Nothing Left To Say escrita por Rhiannon


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Yeah, então para os interessados: Não irei excluir a fic! Sério, depois de todos os comentários como não amar vocês?
Nos vemos lá embaixo.



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Nico

O céu estava caindo. Okay, sem exageros, mas chovia muito lá fora. Me perguntei o que meu pai estaria fazendo a essa hora e porque ele não tinha dado nenhuma explicação.

–O que acha que os dois foram fazer? – Jason perguntou, como se lesse meus pensamentos.

–Sei lá – Respondi pondo os pés sobre a mesinha da sala – Primeiramente porque você veio aqui? Não que eu esteja reclamando.

Peguei o controle da TV e coloquei em um canal qualquer enquanto Jason se sentava ao meu lado.

–Meu pai disse que vinha e pediu se eu queria vir junto – Deu de ombros – Acho que ele veio falar algo sobre a escola que você estuda, pra me matricular nela, mas eles devem ter fugido do assunto.

–Pensei que você já estava na faculdade.

–Eu meio que sou um ano atrasado – Falou ele, parecendo meio desconfortável, olhando diretamente para a TV – Deixei a escola de lado quando minha mãe morreu.

Eu apenas assenti, não falei “Sinto muito” ou “Meus pêsames” porque eu odeio quando dizem isso a respeito de minha mãe ou de minhas irmãs e acho que ele também odeia. E também porque, na maioria das vezes, isso soa falso demais. Só quem entende sua dor é ele mesmo.

–Você poderia, sei lá, trocar de canal? – Perguntou, só então eu percebi que estava em um canal pornô. Nada decente para a ocasião.

–Porque? – Eu ri – Não gosta disso?

–Ah, me dá isso aqui – Ele tentou pegar o controle de mim, estiquei o braço para longe, ele se curvou para tentar novamente mas parou subitamente quando percebeu a proximidade que estávamos.

Suas bochechas coraram levemente. Sorri, podia sentir sua respiração. Jason exalava a perfume masculino, pasta de dente e melão. Ele se afastou, larguei o controle remoto e olhei para aqueles olhos azuis e a cicatriz ridiculamente fofa no lábio inferior.

–Você nunca beijou um garoto? – Perguntei.

–Já, pra falar a verdade.

–Não – Neguei com a cabeça – Não estou falando desses beijos da terceira série. Um beijo de verdade.

–Ahn... – Ele passou a mão pela nuca, meio sem graça.

–Então concluímos que você nunca beijou um garoto – Falei, ele concordou – Mas quer beijar?

Jason me encarou, como se eu fosse um louco.

–Que? N-não – Falou com a voz falhando. Nada convincente.

–Do que você tem medo? – Perguntei, me aproximando dele cada vez mais – De gostar?

Ele engoliu em seco e negou com a cabeça.

Comecei a quebrar a distância entre nós, ele recuava devagar mas eu continuei a me aproximar. Apesar de estar receoso, Jason não parecia assim tão afim de se afastar completamente. Sua respiração estava lenta, ele estava praticamente deitado, se apoiando nos cotovelos, e eu estava em cima dele. Eu quase podia imaginar nós dois nus naquele sofá. Era uma bela visão.

–Então não tem do que ter medo – Sussurrei, roçando de leve nossos lábios, de forma provocante.

Alguém pigarreou atrás de mim, me sentei o mais rapidamente possível no sofá.

...

Jason

Nico exalava a chicletes de menta e..cigarros.

Ele se aproximou mais ainda, me deixando atordoado e roçou de leve nossos lábios, eu quase podia ouvir os batimentos do meu coração. Senti que naquele momento eu não seria capaz de lembrar nem do meu próprio nome. Era como se de repente eu tivesse esquecido de tudo e havia só Nico no mundo. Eu queria afasta-lo, mas ele tirou todas as minhas defesas com aquele roçar de lábios.

Alguém pigarreou. Nico se sentou rapidamente e eu levantei do sofá com um pulo.

Uma mulher loira olhava para os próprios pés, estava vermelha até a orelha, seu cabelo era curto, até a altura dos ombros, usava um uniforme de empregada. Ela pareceu criar coragem e olhou para Nico.

–Seu pai e o Sr. Grace ligaram e pediram desculpas por terem saído daquela maneira. Disse que explicaria quando voltasse – Ela apertou os lábios, como se quisesse dizer algo mais, mas pareceu pensar melhor – Precisa de mais alguma coisa ou...

–Não, obrigado Jeanine – Nico falou com uma tranquilidade incrível – Pode ir.

Senti meu rosto esquentar quando a mulher saiu, me deixando sozinho com Nico. Ele apenas olhou para mim e riu.

–Não foi dessa vez – Disse pegando o controle e trocando de canal.

A calma dele me irritava.

