite! Foi quando meu pai enlouqueceu. Ele ficou deplorável no final. Ele se afogava em álcool como se estivesse possuído. Eventualmente, juntou todo mundo e queimou tudo. Eu fui a única que sobrou. O desejo que eu fiz destruiu a minha família. É por eu ter feito isso sem considerar os sentimentos das outras pessoas. Por causa disso, foi um desastre. Eu fiz uma promessa a mim mesma naquela época. Jurei nunca mais usar magia pelo bem de outra pessoa novamente. O poder é para ser usado só para mim mesma. Milagres não são de graça. Se você desejar esperança, será enviado uma quantidade igual de desespero. Eles são a mesma coisa. É como o balanço do mundo é preservado.

— Por que você me contou isso? — Perguntei perplexa.

— Eu pensei que você deveria mudar essa atitude deliberada. É uma vida só de sobremesas.

— Isso não é estranho? Você vive só pelo seu bem... Mas está preocupada comigo.

— Nós duas começamos de uma conclusão equivocada. Não há razão para você continuar no caminho que escolheu. Você já pagou o suficiente por isso.

— Nós começamos errado, é verdade. Entretanto, eu não me arrependo de usar o meu desejo pelo bem de outra pessoa. Se eu me arrepender da minha decisão agora... Tudo terá sido em vão. Essa é a minha resposta! Quanto a mim, eu não acho que paguei um preço muito alto. Se usado corretamente, esse poder pode sim ser algo muito bonito. A propósito... Onde você conseguiu essas maçãs? Onde você conseguiu o dinheiro para pagar por elas? — Perguntei.

— É... Eu...

— Você não pode dizer, não é? Nesse caso, não posso comer essa maçã. Não me faria feliz em nada receber uma.

— Sua idiota! — Ela gritou. — Somos Garotas Mágicas. Não há outros como nós.

— Eu vou lutar do meu próprio jeito. Se você não gosta, é livre para tentar e me matar quando quiser. Não irei perder. Sem ressentimentos.

Saí andando, sem olhar para trás.

...

POV Madoka

Fui com Katherine à caça de uma bruxa. Ela estava tão arrasada. Chorou em meus braços, dizendo que estava morta. Para piorar, Elizabeth disse que estava apaixonada por Peter.

“Eu não posso fazer nada. Como posso pedir para ele beijar esses lábios mortos? Como posso pedir para ele segurar esse corpo vazio?” — Ela desabafou.

Kath estava em uma luta contra si mesma.

Abrimos um portal e fomos para uma dimensão. Ali havia uma bruxa de verdade, e não um simples ser.

Ela começou a lutar com sua espada. Era rápida. Mas estava perdendo.

Sakura apareceu.

— Fique para trás, e me deixe lhe ensinar como uma verdadeira Garota Mágica trabalha.

— Não interfira. Posso cuidar disso sozinha.

Ela correu e atacou a bruxa. De imediato, se deixou ser abatida. Depois, atacou-a com toda a sua força. Mesmo estando morta, ela ainda queria bater mais e mais. Estava rindo, descontrolada. Tenebrosa.

— É verdade mesmo! Com um corpo como esse... — Disse, gritando. — Não tenho que sentir dor nenhuma.

— Pare... Por favor, pare! — Sussurrei.