Alie - A Capuz Vermelho escrita por soldado329


Capítulo 1
Alie - A Capuz Vermelho


Notas iniciais do capítulo

Uma versão alternativa da Chapeuzinho Vermelho.Uma universitária resolve fazer uma visita à família que mora nas montanhas, chegando à casa da família recebe uma notícia muito ruim, a sua vó está doente e que tem levar alguns remédios para ela, mas Capuz Vermelho descobre que os outros moradores do vilarejo, tem alguns costumes assustadores para tentar salvar a velhinha da morte.Essa história é para o Desafio Relâmpago de Carnaval: Contos de Fadas Modernos, ela teria que ser para +13 no máximo, então tive que aliviar algumas partes.



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Alie é era uma jovem um pouco diferente das demais, não costumava usar maquiagem, seu cabelo era curto e negro, não vestia coisas extravagantes, com exceção do moletom vermelho vinho com capuz. Ela estudava em uma universidade integral e seus dias lá eram calmos, ela se limitava à ler livros nos momentos em que não estava estudando ou trabalhando.

Em um feriado semanal ela decide ir ver como está família que não via há quase 2 anos, sua família morava no interior, por isso teve que ir para uma universidade integral. No início do feriado ela arrumou uma muda de roupas, pegou sua moto que tinha comprado com o dinheiro que sobrava depois de pagar a faculdade por dois anos, o dia em que resolveu sair era frio e nublado, o sol quase nem apareceu naqueles últimos dias.

O frio dificultava muito para ligar a pequena moto, mas com um pouco de esforço conseguiu liga-la usando o pedal, após 4 horas de viagem ela já estava começando a subir as cordilheiras onde a família morava, a moto se esforçava para vencer as grandes altitudes, falta de oxigênio fazia o motor engasgar com facilidade.

Durante uma das subidas mais íngremes da estrada à moto quase apagou, mas com um pouco de habilidade conseguiu mantê-la funcionando, um pouco depois da subida havia um pequeno ponto de observação feito em madeira que avançada para fora da encosta, decidiu dar uma parada para descansar.

A Capuz Vermelho encosta a moto, desce, vai para a extremidade da plataforma e se senta, a visão é impressionante, ela consegue ver montanha e estrada pela qual veio e que serpenteava pela encosta íngreme, via também uma pequena veia de água que descia e formava um lago no vale há alguns quilômetros abaixo.

Após uns 5 minutos ela houve um som de um carro, que em seguida passa em alta velocidade, ela vira um pouco o rosto para ver o carro cinza que fazia um barulho que a fez pensar “acho que vou encontrar um carro com o motor quebrado na estrada”, até um carro esporte teria dificuldades de subir essas estradas, depois disso ela volta a visão para o vale e tenta limpar um pouco a mente, mas é interrompida por uma frota de carros com as sirenes ligadas, que passam tão rápido quanto o primeiro carro.

Em seguida se levanta e vai até a moto, que ainda estava um pouco quente, mas, mesmo assim, Alie teve dificuldades para dar partida na moto, devido a altitude. Ela dá algumas aceleradas para aquecer um pouco mais o motor, monta na moto e continua a subida.

A jovem pensou um pouco sobre o que tinha visto lá atrás, talvez fosse um criminoso e que seria pego logo, mas seus pensamentos não foram mais longe que isso, ela precisava de concentração para manter a moto ligada. Não demorou muito até chegar à cidade, que ficava em uma parte da cordilheira que era mais plana.

Mais à frente viu uma placa escrita “Wohnviertel, população: 32.326 pessoas, altitude: 3.710 metros”, ficou um pouco mais feliz, não só porque em alguns minutos estaria em casa, mas também por que a cidade havia crescido bastante desde de sua saída. Depois de mais uns 5 minutos já estava no centro da cidade, deu uma parada, em uma confeitaria de uma velha conhecida.

A dono da confeitaria ficou surpresa ao ver Alie, muitos que estavam fazendo um lanche reconheceram a jovem, ela era costumava andar pra lá e pra cá na cidade com seu moletom encapuzado vermelho em busca de um bom lugar para se sentar e ler algum livro, e ficou conhecida por ajudar qualquer um que estivesse com problemas.

Depois de vários cumprimentos e abraços com os conhecidos, voltou à moto e seguiu para casa da família que ficava mais afastada da cidade, um pouco mais de um quilometro da saída da cidade ela viu um carro capotado e algumas viaturas ao redor, ela encosta a moto e vai até as viaturas, o xerife a interrompe.