Me sentei novamente no sofá.

–Hey, calma – Ele falou, meio rindo, mas eu pude ver um pouco de nervosismo na sua voz, só um pouco – Jeanine quebrou o clima, mas eu posso resolver isso – Deu um sorriso malicioso.

–Vá a merda – Resmunguei.

–Claro, senhor educação – Ele disse – Tá afim de assistir um filme? Podíamos ver Frozen, dizem que é muito bom, você já viu?

Eu estava pronto para responder da forma menos educada possível quando tudo escureceu. Ouviu-se o barulho de um trovão ao longe, me senti como em um daqueles filmes de terror em que a coisa começa a ficar feia quando a luz acaba.

–Porra! – Ouvi Nico resmungar ao meu lado.

–Porra – Concordei – O que vai fazer agora? Me estuprar no escuro?

–Tentador, mas não. Estupro é uma palavra forte. Eu pratico sexo surpresa. Posso fazer isso a luz de velas, ou no escuro mesmo, mas não vou poder ver essa sua bunda.

Dei uma risada, estava me acostumando com o jeito dele. Antes ele me deixava nervoso e desconfortável, mas agora tudo em Nico era tão...familiar?

–Gosta da minha bunda?

–Quem é que não gosta da sua bunda? Será que tem umas velas no armário assim eu poderia ver ela melhor.

Senti Nico se levantando ao meu lado e batendo em alguma coisa.

–Puta merda! Caralho. Porra. Cacete. Filha da pu...

–O que foi? – Perguntei, ouvindo aquele monte de chingamentos e vendo algo se mover a minha frente.

–Essa mesa filha da puta, porra.

–Pare de chiingar, cacete, diga logo.

–Meu dedinho tá doendo, porra!

Revirei os olhos e me levantei do sofá, não dava pra ver nada no escuro, mas senti que Nico estava na minha frente.

–Não tem vela nessa joça?

–Cretino, eu te abrigo na minha casa, termino com a sua namorada pra você e você chama minha casa de joça? Vai se foder, seu babaca. Ah, foda-se me siga.

–Como é que eu vou te seguir nesse escuro?

–Se vira, porra.

–Pare de falar porra, porra.

–Vai se foder, porra.

Nico tropeçou em mais algumas coisas enquanto caminhávamos as cegas para a cozinha, depois de uma série de “Porras” ele finalmente – sabe-se lá como – Conseguiu chegar ao armário da cozinha.

–Não tem vela aqui – Constatou.

–Lanterna? – Perguntei, esperançoso, me apoiando na pia, encarando o vulto de Nico que fechava a porta do armário.

–Não – Ouvi um farfalhar de roupas e segundos depois uma luz fraca vinha do celular de Nico. Ele pôs a luz iluminando seu rosto, tinha um sorriso psicótico.

–Estamos sozinhos no escuro. Sabe o que isso significa?

–Ahn, não.

–Nem eu, só achei que essa frase tinha um efeito maneiro – Ele riu como se tivesse contado uma piada engraçada.

Nico foi até o freezer e o abriu. Eu o segui, senti uma corrente de ar frio passar por mim. A luz do celular iluminava algo que Nico procurava, segundos depois ele tirou de lá duas garrafas de cerveja.

–É isso aí. Hora da diversão.

...

–Tem certeza disso? – Perguntei, meio receoso diante daquelas garrafas já vazias de cerveja que havíamos tomado e agora escondia em baixo da cama do quarto de hospedes.

–É claro, cala a boca agora – Resmungou.

–Seu pai não se importa?

–Não acho que ele vá voltar tão cedo assim – Nico tinha razão, a energia ainda não havia voltado, chovia muito e, por vezes, ouvia-se sons de trovões – E, de qualquer jeito, meu pai é bem desligado, não vai nem notar a falta disso aqui.

Ele ofereceu a garrafa para mim e eu aceitei. A ideia de pôr a minha boca onde a boca de Nico esteve era um tanto peculiar. No fim acabei tomando um longo gole da bebida.

–Vamos lá – Falou ele abrindo outra garrafa e começando a andar meio aos tropeços na escuridão. Nico estava um tanto bêbado, eu estava sóbrio, talvez nem tão sóbrio assim mas, ele havia bebido bem mais que eu.

–Onde? – Perguntei, seguindo-o.

Andamos pelo corredor até chegar em uma porta, Nico a abriu e entrou, fui logo atrás dele. No instante seguinte tropecei em uma pilha de livros.

–Mas que porra – Resmunguei.

Peguei meu celular e tentei iluminar o máximo possível o local. Havia muitos livros ali, na estante, no chão, empilhados, jogados sem qualquer cuidado.

–É seu quarto? – Perguntei enquanto Nico se sentava na cama – Pra que todos esses livros?

