Parachute escrita por Anna


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/480782/chapter/1

I remember life before

Faraway dreams and locking doors

Then you came, then you came

Maquiagem bem feita, ok; vestido bonito e brilhante, ok; cabelo domado e devidamente arrumado, ok. Está tudo ok (a não ser pelo fato de minha pulsação irregular, que acompanha a minha respiração louca), tudo pronto, a única coisa que eu devo fazer é: esperar o show terminar.

Olho-me no espelho vertical que está preso na parede lilás clara, do camarim de Trish - minha melhor amiga e também empresária -. Em volta do espelho há luzes pisca-pisca, deixando-o com uma cara bem... Brilhosa. Quase que eu me perco nas luzes e esqueço-me de conferir como estou.

Aparentemente a imagem que está sendo projetada no espelho é de uma garota, e essa garota sou eu. Aparentemente estou feliz porque estou sorrindo. Aparentemente. Porque se fosse verdade, eu não estaria suando frio e, nem muito menos, estaria com medo de dar um simples passo para fora desse quarto.

Aquela imagem no espelho não pode ser eu. Sei que a garota tem cabelos castanhos, com mechas loiras em suas pontas, sei que a garota do espelho tem grandes olhos castanhos esbugalhados e pele clara. Sei disso tudo. Sei que ela é eu, contudo, ela não parece ser eu realmente.

Sinto como se ela - ou eu - não fosse real.

Nada agora parece ser real para mim nos últimos dias. Parece que tudo que eu faço, na verdade, não fiz. Parece que as ações que realizo, foram feitas a partir de outra pessoa que nem conheço. É uma sensação horrível, como se alguém estivesse habitando meu corpo.

Não sei o que é isso, mas acho que é uma coisa muito parecida com o medo.

Afraid to fall, to be free

Lembro-me de quando tinha medo de palco, tinha um sonho e ele estava quase sendo destruído por minhas próprias neuroses, por meus próprios medos. Naquela época eu conseguia deixar que um simples empecilho me desmoronasse, que um simples medo não deixasse que eu prosseguisse com meus sonhos.

Bem... Isso até ele chegar.

O nome dele é Austin Monica Moon. Fisicamente posso descrevê-lo como: loiro, alto, branco (muito branco), portes definidos, olhos que mais parecem chocolates ao leite, um sorriso encantador, com lindas covinhas no pacote. Emocionalmente posso descrevê-lo como o oposto de mim, engraçado, simpático, animado, barulhento, distraído, um pouco irresponsável. Entretanto, muito amável.

Austin sempre esteve lá para me apoiar em tudo que eu tivesse medo, sempre me deu a maior força para que eu subisse em um palco e encantasse a todos com a minha voz, sempre acreditou em mim, até mesmo quando eu mesma não acreditava... Sempre foi meu chão, meu céu, meu ombro amigo e também a minha maior fonte de inspiração.

Por algum longo tempo não sabia exatamente o que sentia em relação ao Austin. Primeiramente pensava nele como um ser muito barulhento que gostava de chamar atenção por onde quer que passasse, depois, como meu parceiro e se eu estivesse com ele, sabia que iria conseguir.

Mais um tempo se passou e meus sentimentos por aquele garotão loiro se aprofundaram ainda mais... Hoje acho que ele é como a minha gravidade, que me permite ficar no chão quando quero sair voando por ai, mas quando ele está próximo a mim, sinto exatamente o contrário.

There's no gravity when you're next to me

You always break my fall like a parachute

Contei mentalmente até o número dez. Austin já estava quase terminando a última música programada para aquela noite. Tentei esquecer das cores do mundo ao meu redor e me concentrar na letra de Better Together.

Aquela era uma de minhas músicas favoritas e descrevia com precisão a nossa relação. Estava sorrindo quando a porta foi aberta bruscamente e a cabeça de uma Trish com um sorriso maior do que o mundo apareceu.

– Ally? – A baixinha chamou-me a atenção, acenei com a cabeça enquanto virava em sua direção – O Austin já vai sair do palco, mas vou pedir ao Dez para que te mande um aviso, para que você aparece na hora certa, ok?

– Tudo bem – Respondi.

Um, dois, três, quatro, cinco, ouvi o meu celular apitar. Com certeza era a mensagem de Dez. Peguei o celular, desbloqueei o mesmo e li a mensagem que dizia “aviso”. Ai, ai... Esse Dez nunca irá mudar!

