Nothing Left To Say escrita por Rhiannon


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que vocês querem me bater :< mas não podem. Eu realmente queria ter postado antes, mas a verdade é que eu sou uma preguiçosa inútil. Agora vão ler



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Nico

Descobri que tenho uma espécie de tique nervoso, ou algo parecido com isso, porque só agora que não estou mais com o anel em meu dedo, percebo que durante esses anos criei uma mania irritante de ficar mexendo naquele pequeno objeto de metal retorcido que sempre me acompanhava.

Ainda era sábado quando meu pai apareceu em meu quarto por volta das seis da noite. Eu estava sentado no chão com as pernas cruzadas e o par de fones de ouvido no máximo, encarando o espelho a alguns metros a minha frente e me perguntando a real razão da existência humana. Ou quase isso. A verdade é que eu não conseguia tirar a noite/ madrugada da minha cabeça. Aqueles olhos azuis sempre acabavam na minha mente. A situação era tão grande que em um momento eu cheguei a fazer coisas bem idiotas, como repetir várias vezes a mesma palavra até que ela perdesse seu significado.

Manga, manga, manga, manga, manga, manga...

Eu já não sabia o que estava fazendo, muito menos o que acontecia comigo. Por que diabos eu não tirava aquilo da cabeça? Não entendia porque tinha contado tudo aquilo a Jason. E o engraçado é que eu me sentia melhor. Livre, como se todo esse tempo eu estivesse carregando um peso nas costas, e então finalmente pudesse sentar e descansar.

E ainda por cima aquela camiseta vermelha que ele havia me emprestado parecia ser um tipo de espírito dele. Eu cheguei a tacar o pedaço de pano na parede uma ou duas vezes, mas acabei vestindo-a de novo.

Talvez naquele ponto eu já soubesse o que estava acontecendo, só não queria acreditar.

– Está pensando em quê? – meu pai perguntou depois de me tirar de meus pensamentos conturbados e arrancar os fones da minha orelha de forma nada gentil. – Por que está olhando para o nada? - Ele se sentou ao meu lado com as pernas esticadas – E o mais importante: onde arranjou essa camiseta?

Olhei para baixo e vi que ainda usava a blusa de Jason. Bufei ao constatar aquilo.

– Eu não roubei – falei – se é isso que está pensando.

– Esse é bem o tipo de coisa que você faria. Porque certamente não compraria por livre e espontânea vontade uma roupa vermelha.

Um meio sorriso brincou em seus lábios.

– Também não é pra tanto. – resmunguei, sorrindo em seguida – Mas fiquei feliz em finalmente conhecer sua namorada.

Encarei meu pai e ri. Ele tinha uma cara de surpresa, e coçou a nuca, desviando o olhar.

– Então ela é sua namorada. Bom saber. Você precisava mesmo de alguém, ou iria virar um velho solitário de oitenta anos com uma dúzia de gatos.

Ele deu um sorriso como quem iria dizer algo que estava há muito querendo dizer.

– Oh, está jogando verde. – disse ele – Vou entrar na brincadeira.

Ri junto a ele e disse:

– Não tenho nada a esconder.

– Então seria muito bom conhecer o seu namorado.

Imediatamente parei de rir. Sentia o olhar dele sobre mim, como quem analisava minha reação, que não foi das melhores. Procurei o anel de caveira, só para me lembrar de que não estava mais ali. Trinquei o maxilar, esperando que meu pai falasse qualquer coisa. Por fim, ele ficou quieto, então quem quebrou o silencio foi eu, ainda encarando minhas mãos.

– Você sabe, então. – murmurei.

– Deuses – ele praticamente gritou, o que me assustou um pouco. O olhei e vi meu pai gesticular com a mão. – Então você tem um namorado. Mas, sinceramente, achou que eu não sabia sobre você? É meu filho, Nicolas. Te conheço desde antes de nascer. As vezes penso que sei mais sobre você do que você mesmo. – ele se virou para mim, meio sorrindo meio tentando manter uma expressão séria. – Além disso, no seu aniversário de sete anos, você pediu uma boneca. Bem, sua irmã lhe deu uma boneca. Tudo bem que você gostava de bater nela com seus carrinhos de brinquedo, mesmo assim.... eu sempre soube. Esse não é exatamente o ponto, mas acho que entendeu.

Encolhi os ombros, aquele não era um assunto muito bom para discutir, a meu ver.

– Então por que nunca falou comigo sobre isso? – perguntei, sem olhar realmente em seus olhos.

Ele suspirou.

– Eu queria que você viesse falar comigo, quando estivesse pronto, mas parece que essa hora nunca chegou, resolvi eu mesmo fazer isso. Me pergunto se eu tenho culpa no fato de você nunca realmente me contar tudo o que sente.

– Eu só... – mordi o lábio inferior, hesitante – só não queria te decepcionar.

Meu pai se aproximou e beijou minha testa, dizendo:

– Você nunca vai me decepcionar.

– O que acha que mamãe diria disso?

– Ah. – meu pai pareceu distante e por um momento me arrependi de ter feito aquela pergunta, mas era algo que eu sempre quis saber. E, quando ele sorriu parecendo nostálgico com aquilo, eu soube que ele não se importava, e que pensar em minha mãe já não era uma coisa triste, mas sim uma lembrança boa. – Bem, ela certamente daria um sorriso daqueles que só ela sabia dar e algum bom conselho que eu certamente não sou capaz de faze-lo.

E foi dizendo aquilo que ele saiu do quarto, me deixando novamente sozinho e perdido com os pensamentos.

Como será que meu pai se sentiu ao perder a pessoa mais importante para ele?