– Alie o que faz aqui?

– Estava apenas indo visitar meus pais, mas vi a fumaça, mas que houve aqui? – Pergunta Alie.

– Um presidiário conseguiu escapar de uma presidiaria perto daqui e roubou um carro, só que o idiota não prestou atenção na curva e capotou o carro, ele ainda está foragido, mas a pé ele não vai muito longe, não está acostumado com a altitude. – Explica o xerife.

Alie se aproxima um pouco mais do carro acidentado e percebe que é o mesmo carro que passou por ela enquanto descansava. Após dar mais uma olha e conversar um pouco com os policias, ela volta para a moto e continua, quando entra na rua de terra que liga sua casa à estrada principal uma viatura passa em sentido contrário. Pensa que provavelmente estava verificando se o presidiário não havia ido por aquele caminho.

Chegando em casa, seus pais a receberam como se estivesse ficado mais de uma década fora. Ela, estava a mais de 6 horas na estrada, tudo que queria era uma boa janta e uma cama confortável. E assim foi, ela conversou, jantou, assistiu um pouco a televisão junto com seus pais e o irmão caçula e depois foi para o seu quarto.

O quarto lhe trouxe muitas lembranças das tardes que passava lendo ou com as amigas conversando que lhe visitavam, provavelmente nem moravam mais na cidade, ela olhou a estante de livros que estavam empoeirado, viu os livros que lia quando criança e alguns que queria ter levado para a faculdade, mas que não couberam na mala. Queria ter lido alguns, porém estava cansada demais para ler, ela tomou um banho e foi para a cama.

No outro dia ela fica mais um tempo com a família, da mais uma passeadas pela cidade e volta para casa, e recebe a notícia que a sua vó estava doente, e que a vila em que morava não tinha os medicamentos necessários, Alie nunca foi muito próxima da avó, a velha senhora tinha algumas tradições e crendices um pouco estranhas e sempre aparentava esconder algo, isso as vezes assustava ela quando era criança, mas quando entrou na adolescência ela começou a ignorar essas coisas.

No fim a mãe, pede com que Alie leve alguns remédios para a avó, que tinha voltado a morar na antiga vila onde tinha nascido e vivido até que conheceu o avô de Alie e foi para a cidade de "Wohnviertel", que era maior e tinha mais empregos, mas quando o avô morreu, a velha senhora se sentiu sozinha e decidiu voltar para a cidade onde nascera.

A mãe ensinou o caminho á Alie, não era muito complicado, era só ir pela estrada principal até uma entrada com "Gauisville" escrito na placa, era simples.

A Capuz Vermelho pegou sua moto e foi pela estrada principal, até que chegou á uma entrada, ela parou a moto e olhou para trás, e percebeu que era possível ver algumas casas da cidade maior onde morou, a rua de terra era um pouco íngreme a moto teve dificuldade de subir, a roda deslizava com facilidade e a moto apagou quando ela começou a ver algumas casas que não estavam a mais do que 50 metros a frente, então deixou a moto ali mesmo,“quem iria rouba-la?“ Conhecia quase todos da cidade e era bem provável que presidiário já estivesse sido capturado.

Enquanto ela caminhava aqueles pouco metros da moto até as casas percebeu que algo estava se espreitando por entre os arbustos, ela enfiou a mão na bolsa e pegou à lata de spray de pimenta, ficou com a mão dentro da bolsa por alguns segundos enquanto olhava para o mato onde algo havia se movido, em seguida um cão selvagem salta na direção de Alie, ela acerta o cão no ar com um chute e saca a lata e espirra nos olhos do animal que foge ganindo e se mistura com a escuridão e a névoa que começava a se formar a medida que o noite se levanta.

Alie corre um pouco e chega até as casas, não havia ninguém nas ruas e tinha um cheiro estranho no ar, uma espécie de podridão, os últimos raios de sol já não atingem o pequeno vilarejo, apenas algumas luzes estavam acesas, ela chamou algumas vezes, nenhuma voz foi ouvida, apenas um uivo muito próximo, ela olhou para trás, e viu uma criatura negra com olhos vermelhos como o sangue que escorria de sua boca.

Ela corre para a primeira casa que vê, a porta estava encostada, empurra e fecha logo em seguida com uma tranca manual trava a porta, mas a criatura começa a arranhar a porta e ela pega um móvel e o coloca contra a porta, a criatura depois de alguns segundos perde o interesse e começa a rondar a casa, Alie vê pela fresta da persiana a grande criatura, era um lobo, talvez o maior que já tenha visto, se ficasse de pé provavelmente ficaria com 3 metros de altura.