Ele pôs a garrava de cerveja em baixo da cama e se deitou, olhando para o teto.

–É claro que não é pra ler, eu adoro ver livros pegando fogo. Fazer uma fogueira é muito maneiro.

–Uma fogueira muito, muito grande – Disse eu, fui até a cama e me deitei ao seu lado. Nico riu.

–Isso seria muito mais interessante se estivéssemos nus – Ele falou.

–Com certeza – Concordei.

–Sério?

–Não.

–Sem graça. Tá frio – Ele resmungou e se levantou. Ouvi uma porta sendo aberta e um farfalhar de pano, depois um cobertor sendo jogado na minha cara.

Nico se deitou no meu lado. Ficando bem próximo de mim, nossos braços se tocaram, eu senti uma corrente elétrica passar pelo meu corpo. Uma pequena parte de mim – a que tentava negar a todo custo minha sexualidade – dizia que eu devia sair dali, eu estava em uma cama com outro homem. Era estranho, mas nem tão estranho assim. A outra parte de mim, a que estava pouco se fodendo pra tudo, dizia que aquilo era bom, sentir a respiração de Nico a poucos centímetros da minha boca, sentir sua pele fria tocando na minha. Era uma sensação maravilhosa.

Mas eu devia parar de pensar naquilo. Mesmo estando ali, embaixo de várias cobertas e bem próximo de Nico, eu sabia que aquilo não passaria disso. Porque eu já tinha entendido, Nico é o tipo de pessoa que não quer nada sério, ele apenas transaria comigo. Só isso, nada mais. E eu tenho a sensação de que quero algo mais.

–Palavras são na minha nada humilde opinião nossa inesgotável fonte de magia – Nico disse, como se estivesse citando algum trecho, me tirando de meus pensamentos.

–O que é isso? – Perguntei.

–Harry Potter.

–Então você gosta de Harry Potter?

–Gostar é pouco – Ele se remexeu na cama – Embora eu ache que os filmes poderiam ser bem melhores.

–Eu assisti os filmes, e sinceramente foram os melhores da minha vida – Falei, lembrando de como eu era viciado em Harry Potter lá pelos meus 10 anos.

–Devia ler os livros – Nico disse e se virou na cama, eu tinha a sensação de que estava me encarando, apesar do escuro – Por exemplo, As Vantagens de Ser Invisível, o filme é bom, o livro é muito melhor. Cidade dos Ossos o filme é uma grande merda e o livro é simplesmente foda.

–Então além de livros você gosta de filmes?

–Como eu disse, gostar é pouco.

Fez-se uns minutos de silencio, mas não um silencio desconfortável.

–Divergente – Falei do nada, aquilo simplesmente passou pela mina cabeça.

–O livro é muito bom. O filme estreou semana passada, eu quero assistir mas Thalia não curte muito essas coisas, não quis ir sozinho.

Tive vontade de perguntar quem é Thalia, mas não era da minha conta.

–A gente podia ir – Só quando aquilo saiu da minha boca eu me dei conta do que acabara de dizer.

–Que?

–O filme – Falei, meio nervoso, ainda sem intender o que estava fazendo – Podíamos assistir. Nós dois. Amanha.

Ele ficou em silencio, parecia pensar, fiquei desconfortável. Eu disse alguma besteira? Provavelmente.

–É – Nico disse, me deixando aliviado por quebrar o silencio – Seria legal.

Sorri involuntariamente, ainda bem que ele não podia me ver, porque provavelmente eu estava com um sorriso idiota no rosto.

Espere, eu tinha acabado de chamar Nico para um encontro? Aquilo era um encontro? Não, não, era só um filme, como amigos.

Eu estaria em uma sala escura com Nico, de novo.

De repente passou pela minha cabeça que se ele queria fazer sexo surpresa comigo eu não me importaria. Eu passei só algumas horas com ele e já estava pensando nessas merdas.

Senti que estava silencioso demais.

–Nico? – Chamei.

Tudo o que ouvi foi a respiração lenta dele. Fiquei em dúvida, eu devia sair dali e ir para o quarto de hospedes? Ele havia me chamado ali, mas eu não sabia o porquê. Por outro lado, ele não parecia se importar muito com isso e pra ser sincero nem eu.


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Notas finais do capítulo

Querem me matar? Porque eu sinto que querem me matar. Esperavam um lemon e tudo o que eu dei foi um quase beijo e-e eu sei o que vocês querem, mas não foi dessa vez :x
Enfim, obrigado a Andrea por ser essa pessoa amável que lê todas as merdas que eu peço pra ler.
E um abraço de urso a todos os que comentaram sz' Vocês tem meu amor eterno -q Ao menos fizeram eu ter criatividade o suficiente pra continuar a escrever. E, na minha nada humilde opinião, o próximo capítulo será um dos melhores.



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