Sai do camarim antes que o medo me atolasse novamente, se isso acontecesse eu nunca iria falar o que eu tenho que falar para Austin. As palavras que tanto pensei, os sentimentos que eu queria por para fora desde aquele nosso primeiro beijo, quando eu perdi por completo o meu medo de palco.

Achei os três alguns minutos depois em um corredor que ligava a parte de trás do palco para dentro de um lugar cheio de fios, e que esse lugar estava ligado ao corredor onde ficava os camarins.

Trish estava com uma jaqueta em mãos, jaqueta que logo de cara imaginei ser de Austin, de frente para ela, estava Austin com Dez parabenizando-o com tapinhas nas costas.

Sabe aquele momento em que você não vê uma pessoa que gosta faz muito tempo, e tudo o que você vê ali é a pessoa e nada mais importa, você só vê como ela está diferente, como ela sorri e seus movimentos que há tanto tempo você não via? Pois então, é exatamente assim que eu estou me sentindo agora.

Feeling okay in my own skin

So alive, I'm so alive

– Ally? – Disse ele com uma expressão de incredulidade em seu olhar. É, acho que ele realmente não esperava me ver ali, agora. Consegui fazer uma surpresa!

– Austin! – Exclamei e fui até ele, dando um abraço apertado logo em seguida.

Seus cabelos loiros poderiam até estar um pouco maiores, mas o cheiro que ele exalava era o mesmo de sempre, tinha cheiro de casa, de alegria e de filmes sem graça de terror. Ah, com uma pitada de limão também. É bom saber que ele não trocou de perfume.

– Estou tão feliz em te ver! – Disse ele se separando um pouco, mas ainda deixando as suas mãos em minha cintura. – Mas... O que está fazendo aqui?

Virei-me para encarar Trish, havia chegado a hora. Ela entendeu o recado e, literalmente, começou a arrastar o Dez para fora dali, deixando-me a sós com Austin. Tudo aquilo fazia parte do plano.

– Austin... – Comecei, tirando as mãos dele de minha cintura. Ok, eu estava claramente enrolando. – Hoje foi o último dia de sua turnê e eu esperei esses três meses para dizer o que eu sempre quis – Inspirei e expirei, “anda logo Ally”, minha consciência brigou.

– Você sempre quis... – Austin incentivou.

– Por favor, não me interrompa quando eu falo!

– Você sempre quis que não te interrompessem quando você fala, é isso?

– Não! Não é isso! – Sacudi a cabeça. É melhor eu falar antes que as coisas piorem. – O caso é o seguinte... Antes de eu te conhecer, a minha vida era meio parada, meio sem cor, o meu medo de palco me dominava e eu deixava. Mas, ai, um dia, você chegou e nós nos demos tão mal no início que eu pensei que tudo iria desmoronar no final... Porém isso não aconteceu. Pelo contrário, viramos parceiros, enfrentamos o nosso maior medo, que era ser livre, que era de cair, despencar, despedaçar.

“Austin, quando eu estou com você, não há gravidade, não há medos e nem inseguranças. Eu sinto que sou capaz de tudo, que sou merecedora, que posso conseguir tudo o que eu quero. Quando estou com medo, você me dá forças para fazer o que eu devo fazer, seus conselhos são incríveis assim como você. Quando preciso de um ombro amigo para chorar seja por qualquer coisa, você é a pessoa a quem devo procurar. Eu sinto que com você posso ir mais longe, porque, estou justamente com você, e, sei que você sempre estará lá para quebrar a minha queda como um paraquedas. Por que... Você é o meu paraquedas. E eu te amo muito”.

Sorri satisfeita e abobalhada pelas palavras, nem foi tão difícil, não sei por que fiquei tão nervosa! Olhei para Austin, ele parecia estar emocionado, seus olhos o entregavam. Abracei-o novamente enquanto não esperava nenhuma resposta.

Admito que, depois que se passou alguns minutos abraçada com ele, pensei que ele não sentia o mesmo. Foi quando ele me abraçou e eu pude saber que ali, em seus braços, em seu calor, com ele, era o meu lugar e nada nem ninguém vai tirá-lo de mim.

Porque ele é o meu tudo, o meu conselheiro, amigo, confidente, parceiro, picles, fonte de inspiração...

O meu paraquedas.

You're my parachute


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews? Favoritos? Alguém em algum lugar? rs



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Parachute" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.