Alie tenta se acalmar e liga a luz do cômodo, mas não ajudou, ela vê sangue formando um desenho no chão, ela vê os retratos, era a casa da vó, mas não há nem sinais de pessoas ou corpos apenas os desenhos que já estavam secos na madeira, após observar com estranheza segue para o quarto, também estava com um desenho, mas esse era claro, era um pentagrama.

Alie ainda horrorizada com o que viu há poucos tempo fora da casa, ela tenta se acalmar e analisar o local para ver se encontrar algo que explique o que esta acontecendo, ela vê um pequeno diário, provavelmente de sua avó, a data da ultima folha indica que foi escrita ontem

Minha febre esta muito alta, talvez a minha hora já tenha chegado, talvez seja melhor assim, mas meu irmão não parece ter aceitado isso, ele diz que a deusa Gaia vai me curar , que vão fazer um ritual e que vão me manter viva.

A Capuz Vermelho estranha, o seu tio avô, mal o conhecia, só tinha o visto algumas poucas vezes, sabia que ele não tinha uma crença comum, era algo bem mais antigo que aparentemente passava de geração para geração, mas como sua mãe tinha sido criada fora da vila, acabou por não se tornar crente e por consequência ela também não.

Ela após alguns minutos de descanso começou a olhar através das frestas, tentando enxergar o lobo, mas ele não esva mais lá, abrindo a porta de trás com cuidado e sai, ela observa ao redor e vê um homem, ela o chama, talvez ele morasse aqui.

O Homem caminha em passos largos e rápidos e pergunta:

– Até que em fim alguém apareceu, era você que estava fazendo o escarcéu(barulho/gritaria) há poucos minutos atrás?

– Sim, havia sido atacada por um cão, pensei que alguém pudesse me ajudar a encontrar minha vó que mora por aqui. – Responde Alie.

– Mas de qualquer maneira vamos entrar, há um lobo gigante vagando por aqui – continua Alie.

O Homem concorda, e os vão para uma outra casa maior, que ela acredita ser do representante da pequena vila, ela acende as luzes e pelos retratos nas paredes quem morava na casa era o seu tio avô.

Logo depois ela olha para o Homem que com quem tinha falado, era um brutamonte com quase dois metros de altura, mas não parecia ser da cidade, ele estava ofegando sem ter feito nenhum esforço, provavelmente era das terras baixas, ela vê também que o homem carrega um machado. Ela pergunta:

– Porque o machado?

O Homem demora um pouco, com um olhar de fixo reponde:

– Sou lenhador.

Alie sabai que não era, ele estava segurando o machado de forma muito estranha. Mas ignora e segue procurando por mais pistas, ela encontra um velho livro, na capa tinha vários símbolos entre eles o desenho que viu na casa da vó.

Ela abre o livro onde o marcador estava e lê, eram instruções para um ritual que prometia curar enfermos, havia um aviso:

Se bem feito não for, ele não trará vida, mas sim a morte através da Besta, não sobrará corpos e nem almas, até mesmo as lembranças de sua existência se extinguirão para os que não presenciaram o olhar da Besta.

Talvez a Capuz Vermelho saiba por que não havia corpos e nem poças de sangue, talvez a besta tenha matado todos. Ela decidiu que tinha que sair dali o mais rápido possível.

O Homem pergunta, enquanto olha ainda fixamente para ela:

– Você falou sobre um lobo grande, não?

– Sim. Mas não importa temos que sair daqui.

– É? – O brutamonte sai pela porta e vai dar uma olhada ao redor, provavelmente para ver se havia mais alguém na vila.

Ela consegue ver por baixo do casaco uma camisa listrada, as coisas se encaixam na cabeça dela, o Homem é o fugitivo, ela pensa em usar o celular, mas estava sem sinal.

A Capuz Vermelho vasculha mais um pouco a casa e encontra uma espingarda de cano duplo, ela verifica que estava carregada, mas não havia mais balas nas gavetas ou nas mesas.

Em seguida ouve um uivo e via para a porta e vê o „Lenhador“ com o machado e a Besta, frente à frente, o lobo salta no Homem que revida com o machado, a lamina de 5 quilos acertou a barriga da criatura lateralmente à arremessando cerca de 3 metros para o lado e ficou presa no animal.