Eu fiquei com aquilo na cabeça pelo que pareceu horas, até que resolvi ir tomar banho. Fiquei debaixo do chuveiro por bastante tempo e então, alguns minutos depois, me joguei na cama apenas com uma boxer azul marinho.

Era por volta da uma da manhã quando finalmente consegui dormir, ainda com aqueles pensamentos inundando minha mente. Meu pai raramente falava de Maria. Até que era compreensível. Mas ele, assim como eu, realmente não queria experimentar novamente perder alguém que amava.

Não que se pudesse controlar isso.

*~*~*

Não sei exatamente em que horas acordei, mas estava a um bom tempo embolado em meio as cobertas. Já devia passar do meio- dia. Era uma típica manhã de domingo.

Bufei e esfreguei os olhos em uma falha tentativa de acordar realmente. Uma parte da minha mente dormia e outra pensava coisas aleatórias.

Meu celular estava em minha mão, eu passava pela lista de contatos. Sem saber exatamente porquê, cliquei no nome de Jason. Definitivamente era algo estupido de se fazer, mas fiz mesmo assim. Porque eu não costumo pensar muito no que faço. Levei o aparelho até a orelha e esperei. Para minha surpresa, Jason não demorou mais que dez segundos para atender.

– Oi – foi a coisa mais inteligente que saiu de minha boca naquele momento.

Nico. – a voz no outro lado da linha respondeu. – Que surpresa.

– Você está bem? – perguntei. Sua voz estava meio rouca, como se estivesse chorado.

Ouvi Jason fungar antes de responder.

Estou. – ele demorou alguns instantes para perguntar: - E você?

– Se eu estou bem?

– É.

– Não.

– Por quê?

– Porque você evidentemente não está bem. Vou perguntar de novo. Você está bem?

Dessa vez ele demorou um certo tempo para responder.

– Mais ou menos.

Me sentei ereto na cama.

– O que houve? – perguntei.

Aconteceram algumas... coisas. – ele respondeu meio hesitante.

– Que coisas?

Nada demais.

Um bufo escapou de meus lábios. Era óbvio era não era nada demais.

– Onde você está? – me peguei perguntando.

A linha ficou em silencio.

– Jason? – chame preocupado.

– A verdade?

– De preferencia.

Eu estou pelo que parece horas dentro do carro do meu pai, na esquina da sua casa tentando criar coragem para ir tocar a campainha e falar com você.

– E já criou coragem?

Não, pra falar a verdade.

– Tudo bem. Eu estou indo pra aí.

Ok.

– Não saia dai.

Ok.

– Eu vou desligar agora.

– Ok.

– Dá pra parar de falar ok?

O... tá.

Desliguei o celular, encarando o aparelho por alguns segundos antes de me levantar e colocar uma roupa qualquer encontrada no fundo do guarda roupa.

Estava descendo as escadas quando me lembrei de uma coisa. Praguejei baixinho e subi de novo correndo e escovei os dentes apressadamente, aproveitando para passar um perfume.

Saí de casa batendo a porta atrás de mim.

De fato, havia um carro na esquina. E eu pude ver uma cabeça loura encostada no volante.

Parei ao lado do veiculo, abri a porta e me sentei no banco do carona. Jason escondia o rosto no volante.

– Você definitivamente não está bem. – observei.

Ele levantou o rosto, esfregando os olhos vermelhos. Em nenhum momento me encarou.

Me aproximei dele e virei seu rosto, o obrigando a me olhar.

– Vou fazer uma pergunta e vai me responder sinceramente. – Jason assentiu, estremecendo. – O que aconteceu?

Ele trincou o maxilar.

– Lembra... lembra da minha avó? – sua voz estava rouca. Acenei com a cabeça, tirando minhas mãos de seu rosto. – Ela está bem mal agora. Talvez não passe dessa semana.

– Eu sinto muito.

Ele negou com a cabeça.

– Eu nem a conheço direito, só estou cansado de perder as pessoas. – ele tornou a esfregar os olhos, talvez para esconder seu rosto. Fiquei pensando se era só aquilo mesmo ou havia outra coisa o incomodando. – Eu sou um chorão. – murmurou.

– Não. Não é. – falei. Ele olhou para mim. – Sei como é perder alguém e não poder fazer nada quanto a isso. – passei o dedão pela sua bochecha, secando as lágrimas. – Não devia se envergonhar apenas por chorar por isso.

Jason sorriu.

– É – ele disse – talvez você tenha razão.

Ficamos nos encarando por alguns segundos. Seus olhos azuis eram realmente bonitos, notei, não que fosse surpresa, afinal, tudo em Jason parecia ser bonito.

– Você já almoçou? – perguntei.

– Não. E você?

– Eu nem tomei café.

– Ótimo – ele sorriu – vou te levar para comer alguma coisa. O que acha?

– Nunca no mundo todo houve uma ideia tão boa quanto essa.

*

Notas finais.

Nyah corta minhas notas finais/ iniciais e até hoje eu não sei porquê. Então vou dar uma de escrota e deixar as notas finais aqui.

Ahuehuahea

Eu quero pedir desculpas pelo atraso, sério :c minha mãe entregou o pc pra reformatar :c por um lado até q isso foi bom aosiaois tava cheio de vírus. Mas enfim, muito obrigada pelos comentários de vcs que sempre me animam pra continuar ♥ E qualquer erro/ dúvida é só comentar ou mandar uma MP. Abraço povo lindo :*

Ps: Sério, se quiserem me dizer qualquer coisa que eu estou fazendo de errado ao seu ver, um erro de escrita ou ate mesmo na forma como eu estou conduzindo as coisas, não se acanhem e-e aceito todas as críticas, construtivas, é claro.


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