O Homem estava bufando com a adrenalina, e Besta levantou e o machado desprende e caiu, uma poço de líquido se formou enquanto se recuperava, o homem da alguns passos para trás, mas não sabe como reagir, aquele ataque mataria qualquer animal.

A Besta salta outra vez, mas a Capuz Vermelho levanta a espingarda e dispara, a criatura cai novamente e o ombro da jovem quase é deslocado com a força do disparo; Alie corre mais perto do animal que estava no chão e dispara outro tiro, esse dilacera a criatura em dois, não como um animal sobreviver à isso.

O brutamonte agarra Alie e a arrasta para a casa;

– Finalmente vou poder me divertir um pouco.

– Me solte animal! Vou chamar a policia! – Grita Alie enquanto o homem a carrega, a espingarda não tinha mais munição.

– Pode chamar, já estou sendo procurado mesmo e da que há pouco já devem estar por aqui, mas antes eu quero aproveitar uma garota antes voltar para aquela merda de presídio. – termina com um sorriso doentio no rosto.

Ele à leva para a cabana e arremessa na cama e pula em cima dela, Alie tenta se empurra-lo, mas eles era tão quanto a Besta, Obrutamonte rasga o moletom vermelho e enfia as mãos por de baixo das roupas. Ela o arranha com as unhas, mas isso só o faz agarrar a mão de jovem e falar:

– Não seja uma garota má, deixe eu me divertir – E termina com umas risada e mantém o sorriso doentio.

A Capuz vermelho agarrou a bolsa com uma das mãos livres e procura pelo canivete, o objeto escorrega por entre os dedos, mas consegue agarra-lo, com toda a força que lhe resta enfia a lamina no braço do Homem, que levanta e da um grito, a garota agarra lata de pimenta e espirra no rosto do homem que a solta por alguns segundos, o suficiente para ela conseguir escapar.

Alie corre para fora da cabana e tenta correr para a moto, ela olha para trás e o Homem tenta pegá-la, mas o ar rarefeito não o permite alcançar a Capuz vermelho que quando volta o rosto para frente, vê de relance que o corpo da Besta não esta mais lá. Ela ouve o terrível uivo da criatura o que faz com que corra como se não tivesse amanhã.

Quando esta quase chegando à moto ouve o grito o Homem, ela agarra a moto, e a vira, monta, e usando a descida para ligar a moto que vacila uma vez e liga em seguida, ela acelera o máximo que pode para escapar, ela olha pelo retrovisor e vê a criatura correndo, e ganhando terreno até que chega na quarta marcha e percebe que a Besta não consegue mais acompanhar a moto.

Chegando a estrada principal Alie vai para o outro lado da estrada, o posto a rua que veio e observa exausta, a Besta aparece, mas caminhando lentamente, olha fixamente nos olhos dela e volta por onde veio e a estrada de terra que vai para a cidade começa e desaparecer e ser coberta por mato e o que era uma estrada vira uma floresta em um minuto.

Já em casa, suja e cansada seus pais ficam assustados com o estado da jovem, depois de tomar um banho e se acalmar ela tenta contar à eles sobre o ocorrido, sobre a cidade a vó que estava morta junto com todo o vilarejo, mas os pais dela pareciam não saber de que vilarejo a Capuz Vermelho falava, muito menos da avó e do tio avô. Ela perguntou a mãe sobre a sua avó, dizia que Capuz Vermelho não tinha vó e que ela fora deixada em um orfanato da região e que cresceu lá até conhecer o marido, o pai da jovem também contava história semelhante e não se lembrava de conhecer a vó da qual Alie falava.

Algum tempo depois Alie foi internada no hospício da cidade, todos diziam que ela havia ficado louca, porque conhecia pessoas que nunca existiram e parecia ver coisas durante as noite de lua cheia. Ela ficava em uma sala que conseguia ver onde deveria existir a entrada que levaria a cidade que talvez estivesse existido, ou não.

Depois de alguns meses de tratamento nem mesmo a própria Capuz Vermelho não sabia se o que presenciará meses antes era verdade, será que aquela vó realmente existia ou era só fruto de sua imaginação, mas o seu quarto da clínica sempre à lembrava do que estava escrito no livro, e que havia escrito em todas as paredes dezenas de vezes:

Não sobrará corpos e nem almas; até mesmo as lembranças de sua existência se extinguirão para os que não presenciaram o olhar da Besta.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? sentiram algum medo ou pelo menos uma sensação estranha, comentem ai em baixo ;)Favoritem caso gostarem e se possível recomendem!